Papa transfere Dom Gébara à Arquieparquia de Petra e Filadélfia

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20 de fevereiro de 2018

O Papa Francisco autorizou a transferência de Dom Joseph Gébara da Eparquia de Nossa Senhora do Paraíso em São Paulo dos Greco-Melquitas à Arquieparquia de Petra e Filadélfia (Jordânia) dos Greco-Melquitas. A transferência foi autorizada pelo Santo Padre a pedido do Sínodo dos Bispos da Igreja Patriarcal Greco-Melquita. Com a mudança, Dom Gébara é elevado à dignidade de Arcebispo.

Curriculum Vitae

Dom Joseph Gebara nasceu em Amatour (Chouf) em 10 de junho de 1965. Fez a Licenciatura em Filosofia no Instituto Teológico Saint Paul de Harissa (1995) e um Master em Teologia no Instituto Católico de Paris (1998), um diploma de estudos aprofundados (DEA) em Patrística (2000) e em Doutorado em História das Religiões e Antropologia Religiosa (2003) na Universidade de Sorbonne de Paris.

Foi ordenado sacerdote para a Arquieparquia de Beirute e Jbeil dos Greco-Melquitas em 10 de julho de 1993. Durante os estudos de pós-graduação em Paris, trabalhou nas paróquias Saint-Julien-le-Pauvre (1996-1998) e Notre-Dame des Champs, em Montparnasse (1998-2003). Voltou para o Líbano em 2003, assumindo a igreja de Notre-Dame da Libertação de Hadath. Também foi Docente em várias instituições acadêmicas.

Foi nomeado bispo-coadjutor da Eparquia Greco-Melquita Nossa Senhora do Paraíso em 31 de outubro de 2013, sendo consagrado em 21 de dezembro do mesmo ano.

Igreja Greco-Católica Melquita no Brasil

A Eparquia Greco-Melquita Nossa Senhora do Paraíso é uma circunscrição eclesiástica da Igreja Greco-Católica Melquita no Brasil, uma das igrejas Sui Iuris em comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana. A eparquia foi instituída em 26 de maio de 1972 pelo Papa Paulo VI, sendo sua sé a Catedral de Nossa Senhora do Paraíso em São Paulo.

 

 

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Papa pede coerência em nosso jejum

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16 de fevereiro de 2018

Jejuar com coerência e não para aparecer. Na homilia da Missa na Casa Santa Marta, o Papa Francisco advertiu quanto ao jejum incoerente, exortando a nos questionarmos como nos comportamos com os outros.

Na primeira leitura, extraída do livro do Profeta Isaías (Is 58,1-9a), fala-se do jejum que o Senhor quer: “quebrar as cadeias injustas, desligar as amarras do jugo, tornar livres os que estão detidos, enfim romper todo tipo de sujeição”.

O jejum é uma dos deveres da Quaresma, recordou o Papa. “Se não puder fazer um jejum total, que faz sentir fome até os ossos, “faça um jejum humilde, mas verdadeiro”, pediu o Papa.

É Isaías que evidencia as inúmeras incoerências na prática da virtude: cuidar dos próprios interesses, o dinheiro, enquanto o jejum é “um pouco despojar-se”; fazer penitência em paz : “não pode, de um lado, falar com Deus e, de outro, falar com o diabo”, porque é incoerente, advertiu o Francisco.

“Não jejuem mais como fazem hoje, de modo que se ouça o barulho”, ou seja, nós jejuamos, nós somos católicos, somos praticantes; eu pertenço àquela associação, nós jejuamos sempre, fazemos penitência. Mas, vocês jejuam com coerência ou fazem a penitência incoerentemente como diz o Senhor, com barulho, para que todos vejam e digam: “Mas que pessoa justa, que homem justo, que mulher justa...” Este é um disfarce; é maquiar a virtude".

É preciso disfarçar, mas seriamente, com o sorriso, isto é, não mostrar que está fazendo penitência. “Procura a fome para ajudar os outros, mas sempre com o sorriso”, exortou o Santo Padre.

O jejum consiste também em humilhar-se e isso se realiza pensando nos próprios pecados e pedindo perdão ao Senhor.  “Mas, se este pecado que eu cometi fosse descoberto, fosse publicado nos jornais, que vergonha!” -  “Pois bem, envergonha-te!”, disse o Papa, convidando também a quebrar as cadeias injustas.

“Eu penso a tantas domésticas que ganham o pão com o seu trabalho: humilhadas, desprezadas... Nunca pude esquecer uma vez que fui a casa de um amigo quando criança. Vi a mãe dar um tapa na doméstica.  81 anos... Não esqueci aquilo. “Sim, não Pai, eu nunca dou um tapa” – “Mas como os trata? Como pessoas ou como escravos? Pagas a eles o justo? Dás a eles as férias, é uma pessoa ou um animal que te ajuda em casa?”.  Pensem somente nisto. Nas nossas casas, nas nossas instituições, existe isto. Como eu me comporto com a doméstica que tenho em casa, com as domésticas que estão em casa?”

Então, um outro exemplo nascido de sua experiência pessoal. Falando com um senhor muito culto que explorava as domésticas, o Papa o fez entender que se tratava de um pecado grave, porque são “como nós, imagem de Deus”, enquanto ele sustentava que eram “pessoas inferiores”.

O jejum que o Senhor quer – como recorda ainda a Primeira leitura – consiste em “partilhar o pão com o faminto, no acolher em casa os miseráveis, sem-teto, em vestir os nus, sem negligenciar o teu sangue”.

“Hoje – observa Francisco – se discute se damos o teto ou não àqueles que vem pedi-lo”.

E, ao concluir, exorta a fazer penitência, a “sentir um pouco a fome”, a “rezar mais” durante a Quaresma e a perguntar-se como se comporta com os outros:

O meu jejum chega a ajudar os outros? Se não chega, é fingido, é incoerente e te leva pelo caminho da vida dupla. Faço de conta ser cristão, justo.... como os fariseus, como os saduceus. Mas, por dentro, não o sou. Peça humildemente a graça da coerência. A coerência. Se eu não posso fazer algo, não a faço. Mas não fazê-la incoerentemente. Fazer somente aquilo que eu posso fazer, mas com coerência cristã. Que o Senhor nos dê esta graça”.

 

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Papa envia mensagem aos brasileiros por ocasião da CF 2018

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14 de fevereiro de 2018

Todos os anos, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) apresenta a Campanha da Fraternidade como caminho de conversão quaresmal. Um caminho pessoal, comunitário e social que visibilize a salvação paterna de Deus. “Fraternidade e superação da violência” é o tema da Campanha para a Quaresma, em 2018. O Evangelho de Mateus inspira o lema: “ Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8).

A Campanha será lançada oficialmente nesta Quarta-feira de Cinzas e tem como objetivo geral: “Construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência”.

De acordo com o Secretário-Geral da CNBB, Dom Leonardo Ulrichs Steiner, sofremos e estamos quase estarrecidos com a violência. Não apenas com as mortes que aumentam, mas também por ela perpassar quase todos os âmbitos da nossa sociedade. A ética que norteava as relações sociais está esquecida. Hoje, temos corrupção, morte e agressividade nos gestos e nas palavras. Assim, quase aumenta a crença em nossa incapacidade de vivermos como irmãos.

Por ocasião do lançamento da Campanha da Fraternidade 2018 o Papa Francisco enviou uma mensagem ao Presidente da CNBB, o arcebispo de Brasília, Cardeal Dom Sérgio da Rocha.

 

Eis na íntegra a mensagem do Papa:

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Neste tempo quaresmal, de bom grado me uno à Igreja no Brasil para celebrar a Campanha “Fraternidade e a superação da violência”, cujo objetivo é construir a fraternidade, promovendo a cultura da paz, da reconciliação e da justiça, à luz da Palavra de Deus, como caminho de superação da violência. Desse modo, a Campanha da Fraternidade de 2018 nos convida a reconhecer a violência em tantos âmbitos e manifestações e, com confiança, fé e esperança, superá-la pelo caminho do amor visibilizado em Jesus Crucificado.

Jesus veio para nos dar a vida plena (cf. Jo 10, 10). Na medida em que Ele está no meio de nós, a vida se converte num espaço de fraternidade, de justiça, de paz, de dignidade para todos (cf. Exort. Apost. Evangelii gaudium, 180). Este tempo penitencial, onde somos chamados a viver a prática do jejum, da oração e da esmola nos faz perceber que somos irmãos. Deixemos que o amor de Deus se torne visível entre nós, nas nossas famílias, nas comunidades, na sociedade.

“É agora o momento favorável, é agora o dia da salvação” (1 Co 6,2; cf. Is 49,8), que nos traz a graça do perdão recebido e oferecido. O perdão das ofensas é a expressão mais eloquente do amor misericordioso e, para nós cristãos, é um imperativo de que não podemos prescindir. Às vezes, como é difícil perdoar! E, no entanto, o perdão é o instrumento colocado nas nossas frágeis mãos para alcançar a serenidade do coração, a paz. Deixar de lado o ressentimento, a raiva, a violência e a vingança é condição necessária para se viver como irmãos e irmãs e superar a violência. Acolhamos, pois, a exortação do Apóstolo: “Que o sol não se ponha sobre o vosso ressentimento” (Ef 4, 26).

Sejamos protagonistas da superação da violência fazendo-nos arautos e construtores da paz. Uma paz que é fruto do desenvolvimento integral de todos, uma paz que nasce de uma nova relação também com todas as criaturas. A paz é tecida no dia-a-dia com paciência e misericórdia, no seio da família, na dinâmica da comunidade, nas relações de trabalho, na relação com a natureza. São pequenos gestos de respeito, de escuta, de diálogo, de silêncio, de afeto, de acolhida, de integração, que criam espaços onde se respira a fraternidade: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23,8), como destaca o lema da Campanha da Fraternidade deste ano. Em Cristo somos da mesma família, nascidos do sangue da cruz, nossa salvação. As comunidades da Igreja no Brasil anunciem a conversão, o dia da salvação para conviverem sem violência.

Peço a Deus que a Campanha da Fraternidade deste ano anime a todos para encontrar caminhos de superação da violência, convivendo mais como irmãos e irmãs em Cristo. Invoco a proteção de Nossa Senhora da Conceição Aparecida sobre o povo brasileiro, concedendo a Bênção Apostólica. Peço que todos rezem por mim.

 

Vaticano, 27 de janeiro de 2018.

[Franciscus PP.]

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Papa: o pecador pode se tornar santo; o corrupto, não

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08 de fevereiro de 2018

Davi é santo, mesmo que tenha sido um pecador. O grande Salomão é um corrupto e o Senhor o rejeitou. O Papa Francisco concentrou a sua homilia desta quinta-feira (08/02), na capela da Casa Santa Marta, sobre este aparente paradoxo.

A leitura proposta pela liturgia, extraída do primeiro Livro dos Reis, fala de Salomão e de Davi. “Ouvimos algo um pouco estranho”, comentou o Papa: “o coração de Salomão não permaneceu íntegro com o Senhor, seu Deus, como o coração de Davi, seu pai”. E explica que é estranho porque de Salomão não conhecemos que tenha cometido grandes pecados, era sempre equilibrado, enquanto de Davi sabemos que teve uma vida difícil, que foi um pecador.

E mesmo assim Davi é santo e de Salomão se diz que o seu coração se “desviou do Senhor” para seguir outros deuses. Ele que havia sido louvado pelo Senhor quando pediu a prudência para governar ao invés das riquezas. Como se explica isso, se questionou o Papa. É porque Davi sabe que pecou e toda vez pede perdão, enquanto Salomão, de que todos falavam bem e que também a Rainha de Sabá quis encontrá-lo, tinha se afastado do Senhor, mas sem perceber.

E aqui está o problema do enfraquecimento do coração. Quando o coração começa a se enfraquecer, não é como uma situação de pecado: você comete um pecado e percebe imediatamente: “Eu cometi este pecado”, é claro. O enfraquecimento do coração é um caminho lento, que escorrego pouco a pouco, pouco a pouco, pouco a pouco… E Salomão, adormecido na sua glória, na sua fama, começou a percorrer este caminho.

Paradoxalmente, “é melhor a clareza de um pecado do que o enfraquecimento do coração”, afirmou Francisco, o grande Rei Salomão “acabou corrupto: tranquilamente corrupto, porque seu coração tinha se enfraquecido.”

E um homem e uma mulher com o coração fraco, ou enfraquecido, é uma mulher, um homem derrotado. Este é o processo de muitos cristãos, muitos de nós. “Não, eu não cometo pecados graves.” Mas como é o seu coração? É forte? Permanece fiel ao Senhor ou você escorrega lentamente?

O drama do enfraquecimento do coração pode acontecer a todos nós na vida. Que fazer então? E Francisco respondeu: “Vigiar. Vigiar o seu coração. Vigiar. Todos os dias, estar atento ao que acontece no seu coração” e depois concluiu:

Davi é santo. Era pecador. Um pecador pode se tornar santo. Salomão foi rejeitado porque era corrupto. Um corrupto não pode se tornar santo. E à corrupção se chega por aquele caminho do enfraquecimento do coração. Vigilância. Todos os dias vigiar o coração. Como é o meu coração, a relação com o Senhor. E saborear a beleza e a alegria da fidelidade.

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Tráfico humano: Francisco pede a conversão dos traficantes

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07 de fevereiro de 2018

Um apelo contra o tráfico: na Audiência Geral, o Papa Francisco recordou a memória litúrgica da Santa Josefina Bakhita, no dia 8 de fevereiro, em que se celebra também o Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico Humano.

O tema deste ano é “Migração sem Tráfico. Sim à liberdade! Não ao Tráfico!”.

Diante das poucas possibilidades de canais regulares, afirmou o Papa na Audiência, muitos migrantes decidem aventurar-se por outras vias, onde com frequência os aguardam abusos de todo tipo, exploração e escravidão.

As organizações criminosas, que se dedicam ao tráfico de pessoas, usam essas rotas migratórias para esconder as próprias vítimas entre os migrantes e os refugiados.

“Portanto, convido todos, cidadãos e instituições, a unir as forças para prevenir o tráfico e garantir proteção e assistência às vítimas. Rezemos para que o Senhor converta o coração dos traficantes - que palavra feia 'traficante de pessoa' - e dê esperança de reconquistar a liberdade a quem sofre por esta chaga vergonhosa.”

A primeira edição do Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico Humano foi celebrada em 8 de fevereiro de 2015, a pedido do Papa Francisco.

O Pontífice encarregou a União Internacional das Superioras e dos Superiores Gerais de promover este evento e desde o início Talitha Kum, a rede mundial da vida consagrada que luta contra o tráfico de pessoas, assumiu a coordenação.

Santa Josefina Bakhita nasceu 1869 em Darfur, no Sudão. Mais conhecida como "Mãe Moretta" (nossa Mãe Morena), carregou 144 cicatrizes físicas ao longo de sua vida, que foram recebidas depois que ela foi sequestrada aos nove anos e vendida como escrava. Ela morreu em 8 de fevereiro de 1947 na Itália. Foi canonizada por S. João Paulo II em 1º  de outubro de 2000.

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Igreja na China vive incerteza sobre situação de bispos ilegítimos

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01 de fevereiro de 2018

O Cardeal chinês Joseph Zen, Bispo Emérito de Hong Kong, publicou na segunda-feira, 29, uma nota à imprensa em sua página do Facebook , informando que se encontrou com o Papa Francisco para pedir cautela no diálogo da Santa Sé com o governo comunista chinês. A ida repentina de Dom Zen a Roma foi informada pela agência notícias AsiaNews , devido à notícia de que o Vaticano teria pedido a renúncia  de dois bispos legítimos, já idosos, para dar lugar a bispos até agora ilegítimos, porque foram nomeados anos atrás pelo governo chinês sem autorização do Papa. 

Atualmente, a Igreja Católica na China vive momentos de grande incerteza. Para manter os católicos sob controle, o governo chinês criou a Associação Patriótica Católica Chinesa, uma instituição ligada ao Partido Comunista. Em alguns lugares, essa “Igreja oficial” coincide com a Igreja reconhecida por Roma, com bispos legítimos, nomeados pelo Papa e aceitos pelo governo. Em outras regiões, a Associação adota uma linha menos alinhada com o Vaticano, o que deu origem a uma “Igreja clandestina”, que reconhece o Papa como seu líder maior. Sacerdotes, bispos e fiéis se reúnem de forma escondida e sofrem perseguição do governo. Há fiéis e clérigos que transitam entre uma e outra. Oficialmente, a China é um país ateu. 

Há décadas, o Vaticano vem tentando praticar uma política em que todos os bispos católicos possam ser reconhecidos tanto pelo Papa quanto pelo governo. Mas, nos últimos dez anos, o Partido nomeou e ordenou bispos sem o mandato pontifício, o que causou a sua excomunhão automática. Isso agravou a crise. Atualmente, surgiram rumores de que a Santa Sé estaria disposta a reconhecer alguns desses bispos para que os fiéis possam praticar a fé publicamente e com maior tranquilidade.

O Cardeal Zen, de 86 anos, é cético dessa proposta. Ele acredita que o Partido queira assumir mais e mais o controle da Igreja na China e limitar a liberdade religiosa. Para ele, pedir a renúncia de bispos legítimos idosos não é o problema, desde que não sejam substituídos por bispos ilegítimos, escolhidos pelo Partido.

Segundo o Cardeal, Papa Francisco acolheu bem seu pedido, respondendo: “Não queremos criar um novo caso Mindszenty”. Trata-se de uma referência a Dom Josef Mindszenty, Arcebispo de Budapeste, na Hungria, que ficou preso por anos no período comunista. Em 1956, sob pressão do governo, a Santa Sé pediu ao cardeal Mindszenty que renunciasse em favor de um sucessor aceito pelos comunistas. “Com essa revelação, espero satisfazer o legítimo ‘direito de saber’ da mídia e de meus irmãos na China”, disse Dom Zen. “A coisa importante para nós agora é rezar pelo Santo Padre. ” 

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Fake news são fonte de preconceito e desinformação

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06 de fevereiro de 2018

A recente proliferação de notícias falsas na internet e nas mídias tradicionais, as chamadas fake news , relaciona-se com a manipulação de informações para objetivos políticos e com a falta de abertura ao diálogo com o outro. Assim analisa o Papa Francisco em sua mensagem para o 52º Dia Mundial das Comunicações Sociais, divulgada na quarta-feira, 24. “As notícias falsas revelam a presença de atitudes que são, ao mesmo tempo, intolerantes e hipersensíveis, cujo único resultado é o risco de se aumentarem a arrogância e o ódio”, escreve. “O drama da desinformação é o descrédito do outro, a sua representação como inimigo, até uma demonização que pode fomentar conflitos.” 

Leia tabém: "FAKE NEWS: O que isso tem a ver comigo?"

A mensagem procura definir o que é o fenômeno das fake news , intensificado por causa das mídias sociais, ajudar a reconhecê-las e a encontrar um apoio no Evangelho. Por isso, o trecho bíblico que inspira o Dia Mundial das Comunicações deste ano é “A verdade os fará livres”, do Evangelho segundo São João (8,32).

Diz o Papa: “O antídoto mais radical ao vírus da falsidade é deixar-nos purificar pela verdade. Na visão cristã, a verdade não é só uma realidade conceitual, que se refere ao juízo sobre as coisas, definindo-as verdadeiras ou falsas.” Segundo ele, a verdade leva a pensar e tem a ver com a vida inteira. “O único verdadeiramente confiável e digno de confiança, com o qual se pode contar, ou seja, ‘verdadeiro’, é o Deus vivente”, escreve. 

E acrescenta: “Educar para a verdade significa ensinar a discernir, a avaliar e ponderar os desejos e as inclinações que se movem dentro de nós, para não nos encontrarmos despojados do bem ‘mordendo a isca’ em cada tentação ”. 

Nesse contexto, o Papa Francisco pede um jornalismo de paz, isto é, “sem fingimentos, hostil às falsidades, a slogans sensacionais e a declarações bombásticas”. Para ele, o jornalismo deve ser “feito por pessoas para as pessoas e considerado como serviço a todas as pessoas”.
 

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Papa: ouvido, coração e mãos: o itinerário da Palavra de Deus

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31 de janeiro de 2018

"Como poderíamos enfrentar a nossa peregrinação terrena, com as suas dificuldades e as suas provas, sem ser regularmente nutridos e iluminados pela Palavra de Deus que ressoa na liturgia?"

Ao dar continuidade a sua série de catequeses sobre a Santa Missa, o Papa Francisco falou na Audiência Geral desta quarta-feira, a 4ª de 2018 e a 213ª de seu Pontificado, sobre a Liturgia da Palavra, "que é uma parte constitutiva porque nos reunimos justamente para escutar o que Deus fez e pretende ainda fazer em nós".

"É uma experiência que acontece "ao vivo" e não por ouvir dizer - explicou o Santo Padre aos fiéis presentes na Praça São Pedro - porque quando na Igreja se lê a Sagrada Escritura, é Deus mesmo que fala ao seu povo e Cristo, presente na sua palavra, anuncia o Evangelho".

O Papa alertou então, que muitas vezes enquanto se lê a Palavra de Deus, se fazem comentários sobre como o outro se veste ou se comporta. Ao invés disto, "devemos escutar, abrir o coração porque é o próprio Deus que nos fala e não pensar em outras coisas ou em falar de outras coisas. Entenderam? Não acredito que aconteça muito, mas explicarei o que acontece nesta Liturgia da Palavra":

"As páginas da Bíblia deixam de ser um escrito para tornarem-se palavra viva, pronunciada por Deus. É Deus que por meio do que se lê nos fala e interpela a nós que escutamos com fé (...). Mas para escutar a Palavra de Deus, é preciso ter também o coração abertopara receber a palavra no coração. Deus fala e nós nos colocamos em escuta, para depois colocar em prática o que ouvimos. É muito importante ouvir. Algumas vezes não entendemos bem porque existem algumas leituras um pouco difíceis. Mas Deus nos fala o mesmo em outro modo: em silêncio e ouvir a Palavra de Deus. Não esqueçam isto. Na Missa, quando começam as leituras, ouçamos a Palavra de Deus".

"Temos necessidade de escutá-lo!", enfatizou o Papa. "É de fato uma questão de vida, como bem recorda a incisiva expressão «nem só de pão o homem viverá, mas de toda a palavra que procede da boca de Deus»".

Neste sentido, "falamos da  Liturgia da Palavra como da "mesa" que o Senhor prepara para alimentar a nossa vida espiritual".

A mesa litúrgica é abundante, "abre mais largamente os tesouros da Bíblia", do Antigo e no Novo Testamento, porque neles é anunciado pela Igreja o único e idêntico mistério de Cristo:

"Pensemos na riqueza das leituras bíblicas oferecidas pelos três ciclos dominicais que, à luz do Evangelhos Sinóticos, nos acompanham no decorrer do ano litúrgico, uma grande riqueza".

O Papa chamou a atenção para a importância do Salmo responsorial, "cuja função é favorecer a meditação do que foi escutado na leitura que o precede".

"É bom que o Salmo seja valorizado com o canto, ao menos  do refrão", observou Francisco, acrescentando que também as leituras dos dias feriais constituem "um grande nutrimento para a vida cristã".

O Santo Padre explicou então que "as leituras da Missa, variadamente ordenadas segundo as diferentes tradições do Oriente e Ocidente, estão contidas nos Lecionários":

"A proclamação litúrgica das mesmas leituras, com os cantos deduzidos da Sagrada Escritura, exprime e favorece a comunhão eclesial, acompanhando o caminho de todos e de cada um".

Neste sentido - explica - "se entende porque escolhas subjetivas, como a omissão de leituras e a sua substituição com textos não bíblicos são proibidas":

"Isto de fato empobrece e compromete o diálogo entre Deus e o seu povo em oração. Pelo contrário, a dignidade do ambão e o uso do lecionário, a disponibilidade de bons leitores e salmistas. Mas procurem bons leitores, eh!, aqueles que sabam ler, não aqueles que leem e não se entende nada, eh! é assim, eh! Bons leitores, eh! Devem se preparar e ensaiar antes da Missa para ler bem. E isto cria um clima de silêncio receptivo".

A Palavra do Senhor é uma ajuda indispensável para não nos perdermos, nos nutre e nos ilumina, nos ajudando assim a enfrentarmos as dificuldades e as provas de nossa peregrinação terrena.

Mas "não basta ouvir com os ouvidos, sem acolher no coração a semente da divina Palavra, permitindo a ela de dar fruto":

"A ação do Espírito, que torna eficaz a resposta, tem necessidade de corações que se deixem trabalhar e cultivar, de modo que aquilo que é ouvido na Missa passe para a vida cotidiana, segundo a advertência do apóstolo Tiago: «Sede cumpridores da palavra e não apenas ouvintes; isto equivaleria a vos enganardes a vós mesmos»."

"A Palavra de Deus faz um caminho dentro de nós. A escutamos com os ouvidos, passa pelo coração, não permanece nos ouvidos, deve ir ao coração e do coração passa às mãos, às boas obras. Este é o percurso que faz a Palavra de Deus: dos ouvidos ao coração e às mãos. Aprendamos estas coisas. Obrigado.”

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Papa: pastores não sejam rígidos, mas ternos e próximos

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30 de janeiro de 2018

As atitudes do verdadeiro pastor são aquelas com as quais Jesus acompanhou o Seu povo: proximidade e ternura concretas, não rigidez nem julgamento. Esta foi a reflexão feita pelo Papa na homilia da Missa celebrada na manhã de terça-feira, 30, na capela da Casa Santa Marta.

As páginas do Evangelho de Marcos narram dois episódios de cura a serem mais contemplados do que refletidos, disse o Papa, porque indicam “como era um dia na vida de Jesus”, modelo de como deveria ser também a vida dos pastores, bispos ou sacerdotes.

 

Caminhar, estar no meio do povo, ocupar-se dele

O Apóstolo descreve Jesus mais uma vez circundado por uma multidão, "a multidão de pessoas que o seguia”, ao longo do caminho ou às margens do mar e com as quais Jesus se preocupava: foi assim que Deus prometeu acompanhar o Seu povo, destacou Francisco, estando no meio dele:

Jesus não abre um escritório de aconselhamento espiritual com um cartaz 'O profeta recebe segunda, quarta e sexta das 3 às 6. A entrada custa tanto ou, se quiserem, podem deixar uma oferta'. Não. Jesus não faz assim. Jesus tampouco abriu um consultório médico com o cartaz ‘Os doentes devem vir tal dia, tal dia, tal dia e serão curados’. Jesus se joga no meio do povo.

E “esta é a figura de pastor que Jesus nos dá”, observou Francisco, citando um sacerdote “santo que acompanhava assim o seu povo” e que, à noite, por este motivo, estava “cansado”, mas de um “cansaço real, não ideal”, “de quem trabalha” e está no meio das pessoas.

 

Ir ao encontro das dificuldades com ternura  

Mas o Evangelho de hoje ensina também que Jesus é "comprido" entre a multidão e "tocado". Por cinco vezes este verbo aparece na narração de Marcos, notou o Papa, destacando que também hoje o povo faz assim durante as visitas pastorais, o faz para “pegar a graça” e o pastor sente isto.

E Jesus jamais se retrai, pelo contrário, “paga”, inclusive com a “vergonha” e a “zombaria”, “por fazer o bem”. São estas as “rmarcas do modo de agir de Jesus” e, portanto, as “atitudes do verdadeiro pastor”:

“O pastor é ungido com óleo no dia de sua ordenação: sacerdotal e episcopal. Mas o verdadeiro óleo, aquele interior, é o óleo da proximidade e da ternura. O pastor que não sabe se fazer próximo, falta a ele alguma coisa: talvez seja o dono do campo, mas não é um pastor. Um pastor ao qual falta a ternura, será um rígido, que bate nas ovelhas. Proximidade e ternura: vemos isso aqui. Assim era Jesus”.

 

Proximidade e ternura dos pastores: uma graça a ser pedida ao Senhor

Como Jesus, também o pastor – acrescenta ainda Francisco – “termina o seu dia cansado”, cansado de “fazer o bem”, e se o seu comportamento for este, o povo sentirá a presença viva de Deus.

Disto, eleva-se a oração de hoje de Francisco:

Hoje poderemos rezar na Missa pelos nossos pastores, para que o Senhor dê a eles esta graça de caminhar com o povo, estar presente em meio ao povo com tanta ternura, com tanta proximidade. E quando o povo encontra o seu pastor, tem aquele sentimento especial que somente se pode sentir na presença de Deus – e assim termina a passagem do Evangelho – “E todos ficaram admirados”. A admiração de sentir a proximidade e a ternura de Deus no pastor”.

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Papa: Não existe uma verdadeira humildade sem humilhação

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29 de janeiro de 2018

“Não existe uma verdadeira humildade sem humilhação” . Foi o que disse em síntese o Papa Francisco na Missa celebrada na manhã desta segunda-feira na Capela da Casa Santa Marta.

Uma reflexão que parte da figura do Rei Davi, centro da primeira leitura.

Davi de fato, é “um grande”. Havia vencido o filisteu, tinha uma “alma nobre” - porque por duas vezes poderia ter matado Saul e não o fez – mas era também um pecador, tinha “pecados grandes”: “o do adultério e do assassinato de Urias, o marido de Betsabá”, “aquele do censo”.

Mesmo assim – observa Francisco – a Igreja o venera como Santo,  “porque deixou-se transformar pelo Senhor, deixou-se perdoar”, arrependeu-se, e por “aquela capacidade não tão fácil de reconhecer ser pecador: “Sou pecador’”.

Em particular a Primeira leitura coloca o foco na humilhação de Davi: seu filho Absalão, “faz uma revolução contra ele”.

Naquele momento Davi não pensa “na própria pele”, mas em salvar o povo, o Templo, a Arca.

E foge, “um gesto que parece  covarde, mas é corajoso”, sublinha o Papa. Chorava, caminhando com a cabeça coberta e pés descalços.

Mas o grande Davi é humilhado, não somente com a derrota e a fuga, mas também com o insulto.

Durante a fuga, um homem chamado Semei o insultava dizendo que o Senhor fez recair sobre ele todo o sangue da casa de Saul – “cujo trono usurpastes – e entregando o trono ao filho Absalão: “eis que estás na ruína – afirmava – porque és um homem sanguinário”.

Davi o deixa fazer, não obstante os seus quisessem defendê-lo: “É o Senhor que inspira de insultar-me”, talvez “este insulto comoverá o coração do Senhor e me abençoará”.

Às vezes, nós pensamos que a humildade é ir tranquilos, ir talvez de cabeça baixa olhando para o chão... mas também os porcos caminham de cabeça baixa: isso não é humildade. Esta é aquela humildade falsa, prêt-à-porter, que não salva nem protege o coração. É bom que nós pensemos nisto: não existe verdadeira humildade sem humilhação, e se você não for capaz de tolerar, de carregar nas costas uma humilhação, você não é humilde: faz de conta, mas não é.

Davi carrega nas costas os próprios pecados. “Davi é Santo; Jesus, com a santidade de Deus, é Santo”, afirmou o Papa e acrescentou: “Davi é pecador, Jesus é pecador, mas com o nossos pecados. Mas os dois, humilhados”.

Sempre existe a tentação de lutar contra quem nos calunia, contra quem nos humilha, quem nos faz passar vergonha, como este Semei. E Davi diz: “Não”. O Senhor diz: “Não”. Este não é o caminho. O caminho é o de Jesus, profetizado por Davi: carregar as humilhações. “Talvez o Senhor olhará para a minha aflição e me dará o bem em troca da maldição de hoje”: transformar as humilhações em esperança.

Francisco advertiu, porém, que a humildade não é justificar-se imediatamente diante da ofensa, tentando parecer bom: “Se você não sabe viver uma humilhação, você não é humilde”, afirmou. “Esta é a regra de ouro”.

Peçamos ao Senhor a graça da humildade, mas com humilhações. Havia aquela freira que dizia: “Eu sou humilde, sim, mas humilhada jamais!”. Não, não! Não existe humildade sem humilhação. Peçamos esta graça. E também, se alguém for corajoso, pode pedir – como ensina Santo Inácio – pode pedir ao Senhor que lhe envie humilhações para se parecer sempre mais com o Senhor.

 

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