"Cristo é o centro do meu tempo?"

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22 de dezembro de 2017

Nesta sexta-feira, 22, o Pregador capuchino Frei Raniero Cantalamessa propôs ao Papa Francisco e a seus colaboradores a sua segunda e última meditação do tempo de Advento.

Na capela Redemptoris Mater, no Vaticano, Frei Cantalamessa intitulou a reflexão "Cristo é o mesmo, ontem, hoje e sempre", iniciando-a com ‘a onipresença de Cristo no tempo’.

 

Cristo e o tempo

“Cristo, afirmou o pregador, está no mundo, mas não é do mundo; está na história e no tempo, mas transcende a história e o tempo. Não é uma presença abstrata e uniforme, pois atua de modo diferenciado nas diversas fases da história da salvação”.

 

Cristo: figura, evento e sacramento

“Ele está presente no Antigo Testamento como figura, está presente no Novo Testamento como evento e está presente no tempo da Igreja como sacramento. A figura anuncia, antecipa e prepara o evento, enquanto o sacramento o celebra, o torna presente, o atualiza e, em certo sentido, o prolonga”.  

A constatação de que Cristo é reconhecido como o pivô e o eixo do tempo não deve ser para um cristão um motivo de orgulho e triunfalismo, mas uma oportunidade para um exame de consciência. Frei Cantalamessa sugeriu as seguintes questões:

“Cristo também é o centro da minha vida, da minha pequena história pessoal? Do meutempo? Ele ocupa um lugar central apenas na teoria, ou também de fato?”

"Cristo não é apenas o centro, ou o baricentro, da história humana, aquele que, com a sua vinda, cria um antes e um depois no passar do tempo: Ele também é aquele que preenche todos os momentos deste tempo; é “a plenitude”, também no sentido ativo que enche de si a história da salvação: primeiro como figura, depois como evento e, finalmente, como sacramento.

 

O encontro que muda a vida

Conduzindo a reflexão ao plano pessoal, o capuchinho afirmou que isso significa que Cristo também deve preencher nosso tempo: “Preencher de Jesus mais instantes possíveis da própria vida não é um programa impossível, não é uma questão de passar todo o tempo pensando em Jesus, mas de "perceber" sua presença, abandonando-se à sua vontade”.

E mencionou um exemplo prático e vivido recentemente por ele mesmo, quando em uma viagem, ficou algum tempo sem conexão à internet até consegui-la, finalmente. “E o que é essa conexão em comparação com aquela que se realiza quando alguém se “conecta” pela fé com Jesus Ressuscitado e vivo? No primeiro caso, a pessoa se abre para um pobre e trágico mundo dos homens; aqui, a pessoa se abre ao mundo de Deus, porque Cristo é a porta, é o caminho que conduz à Trindade e ao infinito”.

Chegando à conclusão, o Frei afirmou:

“ Diante de Deus, o melhor momento da vida não é o mais cheio de possibilidades e atividades, mas o tempo mais repleto de Cristo porque esse já se insere na eternidade ”

Pensando já no que vem, quando os jovens estarão no centro da atenção da Igreja com o sínodo sobre "Os jovens e a fé”, propôs que os ajudemos “a preencher de Cristo a sua juventude, oferecendo-lhes o dom mais bonito”.

 

[Tradução do original italiano feita por Thácio Siqueira]

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Papa: ter o rosto da alegria de ser perdoados, o pessimismo não é cristão

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21 de dezembro de 2017

Ter um rosto de pessoas redimidas, perdoadas, não de “vigília fúnebre”. Esta foi a reflexão que guiou a homilia do Papa Francisco na manhã desta quinta-feira, na capela da Casa Santa Marta.

Seja a Primeira Leitura, seja o Evangelho, falam da alegria profunda que vem de dentro, fruto do perdão dos pecados e da proximidade do Senhor. Não da alegria de uma festa.

A alegria nasce de ser perdoados

Três são os aspectos dessa alegria identificada pelo Papa. Antes de tudo, se trata de uma alegria que nasce do perdão: “Esta é a raiz própria da alegria cristã”. Basta pensar na alegria de um prisioneiro quando lhe vem comutada a pena ou aos doentes, aos paralíticos curados no Evangelho. É preciso, portanto, estar conscientes da redenção que Jesus nos trouxe:

Um filósofo criticava os cristãos, ele se dizia agnóstico ou ateu, não me lembro, mas criticava os cristãos e dizia isso: “Mas esses – os cristãos – dizem ter um Redentor; eu acreditarei, acreditarei no Redentor quando tiverem o rosto de redimidos, alegres por serem redimidos”. Mas se você tem o rosto de vigília fúnebre, como posso acreditar que você é um redimido, que os seus pecados foram perdoados? Este é o primeiro ponto, a primeira mensagem da liturgia de hoje: você é um perdoado, cada um de nós é um perdoado.

“Deus é o Deus do perdão”, disse o Papa, exortando, portanto, a receber este perdão e a ir avante com alegria, porque o Senhor perdoará depois também as coisas que, por fraqueza, todos fazemos.

Alegria, porque o Senhor caminha conosco

O segundo convite é o de ser alegres, mesmo porque o Senhor “caminha conosco” desde o momento em que chamou Abraão. “Está no meio de nós”, em nossas provações, dificuldades, alegrias, em tudo. Francisco pediu para que durante o dia dirijamos “alguma palavra ao Senhor que está conosco”, em nossa vida.

O terceiro aspecto é o não deixar “cair os braços” diante das desgraças:

O pessimismo da vida não é cristão

O pessimismo da vida não é cristão. Nasce de uma raiz que não sabe que foi perdoada, nasce de uma raiz que nunca sentiu o carinho de Deus. O Evangelho, podemos dizer, nos mostra esta alegria: “Maria levantou-se alegre e foi rapidamente”. A alegria nos leva rapidamente, sempre, porque a graça do Espírito Santo não conhece lentidão, não conhece. O Espírito Santo sempre vai apressado, sempre nos impele a ir adiante, adiante como o vento no barco à vela.

Em síntese, trata-se de uma alegria que faz o menino exultar no ventre de Isabel no encontro com Maria:

Esta é a alegria que a Igreja nos diz: por favor, sejamos cristãos alegres, façamos todo esforço para mostrar que nós acreditamos que fomos redimidos, que o Senhor nos perdoou tudo e se cometermos algum erro, Ele nos perdoará porque é o Deus do perdão, é o Senhor no meio de nós e que não deixará cair os nossos braços. Esta é a mensagem de hoje: Levanta-te. Aquele levanta-te de Jesus, aos doentes: Levante, vá, grite de alegria, alegre-se, exulte e aclame de todo coração.

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Papa explica os ritos introdutórios da missa

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20 de dezembro de 2017

 Papa Francisco conduziu a Audiência Geral desta quarta-feira, 20, realizada na Sala Paulo VI em clima natalino.

Dando prosseguimento ao ciclo sobre a eucaristia, em sua catequese o Pontífice recordou as duas partes que compõem a missa: a liturgia da Palavra e a Liturgia eucarística. Para explicar melhor cada uma delas, nesta ocasião explicou os ritos introdutórios: a entrada, a saudação, o ato penitencial, o Kyrie eleison, o Glória e a oração chamada Coleta, das intenções de todo o povo de Deus.

“A finalidade destes ritos introdutórios é fazer com que os fiéis congregados formem comunidade e se disponham a escutar com fé a Palavra de Deus e a celebrar dignamente a Eucaristia”, afirmou o Papa.

 

“ Não é um bom hábito ficar olhando o relógio, ‘ainda estou em tempo’, o cálculo. Com o sinal da cruz, com esses ritos, começamos a adorar a Deus, por isso é importante não chegar atrasado, mas sim com antecedência, para preparar o coração a este rito. ”

Na procissão de entrada, o celebrante chega ao presbitério, saúda o altar com uma inclinação e, em sinal de veneração, beija-o e incensa-o, porque o altar é sinal de Cristo, que, oferecendo o seu corpo na cruz, tornou-Se altar, vítima e sacerdote. “Quando olhamos o altar, vemos onde Cristo está. O altar é Cristo”, explicou.

Em seguida, o sacerdote e restantes membros da assembleia fazem o sinal da cruz: com este sinal, não só recordamos o nosso Batismo, mas afirmamos também que a oração litúrgica se realiza ‘em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’, desenrola-se no espaço da Santíssima Trindade, que é espaço de comunhão infinita; toda a oração tem como origem e fim o amor de Deus Uno e Trino que se manifestou e nos foi doado na Cruz de Cristo. 

E mais uma vez Francisco pediu aos pais e aos avós que ensinem bem as crianças a fazer o sinal da cruz.  

Depois o sacerdote dirige a saudação litúrgica à assembleia: “O Senhor esteja convosco!”. ‘Ele está no meio de nós’: responde-lhe o povo de Deus. Assim se expressa a fé comum e o mútuo desejo de estar com o Senhor e viver em união com toda a comunidade.

Estamos no início da missa e devemos pensar no significado de todos esses gestos e palavras. Estamos  entrando numa ‘sinfonia’, na qual ressoam várias tonalidades de vozes, inclusive momentos de silêncio, com a finalidade de criar o ‘acordo’ entre todos os participantes, isto é, de se reconhecer animados por um único Espírito e para um mesmo fim.”

Esta sinfonia apresenta logo um momento tocante, que é o ato penitencial, isto é, o momento de reconhecer os próprios pecados. “Todos somos pecadores. Talvez alguns de vocês não”, brincou o Papa com fiéis, pedindo que o “não pecador” levantasse a mão para ser reconhecido pela multidão. “Vocês têm uma boa fé”, disse Francisco, já que ninguém se manifestou.

“Não se trata somente de pensar nos pecados cometidos, mas é muito mais: é o convite a confessar-se pecadores diante de Deus e dos irmãos, com humildade e sinceridade, como o publicano no templo”, concluiu o Papa, acrescentando que devido à sua importância, a próxima catequese será dedicada justamente ao ato penitencial.

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Papa autoriza novos decretos da Congregação das Causas dos Santos

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19 de dezembro de 2017

No dia 18 de dezembro, o Papa Francisco recebeu em audiência o prefeito da Congregação das Causas dos Santos, card. Angelo Amato, durante a qual o Pontífice autorizou a Congregação a promulgar os seguintes decretos:

- o milagre atribuído à intercessão do Venerável Servo de Deus João Batista Fouque, Sacerdote diocesano nascido na França em 12 de setembro 1851 e falecido em 5 de dezembro de 1926;

- o milagre atribuído à intercessão do Venerável Servo de Deus Tibúrcio Arnáiz Muñoz, Sacerdote professo da Companhia de Jesus, Fundador das Missionárias das Doutrinas Rurais; nascido em 11 de agosto de 1865 na Espanha e falecido em 18 de julho de 1926;

- o milagre atribuído à intercessão da Venerável Serva de Deus Maria Carmen Rendiles Martínez, Fundadora do Instituto das Servas de Jesus da  Venezuela; nascida em Caracas em 11 de agosto de 1903 e falecida em 9 de maio de 1977;

- o martírio dos Servos de Deus Teodoro Illera Del Olmo, Sacerdote professo da Congregação de São Pedro in Vincoli, e 15 companheiros, assassinados por ódio à fé durante a perseguição religiosa na Espanha em 1936 e em 1937;

- as virtudes heroicas do Servo de Deus Stefano Wyszyński, cardeal da Santa Romana Igreja, arcebispo Metropolita de Gniezno e Varsóvia, Primaz da Polônia; nascido na cidade polonesa de Zuzela em 3 de agosto de 1901 e falecido em Varsóvia em 28 de maio de 1981;

- as virtudes heroicas do Servo de Deus Alfonso Barzana, Sacerdote professo da Companhia de Jesus; nascido em 1530 em Belinchón (Espanha) e morto em Cuzco (Peru) em 31 de dezembro de 1597;

- as virtudes heroicas do Servo de Deus Paulo Smolikowski, Sacerdote professo da Congregação da Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo; nascido em 4 de fevereiro de 1849 em Tver (Rússia) e falecido em Cracóvia (Polônia) em 11de  setembro de 1926;

- as virtudes heroicas do Servo de Deus Patrício Peyton, Sacerdote professo da Congregação da Santa Cruz; nascido em 9 de janeiro de 1909 a Carracastle (Irlanda) e morto em San Pedro (Estados Unidos) em 3 de junho de 1992;

- as virtudes heroicas da Serva de Deus Maria Ana de São José, Fundadora dos Mosteiros das Irmãs Agostinianas  Recoletas; nascida em Alba de Tormes (Espanha) em 5 de agosto de 1568 e falecida em Madri em 15 de abril de 1638;

- as virtudes heroicas da Serva de Deus Luisa Maria Langstroth Figuera De Sousa Vadre Santa Marta Mesquita e Melo (Luiza Andaluz), Fundadora da Congregação das Servas de Nossa Senhora de Fátima; nascida em 12 de fevereiro de 1877 em Marvila (Portugal) e falecida em Lisboa em 20 de agosto de 1973;

- as virtudes heroicas da Serva de Deus Anna del Salvatore, Irmã professa da Congregação das Irmãs Filhas de Sant’Anna; nascida na Itália em 22 de fevereiro de 1842 e morta em Palermo em 7 de junho de 1885;

- as virtudes heroicas da Serva de Deus Maria Antonia Samá, Leiga; nascida na Itália em 2 de março de 1875 e falecida em 27 de maio de 195

por: Rádio Vaticano

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Igreja no Peru precisa de mais unidade para ser mais credível, diz Cardeal Cipriani

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18 de dezembro de 2017

A Igreja presente no Peru precisa de mais unidade, e a visita do Papa Francisco em janeiro de 2018 pode fortalecer esse espírito, segundo o Cardeal Juan Luis Cipriani, Arcebispo de Lima. Em um café da manhã com jornalistas, no dia 4, em Roma, ele afirmou: “Precisamos de uma Igreja mais unida para que seja mais credível.” Além disso, para ele é importante que a visita do Papa possa “sacudir um pouco o clericalismo que abunda nesta parte do mundo”.

O Cardeal acredita que, cada vez mais, os leigos precisam assumir sua posição na Igreja. “Precisamos da visibilidade dos católicos na vida diária, com responsabilidade pessoal e defendendo o amor que têm pela Igreja, e que não seja só um moralismo que diga ‘isso pode e aquilo não pode’”, comentou, citando o exemplo da participação na política. O Peru tem 31 milhões de habitantes, dos quais 78% se declaram católicos.

Família: De acordo com o Cardeal, de 70% a 80% da população do Peru se declara “a favor da defesa da vida” e “a favor do Matrimônio entre homem e mulher”. Isso, para ele, reflete que o Peru é um país muito católico. O Cardeal apresentou os dados logo no início de sua fala, e o O SÃO PAULO lhe perguntou quais são os principais desafios das famílias em seu País, no contexto da Exortação Amoris Laetitia, do Papa Francsico.

Dom Cipriani afirmou: “Acredito que alguns queriam colocar seus temas marcando uma agenda, mas na Amoris Laetitia há uma defesa pela vida muito clara e muito evidente.” Para ele, o documento não deve ser interpretado de forma fechada, e a “Amoris Laetitia defende o Matrimônio e a Doutrina da Igreja”.

Ele criticou, sem especificar, grupos políticos que tentam adotar medidas “contra a família” quando chegam ao governo. “Seria bom consultar com mais frequência o povo. As pesquisas nos respaldam”, disse. “Nossos povos apoiam a família, o Matrimônio e têm confiança em Deus”, acrescentou o Arcebispo de Lima. Ele costuma incentivar todos os anos uma Marcha pela Vida que reúne até 1 milhão de pessoas em protesto contra o aborto e as chamadas “ideologias de gênero”.

Piedade popular: Outro aspecto que, para ele, mostra a força da Igreja no Peru é a presença da cultura cristã no dia a dia. “É parte do DNA do nosso povo”, define. “Às vezes, as pessoas não têm uma conduta conforme com a fé católica, mas não foi a fé que criou o problema. A devoção popular é uma das chaves para a nova evangelização.”

“Da Europa chega uma onda um pouquinho fria na fé, mas na América Latina ainda mantemos um certo calor.” Ele recordou que o Papa Francisco é um grande “partidário” da fé popular, como a forte proximidade com os santos. “O Papa tem na alma uma ideia muito concreta da fé e repete muito que o Peru é uma terra de muitos santos e de grandes santos: Santa Rosa de Lima, São Martin de Porres, Santo Toribio de Mogrovejo, São Francisco Solano”, lembra.

A Capital Peruana tem quase 10 milhões de habitantes, abriga um terço da população do País. “O Papa me disse que está sonhando com o desejo de estar em Lima. Eu disse a ele que se sinta livre para falar do que quiser.”

Amazônia: Comentando sobre os desafios para a Amazônia, cujo território envolve também uma parte do Peru, o Cardeal afirmou que se trata de uma zona imensa,  mas pouco povoada. Portanto, a evangelização deve seguir um modelo missionário, parecido com o do início da chegada dos cristãos nas Américas. “Temos que pedir missionários a Deus, pois é o que está faltando. Para mim, ordenar homens casados não é a solução.”
Corrupção: O Arcebispo comentou, ainda, a grave situação da corrupção nos países latino-americanos. “Empresas multinacionais usam a estratégia de corromper os governos para conseguir licitações de grandes obras. Isso causa um dano enorme”, disse. Entretanto, o Cardeal explicou que a viagem do Papa ao Peru e ao Chile será de teor pastoral, não política. “O Papa dá uma mensagem clara e deve falar de corrupção, mas não em chave política, e sim em chave moral. O corrupto é um pecador que precisamos converter. E a corrupção é um mal a erradicar”, finalizou.

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"Que lugar ocupa Cristo no universo?"

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15 de dezembro de 2017

O Papa Francisco e seus colaboradores mais próximos participaram na manhã de sexta-feira, 15, da primeira pregação do Advento 2017, na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano. O pregador oficial do Vaticano, o capuchinho Raniero Cantalamessa, é o autor dos sermões semanais, e este teve como tema "Tudo foi criado por Ele e para Ele; Cristo e a criação”.

As meditações do Advento deste ano têm como proposta recolocar a pessoa divina-humana de Cristo no centro dos dois grandes componentes que, em conjunto, constituem "o real", isto é: o cosmos e a história, o espaço e o tempo, a criação e o homem. O objetivo final é colocar Cristo "no centro" de nossa vida pessoal e de nossa visão de mundo, no centro das três virtudes teologais da fé, da esperança e da caridade.

 

 

Cristo e o cosmos, Criação e encarnação

Como primeira meditação, Frei Cantalamessa sugeriu a reflexão sobre o relacionamento entre Cristo e o cosmos. "No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas"  (Gn 1, 1-2).  Segundo ele, esta relação, entre criação e encarnação está bem expressa no Livro do Gênesis e na encíclica Laudato si’.

“É uma questão de saber qual lugar ocupa a pessoa de Cristo em todo o universo”, afirmou, questionando: “Existe, então, algo que nos permita escapar do perigo de fazer de Cristo "um intruso ou uma pessoa deslocada na esmagadora e hostil imensidão do Universo"? Em outras palavras, Cristo tem algo a dizer sobre o problema urgente da ecologia e da salvaguarda da criação, ou isso é totalmente marginal a ele, como um problema que afeta quando muito a teologia, mas não a cristologia?

O Espírito Santo é a força misteriosa que impele a criação para a sua realização. Ele que é “o princípio da criação das coisas”, é também o princípio da sua evolução no tempo. Na verdade, isso não é outra coisa senão a criação que continua. Em outras palavras, o Espírito Santo é aquele que, por sua natureza, tende a fazer a criação passar do caos ao cosmos, a fazer disso algo bonito, limpo: um "mundo" precisamente, de acordo com o significado original desta palavra.

 

Como Cristo atua na criação

O frei capuchinho levantou ainda uma questão: Cristo tem algo a dizer sobre os problemas práticos que o desafio ecológico coloca para a humanidade e para a Igreja? Em que sentido podemos dizer que Cristo, trabalhando através do seu Espírito, é o elemento-chave para um ecologismo cristão saudável e realista?

“Penso que sim”, respondeu Frei Cantalamessa. “Cristo desempenha um papel decisivo também nos problemas concretos da proteção da criação, mas o faz indiretamente, trabalhando no homem e - através do homem - na criação”. Acontece como no início da criação: Deus cria o mundo e confia a custódia e a salvaguarda ao homem.  

 

Como agir global e localmente

 Como todas as coisas, também o cuidado da criação tem dois níveis: o nível global e o nível local. Um slogan moderno convida a pensar globalmente, mas agir localmente: Think globally, act locally. Isso quer dizer que a conversão deve começar do indivíduo, isto é, de cada um de nós. Francisco de Assis costumava dizer aos seus frades: "Nunca fui um ladrão de esmolas, pedindo-as ou usando-as além da necessidade. Peguei sempre menos do que eu precisava, para que os outros pobres não fossem privados de sua parte; porque, de outra forma, seria roubar".(14)

Hoje esta regra poderia ter uma aplicação muito útil para o futuro da Terra. Também nós devemos propor-nos: não ser ladrões de recursos, usando-os mais do que o necessário e retirando-os, assim, daqueles que virão depois de nós. Em primeiro lugar, nós que trabalhamos normalmente com o papel, poderíamos tentar não contribuir com o desperdício enorme e desconsiderado que é feito desta matéria-prima, privando assim a mãe terra de uma árvore menos.

 

Sobriedade e parcimônia, para que todos tenham

O Natal é um forte chamado a esta sobriedade e parcimônia no uso das coisas. Quem nos dá o exemplo é o próprio Criador que, tornando-se homem, se satisfez com um estábulo para nascer. ..”

Todos nós, crentes e não-crentes, somos chamados a comprometer-nos com o ideal da sobriedade e do respeito pela criação, mas nós, cristãos, devemos fazê-lo por uma razão e com uma intenção a mais e diferente. Se o Pai Celestial fez tudo "por meio de Cristo e em vista de Cristo", também nós devemos tentar fazer tudo assim: "por meio de Cristo e em vista de Cristo", isto é, com sua graça e para a sua glória. Também o que fazemos neste dia.

Tradução do original italiano feita por Thácio Siqueira

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Papa Francisco pede prudência em decisões sobre Jerusalém

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15 de dezembro de 2017

Após a decisão do Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel, o Papa Francisco manifestou “preocupação” com a cidade santa para judeus, cristãos e muçulmanos. “Que prevaleçam sabedoria e prudência para evitar adicionar novos elementos de tensão em um panorama mundial já complicado”, afirmou, no dia 6. 

Na mesma data, Trump anunciou que “Israel é um Estado soberano que tem o direito de decidir a sua capital”. Ele vai transferir a embaixada norte-americana de Tel-Aviv para Jerusalém. A complexidade da questão está em que, embora Israel considere a cidade sua capital, a parte Oriental de Jerusalém é disputada pelos palestinos, que também a têm como capital do Estado que almejam. 

Israel elogiou Trump, mas a Organização das Nações Unidas e alguns líderes internacionais condenaram a decisão unilateral. Ela despertou uma onda de protestos de grupos palestinos, como o Hamas, um dos mais violentos. No domingo, 10, o Vaticano reiterou: “Expressando dor pelos conflitos dos últimos dias, que deixaram vítimas. O Santo Padre renova seu apelo por sabedoria e prudência de todos.” 

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Vaticano: 22ª reunião do Conselho de Cardeais

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13 de dezembro de 2017

Teve início na manhã desta segunda-feira, 11, na presença do Papa Francisco, a 22ª Reunião do Conselho de Cardeais Conselheiros (C9).

Até a próxima quarta-feira, 13, os Cardeais convocados pelo Santo Padre para coadjuvá-lo no governo da Igreja universal, darão continuidade ao trabalho de revisar a Constituição Apostólica Pastor bonus sobre a Cúria Romana.

A última reunião, realizada de 11 a 13 de setembro deste ano, foi dedicada a um estudo sobre o estado das propostas entregues pelo Conselho ao Pontífice para a reforma da Cúria.

Entre os temas discutidos, o papel da Cúria como instrumento de evangelização e de serviço, não somente para o Papa, mas também para as Igrejas locais, a descentralização, o papel das Nunciaturas Apostólicas e a seleção do pessoal - para que possa ser menos clerical e mais internacional - com o incremento de jovens e de mulheres.

O bispo de Albano, Dom Marcello Semeraro, Secretário do Conselho de Cardeais, em entrevista concedida naquela ocasião, observou que no que tange ao processo de reforma da Cúria Romana, "já foram percorridos mais de três quartos do caminhos: se está na fase de concluir as propostas a serem feitas ao Papa".

O Santo Padre - explicou ele - "terá depois à disposição as propostas que dizem respeito a todos os dicastérios e caberá a ele decidir como e quando implementá-las. Francisco está acompanhando no momento o projeto de uma mudança gradual".

 

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Papa: é preciso deixar-se consolar pelo Senhor

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11 de dezembro de 2017

O Papa iniciou a segunda-feira, 11, presidindo a missa na capela de sua residência, a Casa Santa Marta.

Em sua homilia, Francisco comentou a primeira leitura, extraída do Profeta Isaías (Is 35,1-10), na qual o Senhor promete ao seu povo a consolação. “O Senhor veio para nos consolar”, afirmou o Papa, acrescentando  que “muitas vezes a consolação do Senhor nos parece uma maravilha”.

“Mas não é fácil deixar-se consolar; é mais fácil consolar os outros do que deixar-se consolar. Porque, muitas vezes, nós ficamos presos ao negativo, ficamos presos à ferida do pecado dentro de nós e, muitas vezes, há a preferência por permanecer ali, sozinho, ou seja, na cama, como aquele do Evangelho, isolado, ali, e não levantar-se. “Levante-se” é a palavra de Jesus, sempre: ‘Levante-se”.

O problema é que no “negativo somos donos” , porque temos dentro a ferida do pecado, enquanto “no positivo somos mendicantes” e não gostamos de mendigar a consolação. 

Francisco usou dois exemplos: quando se prefere “o rancor” e “cozinhamos os nossos sentimentos” na canja do ressentimento, quando há um coração amargo”, quando o nosso tesouro é a nossa amargura. Ele citou o paralítico da piscina de Siloé: 38 anos com a sua amargura dizendo que quando as águas se mexiam ninguém o ajudava. “Para esses corações amargos, é mais belo o amargo do que o doce”, muitas pessoas preferem isso: “raiz amarga”, “que nos leva com a memória ao pecado original. E este é justamente um modo para não deixar-se consolar.

E depois a amargura “sempre nos leva a expressões de lamentação”: os homens que se lamentam diante de Deus ao invés de louvá-lo: lamentações como música que acompanha a vida.

O Papa cita o Profeta Jonas, “prêmio Nobel das lamentações” , que fugiu de Deus porque se queixava que o Senhor lhe faria algo, mas acabou afogando e engolido pelo peixe e, depois, voltou para a missão. E ao invés de alegrar-se pela conversão das pessoas, se lamentava porque Deus as salvava. “Também nas lamentações há coisas contraditórias”, evidenciou o Pontífice, contando que conheceu um bom sacerdote que, porém, se lamentava de tudo: “tinha a qualidade de encontrar a mosca no leite” ou o pelo no ovo, como diríamos em português:

“Era um bom sacerdote, no confessionário diziam que era muito misericordioso, era idoso e os seus companheiros de presbitério imaginavam como seria a sua morte e sua chegada ao céu: ‘A primeira coisa que diria a São Pedro, ao invés de saudá-lo, seria: ‘Onde está o inferno?’, sempre o negativo. E São Pedro lhe mostraria o inferno. E depois…: ‘Mas quantos condenados existem? - ‘Somente um’- ‘Ah, que desastre a redenção…”. Sempre... isso acontece. E diante da amargura, do rancor, das lamentações, a palavra da Igreja de hoje é “coragem”, “coragem””.

Isaías convida à coragem, porque Deus ‘vem te salvar’, recorda. Em seguida, o Papa dirige seu pensamento ao Evangelho do dia: quando algumas pessoas vão ao teto porque havia muita gente e descem o paralítico para colocá-lo diante de Jesus. Não tinham pensado que ali estavam os escribas ou outros, queriam somente a cura daquele homem.

A mensagem da Liturgia de hoje – conclui o Papa – é o de se deixar consolar pelo Senhor.

“E não é fácil porque para deixar-se consolar pelo Senhor é preciso despojar-se de nossos egoísmos, daquelas coisas que são o próprio tesouro, como as amarguras, as reclamações, tantas coisas. Faria bem hoje se cada um de nós fizesse um exame de consciência: como está o meu coração? Tem amarguras? Alguma tristeza? Como vai a minha linguagem? É de louvor a Deus, de beleza, ou sempre de lamentações? E depois, pedir ao Senhor a graça da coragem - porque na coragem Ele vem nos consolar – e pedir-Lhe: Senhor: venha nos consolar”.

 

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Sobre armas nucleares, Papa afirma que ‘estamos no limite da legalidade’

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08 de dezembro de 2017

“É lícito manter arsenais nucleares ou, para salvar a humanidade, não seria necessário voltar atrás?”, questionou-se o Papa Francisco na coletiva de imprensa durante o voo de retorno de Bangladesh a Roma no domingo, 3. “Estamos no limite da legalidade de ter e usar as armas nucleares. Por quê? Porque hoje, com um arsenal nuclear assim sofisticado, arrisca-se a destruição da humanidade,  ou, ao menos, de grande parte.” 

Ao responder a perguntas dos jornalistas, o Pontífice disse que nas últimas três décadas aumentou a “irracionalidade” sobre o uso e a posse de armas nucleares. Citando o teólogo Romano Guardini, explicou que há duas formas de “incultura”: a primeira, é a capacidade do ser humano de produzir cultura a partir daquilo que recebeu; a segunda, é a capacidade de destruição do ser humano. “E isso acontece quando não se consegue ter todo o controle da energia atômica”, recordou, mencionando o desastre de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia. “As armas existem para vencer destruindo. Portanto, digo que estamos no limite da legalidade.” 

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