‘Somos chamados a ser uma vinha vivaz, cheia de frutos e de esperança’

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11 de outubro de 2017

Reunido com cerca de 30 mil fiéis e peregrinos na Praça de São Pedro para recitar a oração mariana do Ângelus, o Papa Francisco exortou os presentes a se tornarem verdadeiros servidores da vinha do Senhor, capazes de produzir os bons frutos esperados por Deus. 

Explicando a parábola dos vinhateiros homicidas, proposta no Evangelho daquele domingo, 8, na qual estes recusam-se a entregar a colheita aos servos do dono da vinha, Francisco ressaltou que essa narração ilustra de modo alegórico aquelas recriminações que os profetas haviam feito sobre a história de Israel.

“É uma história que nos pertence - destacou o Papa – fala-se da aliança que Deus quis estabelecer com a humanidade e à qual também nos chamou para participar. Porém – observou Francisco - essa história de aliança, como toda história de amor, conhece seus momentos positivos, mas é marcada também por traições e por rejeições.”

Para entender como Deus Pai responde às rejeições feitas a seu amor e à sua proposta de aliança, o trecho evangélico coloca nos lábios do dono da vinha uma pergunta: “Quando vier o dono da vinha, que irá fazer com esses vinhateiros?” Essa pergunta, frisou o Santo Padre, “ressalta que a desilusão de Deus pelo comportamento malvado dos homens não é a última palavra!” 

“Aí está a grande novidade do Cristianismo: um Deus que, mesmo desiludido com nossos erros e nossos pecados, jamais falta com a sua palavra, não se detém e sobretudo não se vinga! Irmãos e irmãs, Deus não se vinga! Deus ama, não se vinga, nos espera para perdoar-nos, para abraçar-nos.” 

“Por meio das pedras de descarte – e Cristo é a primeira pedra que os construtores rejeitaram –, por meio de situações de fraqueza e de pecado, Deus continua colocando em circulação o vinho novo da sua vinha, ou seja, a misericórdia”, acrescentou o Pontífice. “Este é o vinho novo da vinha do Senhor: a misericórdia. Há um só impedimento diante da vontade tenaz e tenra de Deus: a nossa arrogância e a nossa presunção, que por vezes se torna também violência!”

Francisco observou, ainda, a urgência de responder com frutos, “frutos de bem ao chamado do Senhor, que nos chama a tornar-nos vinha, nos ajuda a entender o que há de novo e de original na fé cristã. Ela não é tanto a soma de preceitos e de normas morais, mas é, sobretudo, uma proposta de amor que Deus, por meio de Jesus, fez e continua fazendo à humanidade.” 

“É um convite a entrar nessa história de amor, tornando-se uma vinha vivaz e aberta, rica de frutos e de esperança para todos”, afirmou.

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100 anos das aparições em Fátima: rezar pela paz no mundo, pede o Papa

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11 de outubro de 2017

Ao recordar que em 13 de outubro se conclui o centenário das últimas aparições marianas em Fátima, o Papa Francisco pediu que, especialmente neste mês de outubro, se reze o Santo Rosário pela paz no mundo.

Na próxima sexta-feira, 13 de outubro, conclui-se o centenário das últimas aparições marianas em Fátima. Com o olhar voltado a Mãe do Senhor e Rainha das Missões, convido todos, especialmente neste mês de outubro, a rezar  o Santo Rosário pela intenção da paz no mundo. Possa a oração dissuadir os ânimos mais rebeldes, para que tirem a violência de seus corações, de suas palavras e de seus gestos, e construam comunidades não-violentas, que cuidem da casa comum. Nada é impossível se nos dirigimos a Deus na oração. Todos podemos ser construtores de paz”.

O Pontífice recordou que no mesmo dia recorre o Dia Internacional para a Redução dos Desastres Naturais:

Renovo o meu premente apelo pela salvaguarda da criação, mediante uma sempre mais atenta tutela e cuidado pelo ambiente. Encorajo, neste sentido, as instituições e todos os que têm responsabilidade pública e social, a promover sempre mais uma cultura que tenha como objetivo a redução da exposição aos riscos e às calamidades naturais. As ações concretas, voltadas ao estudo e à defesa da casa comum, possam reduzir progressivamente os riscos para as populações mais vulneráveis”.

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Papa: Um coração rígido não entende a misericórdia de Deus

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10 de outubro de 2017

Pelo segundo dia consecutivo, a Liturgia nos faz refletir sobre o Livro de Jonas e a misericórdia de Deus que abre nossos corações, saindo vitoriosa. Assim o Papa resumiu a leitura do dia na homilia da missa celebrada na Casa Santa Marta, nesta terça-feira, 10.

Francisco definiu o profeta “um teimoso que queria ensinar a Deus como se fazem as coisas”.

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O Senhor pede a Jonas que converta a cidade de Nínive: na primeira vez, o profeta foge, se recusando a fazê-lo; na segunda o faz, com sucesso, mas – observou Francisco – fica “indignado”, “enraivado” diante do perdão que o Senhor concede às pessoas que abriram o coração e se mostraram arrependidas. Jonas – disse o Papa – era um “teimoso, intransigente”, tinha a alma “rígida”:

“Os teimosos de alma, rígidos, não entendem o que é a misericórdia de Deus. São como Jonas: ‘Devemos pregar isso, estes devem ser punidos porque fizeram o mal e que vão para o inferno...’. Os rígidos não sabem abrir o coração como o Senhor. Os rígidos são covardes, têm um coração fechado, apegados à justiça pura. E se esquecem que a justiça de Deus se fez carne em seu filho; se fez misericórdia, se fez perdão; que o coração de Deus está sempre aberto ao perdão”.

E o que os teimosos se esquecem – acrescentou Francisco – é precisamente que “a onipotência de Deus se expressa principalmente em sua misericórdia e no perdão”.

“Não é fácil entender a misericórdia de Deus, não é fácil. É preciso tanta oração para compreendê-la porque é uma graça; nós estamos acostumados com a justiça: ‘você me fez isso, agora paga’; mas Jesus pagou por nós e continua a pagar”.

Deus – voltou a repetir o Papa referindo-se ao episódio de Jonas – poderia ter abandonado o profeta à sua teimosia e à sua rigidez, mas foi conversar com ele e convencê-lo, o salvou como o fez com o povo de Nínive: é o “Deus da paciência, o Deus que sabe acariciar, que sabe abrir os corações”.

“Esta é a mensagem deste livro profético”, sublinhou ainda o Papa, concluindo: “Um diálogo entre a profecia, a penitência, a misericórdia e a covardia, ou teimosia, onde vence sempre a misericórdia de Deus, porque a sua onipotência se manifesta precisamente na misericórdia. Hoje, permito-me de aconselhá-los a pegar a Bíblia e ler o Livro de Jonas: é minúsculo, são três páginas. Vocês verão como age o Senhor, como é a misericórdia do Senhor, como o Senhor transforma nossos corações, e agradecerão ao Senhor por ser tão misericordioso”.

(GC/CM)

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Papa: olhar de cima para baixo somente para ajudar o próximo a se levantar

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09 de outubro de 2017

O Papa Francisco celebrou a missa matutina, na segunda-feira, 09, na capela da Casa Santa Marta, na qual exortou a cuidar das pessoas feridas, conforme o Bom Samaritano, ajudar quem precisa a se levantar, como fez o próprio Jesus.

A reflexão nasce do Evangelho do dia em que Jesus conta a Parábola do Bom Samaritano que agiu de modo diferente do sacerdote e do levita. Ele para e socorre o homem ferido, espancado pelos assaltantes que o deixaram quase morto.
 
A Parábola do Bom Samaritano é a resposta que Jesus dá ao doutor da Lei que queria colocá-lo à prova, perguntando-lhe o que devia fazer para receber em herança a vida eterna. Jesus faz ele dizer o mandamento do amor a Deus e ao próximo, mas o doutor da Lei, que não sabia como sair da “pequena armadilha que Jesus lhe tinha feito”, perguntou-lhe: ‘Quem é o meu próximo?’ Então, Jesus respondeu com esta parábola.

Os personagens dessa narrativa são: os assaltantes, o homem ferido deixado quase morto, o sacerdote, o levita, o dono da pensão e o samaritano, um pagão que não fazia parte do povo judeu. Cristo sempre responde de “uma forma mais elevada”, evidenciou o Papa. Nesse caso, com uma parábola que pretende  explicar o seu próprio mistério, “o mistério de Jesus”. 

Os assaltantes foram-se embora felizes, pois tinham roubado dele “muitas coisas boas” e não se importaram com sua vida. O sacerdote, “que deveria ser o homem de Deus”, e o levita, que estava próximo à Lei, quando viram o homem ferido, quase morto, seguiram adiante pelo outro lado. O Papa descreveu essa atitude:

“Um comportamento habitual entre nós: olhar uma calamidade, olhar uma coisa feia e seguir adiante. Depois, ler sobre ela nos jornais, um pouco pintada de escândalo ou de sensacionalismo. Ao invés, esse pagão, pecador, que estava viajando, ‘viu e não seguiu adiante: sentiu compaixão’. O evangelista Lucas descreve bem: ‘Viu, sentiu compaixão, aproximou-se dele, não se distanciou, e fez curativos, derramando óleo e vinho nas feridas’. Não o deixou ali: fiz a minha parte e vou-me embora. Não!”

Depois colocou o homem em seu próprio animal, levou-o a uma pensão, onde cuidou dele. No dia seguinte, tendo os seus afazeres, pagou o dono da pensão para que cuidasse dele, dizendo-lhe que quando voltasse, pagaria o que tivesse gasto a mais. 

Este é o “mistério de Cristo” que “se fez servo, abaixou-se, aniquilou-se e morreu por nós”. Com este mistério, Jesus responde ao doutor da Lei que queria colocá-lo à prova. Jesus é o Bom Samaritano e convida aquele homem a fazer o mesmo. “Não é uma fábula para crianças”, disse Francisco aos fiéis presentes na Casa Santa Marta, mas “o mistério de Jesus Cristo”: 

“Olhando esta parábola, entenderemos profundamente, a amplitude do mistério de Jesus Cristo. O doutor da lei foi embora calado, cheio de vergonha, não entendeu. Não entendeu o mistério de Cristo. Talvez tenha compreendido aquele princípio humano que nos aproxima a entender o mistério de Cristo: que todo ser humano olhe outro ser humano de cima para baixo, somente quando deve ajudá-lo a se levantar. Se alguém faz isso está no bom caminho, está na estrada certa, rumo a Jesus.”

O Papa se referiu também ao dono da pensão que “não entendeu nada e ficou surpreso”, ficou admirado “pelo encontro com alguém que fazia coisas que nunca tinha ouvido falar”, disse o Pontífice, ou seja, a admiração do dono da pensão “é o encontro com Jesus”.

Francisco exortou a ler essa passagem do capítulo décimo do Evangelho de Lucas e a se perguntar: 

“O que eu faço? Sou um assaltante, enganador, corrupto? Sou um assaltante, ali? Sou um sacerdote que olha, vê e olha para o outro lado e segue adiante? Ou um líder católico que faz a mesma coisa? Ou sou um pecador? Uma pessoa que deve ser condenada pelos próprios pecados? Aproximo-me, cuido daquele que precisa? Como me comporto diante de tantas feridas, de tantas pessoas feridas com as quais me encontro todos os dias? Faço como Jesus? Assumo a forma de um servo? Nos fará bem esta reflexão, lendo e relendo essa passagem. Aqui se manifesta o mistério de Jesus Cristo, que sendo nós pecadores veio por nós, para nos curar e dar a vida por nós.”  

(MJ)

 

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Papa: colaboração é a chave para proteger os menores na internet

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06 de outubro de 2017

“Trabalhar juntos para ter sempre o direito, a coragem e alegria de olhar nos olhos as crianças do mundo.” Esta foi a exortação que o Papa Francisco fez aos participantes do Congresso Internacional “A dignidade do menor no mundo digital”, recebidos em audiência, no Vaticano, esta sexta-feira, 06.

Em seu longo discurso, o Pontífice definiu a vulnerabilidade dos menores na rede como um “problema novo e gravíssimo, característico do nosso tempo”.

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De fato, observou o Papa, “vivemos num novo mundo, que quando éramos jovens não podíamos nem mesmo imaginar”. O mundo digital é fruto do progresso da ciência e da técnica e que transformou em poucas décadas o nosso ambiente de vida e o nosso modo de comunicar e de viver e está transformando inclusive o nosso modo de pensar e de ser.

De um lado, vivemos esta transformação com admiração e fascínio e, de outro, com medo e temor pelas consequências. Sentimentos contrastantes que nos levam a questionar se somos capazes de guiar os processos que nós mesmos criamos ou se estamos perdendo o controle. Para Francisco, esta é a pergunta existencial da humanidade de hoje diante dos diversos aspectos da crise global.

O Papa citou também alguns dados: dos mais de três bilhões de usuários da internet, mais de 800 milhões são menores. “O que encontram na rede? E como são considerados por quem pode administrá-la?” Não entendemos nesses anos que esconder a realidade dos abusos sexuais é um gravíssimo erro e fonte de muitos males?”, questionou Francisco.

Por isso, é preciso manter os olhos bem abertos e enfrentar o aspecto obscuro da rede, que se tornou um lugar propício para os seguintes crimes: pornografia, bullying, tráfico online de pessoas, prostituição, transmissão ao vivo de estupros e novos fenômenos como “sexting” (divulgação de conteúdos eróticos e sensuais através de celulares) e “sextortion” (extorquir através da exploração sexual sem coerção física).

Diante de tudo isso, afirmou o Papa, permanecemos certamente horrorizados, mas também, infelizmente, desorientados. A isso, se acrescenta o difícil diálogo entre a antiga e a nova geração digital.

As palavras de Francisco são, portanto, de encorajamento e de mobilização conjunta. E para que seja eficaz, o Papa convida a combater três possíveis erros de perspectiva.

O primeiro é não subestimar o dano que esses crimes provocam nos menores e inclusive nos próprios adultos.

“Seria uma grave ilusão pensar que uma sociedade em que o consumo aberrante do sexo se expande entre os adultos seja depois capaz de proteger de modo eficaz os menores.” O segundo erro é pensar que as soluções técnicas automáticas, como os filtros do computador para identificar e bloquear a difusão de imagens, sejam suficientes para combater o problema. “Certamente essas soluções são necessárias, mas também é necessário a força da exigência ética.” O terceiro erro é pensar a rede como o reino da liberdade sem limites, quando – na verdade – também necessita ser gerida por leis, com a colaboração de governos e da polícia.

Francisco manifesta seu apoio à Declaração redigida pelos participantes do Congresso e pede a colaboração também das lideranças religiosas, garantindo a disponibilidade e o empenho dos católicos.

Neste ponto, o Pontífice afirma que a Igreja Católica se tornou sempre mais consciente nos últimos anos do fato de não ter protegido suficientemente os menores dentro de suas instituições: “Vieram à luz fatos gravíssimos dos quais tivemos que reconhecer as responsabilidades diante de Deus, das vítimas e da opinião pública. Justamente por isso, a Igreja sente hoje um dever particularmente grave de se empenhar de modo sempre mais profundo para proteção dos menores e de sua dignidade”.

O Papa concluiu falando de quando os seus olhos cruzam o olhar de inúmeras crianças em suas audiências e viagens:

“Ser visto pelos olhos das crianças é um experiência que todos conhecemos e que nos toca profundamente no coração, e que nos obriga também a um exame de consciência. O que nós fazemos para que essas crianças possam nos olhar sorrindo?  O que fazemos para que esses olhos não sejam corrompidos por aquilo que encontrarão na rede? Trabalhemos portanto para ter sempre o direito, a coragem e a alegria de olhar nos olhos as crianças do mundo.” 

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Padres devem viver a ‘diocesanidade' e estar atentos ao risco do clericalismo

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05 de outubro de 2017

Na tarde do domingo, dia 1º, o Papa Francisco falou de improviso no encontro realizado com sacerdotes, religiosos, seminaristas e diáconos permanentes na Catedral de São Pedro, em Bolonha, na Itália, em uma das atividades programadas de sua visita pastoral nessa diocese. 

Francisco destacou que os padres devem viver a “diocesanidade”, carisma próprio e imprescindível de cada sacerdote secular. Esta, afirmou, “é uma experiência de pertença, quer dizer que não és livre, mas és um homem que pertence a um corpo. Acredito que esquecemos isto tantas vezes, porque sem cultivar esse espírito de diocesanidade, nos tornamos muito ‘únicos’, muito sozinhos com o perigo de ser também infecundos, nervosos… A diocesanidade tem também uma dimensão de sinodalidade com o bispo: o corpo tem uma força especial e o corpo deve ir em frente sempre com a transparência. O compromisso da transparência, mas também a virtude da transparência cristã como a vive Paulo, isto é: a coragem de falar, de dizer tudo.” 

Na sequência, o Pontífice resgatou um tema que sempre se apresenta como um perigo aos sacerdotes: o clericalismo. “É triste quando um pastor não tem o horizonte do povo. É muito triste quando as igrejas permanecem fechadas  - algumas devem permanecer fechadas – mas, quando se vê um aviso na porta: de tal a tal hora, depois não tem ninguém. Confissões somente em tal dia, de tal hora a tal hora. Mas tu... não é um escritório do sindicato, eh! É o lugar aonde tu vais adorar o Senhor. Mas, se um fiel quer adorar o Senhor e encontra a porta fechada, onde irá fazê-lo? Pastores com horizonte de povo: isto quer dizer, ‘como eu faço para estar próximo de meu povo’”. 

Segundo o Papa, o pastor deve ter uma tríplice relação com o povo de Deus, movendo-se em três direções: na frente, para ver o caminho; no meio, para conhecê-lo, numa relação de proximidade; e também atrás, para ajudar os retardatários e também, às vezes, para deixar o povo ver qual caminho escolher. “Isto não quer dizer ser um populista, não! Pastor do povo, isto é, próximo ao povo, porque foi convidado para estar ali e fazer crescer o povo, para ensinar o povo, santificar o povo, ajudá-lo a encontrar Jesus Cristo.” 

Francisco, a partir dessa fala, destacou dois vícios que afetam a vida consagrada. O mais frequente é o da tagarelice: sujar a fama do irmão com as fofocas e as reclamações. O outro “é o pensar o serviço presbiteral como carreira eclesiástica… aqueles que buscam fazer carreira e sempre têm as unhas sujas, porque querem subir. Um galgador é capaz de criar tantas discórdias no seio de um corpo presbiteral…! Os galgadores fazem tanto mal para a união do presbitério, tanto mal, porque vivem em comunidade, mas agindo assim para eles irem em frente”. 

O Papa, então, convidou os religiosos a fazer um exame de consciência sobre como vivem a pobreza: “A segurança na vida consagrada não é dada nem pelas vocações, nem pela abundância do dinheiro; a segurança vem de outro lugar”, recordou o Papa. “Tantas congregações que diminuem, diminuem, e os bens aumentam. Tu vê aqueles religiosos apegados ao dinheiro como segurança. E o problema não está tanto na castidade ou na obediência, não! Está na pobreza. A psicologia da sobrevivência leva a viver mundanamente, com esperanças mundanas, não de colocá-la na estrada da esperança divina, a esperança de Deus. O dinheiro é realmente uma ruína para a vida consagrada”. 

Por fim, o Romano Pontífice indicou o caminho a seguir para evitar essa mundanidade: o caminho do rebaixamento! “Rebaixar-se com o povo de Deus, com aqueles que sofrem, com aqueles que não podem te dar nada. Terás somente a força da oração: este – concluiu o Papa – é o caminho que conduz ao Reino de Deus. Não é fechada, sem horizontes, sem povo, mas é aberta, com horizontes fecundos.”

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Papa: reencontrar as raízes e não o autoexílio psicológico

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05 de outubro de 2017

“Quem reencontra as próprias raízes é uma pessoa da alegria. O autoexílio psicológico da comunidade e da sociedade faz muito mal”, disse o Papa Francisco na homilia da missa matutina celebrada na quinta-feira, 05, na capela da Casa Santa Marta.

O Papa exortou a encontrar novamente a própria pertença, partindo da Primeira Leitura do dia, extraída do Livro de Neemias, que descreve “uma grande assembleia litúrgica”: é o povo que se reuniu na praça que fica defronte da porta das Águas, em Jerusalém. Era o final de uma história que durou mais de 70 anos, a história da deportação para a Babilônia, uma história de pranto para o povo de Deus. Depois da queda do império da Babilônia causada pelos persas, o rei persa Artaxerxes, vendo triste Neemias, seu copeiro, enquanto lhe servia o vinho, começou a dialogar com ele. Neemias manifestou o desejo de voltar a Jerusalém e “chorava”: tinha “saudade de sua cidade”.

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Francisco lembrou então ao Salmo que diz: “Ao longo dos rios da Babilônia se sentavam e choravam”. Não podiam cantar, suas liras estavam penduradas nos salgueiros, mas não queriam esquecer. Nesse momento, o Papa pensou também na “saudade dos migrantes”, aqueles que “estão distantes da Pátria e querem voltar”. Francisco recordou também o gesto do coral, em Gênova, no final da missa que cantou uma música recordando todos os migrantes que gostariam de estar ali, na missa com o Papa, mas estavam distantes. 

Neemias se prepara para voltar e levar novamente o povo a Jerusalém. Uma viagem “para reencontrar a cidade, uma viagem difícil”, ressaltou o Papa, pois “deveria convencer muita gente” e levar as coisas para reconstruir a cidade, os muros e o Templo, “mas sobretudo era uma viagem para reencontrar as raízes do povo”. Depois de muitos anos, as raízes “tinham se enfraquecido”, mas não foram perdidas. Retomar as raízes “significa retomar a pertença a um povo”, explicou o Papa. “Sem as raízes não é possível viver: um povo sem raízes ou que deixa perder as raízes, é um povo doente”. Disse o Papa que acrescentou: 

“Uma pessoa sem raízes, que esqueceu as próprias raízes, é doente. Reencontrar, redescobrir as próprias raízes e tomar a força para ir adiante, a força para frutificar, e como disse o profeta, ‘a força para florescer, pois o que floresce na árvore vem do subterrâneo. Aquela relação entre a raiz e o bem que nós podemos fazer.” 

Neste caminho existem “muitas resistências: não é possível, existem dificuldades”: 

“As resistências são daqueles que preferem o exílio, e quando não há o exílio físico, há o exílio psicológico: o autoexílio da comunidade, da sociedade, aqueles que preferem ser povo desarraigado, sem raízes. Devemos pensar na doença do autoexílio psicológico que faz muito mal, nos tira as raízes, nos tira a pertença.”

O povo, porém, vai adiante e chega o dia da reconstrução. O povo se reúne para “restabelecer as raízes”, ou seja, para ouvir a Palavra de Deus que o escriba Esdras lia e o povo chorava. Mas desta vez não era o pranto da Babilônia: “era o choro da alegria, do encontro com as próprias raízes, o encontro com, a própria pertença”. Terminada a leitura, Neemias convida o povo a festejar. Trata-se da alegria de quem encontrou as próprias raízes: 

“O homem e a mulher que reencontram as próprias raízes, que são fiéis à própria pertença, são um homem e uma mulher na alegria, de alegria e esta alegria é a sua força. Do choro de tristeza ao choro de alegria, do choro de fraqueza por estar distante das raízes, distante de seu povo, ao choro da pertença: estou em casa, estou em casa”.

O Papa convidou os fiéis presentes na missa a lerem o capítulo oitavo de Neemias, primeira leitura da liturgia de hoje, e a se perguntarem se deixaram se perder a lembrança do Senhor, se devem começar um caminho para reencontrar as próprias raízes ou se preferem o autoexílio psicológico, fechados em si mesmos. 

O Papa disse ainda que quem tem medo de chorar, terá medo de sorrir, pois quando se chora de tristeza, depois se chora de alegria. É preciso pedir a graça do “choro arrependido”, triste pelos nossos pecados, mas também a graça do choro de alegria, pois o Senhor “nos perdoou e fez em nossa vida o que fez com o seu povo. Enfim, pedir a graça de se colocar a caminho para se encontrar com as próprias raízes. 

(MJ)

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Papa: pedir a Jesus a coragem de segui-Lo perto

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03 de outubro de 2017

O Papa Francisco celebrou na manhã de terça-feira, 03, a missa na capela da Casa Santa Marta.

A homilia do Pontífice foi inspirada no Evangelho de Lucas proposto pela liturgia do dia, em que Jesus toma duas decisões ao se aproximar o momento da sua Paixão: colocar-se em caminho e, portanto, aceitar a vontade do Pai e ir avante e, depois, anunciar esta decisão aos seus discípulos.

"Somente uma vez”, afirmou o Papa, Jesus "se permitiu pedir ao Pai que afastasse um pouco esta cruz: 'Pai – no Jardim das Oliveiras –, se possível, afasta de mim este cálice. Mas não seja feita a minha, mas a tua vontade'. Obediente; aquilo que o Pai quer. Decidido e obediente e nada mais. E assim até o fim. O Senhor pacienta…Pacienta. É um exemplo de caminho, não somente morrer sofrendo sobre a cruz, mas caminhar em paciência".

Mas diante desta decisão, diante do caminho rumo a Jerusalém e rumo à cruz, os discípulos não seguem o seu Mestre. É o que narram várias páginas dos Evangelhos que o Papa cita. Às vezes, os discípulos “não entendem o que quer dizer ou não querem entender, porque estavam com medo"; outras vezes, “escondiam a verdade” ou se distraiam fazendo “coisas alienantes”; ou até mesmo, como se lê no Evangelho de hoje, “procuravam um álibi para não pensar” naquilo que aguardava o Senhor. 

“Não era acompanhado nesta decisão, porque ninguém entendia o mistério de Jesus, a solidão de Jesus no caminho para Jerusalém: sozinho. E isto, até o final. Pensemos depois no abandono dos discípulos, na traição de Pedro... Sozinho. O Evangelho nos diz que aparece a ele somente um anjo do céu para confortá-lo no Jardim das Oliveiras. Somente aquela companhia. Somente”.

Vale a pena – e esta é a sugestão final do Papa hoje – para “tomarmos um pouco de tempo para pensar” em Jesus que “tanto nos amou”, “que caminhou sozinho para a Cruz”, “na incompreensão também dos seus”. “Pensar”, “ver”, “agradecer” a Jesus obediente e corajoso e conversar com ele.

E é o próprio Papa a sugerir as palavras:

“Quantas vezes eu procuro fazer tantas coisas e não olho para Ti, que fizeste isto por mim? Que foi paciente - o homem paciente, Deus paciente  - que com tanta paciência tolera os meus pecados, os meus fracassos? E falar com Jesus assim. Ele decidiu sempre ir em frente, oferecer a face, e agradecê-lo. Tomemos hoje um pouco de tempo, poucos minutos – cinco, dez, quinze – diante do Crucifixo, talvez ou com imaginação, ver Jesus caminhar decididamente para Jerusalém e pedir a graça de ter a coragem de segui-Lo de perto”.

 

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Arcanjos são companheiros de vida, diz o Papa

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29 de setembro de 2017

Nós e os anjos temos a mesma vocação: “cooperar juntos para o desígnio de salvação de Deus”. Foi o que disse o Papa na homilia da missa celebrada na Casa Santa Marta, por ocasião da Festa dos três arcanjos Miguel, Rafael e Gabriel.

“Somos – por assim dizer – ‘irmãos’ na vocação. E eles estão diante do Senhor para servi-lo, louvá-lo e também para contemplar a glória do rosto do Senhor. Os anjos são os grandes contemplativos. Eles contemplam o Senhor; servem e contemplam. Mas também o Senhor os envia para nos acompanhar no caminho da vida."

Em especial, Miguel, Gabriel e Rafael, explicou Francisco, têm um “papel importante no nosso caminho rumo à salvação”. “O Grande Miguel é que declara guerra ao diabo”, ao “grande dragão”, à “velha serpente” que “perturba a nossa vida” , seduz “toda a terra habitada” assim como seduziu a nossa mãe Eva com argumentos convincentes e, depois, quando caímos, nos acusa diante de Deus:

“Mas coma o fruto! Lhe fará bem, lhe fará conhecer muitas coisas”… E começa, assim como a serpente, a seduzir, a seduzir … E depois, quando caímos nos acusa diante de Deus: “É um pecador, é meu!”. Ele é meu: é justamente a palavra do diabo. Nos vence com a seduação e, depois, nos acusa diante de Deus: “É meu. Eu o levo comigo”. E Miguel declara guerra. O Senhor lhe pediu que declarasse guerra. Para nós que estamos em caminho nesta vida rumo ao Céu, Miguel nos ajuda a declarar guerra ao diabo, a não nos deixar seduzir.

É um trabalho de defesa que Miguel faz pela “Igreja” e por “cada um de nós”, diferente do papel de Gabriel, “o outro arcanjo de hoje”, aquele que, recorda o Papa, “traz as boas notícias; aquele que levou a notícia a Maria, a Zacarias, a José”: a notícia da salvação. Também Gabriel está conosco, assegura ainda o Papa, e ajuda-nos no caminho, quando “esquecemos” o Evangelho de Deus, que “Jesus veio conosco” para nos salvar.

O terceiro arcanjo que celebramos hoje é Rafael, aquele que “caminha conosco” e que nos ajuda neste caminho: devemos pedir-lhe, é o convite do Papa, para nos proteger da “sedução de dar um passo errado”.

Eis, então os nossos companheiros ao serviço de Deus e da nossa vida que Francisco hoje nos ensina a rezar de maneira simples:

“Miguel, ajude-nos na luta; cada um sabe qual luta tem em sua vida hoje. Cada um de nós conhece a luta principal, que faz arriscar a salvação. Ajude-nos. Gabriel, traga-nos notícias, traga-nos a Boa Notícia da Salvação, que Jesus está conosco, que Jesus nos salvou e nos dê esperança. Rafael, segure a nossa mão e nos ajude no caminho para não errarmos a estrada, para não permanecermos parados. Sempre caminhando, mas ajudados por você”.

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Refundado, Instituto João Paulo II dará atenção ainda maior à família

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28 de setembro de 2017

Com o Motu Proprio Summa Familiae Cura, publicado no dia 19, o Papa Francisco refundou o Instituto João Paulo II para a Família. Não é a primeira vez que Francisco volta sua atenção ao tema da família, inclusive tendo destinado boa parte de seu pontificado a tratar desse tão importante assunto no mundo de hoje: já se concluíram dois Sínodos dos Bispos devotados ao tema, um em 2014 e o outro em 2015, além da Exortação Apostólica, Amoris Laetitia, publicada em 2016, bem como uma série de reformas na Cúria Romana para tratar com mais profundidade acerca desse grande campo de trabalho pastoral.


O novo Instituto João Paulo II terá um âmbito de trabalho mais amplo do que o antigo e colaborará de forma mais estreita com a Congregação para a Educação Católica e com o recém-criado Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, bem como com a Pontifícia Academia para a Vida, cujo presidente é também o Grão-Chanceler do Instituto. É isso que se depreende do Motu Proprio recém-publicado; nele se explica a decisão de substituir o Pontifício Instituto João Paulo II para os Estudos sobre o Matrimônio e a Família pelo Pontifício Instituto João Paulo II para as Ciências do Matrimônio e da Família.


Antes de se presumir uma mudança de direção no rumo do referido Instituto, deve-se crer numa continuidade de trabalhos, uma vez que Francisco reconhece, na carta apostólica, o “prolífico trabalho de aprofundamento e de formação pastoral” exercido nele, desde que São João Paulo II o fundou, na década de1980, seguida da Exortação Familiaris Consortio.
Esse caminho sinodal de preocupação com a família, continua o Pontífice em sua carta, “levou a Igreja a uma renovada consciência sobre o Evangelho da Família, e aos novos desafios pastorais a que a comunidade cristã está chamada a responder.” Essa resposta se dará também em nível acadêmico, por meio de um aprofundamento nos estudos pastorais e antropológicos acerca da família. Por isso, o novo Instituto João Paulo II ampliará seu campo de interesse, tão importante para o cultivo da “cultura da vida”.


No texto da Carta Apostólica, definese o propósito da refundação: “O novo Instituto será um centro acadêmico de referência, à serviço da missão da Igreja universal, no campo das ciências relacionadas com o Matrimônio e a família, e em relação com os temas associados com a aliança fundamental do homem e da mulher para o cuidado e a geração da criação.” Segundo Dom Vicenzo Paglia, Grão-Chanceler do novo Instituto, “o Papa estendeu a perspectiva: de uma concentrada somente na Teologia moral e sacramental, para uma que se fundamenta na Teologia bíblica, dogmática e histórica, levando em conta os desafios contemporâneos.”


Assim, o Papa decidiu uma nova forma legal para que a “instituição visionária de São João Paulo II possa ser agora melhor reconhecida e apreciada em sua fertilidade e atualidade, com o objetivo de que a inspiração original que deu a luz ao primeiro instituto continue fertilizando o campo mais amplo do novo.” Para que essa identidade prevaleça, serão reformulados os estatutos da nova Instituição. Por ora, sabe-se que o novo centro continuará vinculado à Pontifícia Universidade Lateranense de Roma e que oferecerá graus acadêmicos de graduação, mestrado e doutorado em Ciências do Matrimônio e Família.

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