Papa Francisco: ‘Nesta noite, conquistamos o direito fundamental à esperança’

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11 de abril de 2020

Cristo Ressuscitado é anúncio da esperança diante das dificuldades, afirmou o Papa Francisco na solene celebração da Vigília Pascal da Ressurreição do Senhor, realizada na noite deste sábado, 11 de abril, na Basílica de São Pedro, no Vaticano.

Diferentemente de outros anos, a celebração aconteceu sem a presença de fiéis, seguindo as recomendações das autoridades sanitárias para se evitar a aglomeração de pessoas e a proliferação do novo coronavírus. Mas a missa foi acompanhada ao vivo pela internet, com mais de 10 mil acessos pelo site Vatican News, e também por tevês e rádios de inspiração católica em diferentes partes do mundo. 

Com a Basílica às escuras, o Papa realizou a bênção do fogo novo, e posteriormente foi aceso o Círio Pascal, previamente preparado. Este foi conduzido pelo diácono até o altar da Cátedra, e ele proclamou, por três vezes, “Eis a luz de Cristo, demos graças a Deus”. As luzes se acenderam e houve o anúncio da Páscoa da Ressurreição do Senhor.

A confiança das mulheres que foram ao sepulcro

Após a proclamação de leituras do Antigo e do Novo Testamento, entremeadas por salmos e orações,  houve a proclamação do Evangelho (Mt 28, 1-10). Ao iniciar a homilia, o Papa falou da proximidade dos sentimentos das mulheres que foram ao sepulcro com aqueles vividos pela humanidade atualmente.

“Como nós, elas tinham nos olhos o drama do sofrimento, duma tragédia inesperada, que se verificou demasiado rapidamente. Viram a morte e tinham a morte no coração. À amargura, juntou-se o medo: acabariam, também elas, como o Mestre? E depois os receios pelo futuro, carecido todo ele de ser reconstruído. A memória ferida, a esperança sufocada. Para elas, era a hora mais escura, como o é hoje para nós. Contudo, nesta situação, as mulheres não se deixam paralisar. Não cedem às forças obscuras da lamentação e da lamúria, não se fecham no pessimismo, nem fogem da realidade. Realizam algo simples e extraordinário: nas suas casas, preparam os perfumes para o corpo de Jesus. Não renunciam ao amor: na escuridão do coração, acendem a misericórdia. Nossa Senhora, no sábado – dia que Lhe será dedicado –, reza e espera. No desafio da tristeza, confia no Senhor”, afirmou o Pontífice.

Nasce o direito à esperança

O Pontífice recordou que as mulheres, já ao amanhecer, encontram o anjo que lhes anuncia que o Senhor Ressuscitou. “E depois encontram Jesus, o autor da esperança, que confirma o anúncio dizendo-lhes: ‘Não temais’ (28,10). Não tenhais medo, não temais: eis o anúncio de esperança para nós, hoje. Tais são as palavras que Deus nos repete na noite que estamos a atravessar. Nesta noite, conquistamos um direito fundamental, que não nos será tirado: o direito à esperança. É uma esperança nova, viva, que vem de Deus. Não é mero otimismo, não é uma palmada nas costas nem um encorajamento de circunstância. É um dom do Céu, que não podíamos obter por nós mesmos. Tudo correrá bem: repetimos com tenacidade nestas semanas, agarrando-nos à beleza da nossa humanidade e fazendo subir do coração palavras de encorajamento”, disse o Papa.

Cristo remove as rochas que fecham o coração

Francisco disse, ainda, que Cristo ressuscitou “para trazer vida onde havia morte, para começar uma história nova”, e que assim como derrubou a pedra da entrada do túmulo, “pode remover as rochas que fecham o coração. Por isso, não cedamos à resignação, não coloquemos uma pedra sobre a esperança. Podemos e devemos esperar, porque Deus é fiel. Não nos deixou sozinhos, visitou-nos: veio a cada uma das nossas situações, no sofrimento, na angústia, na morte”.

Coragem

O Papa enfatizou que “a escuridão e a morte não têm a última palavra”, por isso “Coragem! Com Deus, nada está perdido”. E continuou: “Se te sentes fraco e frágil no caminho, se cais, não tenhas medo; Deus estende-te a mão dizendo: ‘Coragem!’... Basta abrir o coração na oração, basta levantar um pouco aquela pedra colocada à boca do coração, para deixar entrar a luz de Jesus. Basta convidá-Lo: ‘Vinde, Jesus, aos meus medos e dizei também a mim: coragem!’”.

Francisco lembrou, ainda, que seja qual for a tristeza, Deus sempre acompanha a todos nos momentos sombrios. “sois certeza nas nossas incertezas, Palavra nos nossos silêncios e nada poderá jamais roubar-nos o amor que nutris por nós. Eis o anúncio pascal, anúncio de esperança”.

Ide e anunciai o Cristo

O momento da Ressurreição é também aquele em que o Senhor envia seus discípulos para a missão, para o anúncio da Boa Nova, e os acompanha, lembrou o Pontífice.  

“O Senhor precede-nos. É bom saber que caminha diante de nós, que visitou a nossa vida e a nossa morte para nos preceder na Galileia, isto é, no lugar que, para Ele e para os seus discípulos, lembrava a vida diária, a família, o trabalho. Jesus deseja que levemos a esperança lá, à vida de cada dia”, apontou, dizendo que sempre se deve lembrar que todos nasceram e renasceram deste chamado gratuito de amor. “Este é o ponto donde recomeçar sempre, sobretudo nas crises, nos tempos de provação”.

Proclamar a todos a esperança

Francisco disse, ainda, que o anúncio da esperança não deve ficar confinado nos templos, “mas ser levado a todos. Porque todos têm necessidade de ser encorajados e, se não o fizermos nós que tocamos com a mão ‘o Verbo da vida’ (1 Jo 1, 1), quem o fará?”,  afirmou, exaltando os cristãos que “consolam, que carregam os fardos dos outros, que encorajam: anunciadores de vida em tempo de morte!”.

Calar os gritos de morte

Na conclusão da homilia, o Papa exortou os cristãos a “calar os gritos de morte: basta de guerras! Pare a produção e o comércio das armas, porque é de pão que precisamos, não de metralhadoras. Cessem os abortos, que matam a vida inocente. Abram-se os corações daqueles que têm, para encher as mãos vazias de quem não dispõe do necessário”.

 “Hoje nós, peregrinos em busca de esperança, estreitamo-nos a Vós, Jesus ressuscitado. Voltamos as costas à morte e abrimos os corações para Vós, que sois a Vida”, concluiu.

Liturgia Batismal e bênção da água

Depois, houve a liturgia bastimal, apenas com a renovação das promessas do Batismo. Por causa da pandemia do novo coronavírus, não foram realizados batismos, como acontece tradicionalmente nesta celebração no Sábado Santo.

Pela mesma razão, foi suprimido da liturgia da celebração a bênção da água e as aspersão sobre os fiéis. Os demais ritos da liturgia desta celebrações foram seguidos como de costume.

Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor

Amanhã, dia 12, às 6h (no horário de Brasília), o Papa presidirá a missa do Domingo da Páscoa da Ressurreição do Senhor, que poderá ser vista pelo site www.vaticannews.va e por algumas tevês e rádios de inspiração católica.

ACESSE A ÍNTEGRA DA HOMILIA DO PAPA

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A Vigília Pascal vivenciada com a ajuda dos papas

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A Vigília Pascal vivenciada com a ajuda dos Papas

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11 de abril de 2020

A celebração da Vigília Pascal é o centro da Semana Santa. Todo o período quaresmal é uma preparação para esta Liturgia que celebra a Ressurreição de Jesus Cristo. Este ano, os fiéis acompanharão este grande momento de suas casas, pelos meios de comunicação, respeitando as medidas de isolamento social para conter a pandemia do novo coronavírus.

Durante o Sábado Santo, os cristãos são convidados a realizar uma oração silenciosa, contemplando a descida de Jesus à mansão dos mortos. E à noite, a Igreja se mantém em vigia à espera da Ressurreição do Senhor e todos são convidados a renovar a fé a esperança em Cristo, luz do mundo que vence as trevas.

DA ANTIGA A NOVA ALIANÇA

Para auxiliar no aprofundamento do sentido dessa celebração, O SÃO PAULO recorda alguns trechos de homilias dos três últimos papas.

Em sua ultima Vigília Pascal, antes de partir para casa no Pai, no dia 10 de Abril de 2004, São João Paulo II, recordou que esta solene Liturgia nos convida a estarmos vigilantes em comunhão, com a Igreja em cada canto terra.

“Nesta Noite Santa, a Igreja enquanto está a vigiar, debruça-se sobre os textos da Sagrada Escritura, que descrevem o desígnio divino do Gênesis ao Evangelho e que, graças aos ritos litúrgicos do fogo e da água, conferem a esta celebração singular uma dimensão cósmica. Nesta noite, todo o universo criado está chamado a vigiar, junto ao túmulo de Cristo. Diante dos nossos olhos, descortina-se a história da salvação, da criação à redenção, do êxodo à Aliança no Sinai, da antiga à nova e eterna Aliança.”

MANTER A ESPERANÇA

O Papa Francisco, na homilia da Vigília Pascal do ano passado, em 20 de abril de 2019, falou sobre a renovada esperança a partir da Palavra de Deus:

“Como podemos alimentar a nossa esperança? A Liturgia desta noite dá-nos um bom conselho. Ensina-nos a recordar as obras de Deus. Com efeito, as leituras narraram-nos a sua fidelidade, a história de seu amor por nós. A Palavra viva de Deus é capaz de nos envolver nesta história de amor, alimentando a esperança e reavivando a alegria.”

Na ocasião, o Pontífice acrescentou: “Não esqueçamos a sua Palavra e as suas obras, senão perderemos a esperança e nos tornaremos cristãos sem esperança; por isso, façamos memória do Senhor, da sua bondade e das suas palavras de vida que nos tocaram; recordemo-las e façamo-las nossas, para sermos sentinelas da manhã que sabem vislumbrar os sinais do Ressuscitado.”

MORTE E RESSURREIÇÃO

Na homilia da primeira Vigília Pascal de seu pontificado, em 14 de Abril de 1979 , São João Paulo II enfatizou que a palavra Ressurreição se tornou a pronuncia central e fundamental para a missão dos discípulos. Já a palavra morte, sempre foi pronunciada por todos com um nó na garganta.

“Embora a humanidade, durante tantas gerações, se tenha de algum modo habituado à realidade da morte e à sua inevitabilidade, ela é, todavia, cada vez alguma coisa que perturba. A morte de Cristo entrara profundamente nos corações dos que lhe estavam mais próximos, na consciência de Jerusalém inteira. O silêncio, que desceu a seguir a ela, encheu a tarde de sexta-feira e todo o dia seguinte do sábado.”

A VITÓRIA SOBRE O PECADO

São João Paulo II reiterou que por meio do Batismo, podemos morrer pelo pecado e termos acesso a água que jorra para a vida eterna (Jo 4,14). Mas, para isso, é necessário mergulhar nesta água que nos tornar novas criaturas.

“Esta Água torna-se, no sacramento do Batismo, o sinal da vitória sobre Satanás, sobre o pecado; o sinal da vitória que obteve Cristo por meio da Cruz, por meio da Morte e que transfere depois para cada um de nós: o nosso homem velho foi crucificado com Cristo, para que fosse destruído o corpo do pecado e deixássemos de ser escravos dele (Rm 6,6).”

Também o Papa Bento XIVI, na homilia de 7 de Abril de 2012, afirmou que “Por meio do sacramento do Batismo e da profissão da fé, o Senhor construiu uma ponte até nós, pela qual o novo dia nos alcança. No Batismo, o Senhor diz a quem o recebe: Fiat lux – faça-se a luz. O novo dia, o dia da vida indestrutível chega também a nós. Cristo toma-te pela mão. Daqui para a frente, serás sustentado por Ele e assim entrarás na luz, na vida verdadeira. Por isso, a Igreja antiga designou o Batismo como «photismos – iluminação».”

MISTÉRIO DA LUZ

Na homilia de 11 de Abril de 2009, o Papa emérito também refletiu sobre  Círio Pascal, mistério da luz de Cristo:

“O círio pascal arde e deste modo se consuma: cruz e ressurreição são inseparáveis. Da cruz, da autodoacção do Filho nasce a luz, provém o verdadeiro resplendor sobre o mundo. No círio pascal, todos acendemos as nossas velas, sobretudo as dos neobatizados, aos quais, neste sacramento, a luz de Cristo é colocada no fundo do coração.”

Bento XVI ainda enfatizou que a importância da luz, presente na criação do mundo «Haja luz!» (Gn 1,3), e lembrou que onde existe luz, existe vida.

“A Ressurreição de Jesus é uma irrupção de luz. A morte fica superada, o sepulcro escancarado. O próprio Ressuscitado é Luz, a Luz do mundo. Com a Ressurreição, o dia de Deus entra nas noites da história. A partir da Ressurreição, a luz de Deus difunde-se pelo mundo e pela história”.

NÃO ESTAMOS SOZINHOS

Na homilia do Sábado Santo do ano de Jubilar, em 22 de Abril de 2000, São João Paulo II falou sobre a passagem do segundo para o terceiro milénio e enfatizou a presença amorosa de Maria:

“Ao lado de cada um de vós permanecerá sempre Maria, como esteve presente entre os Apóstolos amedrontados e desconcertados na hora da prova. E, com a sua fé, Ela vos indicará, para além da noite do mundo, a aurora gloriosa da ressurreição.”

“Se, às vezes, esta missão vos aparecer difícil, recordai as palavras do Ressuscitado: ‘Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo" (Mt 28,20). Assim, na certeza da sua presença, não temereis qualquer dificuldade nem obstáculo. A sua Palavra vos iluminará; o seu Corpo e o seu Sangue servirão de alimento e amparo no caminho cotidiano para a eternidade”, disse São João Paulo II.

Francisco em sua primeira homilia como sucessor de Pedro em uma Vigília Pascal, em 30 de março de 2013, recordou:

“Aceita, então, que Jesus Ressuscitado entre na tua vida, acolhe-O como amigo, com confiança: Ele é a vida! Se até agora estiveste longe d’Ele, basta que faças um pequeno passo e Ele te acolherá de braços abertos. Se és indiferente, aceita arriscar: não ficarás desiludido. Se te parece difícil segui-Lo, não tenhas medo, entrega-te a Ele, podes estar seguro de que Ele está perto de ti, está contigo e dar-te-á a paz que procuras e a força para viver como Ele quer.”

AS MULHERES DO TÚMULO

Os pontífices também falaram em suas reflexões sobre as mulheres que vão ao encontro do corpo de Jesus e se deparam com o túmulo vazio.

Francisco, em 30 de Março de 2013, disse:

“Elas tinham seguido Jesus, ouviram-No, sentiram-se compreendidas na sua dignidade e acompanharam-No até ao fim no Calvário e ao momento da descida do seu corpo da cruz. Podemos imaginar os sentimentos delas enquanto caminham para o túmulo: tanta tristeza, tanta pena porque Jesus as deixara; morreu, a sua história terminou. Agora se tornava à vida que levavam antes. Contudo, nas mulheres, continuava o amor, e foi o amor por Jesus que as impelira a irem ao sepulcro.”

O Papa Bento XVI, na homilia do dia 15 de Abril de 2006, na primeira vez que celebrou a Vigília Pascal como Sumo Pontífice, também recordou o anuncio do mensageiro às mulheres que foram até o túmulo:

“Na Páscoa, alegramo-nos porque Cristo não ficou no sepulcro, o seu corpo não conheceu a corrupção; pertence ao mundo dos vivos, não ao dos mortos; alegramo-nos porque – como proclamamos no rito do Círio Pascal – Ele é o Alfa e simultaneamente o Ómega, e portanto a sua existência é não apenas de ontem, mas de hoje e por toda a eternidade (cf. Hb 13,8). 

A CORRIDA ATÉ O SEPULCRO

O Papa Francisco, em sua homilia de 26 de março de 2016, lembra o apóstolo Pedro, que mesmo sem acreditar nas mulheres, correu até o sepulcro, apesar de ter o coração cheio de dúvida e tristeza por ter negado o Mestre.

“Mas há um detalhe que assinala a sua transformação: depois que ouvira as mulheres sem ter acreditado nelas, Pedro ‘pôs-se a caminho’(v. 12). Não ficou sentado a pensar, não ficou fechado em casa como os outros. Não se deixou enredar pela atmosfera pesada daqueles dias, nem aliciar pelas suas dúvidas; não se deixou absorver pelos remorsos, o medo e as maledicências sem fim que não levam a nada. Procurou Jesus; não a si mesmo.”

E concluiu:

“Preferiu a via do encontro e da confiança e, assim como era, pôs-se a caminho e correu ao sepulcro, donde voltou depois ‘admirado’ (v. 12). Isto foi o início da ‘ressurreição’ de Pedro, a ressurreição do seu coração. Sem ceder à tristeza nem à escuridão, deu espaço à voz da esperança: deixou que a luz de Deus entrasse no seu coração, sem a sufocar.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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Via Sacra acontece na Praça de São Pedro com meditações de detentos e vítimas de crimes

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10 de abril de 2020

Não foi possível, neste ano, realizar a conhecida Via Sacra do Papa no Coliseu, em Roma. Mas a tradição foi mantida. Em meio à crise sanitária causada pelo novo coronavírus, essa devoção foi colocada em prática na Praça de São Pedro, embora quase vazia, nesta sexta-feira, 10 de abril.

Os textos das meditações e orações propostas neste ano para as estações da Via Sacra foram escritos por cinco pessoas que estão encarceradas, uma família de uma vítima de homicídio, a filha de um homem condenado à prisão perpétua, uma educadora, uma catequista, um frade, um agente penitenciário e um sacerdote acusado de um crime e, depois, absolvido após oito anos de processo.

Esse grupo de pessoas foi reunido pela Capelania da Casa de Reclusão “Dois Palácios”, em Pádua, na Itália, coordenados pelo capelão, o Padre Marco Pozza, e pela voluntária Tatiana Mario. O convite a eles partiu do próprio Papa Francisco.

Proposta da meditação

O percurso da Via Sacra começou no centro da Praça de São Pedro, próximo ao obelisco, e percorreu diversos pontos, marcados com tochas de fogo no chão.

“Acompanhar Cristo pelo Caminho da Cruz, com a voz rouca das pessoas que povoam o mundo das prisões, é uma oportunidade de assistir ao duelo prodigioso entre a Vida e a Morte, descobrindo como os fios do bem, inevitavelmente, se entrelaçam com os fios do mal”, diz a introdução do livreto que contém as meditações.

“Tudo é possível a quem crê, porque mesmo na escuridão das prisões ressoa este anúncio cheio de esperança: ‘Nada é impossível a Deus’ (Lc 1,37). Se alguém lhe apertar a mão, o homem que foi capaz do crime mais horrendo poderá ser o protagonista da mais inesperada ressurreição”, acrescenta o texto.

O Papa preferiu não fazer um discurso, mas rezou breves orações em cada uma das estações da Via Sacra. Na última, recordou aqueles que se dedicam ao serviço dos que sofrem: “Ó Deus, luz eterna e dia sem pôr do sol, cumula de seus bens aqueles que se dedicam ao seu louvor e ao serviço de quem sofre, nos inúmeros lugares de sofrimento da humanidade.”

É possível ler a íntegra das meditações em português no site da Libreria Editrice Vaticana.

 

CLIQUE E ACESSE FOTOS DA VIA SACRA

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No Vaticano, celebração da Sexta-feira Santa associa a Cruz de Cristo à atual pandemia

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10 de abril de 2020

O Papa Francisco presidiu a celebração da Paixão de Cristo na tarde desta sexta-feira, 10, na Basílica de São Pedro. Mas, como é tradição desta celebração, a homilia foi feita pelo pregador da Casa Pontifícia, atualmente o padre capuchinho Raniero Cantalamessa. 

Em sua meditação, ele associou elementos da Paixão e Morte de Cristo à atual pandemia da Covid-19, causada pelo novo coronavírus. E falou sobre a companhia de Deus num momento de sofrimento para a humanidade.

“A pandemia do coronavírus nos despertou bruscamente do perigo maior que os indivíduos e a humanidade sempre correram, aquele da ilusão de onipotência”, refletiu Cantalamessa. “Bastou o menor e mais informe elemento da natureza, um vírus, para nos recordar que somos mortais, e que o poderio militar e a tecnologia não bastam para nos salvar”, acrescentou.

CRUZ EM TEMPOS DE PANDEMIA

Conforme o pregador, a morte de Jesus Cristo na cruz remete à situação dramática que a humanidade está vivendo. “Também aqui, mais do que para as causas, devemos olhar para os efeitos. Não apenas os negativos, dos quais ouvimos todo dia as tristes manchetes, mas também os positivos, que somente uma observação mais atenta nos ajudar a colher”, disse Cantalamessa.

“Assim Deus, às vezes, faz conosco: confunde os nossos projetos e a nossa tranquilidade, para nos salvar do abismo que não vemos”, comentou, ressalvando que não é Deus quem manda o mal para o mundo.

Em vez disso, “Deus participa da nossa dor para superá-la”. Citando Santo Agostinho, afirmou também que “Deus, por ser soberanamente bom, nunca deixaria qualquer mal existir em suas obras se não fosse bastante poderoso e bom para fazer resultar do mal o bem”.

Da mesma forma, na morte de Cristo, Deus não a causou, mas “permitiu que a liberdade humana fizesse o seu percurso, contudo, fazendo-a servir ao seu plano, não ao dos homens”. Por isso, “a Palavra de Deus nos diz qual é a primeira coisa que devemos fazer em momentos como estes: gritar a Deus.” 

SOLIDARIEDADE COMO RESPOSTA

A unidade entre os povos pode ser um dos resultados positivos dessa pandemia, ainda que ela seja indesejada, afirmou o Padre Cantalamessa.

“O outro fruto positivo da presente crise de saúde é o sentimento de solidariedade. Quando foi, desde que há memória, que os homens de todas as nações se sentiram tão unidos, tão iguais, tão pouco contenciosos, como neste momento de dor?”, disse.

Ele pediu que seja mantido esse espírito de união coletiva quando a pandemia passar. “Nós esquecemos os muros que seriam construídos. O vírus não conhece fronteiras. Em um segundo, abateu todas as barreiras e as distinções: de raça, de religião, de censo, de poder. Não devemos voltar atrás quando este momento tiver passado.”

TRÍDUO RESERVADO

A cerimônia da Paixão é a segunda do Tríduo Pascal, e começa em silêncio, em continuidade com a liturgia da Quinta-feira Santa (Ceia do Senhor). O Papa Francisco entrou em procissão e fez a tradicional prostração, sob os degraus do presbitério. O relato da Paixão lido neste ano vem do Evangelho segundo São João.

No momento da adoração da Cruz, somente o Papa beijou crucifixo, e não todos os presentes, como de praxe. Segundo o Vaticano, a ideia é prevenir a disseminação da Covid-19.

Por causa das limitações causadas pela crise sanitária, as cerimônias vêm sendo realizadas no “altar da cátedra”, que fica no fundo da Basílica, somente com alguns moradores do Vaticano e poucos auxiliares. Mas o Tríduo do Papa vem sendo transmitido pelos meios de comunicação para o mundo inteiro.

 

ACESSE A ÍNTEGRA DA HOMILIA DO FREI RANIERO CANTALAMESSA

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Papa Francisco: ‘A cruz é a cátedra de Deus’

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08 de abril de 2020

Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, 8, o Papa Francisco fez um convite à contemplação da dor e do sofrimento de Jesus, indicando o crucifixo e a o Evangelho como os grandes sinais da liturgia doméstica dos cristãos nesta Semana Santa.

Realizada na biblioteca do Palácio Apostólico devido às medidas de isolamento social para conter a pandemia de COVID-19, a Audiência Geral foi transmitida para todo o mundo pelas plataformas digitais do Vaticano.

“Nessas semanas de apreensão por causa da pandemia que está fazendo o mundo sofrer, entre as muitas perguntas que nos fazemos, também pode haver perguntas sobre Deus: o que Ele faz diante de nossa dor? Onde está quando tudo dá errado? Por que não resolve os problemas rapidamente?”, destacou o Pontífice.

TESTEMUNHO DO CENTURIÃO

O Santo Padre afirmou que a narrativa da Paixão de Jesus ajuda a responder a essas perguntas. “O povo, depois de acolher Jesus triunfante em Jerusalém, se perguntava se ele finalmente libertaria o povo de seus inimigos. Esperavam um Messias poderoso e triunfante com a espada. Em vez disso, chega um homem manso e humilde de coração, que convida à conversão e à misericórdia”, disse, acrescentando que, aquela mesma multidão, que antes gritava “Hosana ao Filho de Davi!”,  seguida grita: “Crucifica-o!”.

“Aqueles que o seguiram, confusos e assustados, o abandonam. Pensaram: se o destino de Jesus é esse, o Messias não é Ele, porque Deus é forte e invencível”, completou o Papa, ressaltando, no entanto, que o testemunho de um pagão, que aparece na sequência do texto, mostra outra perspectiva. “Quando Jesus morre, o centurião romano, que era um pagão, que o viu sofrer na cruz, o ouviu perdoar a todos e tocou com as mãos o seu amor sem medida, confessa: ‘De fato, esse homem era mesmo Filho de Deus!’ Diz o contrário dos outros. Diz que Deus está ali realmente”, afirmou Francisco.

A FACE DE DEUS

O Santo Padre propôs uma nova questão: “Qual é a verdadeira face de Deus?”, enfatizando que o ser humano, geralmente, projeta em Deus o que é, o seu sucesso, senso de justiça assim como sua indignação.

“Porém, o Evangelho nos diz que Deus não é assim. É diferente e não podemos conhecê-lo com as nossas próprias forças. Foi por isso que ele se fez próximo, veio ao nosso encontro e se revelou completamente na Páscoa. Onde? Na cruz. Nela aprendemos os traços do rosto de Deus. Porque a cruz é a cátedra de Deus”, disse Francisco.

CRUCIFIXO E EVANGELHO

E seguida, o Pontífice recomendou: “Nos fará bem olhar o crucifixo em silêncio e ver quem é o nosso Senhor: é Aquele que não aponta o dedo contra ninguém, mas abre os braços para todos; que não nos esmaga com a sua glória, mas se despe por nós; que não nos ama em palavras, mas nos dá a vida em silêncio; que não nos obriga, mas nos liberta; que não nos trata como estranhos, mas assume os nossos males, os nossos pecados. Para nos libertar dos preconceitos sobre Deus, olhemos o crucifixo e depois abramos o Evangelho”.

Nesse sentido, o Papa convidou todos a, nesses dias de quarentena, fechados em suas casas, tomem crucifixo e suas mãos e abra o Evangelho. “Isso será para nós, digamos assim, como uma grande liturgia doméstica, pois não podemos ir à igreja nesses dias”, completou.

Por fim, o Pontífice reforçou Deus é onipotente no amor. “É o amor de Deus que curou o nosso pecado na Páscoa com seu perdão, que fez da morte uma passagem da vida, que transformou o nosso medo em confiança, a nossa angústia em esperança”, afirmou, acrescentando: “Jesus mudou a história, tornando-se próximo de nós e fez dela, embora ainda marcada pelo mal, uma história de salvação”.

(Com informações de Vatican News e fotos de Vatican Media)

 

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‘Nestes dias da Semana Santa, em casa, permaneçamos diante do Crucificado’

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06 de abril de 2020

Na Basílica de São Pedro, no Vaticano, completamente vazia, algo inimaginável em uma Semana Santa, o Papa Francisco presidiu a missa do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, neste dia 5.

A celebração que geralmente conta com a presença de milhares de fiéis foi acompanhada por milhões de católicos por meio das plataformas digitais do Vaticano. 

A acompanhado do mestre de cerimônias e alguns auxiliares, o Pontífice, com um ramo na mão, caminhou  até o altar da Cátedra de São Pedro, que estava enfeitado com ramos de oliveira, para lembrar a entrada solene de Jesus em Jerusalém.

O SERVO

Santo Padre iniciou a homilia a partir do trecho da Carta de São Paulo aos Filipenses, proclamado na Primeira Leitura, em que o Apóstolo afirma que Jesus “esvaziou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo” (Fl 2, 7).

“Deixemo-nos introduzir por estas palavras do apóstolo Paulo nos dias da Semana Santa em que a Palavra de Deus, quase como um refrão, nos mostra Jesus como servo: na Quinta-feira Santa, é o servo que lava os pés aos discípulos; na Sexta-feira Santa, é apresentado como o servo sofredor e vitorioso (cf. Is 52, 13)”, afirmou o Papa, destacando, ainda, que “Deus salvou-nos, servindo-nos”.

TRAIÇÃO E ABANDONO

Francisco explicou que Jesus serviu dando a sua vida pela humanidade, a ponto de experimentar a traição e o abandono. O Pontífice ressaltou que Cristo tomou sobre si as infidelidades de cada pessoa, removendo suas traições.

“Assim nós, em vez de desanimarmos com medo de não ser capazes, podemos levantar o olhar para o Crucificado, receber o seu abraço e dizer: ‘Olha! A minha infidelidade está ali. Fostes Vós, Jesus, que pegastes nela. Abris-me os braços, servis-me com o vosso amor, continuais a amparar-me... Assim poderei seguir em frente!’”, continuou o Papa.

Sobre o abandono de Jesus, nada é mais impressionante do que as palavras pronunciadas por Ele na cruz: “Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste?”. “Agora, no abismo da solidão, pela primeira vez designa-O pelo nome genérico de ‘Deus’. E clama, ‘com voz forte’, o ‘porquê’ mais dilacerante: ‘Porque Me abandonaste também Tu?’, salienta.

CORAGEM

“Hoje, no drama da pandemia, perante tantas certezas que se desmoronam, diante de tantas expetativas traídas, no sentido de abandono que nos aperta o coração, Jesus diz a cada um: Coragem! Abra o coração ao meu amor”, refletiu o Santo Padre.

O Pontífice também exortou os fiéis a viverem esses dias da Semana Santa em casa, permanecendo diante do crucificado, medida do amor de Deus pela humanidade. “Diante de Deus, que nos serve até dar a vida, peçamos a graça de viver para servir. Procuremos contatar quem sofre, quem está sozinho e necessitado. Não pensemos só naquilo que nos falta, mas no bem que podemos fazer”, afirmou.

“O drama que estamos travessando nos impele a levar a sério o que é sério, a não nos perdermos em coisas de pouco valor; a redescobrir que a vida não serve, se não se serve. Porque a vida mede-se pelo amor”.

Recordando que neste Domingo de Ramos também se celebra o 35º Dia Mundial da Juventude, Francisco se dirigiu aos jovens com palavras de encorajamento.

Nessa data, a delegação portuguesa receberia a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora, símbolos da Jornada Mundial de Juventude, em preparação para a próxima edição do evento internacional, que acontecerá em 2022, em Lisboa. Porém, devido à pandemia, a entrega dos símbolos foi adiada para 22 de novembro, na Solenidade de Cristo Rei. 

“Queridos amigos, olhai para os verdadeiros heróis que vêm à luz nestes dias: não são aqueles que têm fama, dinheiro e sucesso, mas aqueles que se oferecem para servir os outros. Senti-vos chamados a arriscar a vida. Não tenhais medo de a gastar por Deus e pelos outros! Lucrareis… Porque a vida é um dom que se recebe doando-se. E porque a maior alegria é dizer sim ao amor, sem se nem mas... Como fez Jesus por nós”, concluiu o Papa.

(Com informações de Vatican News e fotos de Vatican Media)

 

 

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Papa reza pelas pessoas que trabalham na mídia

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01 de abril de 2020

Na missa da manhã desta quarta-feira, 1º, na capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa Francisco pediu orações pelos profissionais da comunicação a fim de que ajudem as pessoas a suportar este período de isolamento.

“Hoje, gostaria que rezássemos por todos aqueles que trabalham na mídia, que trabalham para comunicar, hoje, para que as pessoas não se encontrem tão isoladas; pela educação das crianças, pela informação, para ajudar a suportar este tempo de fechamento”, disse o Pontífice, na celebração que foi transmitida pelas plataformas digitais do Vaticano.

LIBERDADE DOS DISCÍPULOS

Na homilia, o Santo Padre recordou que o discípulo de Jesus é uma pessoa livre, pois se deixa guiar pelo Espírito Santo e não por ideologias.

“Nestes dias, a Igreja nos mostra o capítulo oitavo de João: há a discussão muito forte entre Jesus e os doutores da Lei. E, sobretudo, se busca mostrar a própria identidade. João busca aproximar-nos daquela luta para esclarecer a própria identidade, tanto de Jesus, como a identidade dos doutores. Jesus coloca-os em dificuldade mostrando-lhes as contradições deles”, explicou o Papa.

Francisco acrescentou que Jesus aconselha o judeus que tinham acreditado nele: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos”.

PERMANECER NO SENHOR

“Volta aquela palavra da qual o Senhor gostava tanto, que a repetirá várias vezes, e depois na ceia: permanecer. ‘Permanecei em mim’... Não diz: ‘Estudem bem, aprendam bem as argumentações’; dá isso por certo. Mas vai à coisa mais importante, aquela que é mais perigosa para a vida, se não se faz: ‘Permanecei na minha palavra’”, ressaltou o Pontífice.

O Santo Padre enfatizou, ainda, que a identidade cristã está no discipulado. “Tu, se permaneces no Senhor, na Palavra do Senhor, na vida do Senhor, serás discípulo. Se não permaneces, serás um que tem simpatia pela doutrina, que segue Jesus como um homem que faz muita beneficência, é tão bom, que tem valores justos, mas o discipulado é propriamente a verdadeira identidade do cristão”, afirmou.

UNÇÃO DO ESPÍRITO

Por fim, Francisco convidou todos a pedirem o Senhor que os faça conhecer a sabedoria e permanecer nele e os faça conhecer a familiaridade o Espírito Santo.

“Quem permanece no Senhor é discípulo, e o discípulo é um ungido, um ungido pelo Espírito, que recebeu a unção do Espírito e a leva adiante . Esse é o caminho que Jesus nos mostra para a liberdade e também para a vida. E o discipulado é a unção que recebem aqueles que permanecem no Senhor”, completou.

COMUNHÃO ESPIRITUAL

Como nos dias anteriores, o Papa concluiu a celebração com adoração e bênçoa Eucarística, convidando todas as pessoas que assistiam de suas casas a fazerem uma oração de comunhão espiritual:

Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece; à espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Eu vos amo. Assim seja.

(Com informações de Vatican News e foto de Vatican Media)

ASSISTA AO VÍDEO DA ORAÇÃO DO PAPA PELOS PROFISSIONAIS DA MÍDIA: 

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Francisco reza pelos médicos e sacerdotes mortos na assistência aos doentes de coronavírus

Por
25 de março de 2020

Na Missa na Casa Santa Marta esta terça-feira, 24, o Papa rezou pelos profissionais da saúde e pelos sacerdotes que estão dando assistência aos doentes do coronavírus, colocando em risco a própria vida. Até hoje na Itália são 24 médicos mortos em sua atividade de assistência aos que foram atingidos pelo COVID-19. Quase cinco mil agentes de saúde foram contagiados. Cerca de 50 sacerdotes morreram por causa desta pandemia.  A seguir, as palavras do Santo Padre no início da celebração:

Recebi a notícia que nestes dias faleceram alguns médicos, sacerdotes, não sei se algum enfermeiro, mas se contagiaram, foram contaminados porque estavam a serviço dos doentes. Rezemos por eles, por suas famílias, e agradeço a Deus pelo exemplo de heroísmo que nos dão na assistência aos doentes.

Na homilia, Francisco, comentando o Evangelho (Jo 5,1-16) em que Jesus cura um doente à beira da piscina de Betesda, ressaltou a periculosidade de um pecado particular: a preguiça. A seguir, o texto da homilia traduzida pelo Vatican News:

A liturgia de hoje nos faz refletir sobre a água, a água como símbolo de salvação, porque é um meio de salvação, mas a água é também um meio de destruição: pensemos no Dilúvio... Mas nestas leituras, a água é para a salvação. Na primeira leitura, aquela água que traz a vida, que saneia as águas do mar, uma água nova que saneia. E no Evangelho, a piscina, aquela piscina à qual iam os doentes, repleta de água, para curar-se, porque se dizia que de vez em quando as águas se moviam, como se fosse um rio, porque um anjo descia do céu e as movia, e o primeiro, ou os primeiros, que se atiravam na água eram curados. E muitos – como diz Jesus – muitos doentes, “ficavam em grande número enfermos, cegos, coxos, paralíticos”, ali, esperando a cura, que a água se movesse. Ali se encontrava um homem que estava doente há 38 anos. 38 anos ali, esperando a cura. Este, leva a pensar, não? É um pouco demasiado... porque quem quer ser curado dá um jeito para ter alguém que o ajude, faz alguma coisa, é um pouco ágil, inclusive um pouco astuto... mas este, 38 anos ali, a ponto que não se sabe se é doente ou morto... Jesus, vendo-o deitado, e sabendo a realidade, que estava muito tempo ali, lhe diz: “Queres ficar curado?” E a resposta é interessante: não diz que sim, se lamenta. Da doença? Não. O doente responde: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente”. Um homem que sempre chega atrasado. Jesus lhe diz: “Levanta-te, toma o teu leito e anda”. No mesmo instante, aquele homem ficou curado.

A atitude deste homem leva-nos a pensar. Estava doente? Sim, talvez, tinha alguma paralisia, mas parece que pudesse caminhar um pouco. Mas estava doente no coração, estava doente na alma, estava doente de pessimismo, estava doente de tristeza, era doente de preguiça. Esta é a doença deste homem: “Sim, quero viver, mas...”, estava ali. Mas a resposta é: “Sim, quero ser curado!”? Não, é lamentar-se: “São os outros que chegam primeiro, sempre os outros”. A resposta à oferta de Jesus para curar é uma lamentação contra os outros. E assim, 38 anos lamentando-se dos outros. E não fazendo nada para curar-se.

Era um sábado: ouvimos o que os doutores da Lei fizeram. Mas a chave é o encontro com Jesus, depois. Encontrou-o no Templo e lhe disse: “Eis que estás curado. Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior”. Aquele homem estava em pecado, mas não estava ali porque tinha feito algo grave, não. O pecado de sobreviver e lamentar-se da vida dos outros: o pecado da tristeza que é a semente do diabo, daquela incapacidade de tomar uma decisão sobre a própria vida, mas sim, olhar a vida dos outros para lamentar-se. Não para criticá-los: para lamentar-se. “Eles chegam primeiro, eu sou vítima desta vida”: as lamentações, estas pessoas respiram lamentações.

Se fizermos uma comparação com o cego de nascença que ouvimos domingo passado: com quanta alegria, com quanta decisão reagiu à sua cura, e também com quanta decisão foi discutir com os doutores da Lei”. Este somente foi e informou: “sim, é este”, Ponto. Sem compromisso com a vida... Faz-me pensar em muitos de nós, em muitos cristãos que vivem este estado de preguiça, incapacidade de fazer alguma coisa, mas lamentando-se de tudo. E a preguiça é um veneno, é uma neblina que circunda a alma e não a deixa viver. E também, é uma droga porque se você experimenta mais vezes, acaba gostando. E você acaba se tornando um “triste-dependente”, um “preguiça-dependente”... É como o ar. E esse é um pecado bastante comum entre nós: a tristeza, a preguiça, não digo a melancolia, mas se aproxima.

E nós fará bem reler este capítulo 5º de João para ver como é esta doença na qual podemos cair. A água é para salvar-nos. “Mas eu não posso salvar-me” – “Por qual motivo?” – “Por que a culpa é dos outros”. E permaneço 38 anos ali... Jesus me curou: não se vê a reação dos outros que são curados, que tomam o leito e dançam, cantam, agradecem, contam ao mundo inteiro? Não: segue adiante. Os outros lhe dizem que não se deve fazer, diz: “Mas aquele que me curou me disse que sim”, e vai segue adiante. E depois, ao invés de ir até Jesus, agradecer-lhe e tudo, informa: “Foi aquele”. Uma vida cinzenta, mas cinzenta deste espírito mau que é a preguiça, a tristeza, a melancolia.

Pensemos na água, a água que é símbolo da nossa força, da nossa vida, a água que Jesus usou para regenerar-nos, o Batismo. E pensemos também em nós, se alguém de nós corre o perigo de deslizar nesta preguiça, neste pecado neutral: o pecado do neutro é este, nem branco nem preto, não se sabe o que é. E este é um pecado que o diabo pode usar para aniquilar a nossa vida espiritual e também a nossa vida de pessoas. Que o Senhor nos ajude a entender como este pecado é feio e maligno.

Por fim, o Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:

Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!

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Papa concederá indulgência plenária a fiéis na sexta-feira, 27

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23 de março de 2020

Na próxima sexta-feira, 27, às 18h (14h no Brasil)o Papa Francisco presidirá um momento de oração no patamar da Praça São Pedro vazia, devido às medidas preventivas de combate à disseminação do novo coronavírus.

“Convido todos a participaram espiritualmente, através dos meios de comunicação. Ouviremos a Palavra de Deus, elevaremos a nossa súplica, adoraremos o Santíssimo Sacramento, com o qual, ao término, darei a benção urbi et orbi, à qual será unida a possibilidade de receber indulgência plenária”, afirmou o Papa, após a oração do Angelus deste domingo, 22.

A benção Urbi et Orbi, que, em latim, significa “à cidade de Roma e ao mundo” é tradicionalmente dada pelo Pontífice nos dias do Natal, da Páscoa e é a primeira bênção dada por um papa ao povo após sua eleição.

AOS ENFERMOS

Na sexta-feira, 20, a Penitenciária Apostólica publicou uma nota na qual informa que a Igreja Católica oferece a possibilidade de obtenção de indulgencia plenária aos fiéis enfermos pelo Covid-19, bem como para profissionais de saúde, familiares e todos aqueles que, de qualquer forma, mesmo em oração, cuidam deles.

A indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, “como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos”, explica o Manual das Indulgências, da Penitenciária Apostólica.

Habitualmente, para receber a indulgência plenária, o fiel precisa ter se confessado recentemente, rezar nas intenções do Papa e fazer um ato de caridade. Contudo, a Penitenciária Apostólica deu orientações espicíficas para a obtenção da indulgência nesse período de emergência pandêmica. 

PAI-NOSSO

O Santo Padre também convidou todos os líderes de diferentes confissões cristãs a rezarem simultaneamente a oração do Pai-Nosso na quarta-feira, 25, ao meio-dia (8h no Brasil), pelo fim da pandemia.

“No dia em quem muitos cristãos recordam o anúncio da Encarnação do Verbo à Virgem Maria, que o Senhor possa ouvir a oração unânime de todos os seus discípulos que se preparam para celebrar a vitória de Cristo Ressuscitado”, disse o Papa, também após o Angelus do domingo. 

(Com informações de Vatican News e foto de Vatican Media)

 

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Papa reza pelas famílias que não podem sair de casa com as crianças

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21 de março de 2020

Na missa da manhã desde sábado, 21, na capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, o Para Francisco recordou as famílias que não podem sair de casa neste período de emergência em decorrência da pandemia de coronavírus.

Como tem feito desde o dia 9, as celebrações matutinas do Pontífice estão sendo sem a presença de fiéis e transmitidas, aos vivo, pelas plataformas digitais, depois que as missas públicas foram suspensas em todo o território italiano e no Vaticano.

“Talvez o único horizonte que tenham é o balcão. E ali dentro, a família, com as crianças, os jovens, os pais: para que saibam encontrar o modo de comunicar bem, de construir relações de amor na família, e saibam vencer as angústias deste tempo juntos, em família. Peçamos a paz das famílias hoje, nesta crise, e pela criatividade”, manifestou o Papa.

COMO REZAR

Na homilia, o Santo Padre refletiu a partir das leituras do Livro do profeta Oseias (Os 6,1-6) e do Evangelho em que Jesus conta a parábola do fariseu e do publicano (Lc 18,9-14). Francisco exortou para a volta à oração, uma oração humilde, sem a presunção de quem se considera mais justo do que os outros.

“‘Apressemo-nos a conhecer o Senhor: a sua vinda é certa como a aurora’. A confiança no Senhor é segura: ‘Virá até nós como as primeiras chuvas, como as chuvas tardias que regam o solo’. E com essa esperança o povo começa o caminho para retornar ao Senhor. E uma das maneiras, dos modos de encontrar o Senhor é a oração. Rezemos ao Senhor, voltemos a Ele”, disse o Papa.

O Pontifice recordou que na parábola contada por Jesus há dois homens: “um é um presuntuoso que vai rezar, mas para dizer que ele é bom, como se dissesse a Deus: ‘Olhe, sou tão bom: se precisar de alguma coisa, me diga, eu resolvo o Seu problema’”. Já o outro homem, o publicano, se detém à distância do altar, “não ousava nem mesmo elevar os olhos para o céu” e batia a mão no peito dizendo: “Deus, tende piedade de mim pecador”.

“O Senhor nos ensina como rezar, como aproximar-nos, como devemos aproximar-nos do Senhor: com humildade... Rezar assim, nus, com o coração despido, sem cobrir, sem confiar nem mesmo naquilo que aprendi sobre o modo de rezar… Rezar, tu e eu, face a face, a alma nua. Isso é aquilo que o Senhor nos ensina”, afirmou Francisco.

COMUNHÃO ESPIRITUAL

Como fez na sexta-feira, 20, o Papa concluiu a missa com a adoração e benção do Santíssimo Sacramento, convidando os fiéis que a acompanharam a missa pelas plataformas digitais a rezarem uma oração de comunhão espiritual:

“Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!”

(Com informações de Vatican News e foto de Vatican Media)

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