O Amor está no ar

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26 de janeiro de 2018

Um casamento foi celebrado pelo Papa Francisco em pleno voo de Santiago do Chile para Iquique, no Peru. O casal de comissários de bordo Paula Podest e Carlos Ciuffardi pediram uma bênção a Francisco. Eles estavam unidos civilmente desde 2010, quando pensavam também casar-se na Igreja, mas a cerimônia fora cancelada por causa de um terremoto. Paula e Carlos seguiram a vida e tiveram duas filhas, Rafaela e Isabela, mas nunca chegaram realizar o sacramento do Matrimônio. 

“Querem que eu os case agora?”, perguntou o Pontífice, segundo relatos dos jornalistas que estavam no avião papal da Latam. Os dois comissários ficaram de boca aberta, mas aceitaram. Francisco perguntou se havia amor verdadeiro na união e se a relação ia bem. “Vocês têm mesmo certeza?”, verificou. E o casal respondeu que sim. Eles já haviam feito o curso de noivos e sabiam estar em situação irregular. Mas queriam repará-la. O Presidente da Latam, Ignacio Cueto, que estava no voo, e o Monsenhor Rueda Belz, Oficial do Vaticano, serviram de testemunhas. Uma ata simples do casamento foi redigida à mão e todos a assinaram, inclusive Francisco. 

“Digam aos párocos que o Papa os interrogou bem. Julguei que estavam preparados”, revelou, na coletiva de imprensa durante o voo com jornalistas. Segundo Carlos, a proposta foi irrecusável. “Apaixonamonos em voo e agora nos tornamos marido e mulher diante da Igreja em voo”, contou à imprensa. 

 

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No Peru, 1,3 milhão de pessoas participam de missa final

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26 de janeiro de 2018

A última missa do Papa Francisco no Peru foi um nítido exemplo da expressão “banho de multidão”, muito usada pelos italianos. Celebrada no domingo, 21, na base aérea de Las Palmas, em Lima, a cerimônia reuniu 1,3 milhão de pessoas, de acordo com a organização. “Encontrei um povo que crê, que passa e passou por muitas dificuldades, mas que tem uma fé que me impressiona”, avaliou Francisco, na coletiva de imprensa durante o voo de retorno a Roma.

“São o povo latino-americano que tem mais santos. Do Peru, levo a impressão de alegria e de fé, de esperança e, sobretudo, de muitas crianças”, disse, lembrando também que, na Colômbia e nas Filipinas, os pais saíram às ruas com os filhos para encontrar o Papa. “Isso diz futuro, diz esperança. A única coisa que peço é que cuidemos dessa riqueza”, afirmou.

Tanto no Chile quanto no Peru, como de praxe, ele também se encontrou com autoridades políticas e da Igreja, entre bispos, padres, diáconos, religiosos, religiosas e seminaristas.

Em sua saudação final, após a missa, Papa Francisco reforçou esse pedido. “Irmãos peruanos, vocês têm tantos motivos para esperar, eu vi e toquei isso, nestes dias. Por favor, cuidem da esperança, para que não a roubem. Não há melhor maneira do que permanecer unidos, para que todos esses motivos que a sustentam cresçam cada dia mais.” E concluiu citando São Paulo, na carta aos Romanos, que diz: “A esperança não engana.” 

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Para o Papa, defender a Amazônia é defender a vida

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26 de janeiro de 2018

Os povos amazônicos provavelmente nunca foram tão ameaçados como hoje, e nossa sociedade precisa de sua sabedoria. Assim afirmou o Papa Francisco em encontro com representantes de povos originários da Amazônia. O evento foi realizado na sexta-feira, 19, em Puerto Maldonado, no Peru, isto é, no coração da floresta amazônica. A região é vasta, pouco habitada e distante dos centros econômicos do País. Pelo menos 20 grupos diferentes participaram. 

Para o Pontífice, defender a terra e o ambiente dos povos amazônicos é defender a vida. “Permitam-me mais uma vez dizer: Louvado sejas, Senhor, por esta obra maravilhosa dos seus povos amazônicos e por toda a biodiversidade que estas terras envolvem!”, declarou. 

“Este canto de louvor ganha força quando escutamos e vemos as profundas feridas que levam consigo a Amazônia e seus povos. Eu quis visitá-los e escutá-los, para estar juntos no coração da Igreja, unir-nos a seus desafios e com vocês reafirmar uma opção sincera pela defesa da vida, defesa da terra e defesa das culturas”, disse. 

Francisco demonstrou conhecer bem a situação local, analisando que os povos amazônicos estão em meio às disputas de vários outros grupos de interesse. De um lado, os extrativistas, que querem explorar os recursos naturais sem limites, “com grandes interesses econômicos” por petróleo, gás e madeira; do outro, está o agronegócio. Além disso, o tráfico de pessoas tem terríveis consequências, como o abuso sexual e a escravidão.

Nesse contexto, políticas “perversas” pretendem conservar a natureza sem pensar nas populações locais. “Em concreto, vocês, irmãos amazônicos, habitam estas terras”, lembrou. O Bispo de Roma defende que as políticas sejam o resultado de um verdadeiro diálogo com os povos da região amazônica. “Eles nunca podem ser considerados uma minoria, mas autênticos interlocutores”, disse. 

Papa Francisco convocou um Sínodo dos Bispos, a ser realizado em outubro de 2019, com o tema da evangelização da Amazônia. Portanto, já no Chile e no Peru, em que esteve nessa visita apostólica, ele foi ao encontro de povos amazônicos e colocou os problemas dessas populações sob os holofotes da imprensa internacional e da Igreja em todo o mundo. 

A região da Amazônia abrange partes de nove países sul-americanos: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Peru, Suriname e Venezuela. O Pontífice concluiu seu discurso dizendo “Tinkunakama”, que em língua quechua significa “até um próximo encontro”. 

 

 

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No Chile resistente à religião, visita de Francisco supera as expectativas

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26 de janeiro de 2018

A viagem do Papa Francisco ao Chile, entre os dias 15 e 18, foi uma das mais difíceis que ele já fez do ponto de vista da receptividade. A população chilena é tradicionalmente católica, mas o País é talvez um dos mais secularizados da América Latina. A religião tem um papel público limitado e cresce a indiferença. O Chile tem um dos povos mais plurais da região, mas é um dos mais parecidos com a Europa, único continente onde a Igreja diminui. Ainda assim, cerca de 900 mil pessoas foram às ruas, alegres, para ver o Papa. Segundo o governo chileno, 1,5 milhão de pessoas participaram dos eventos públicos, 300 mil a mais do que o esperado. 

Sua mensagem de esperança e reconciliação chegou a um público maior do que o previsto. De acordo com o Presidente da Conferência Episcopal do Chile, Dom Santiago Silva, foram três os pontos mais importantes da visita do Papa: a preocupação com os mais vulneráveis, a forma como manifestou ser pastor dessas pessoas e a perspectiva de futuro que sua mensagem deixou.

“Creio que as pessoas perceberam como o Papa está absolutamente preocupado com os mundos vulneráveis, aquelas pessoas descartadas”, declarou o Bispo castrense, em coletiva de imprensa. “Houve durante a visita uma pluralidade de expressões na relação com esses mundos, um contato pessoal com esses grupos pequenos, sempre como um ato simbólico”, disse. 

Um desses gestos simbólicos foi a breve visita a uma prisão feminina, em San Joaquín. Em quase todas as suas viagens, Francisco procura encontrar pessoas que vivem no cárcere. “Para mim é importante compartilhar esse tempo com vocês e poder ser mais próximos a nossos irmãos e irmãs que hoje estão privados de sua liberdade”, afirmou às presas. E, citando o testemunho de uma delas, completou: “Peçamos perdão a todos aqueles a quem ferimos com nossos crimes. Todos nós temos que pedir perdão, eu primeiro. Todos. Isso nos humaniza.”

 

PROTESTOS, QUESTÃO INDÍGENA E MIGRAÇÕES

Nove igrejas foram atacadas com bombas caseiras e fogo, em maior ou menor intensidade, enquanto o Papa estava no País ou alguns dias antes de sua chegada. Embora não se conheçam os autores dos ataques, parte do problema está relacionada com a causa dos indígenas Mapuche, que enfrentam o governo para defender suas terras. Empresas estrangeiras têm conseguido permissão do governo para usar terras de reservas. Alguns grupos protestam de forma violenta, e queimar igrejas se tornou uma estratégia para chamar a atenção.

Dar projeção à causa indígena foi um dos principais objetivos da viagem do Papa Francisco ao Chile e ao Peru. Porém, em meio a essas manifestações, o Papa disse aos indígenas do Chile, na homilia da missa em Temuco, que é preciso interromper a onda de violência se quiserem obter algum sucesso, pois isso “transforma até a causa mais justa em uma mentira”. Para ele, “a violência chama violência, a destruição aumenta a fratura e separação”. Outra forma de violência são acordos que têm “belas palavras”, mas que nunca chegam a ser colocados em prática. “Isso é violência, porque frustra a esperança”, declarou.

Enquanto o Papa estava no Chile, alguns protestos anticatólicos foram realizados, e parte deles foram críticas ao clero por abusos sexuais cometidos no passado, um problema que impactou fortemente a igreja chilena nas últimas décadas. Durante a viagem, Francisco fez questão de encontrar algumas vítimas, sem mais ninguém na sala, para ouvi-las e lhes pedir perdão. Segundo o Porta-voz do Vaticano, Greg Burke, o Papa as “ouviu, rezou e chorou com elas”. Em um de seus primeiros discursos, no Palácio de La Moneda, o Pontífice disse sentir “dor e vergonha pelo dano irreparável causado a crianças por parte de ministros da Igreja”. 

Outro tema importante mencionado pelo Pontífice foi o das migrações, considerando que o Chile é um dos principais destinos de estrangeiros na América Latina. Em sua última missa no País, Francisco destacou que muitos imigrantes são explorados, por não conhecerem a cultura local e não conhecerem a língua, por exemplo. “Não tenhamos medo a dar uma mão [a quem mais precisa], e que nossa solidariedade e nosso compromisso com a justiça sejam parte do baile ou a canção que podemos entoar a nosso Senhor”, disse. “Não nos privemos de tudo de bom que os migrantes podem trazer.”

 

AVALIAÇÃO POSITIVA

Nesse contexto, na avaliação geral, autoridades do Chile consideraram a passagem do Papa muito positiva. “Vivamos esta visita em clima de respeito, de solidariedade e de alegria entre nós”, afirmou à imprensa a Presidente Michelle Bachelet, quando perguntada sobre os protestos. O presidente eleito, Sebastián Piñera, que assumirá o comando do Chile em março, comentou: “O ódio e a intolerância não podem prevalecer sobre o respeito e o Estado de Direito. Recebamos Francisco com alegria e em paz.”

No discurso de acolhida ao Papa, a Presidente Bachelet disse que o Pontífice era bem-vindo ao País onde viveu por alguns anos, quando mais jovem, e que sua visita faria bem ao povo chileno. “Sua vinda nos faz parar um pouco, em nossa marcha acelerada, para olhar o outro, olhar para a frente, escutar, conversar, refletir sobre o que somos e sobre o que queremos”, observou. “Sua ação é tranquila e humilde, mas, ao mesmo tempo, sem temor de enfrentar as injustiças, a desigualdade, a ignorância e o egoísmo.” 

Ao recordar que 30 anos atrás São João Paulo II visitou o Chile, a Presidente avaliou que o Chile de hoje é um país de “mais tolerância, mais liberdades e mais transparência”. Durante o discurso, ela conseguiu tirar uma gargalhada do Papa Francisco, ao descrever os chilenos como um povo um tanto “desconfiado”. Com bom humor, ela afirmou: “Passamos da dor à esperança, da divisão ao encontro, do temor à confiança, ainda que, para dizer a verdade, tenho que confessar que os chilenos são muito desconfiados… mas, sim, passamos do temor à confiança.”

Na coletiva de imprensa do voo papal, o próprio Pontífice brincou: “Estou contente com o Chile. Não esperava tanta gente nas ruas e os que vieram não foram pagos para vir!”
 

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Papa: A maternidade da Igreja se prolonga na maternidade da mulher

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26 de janeiro de 2018

A transmissão da fé foi o fulcro da homilia proferida pelo Papa na manhã desta sexta-feira (26/01), na Casa Santa Marta. Francisco comentou a segunda carta de São Paulo Apóstolo a Timóteo, proposta pela liturgia do dia, quando Paulo se dirige a seu discípulo, ressaltando a sua ‘fé sincera’.

Com efeito, foi próprio o Apóstolo a falar a Timóteo de Cristo e da Carta, o Papa destacou três palavras que indicam como a fé deve ser transmitida: ‘filho’ – como Paulo chama Timóteo – ‘maternidade’ e enfim, ‘testemunho’.

Paulo – disse o Papa – gera Timóteo com a loucura da pregação e esta é a sua paternidade. E na leitura, fala-se também de lágrimas, porque Paulo não adoça o seu anúncio com meias-verdades, mas o faz com coragem: “A coragem que faz com que Paulo se torna pai de Timóteo”. É a pregação que não pode ser ‘morna’.

“A pregação – sempre – permitam-me a palavra – ‘estapeia’, é um ‘tapa’ que te comove e te sustenta. E o próprio Paulo diz: “A loucura da pregação”. É uma loucura, porque dizer que Deus se fez homem e foi crucificado e depois ressuscitou… O que disseram a Paulo os habitantes de Atenas? “Depois de amanhã te ouviremos”. Sempre, na pregação da fé, existe uma loucura. E a tentação é o falso bom senso, a mediocridade. “Não, não brinquemos… a fé morna”…

Hoje, em alguma paróquia (a de vocês, não, a de vocês é uma paróquia santa! – mas pensemos em outra. Em alguma paróquia), alguém vai, ouve o que diz esta pessoa da outra, daquela outra, daquela, daquela... Ao invés de dizer como se amam, dá vontade de dizer: “Como ferem! Como se machucam … a língua é uma faca para ferir o outro!  E como você pode transmitir a fé com um ar tão viciado de fofocas, de calúnias? Não. Testemunho. “Olha, esta pessoa jamais fala mal do outro; este faz obra de caridade; já este quando tem alguém doente vai visitá-lo, porque faz assim?”. A curiosidade: por que esta pessoa vive assim? E com o testemunho nasce a pergunta do porquê ali se transmite a fé, porque tem fé, porque segue os passos de Jesus.

E o Papa destaca o mal que faz o contratestemunho ou o mau testemunho: tira a fé, enfraquece as pessoas.

Mãe, avó: a maternidade é a terceira palavra. “A fé se transmite num ventre materno, o ventre da Igreja. Porque a Igreja é mãe, a Igreja é feminina. A maternidade da Igreja se prolonga na maternidade da mãe, da mulher.

E Francisco lembra ter conhecido na Albânia uma freira que durante a ditadura estava na prisão, mas de vez em quando os guardas a deixavam sair um pouco e ela ia em direção ao rio – tanto, eles pensavam – o que esta pobre senhora pode fazer. E ao invés, continua o Papa, ela era esperta e as mulheres sabiam quando ela saia e levavam seus filhos para que as batizasse escondido com a água do rio. Um belo exemplo, conclui.

Mas eu me pergunto: as mães, as avós, são como essas duas de que fala Paulo: “Também sua avó Lóide e sua mãe Eunice” que trasmitiram a fé, a fé sincera?  Um pouco.... diz: “Mas sim, aprenderá quando fará o catecismo. Mas eu lhes digo, fico triste quando vejo crianças que não sabem fazer o sinal da Cruz e fazem um desenho assim.... porque falta a mãe e a avó que ensine isso a elas. Quantas vezes penso nas coisas que se ensinam para a preparação do matrimônio, na noiva, que será mãe: é ensinado que ela deve transmitir a fé? 

"Peçamos ao Senhor que nos ensine como testemunhas, como pregradores e também às mulheres, como mães, a transmitir a fé", conclui o Papa.

 

Vatican News

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Papa: A busca da verdade é o mais radical antídoto ao vírus da falsidade

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24 de janeiro de 2018

Nesta quarta-feira, 24 de janeiro, festa de São Francisco de Sales, padroeiro da imprensa católica, foi divulgada por ocasião do Dia Mundial das Comunicações Sociais a mensagem do Papa Francisco aos comunicadores de todo o mundo. O tema é: "A verdade vos tornará livres (Jo 8,32). Fake News e jornalismo de paz".

Numa mensagem articulada em 4 pontos, o Papa Francisco pede aos homens da comunicação que voltem aos fundamentos de sua profissão, ou melhor, à sua “missão”: “ser guardiões das notícias”.

O tema da mensagem é de grande atualidade, no entanto, o Papa recorda que já em 1972 o seu predecessor Paulo VI escolhera para o Dia das Comunicações Sociais o tema da informação “a serviço da verdade”.

Precisamos de um jornalismo que “não queime as notícias”, mas busque sempre a verdade e seja sempre “comprometido a indicar soluções alternativas às “escalation” do clamor e da violência verbal”.

 

A desinformação desacredita as pessoas e fomenta conflitos

Na primeira parte da Mensagem, o Papa analisa o fenômeno das “fake news”. As falsas notícias, observa, visam “enganar e até mesmo manipular o destinatário”. Observa que às vezes sua difusão visa “influenciar as escolhas políticas e favorecer os lucros económicos”. Hoje em dia, sua difusão “pode contar com um uso manipulador das redes sociais” que tornam “virais” as notícias falsas.

O drama da desinformação, adverte Francesco, é “o descrédito do outro, a sua representação como inimigo” que pode até mesmo “fomentar conflitos”. Francisco destaca que muitas vezes afunda suas raízes “na sede de poder” que “se move de falsidade em falsidade para nos roubar a liberdade do coração”.

 

Fake news baseiam-se na “lógica da serpente”, nunca são inofensivas

Todos, exorta a Mensagem, somos chamados a contrastar essas falsidades e chamar a atenção para as “iniciativas educativas” que ajudam a “não ser divulgadores inconscientes de desinformação, mas atores do seu desvendamento”. E aqui o Papa, voltando ao Livro do Gênesis, observa que, na base das notícias falas, há a “lógica da serpente” que, de alguma forma, tornou-se “artífice da primeira fake news”.

O tentador, lê-se na Mensagem, “assume uma aparência credível” e concentra-se "na sedução que abre caminho no coração do homem com argumentos falsos e sedutores”. Precisamente como as notícias falsas. Este episódio bíblico mostra que “nenhuma desinformação é inofensiva; antes pelo contrário, fiar-se daquilo que é falso produz consequências nefastas”, já que também “uma distorção da verdade aparentemente leve pode ter efeitos perigosos”.

 

A busca da verdade é o mais radical antídoto ao vírus da falsidade

“Quem mente a si mesmo e escuta as próprias mentiras – escreve Francisco citando Dostoevskij, autor que muito aprecia - chega ao ponto de já não poder distinguir a verdade”. E precisamente a verdade, sublinha a Mensagem, é o antídoto mais radical ao “vírus da falsidade”.

Portanto, ampliando o horizonte, o Papa enfatiza que a “libertação da falsidade e a busca do relacionamento” são os “dois ingredientes que não podem faltar, para que as nossas palavras e os nossos gestos sejam verdadeiros, autênticos e fiáveis”.

 

O jornalista seja “guardião das notícias”, vencendo a lógica do scoop

As pessoas e não as estratégias, sublinha o Papa, são o melhor “antídoto contra falsidades”. As pessoas, acrescenta, que “livres da ambição, estão prontas a ouvir e, através da fadiga dum diálogo sincero, deixam emergir a verdade”. Evidencia assim a responsabilidade dos jornalistas ao informar.

O jornalista, observa a Mensagem, é o “guardião das notícias” e tem a tarefa, “no frenesi das notícias e na voragem dos “scoop”, de lembrar que, no centro da notícia, não estão a velocidade em comunicá-la nem o impacto sobre a “audience”, mas as pessoas”.

 

Promover um jornalismo de paz que cria comunhão

A Mensagem de Francisco termina com um forte apelo para um “jornalismo da paz”. Não se trata, adverte, de um "jornalismo «bonzinho», que negue a existência de problemas graves”, mas de um jornalismo sem fingimentos, hostil às falsidades, a “slogans” sensacionais e a declarações bombásticas”. Serve, escreve o Papa, um jornalismo “feito por pessoas para as pessoas, um jornalismo como “serviço”, que dê voz a quem não tem voz.

O documento se conclui com uma oração inspirada em São Francisco. Fazei-nos reconhecer o mal que se insinua em uma comunicação que não cria comunhão, é a invocação do Papa, “onde houver sensacionalismo, fazei que usemos sobriedade; e onde houver falsidade, fazei que levemos verdade”.

 

(Alessandro Gisotti e Silvonei José - Vatican News)

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Em comunhão com os povos nativos, plasmar uma Igreja com rosto amazônico

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23 de janeiro de 2018

Após a visita do Papa Francisco a Puerto Maldonado e seu encontro com as populações originárias, a cidade peruana hospedou um encontro preliminar para a preparação do Sínodo Pan-amazônico em programa para outubro de 2019.

Convocados pelo Papa Francisco, mediante o Secretário Geral do Sínodo, Cardeal Lorenzo Cardeal Baldisseri, reuniram-se nos dias 19 e 20 de janeiro bispos de Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Inglesa, Peru, Suriname e Venezuela, membros da Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, representantes do Conselho Episcopal Latino-americano, CELAM, da Conferência dos Religiosos, CLAR, e da Caritas.  

Foi uma sessão de consulta na qual foram expressas as inquietudes dos povos e os desafios pastorais das realidades amazônicas. No final desta série de encontros, manifestando satisfação pelo processo formal do Sínodo ter tido início em território amazônico, a REPAM difundiu um comunicado em que informa quais serão as seguintes etapas:

“O seguinte passo será a elaboração dos documentos preparatórios, como corresponde em todo processo sinodal, mediante os quais os bispos do território amazônico e seu povo continuarão sendo consultados. Estes passos seguirão as orientações dadas pelo Papa Francisco, sobretudo na Exortação Apostólica “Evangelii Gaudium” e na Encíclica Laudato Si: sobre o cuidado da Casa Comum”.

“Queremos fazer nossas as palavras do Santo Padre sobre o reconhecimento dos nossos povos como interlocutores que, com sua sabedoria ancestral e sua diversidade cultural, tornam possível o cuidado da Casa Comum”.

“Confiamos que, em comunhão com nossos povos originários, possamos encontrar novos caminhos para plasmar uma Igreja com Rosto Amazônico”.

A nota é assinada pelo Presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica – REPAM, Cardeal Cláudio Hummes.

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Papa no Angelus: o coração não se pode "photoshopear"

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22 de janeiro de 2018

O Papa Francisco rezou neste domingo a tradicional oração do Angelus com os jovens na Praça das Armas, em Lima. Do balcão do Arcebispado diante de uma praça repleta de jovens Francisco expressou sua alegria por poder se encontrar com eles afirmando que esses encontros são sempre muito importantes, mas mais ainda neste ano em que “nos preparamos para o Sínodo sobre os jovens”.

“Os seus rostos, as suas aspirações, a sua vida são importantes para a Igreja: devemos dar-lhes a importância que merecem e ter a coragem que demonstraram muitos jovens desta terra que não tiveram medo de amar e apostar em Jesus”.

Em seguida recordou os muitos exemplos como o de São Martinho de Porres que nada impediu a ele de realizar os seus sonhos, gastar a sua vida pelos outros e de amar, “porque  - disse Francisco -, tinha experimentado que o Senhor o amara primeiro”.

Recordou que ele mulato com muitas privações, aos olhos humanos soube fazer algo que se tornaria o segredo da sua vida: ter confiança. Teve confiança no Senhor que o amava.

Há momentos em que vocês podem pensar que não poderão realizar os desejos de sua vida, seus sonhos, continuou o Papa. Todos passamos por situações como estas.

“Queridos amigos, nesses momentos em que parece apagar-se a fé, não se esqueçam que Jesus está ao seu lado. Não se deixem vencer, não percam a esperança! Não se esqueçam dos Santos, que nos acompanham do céu; recorram a eles, rezem e não se cansem de pedir a sua intercessão. Os Santos de ontem, mas também os de hoje”.

Francisco disse ainda aos jovens que busquem ajuda e conselho de pessoas que vocês sabem serem boas para lhes aconselhar, porque os seus rostos manifestam alegria e paz. Deixem-se acompanhar por elas e, assim, avancem pelo caminho da vida.

“ Jesus – disse o Papa - quer ver você em movimento; quer ver você levar adiante os seus ideais e que você se decida a seguir as suas instruções. ”

"Jesus conta com você, como fez, há muito tempo, com Santa Rosa de Lima, São Toríbio, São João Macías, São Francisco Solano e muitos outros. Você está disposto a segui-Lo? Está disposto a deixar-se impelir pelo seu Espírito, para tornar presente o seu Reino de justiça e amor?"

Jesus disse ainda Francisco olha para vocês com esperança, nunca desanima a nosso respeito. Mas nós talvez sim, talvez possamos desanimar de nós mesmos ou dos outros.

O Pontífice em seguida afirmou que é muito belo ver fotos retocadas digitalmente, mas isso serve só para as fotografias, não podemos fazer o «photoshop» aos outros, à realidade, a nós próprios. Os filtros coloridos e a alta definição funcionam bem apenas nos vídeos; nunca podemos aplicá-los aos amigos. Há fotos que são muito lindas, mas estão todas maquilhadas; o coração não se pode «photoshopear», porque é nele onde se joga o amor verdadeiro; nele joga-se a felicidade.

Jesus não quer que «maquilhem» o seu coração. Ele ama você assim como você é e tem um sonho para realizar com cada um de vocês. Não se esqueçam: Ele não desanima de nós.

E se vocês desanimarem, - disse o Santo Padre - convido-os a pegar a Bíblia e recordar os amigos que Deus Se escolheu. Entre eles o Papa recordou Moisés, que era tartamudo; Abraão, um idoso; Jeremias, muito jovem; Zaqueu, de baixa estatura; Pedro renegou-O... e poderíamos continuar a lista. Que desculpa queremos encontrar?

Quando Jesus nos olha, não pensa quão perfeitos somos, mas em todo o amor que temos no coração para oferecer aos outros e servi-los. Para Ele, o importante é isto e sempre vai insistir no mesmo.

“Não Se fixa na sua altura, se tens dificuldade em falar ou não, se adormeces ao rezar, se você é muito jovem ou uma pessoa idosa. A única pergunta é: você quer seguir-Me e ser meu discípulo? Não perca tempo em mascarar o seu coração; encha a sua vida do Espírito!” Ele não se cansa de esperar para nos dar o seu Espírito.

Queridos jovens! Concluiu o Papa: na minha oração, coloco toso vocês nas mãos de Nossa Senhora. Tenham a certeza de que Ela os acompanhará em todos os momentos de suas vidas, em todas as encruzilhadas dos seus caminhos, sobretudo quando tiverem de tomar decisões importantes. Lá estará Ela, como boa Mãe, encorajando-os, apoiando-os para que vocês não desanimem. Não deixem de rezar, não deixem de pedir, não deixem de ter confiança na sua proteção materna.

Antes de rezar o Angelus o Papa dirigiu o seu pensamento à República Democrática do Congo.

“Notícias preocupantes chegam da “República Democrática do Congo: peço a todos os responsáveis que se empenhem ao máximo para deter toda forma de violência e encontrar uma solução baseada no diálogo”.

 

Silvonei José - Vatican News

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‘Queres paz? Trabalha pela paz’, diz Papa no Chile

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18 de janeiro de 2018

O Papa Francisco chegou ao Chile, na segunda-feira, 15, para sua 22ª viagem apostólica internacional, que também terá como destino o Peru, onde ele permanecerá até o domingo, 21. O primeiro grande evento do Santo Padre em terras chilenas foi a missa celebrada no Parque O’Higgins, em Santiago, capital do País, na terça-feira, 16. 

Na homilia, o Pontífice falou das bem- aventuranças, sublinhando as atitudes de “construir a paz” e acreditar nas possibilidades de mudança. “Felizes aqueles que são capazes de sujar as mãos e trabalhar para que outros vivam em paz. Felizes aqueles que se esforçam por não semear divisão. Dessa forma, a bem-aventurança nos faz artífices de paz; convida a empenhar-nos para que o espírito da reconciliação ganhe espaço entre nós. Queres ser ditoso? Queres felicidade? Felizes aqueles que trabalham para que outros possam ter uma vida ditosa. Queres paz? Trabalha pela paz”, completou.

 

PEDIDO DE PERDÃO 

No Palácio Presidencial La Moneda, em Santiago, Francisco fez seu primeiro discurso no Chile, diante da Presidente chilena, Michelle Bachelet, e representantes da sociedade civil. O Santo Padre enalteceu a pluralidade étnica, cultural e histórica da nação, que exige ser protegida de qualquer tentativa de parcialidade ou supremacia. 

Na ocasião, o Pontífice também manifestou “o pesar e a vergonha” diante do “dano irreparável causado às crianças por ministros da Igreja”, referindo-se aos casos de abusos sexuais cometidos por sacerdotes no País, divulgados na semana passada. “Desejo unir-me aos meus irmãos no episcopado, porque é justo pedir perdão e apoiar, com todas as forças, as vítimas, ao mesmo tempo em que devemos empenhar-nos para que isso não volte a se repetir”, afirmou.

 

PROGRAMAÇÃO

Em Santiago, o Papa também esteve em um centro penitenciário feminino e se reuniu com autoridades civis, bispos, sacerdotes e consagrados. Também visitará as cidades de Temuco, na quinta-feira, 18, e Iquique, na sexta-feira, 19. Em seguida, partirá para o Peru, onde irá a Puerto Maldonado, Trujillo e Lima.

A cobertura da viagem do Papa ao Chile e ao Peru pode ser vista na editoria 'Vaticano' do site.

 

INDÍGENAS

O Papa reservará dois principais momentos da viagem à comunidade indígena. No Chile, terá encontros com membros do povo Mapuche, na cidade de Temuco, localizada na região de La Araucanía; enquanto no Peru irá à Amazônia, em Puerto Maldonado, na sexta-feira, 19, onde almoçará com representantes dos povos amazônicos. Esse último encontro contará com a presença de um grupo de cem indígenas brasileiros, enviados pela Diocese de Rio Branco (AC) e pela Arquidiocese de Porto Velho (RO). 

Durante a tradicional saudação aos jornalistas a bordo do voo para Santiago, o Papa Francisco manifestou seu temor de uma guerra nuclear. Ele pediu que fossem distribuídas aos profissionais da imprensa cópias de uma fotografia que retrata uma criança que, após o bombardeio atômico em Nagasaki, no Japão, em 1945, leva seu irmãozinho morto nas costas para ser cremado. No verso da foto estava escrito “... o fruto da guerra”. 

“Eu me comovi quando vi esta [foto], e ousei escrever somente ‘o fruto da guerra’. E pensei em imprimi-la novamente e distribuí-la, porque uma imagem do gênero comove mais do que mil palavras. Por isso, quis compartilhá-la com vocês. E obrigado pelo trabalho de vocês!”, disse o Pontífice. 
 

BISPO DOS POBRES

No início do percurso entre o aeroporto de Santiago e a Nunciatura Apostólica do Chile, o Papa fez uma parada na Paróquia San Luis Beltran, onde se deteve em oração diante do túmulo Enrique Alvear Urrutia, Bispo Auxiliar de Santiago, que morreu em 1982. Entre 1962 e 1965, participou do Concílio Vaticano II. Conhecido como “Bispo dos pobres”, Dom Urrutia foi um incansável defensor dos direitos humanos, que foram violados sistematicamente no País a partir de 1973, quando o ditador Augusto Pinochet assumiu o poder. 

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Papa: jovens se sintam e sejam protagonistas no coração da Igreja

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18 de janeiro de 2018

“Arriscar, correr riscos. Queridos amigos, sede corajosos, ide prontamente ao encontro dos vossos amigos, daqueles que não conheceis ou que atravessam um momento difícil.” Foi a exortação do Papa Francisco no encontro com os jovens esta quarta-feira (17/01) no “Santuário de Maipú”, em Santiago, um dos eventos memoráveis desta visita do Santo Padre ao Chile, no âmbito de sua 22ª viagem apostólica internacional, que depois o levará ao Peru.

Um encontro de festa, com a alegria e o entusiasmo que os caracterizam, no qual o Sucessor de Pedro sentiu o calor e o afeto dos jovens chilenos. Após a saudação do jovem Ariel ao Santo Padre teve lugar um momento particularmente simbólico. Foi feita a apresentação do Símbolo dos jovens para o Sínodo: os jovens carregaram a Cruz do Chile. Tendo entregue ao Papa uma fita – sinal do sangue derramado por Cristo –, Francisco a colocou na Cruz.

 

Segundo centenário do Santuário dedicado à Virgem do Carmo

Já no início de seu discurso o Papa disse considerar muito importante poder estar com eles e “caminhar juntos por um pouco, ajudando-nos a olhar em frente!”, ressaltou, acrescentando a satisfação de encontrar-se no “Santuário de Maipú” dedicado à Virgem do Carmo, cujo templo comemora este ano seu segundo centenário.

“ A Virgem do Carmo acompanha-vos para poderdes ser os protagonistas do Chile que sonham os vossos corações. E sei que o coração dos jovens chilenos sonha, e sonha em grande. ”

“Vós gostais de aventuras e desafios. Antes, aborreceis-vos quando não tendes desafios que vos estimulem”, disse o Papa afirmando que em seu ministério episcopal teve a oportunidade de descobrir que há muitas e boas ideias no coração e na cabeça dos jovens.

“O problema somos nós, os grandes, que muitas vezes, com cara de sabichões, dizemos: ‘Pensa assim porque é jovem, depressa amadurecerá’. Até parece que amadurecer seja aceitar a injustiça, pensar que nada se pode fazer, resignar-se porque tudo sempre foi assim.”

Foi tendo em conta toda esta realidade dos jovens que o Papa disse querer realizar este ano o Sínodo e, antes do Sínodo, o Encontro de jovens, “para que se sintam e sejam protagonistas no coração da Igreja; para nos ajudar a fazer com que a Igreja tenha um rosto jovem”.

“ Quanta necessidade tem a Igreja chilena de vós, para nos ‘sacudirdes’ e ajudardes a estar mais perto de Jesus! ”

Tendo contado o caso do jovem que ao encontrar-se com seu celular com a bateria descarregada ou sem sinal da internet, disse-lhe que ficava aborrecido porque não podia acompanhar o que estava acontecendo, por ficar fora do mundo, Francisco afirmou que o mesmo pode nos acontecer com a fé.

“Sem conexão, sem a conexão com Jesus, acabamos por afogar as nossas ideias, os nossos sonhos, a nossa fé e enchemo-nos de mau humor. E de protagonistas que somos e queremos ser, podemos chegar a pensar que tanto vale fazer algo como não o fazer. Ficamos desconectados do que está acontecendo no ‘mundo’. Começamos a sentir que ficamos ‘fora do mundo’, como me dizia aquele jovem.”

Francisco apontou aos jovens a regra de ouro de Santo Alberto Hurtado, jesuíta chileno: “Que faria Cristo no meu lugar?”, qual palavra-chave, “a carga da bateria para acender o nosso coração, acender a nossa fé e a centelha nos nossos olhos. Isto é ser protagonistas da história”, afirmou.

 

Jesus é fonte de vida e de alegria

Olhos cintilantes porque descobrimos que Jesus é fonte de vida e alegria. Ser protagonistas é fazer o que Jesus fez. Onde quer que estejas, com quem quer que te encontres e seja a hora que for: “Que faria Jesus no meu lugar?”

“Ide com a única promessa que temos: no meio do deserto, do caminho, da aventura, sempre haverá a ‘conexão’, sempre existirá um ‘carregador de baterias’. Não estaremos sozinhos.” Sempre gozaremos da companhia de Jesus, de sua Mãe e duma comunidade. Uma comunidade que certamente não é perfeita, mas isso não significa que não tenha muito para amar e oferecer aos outros, acrescentou.

 

Premente exortação aos jovens chilenos

“Sede vós os jovens samaritanos que nunca abandonam um homem caído no caminho. Sede vós os jovens cireneus que ajudam Cristo a levar a sua Cruz e compartilham o sofrimento dos irmãos. Sede como Zaqueu, que transforma o seu coração materialista num coração solidário. Sede como a jovem Madalena, buscando apaixonadamente o amor, que só em Jesus encontra as respostas de que necessita. Tende o coração de Pedro, para deixar as redes nas margens do lago. Tende o carinho de João, para repor n’Ele todos os vossos afetos. Tende a disponibilidade de Maria para cantar com alegria (ao Senhor) e fazer a sua vontade”, exortou, por fim, Francisco.

 

Vatican News

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