Saúde de SP trabalha perto do limite, mas não faltam leitos de UTI

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04 de mai de 2020

Com 268 leitos para pacientes com quadros menos graves da COVID-19, doença decorrente do novo coronavírus, começou a funcionar na sexta-feira, dia 1o, o hospital de campanha do Complexo do Ibirapuera, na zona Sul da capital paulista. O local só recebe infectados que sejam encaminhados por serviços de pronto-atendimento.

A abertura desses leitos é parte da estratégia do Governo do Estado e da Prefeitura de São Paulo para que não haja o colapso nos atendimentos de saúde por causa do aumento no número de pessoas com a COVID-19. Atualmente, 70% dos leitos de UTI para a COVID-19 na capital estão ocupados e no total da Grande São Paulo a taxa de ocupação é de 85%.

A situação, porém, varia conforme a localidade e o hospital, conforme disse ao O SÃO PAULO o médico José Erivalder Guimarães de Oliveira, diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp): “Hoje, o número de leitos vazios para UTI é muito pequeno. Em alguns hospitais, como no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, não há mais nenhum leito. Em algumas regiões da periferia da cidade, os hospitais já estão próximos do esgotamento”.

Oliveira, no entanto, assegurou que ninguém que esteja com o novo coronavírus e precise de um leito de UTI na cidade de São Paulo estará sem atendimento: “Ainda as pessoas com a COVID-19 não estão morrendo por falta de leitos, pois há um sistema de regulação, de modo que um paciente pode ser transferido para outros hospitais, mesmo que seja longe da sua região, da sua residência. A capacidade, porém, está muito pequena. Não temos ainda na cidade notícias de pessoas com o novo coronavírus morrendo por falta de UTI”.

Números oficiais

Em entrevista à rádio Band News FM na manhã da quinta-feira, 30, o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, disse que há na cidade 507 leitos de UTI destinados para outros atendimentos, como oncologia, maternidade, transplantes e acidentes, e os demais estão voltados para a COVID-19.

“Nós já introduzimos no município 651 novos leitos de UTI para a COVID-19 e destes, 72% na noite de ontem [29 de abril] já estavam ocupados. Vamos até o final de março chegar a 1.400 leitos. Além disso, temos mais de 2.200 leitos de enfermaria nos chamados hospitais de campanha, mais a ala nova do hospital do M’Boi Mirim. Tudo isso se soma a 3.217 leitos que temos na cidade, mas todos eles com uma pressão muito grande”, informou o secretário.

Na capital paulista, há outros dois hospitais de campanha, além do montado no Ibirapuera: o do Pacaembu, com 200 leitos, dos quais 160 estão ocupados, e o Anhembi, com espaço para abrigar 1.800 leitos, dos quais 931 já estão preparados e 500 estão ocupados, conforme disse o secretário na entrevista de rádio.

Estratégia

Nesta quinta-feira, em reunião on-line com o ministro da Saúde, Nelson Teich, o Governo do Estado de São Paulo disse já ter solicitado ao Governo Federal a habilitação de 2.783 novos leitos de UTI. Destes, 734 foram liberados, restando ainda a espera por 2.049 leitos. Também houve o pedido de cem respiradores para o Hospital das Clinicas, que já tem os leitos em uma unidade completa dedicada ao tratamento da doença.

“Essa habilitação, obviamente, é imprescindível e significa um repasse financeiro do Ministério à Secretaria de Estado de um valor um pouco superior a R$ 292 milhões. Isso cobre a demanda do credenciamento e a habilitação desses leitos”, disse o infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo.

Na coletiva de imprensa da quarta-feira, 29, o secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, explicou o planejamento do governo estadual para que não falte leitos aos pacientes com a COVID-19, caso o sistema de saúde se aproxime do colapso na Grande São Paulo. 

“Temos a possibilidade de transferir doentes para o interior, onde a taxa de ocupação de leitos de UTI está menor. Nós trabalhamos com leitos próprios da secretaria, que são os de cem hospitais; trabalhamos, depois, com os de hospitais privados filantrópicos e, depois, com os de hospitais privados lucrativos. Temos a obrigação de seguir esta sequência”, afirmou. Na prática, o Governo não descarta comprar vagas em leitos de UTI em hospitais particulares para atender os pacientes com a COVID-19 que forem atendidos pelo SUS.

Isolamento social

As autoridades de saúde do Estado e do município alertam que somente com a manutenção de altas taxas de isolamento social a rede pública não entrará em colapso.

“Não temos grandes preocupações [com a disponibilidade de leitos] se a taxa de isolamento se mantiver entre 50% e 60% como estava acontecendo semanas atrás. Hoje precisamos elevar a taxa de isolamento”, enfatizou Germann.

Edson Aparecido, por sua vez, apontou que com a redução das pessoas que se mantêm em isolamento social – hoje inferior a 50% - não deverá ser afrouxada a quarentena na cidade de São Paulo, possibilidade anteriormente ventilada para o próximo dia 11 de maio. Ele indicou que de uma média de 812 notificações por COVID-19 entre os dias 26 de fevereiro e 23 de abril, esse número saltou para cerca de 3.400 notificações diárias entre os dias 24 e 26 de abril.

“Temos hoje uma taxa de ocupação nos hospitais da cidade que ultrapassa 70%. Se não tivermos mais tempo para preparar o serviço público de saúde para poder tratar as pessoas que vão precisar de um leito de UTI, nós vamos ter nos próximos 15 dias uma situação bastante agravada”, afirmou Aparecido na entrevista de rádio.

O alerta para uma possível piora da situação também é feito pelo diretor do Simesp. “No Estado de São Paulo, ainda não há uma previsão de falta de leitos para COVID-19, mas isso depende da evolução da doença e do comportamento da população. Se não houver adesão ao isolamento social como está sendo proposto, a probabilidade de colapso no sistema de saúde é muito grande”, analisou à reportagem José Erivalder Guimarães de Oliveira.

 

(Com informações do Governo de São Paulo, Prefeitura de São Paulo e Band News FM)

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Governo de SP amplia leitos de UTI no Hospital das Clínicas

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27 de abril de 2020

O Governador João Doria anunciou nesta segunda-feira, 27, uma parceria com a iniciativa privada para ampliar de 200 para 300 o total de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital das Clínicas, na capital, para atendimento exclusivo a pacientes com COVID-19.

“O Hospital das Clínicas é o maior centro de tratamento do coronavírus do país. Um complexo hospitalar público que tem o apoio imprescindível do setor privado. Graças a doações de hospitais particulares e instituições privadas, temos conseguido dar o apoio necessário para que o HC continue realizando seu trabalho exemplar e, mais do que nunca, ajudando a salvar vidas”, afirmou o Governador.

“Em nome da população de São Paulo, quero agradecer a todos pelas doações, pela generosidade e responsabilidade de compreenderem que é com união que poderemos salvar vidas”, acrescentou Doria. O Hospital das Clínicas já arrecadou mais de R$ 24 milhões em doações, que podem ser feitas diretamente pelo site.

ADOÇÃO DE LEITOS

A iniciativa privada vai “adotar” novas alas com dez leitos de UTI cada uma. As instituições vão contribuir com equipamentos e equipes de profissionais de saúde. Os apoiadores são Rede D’or, Hospital Sírio-Libanês, HCor e Beneficência Portuguesa, Grupo Takaoka e o Grupo de Resgate e Atenção às Urgências e Emergências do Governo do Estado, que oferecerá uma equipe médica e equipamentos. O BTG liderou um grupo que oferecerá 1.050 plantões por mês ao hospital durante três meses.

A abertura será gradual, com os 40 primeiros novos leitos ativados na primeira quinzena de maio. Atualmente, o Hospital das Clínicas possui 400 pacientes internados com COVID-19, sendo 191 em UTI. O hospital iniciou o processo para o enfrentamento da pandemia com 84 leitos de UTI ativos no Instituto Central, ainda em março. Desde então, a capacidade mais que dobrou para atingir os atuais 200 leitos de UTI.

O Hospital das Clínicas reservou todo o Instituto Central para o atendimento da doença, com mais 700 leitos de enfermaria em ocupação gradativa. A transformação parcial permitirá o aumento dos leitos de UTI. Um fluxo de cerca de 10% de entradas e saídas de pacientes que permite que novas internações sejam feitas diariamente, mesmo com uma ocupação acima de 90%.

(Com informações de Governo do Estado de São Paulo)

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É falso que vacina para cachorro combate novo coronavírus

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22 de abril de 2020

Material compartilhado em aplicativos de celular e em redes sociais nos últimos dias tem conteúdo falso a respeito do uso de vacinas para cães como suposta forma de tratamento de Covid-19, doença provocada pelo novo coronavírus.

O material falso faz referência ao coronaviridae (coronavírus), que é uma grande família viral antiga, que afeta humanos e animais com graves infecções. As vacinas V8 e V10, as quais o material cita, são as principais para a saúde de cães e agem no combate de várias doenças, como cinomose e coronavírus canino da espécie CCov (gênero alphacoronavirus), vírus que causa gastroenterite (sintomas de diarreia e vômitos constantes), podendo levar a óbito. Os cães contraem a doença por meio de fezes de outros cães contaminados, não sendo transmissível a humanos.

Já a Covid-19 é provocada pelo novo coronavírus, que é do gênero betacoronavírus, espécie SARS-Cov2, com morbidade e alta taxa de propagação. Outras espécies que são transmissíveis aos humanos são a SARS-CoV e MERS-CoV e não há registro de contaminação em animais. Esses vírus estão associados a síndromes e infecções respiratórias. Portanto, aquelas vacinas indicadas para o tratamento de animais não têm eficácia para o novo coronavírus e não podem ser usadas em humanos.

Ainda não há vacinas para a Covid-19. Por se tratar de um vírus novo, os pesquisadores estão desenvolvendo métodos, que podem levar cinco meses ou mais para serem disponibilizados.

(Com informações de Governo do Estado de São Paulo)

 

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Capelães exercem o mandato confiado por Jesus: cuidar dos doentes

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21 de abril de 2020

“Os doentes receberam sempre as maiores atenções de Jesus. As páginas dos Evangelhos relatam frequentes encontros Dele com pessoas acometidas de vários tipos de enfermidade, às quais nunca deixou de dar sua carinhosa atenção. Ao enviar os discípulos em missão, recomendou-lhes que anunciassem a todos o Reino de Deus e cuidassem (“curassem”) dos doentes (cf. Lc 10,9). A cura dos enfermos é sinal de que o Reino de Deus está próximo”, escreveu o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, em artigo para a sessão Encontro com o Pastor, por ocasião do Dia Mundial dos Enfermos, em fevereiro deste ano.

Ouvir as dificuldades dos enfermos, ajudá-los para que tenham esperança no tratamento, dar apoio aos familiares e fazer com que todos não percam a fé mesmo nos momentos de maior fragilidade é a missão da Pastoral da Saúde, que se torna ainda mais especial neste momento de pandemia.

Nos hospitais públicos e privados, há sacerdotes que atuam como capelães. No Instituto de Infectologia Emílio Ribas, essa é a atuação do Padre João Inácio Mildner, Assistente Eclesiástico da Pastoral da Saúde da Arquidiocese de São Paulo.

“As instituições de saúde surgem com o trabalho da Igreja. Muitos santos e santas doaram suas vidas em favor dos enfermos, mesmo custando a própria vida. Fico imaginando São Camilo de Lellis, São João de Deus, Santa Tereza de Calcutá, Santa Dulce dos pobres vivendo nestes tempos de pandemia que estamos. Com certeza não se acomodariam”, disse o Padre João ao O SÃO PAULO. Ele lembrou, ainda, que cuidar dos doentes é uma missão deixada pelo próprio Jesus.

A IGREJA OS AMA

O Instituto de Infectologia Emílio Ribas, na região central da cidade, referência no tratamento de doenças infectocontagiosas, está com os leitos da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) 100% ocupados.

A Capelania Católica, apesar das restrições para atuação e do cancelamento de algumas atividades, continua na ativa, na assistência religiosa aos doentes.

“Temos consciência que pouco podemos fazer, mas o que podemos, fazemos com amor. A presença de Igreja junto aos hospitais neste momento é muito importante. O fato de o doente isolado saber que no hospital tem padre, que a Igreja está em oração por ele e por sua família, que a Igreja os ama, faz um bem enorme. Para os profissionais da saúde, essa presença é um porto seguro. É importante que eles saibam que não estão sozinhos nesta missão do cuidar e que que toda a Igreja está em oração por eles”, afirmou o Padre João Mildner.

HIGIENE E PREVENÇÃO

O Capelão do Emílio Ribas comentou que com a suspensão das visitas dos familiares ao instituto de infectologia, aumentou a demanda dos pacientes por itens de higiene. “Por isso, a Capelania, com o apoio do Santuário Nossa Senhora de Fátima, no Sumaré, está fornecendo dezenas de kits higiene pessoal para todos os pacientes. Estamos atentos também a outras necessidade”, comentou.

Também de acordo com o Sacerdote, todos estão atentos às recomendações do Ministério da Saúde e da Secretaria de Estado da Saúde para se proteger do vírus, pois, conforme afirmou, é preciso “cuidar de si para cuidar dos outros”.

OLHAR NOS OLHOS

O Padre José Wilson Correia da Silva, Coordenador da Pastoral da Saúde dos Hospitais Camilianos da Regional Sudeste, é o Capelão do Hospital Geral de Itapevi, na área de abrangência da Diocese de Osasco. Atualmente, porém, tem atuado no Hospital São Camilo, na Pompeia, onde há pacientes com a COVID-19.

“Devido aos equipamentos de proteção individual, os pacientes não nos enxergam muito bem, por isso, temos que estabelecer outros meios de contato. Não posso tocá-los, só quando é necessária a Unção dos Enfermos, mas com luvas. É difícil, pois nós estamos acostumados a olhar nos olhos, ver o rosto das pessoas. É um pouco constrangedor porque tira um pouco nossa espontaneidade, mas eles acabam nos reconhecendo pela voz”, relatou o Padre José Wilson.

O Sacerdote comentou, ainda, que a missão dos camilianos é promover a saúde e assistir o doente, mesmo com risco para a própria vida. São Camilo de Lellis é um exemplo de entrega em favor dos enfermos. Após ter passado por um processo de conversão, criou a Ordem dos Ministros dos Enfermos (Camilianos). Morto em 14 de julho de 1614, ele foi canonizado em 1746, tornando-se padroeiro dos enfermos.

AUXÍLIO A PACIENTES E MÉDICOS

Padre José Wilson ressaltou que no início as visitas religiosas foram suspensas, mas os próprios profissionais de saúde solicitaram que retornassem, pois os pacientes não recebem visitas dos familiares: “Depois dos profissionais da saúde, a única pessoa com quem o doente tem contato presencial é o sacerdote capelão, pois nem os agentes de pastoral estão podendo fazer visitas”.

O Sacerdote também destaca o papel da interação que é feita com médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e todos que estão assistindo diretamente os doentes. “Houve um grande envolvimento e colaboração entre nós. Nossa missão é se aproximar mais desses profissionais e dar um pouco mais de assistência, pois eles também sofrem”, afirmou, comentando, ainda, que muitos profissionais da saúde não estão voltando para casa por causa do medo de contagiar algum familiar.

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Unesp em Bauru produz protetor facial para os profissionais de saúde

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20 de abril de 2020

Em parceria com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), os pós-graduandos João Victor Gomes e Bruno Borges, da Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação (Faac) da Universidade Estadual Paulista (Unesp), do campus de Bauru, passaram a utilizar a infraestrutura de dois laboratórios da unidade universitária em prol de um trabalho de assistência às ações para a contenção da pandemia da COVID-19, doença causada pelo novo coronavírus.

Sob orientação do professor Luis Carlos Paschoarelli, do curso de Design, João Victor e Bruno são os responsáveis pela criação e desenvolvimento de dois novos protetores faciais, batizados “Anti-COVID-19” e “Ergonomics 3D”, elaborados para dar mais proteção aos profissionais da saúde de Bauru e da região que estão na linha de frente no combate ao novo coronavírus (SARS-CoV-2).

Os primeiros 60 modelos dos equipamentos de proteção moldados nos laboratórios da Faac foram entregues à Secretaria Municipal de Saúde de Bauru em 7 de abril. A parceria com o Senai surgiu ainda nas primeiras reuniões sobre a iniciativa, pois, para suprir a demanda local das autoridades de saúde, seria preciso experiência em escala de produção industrial, além de feedbacks dos profissionais da área.

Equipes

João Victor Gomes explica que estão envolvidas diretamente no processo dez pessoas, incluindo as equipes dos laboratórios da Unesp e do grupo de apoio do Senai. Além desse núcleo central, outras 50 pessoas estão envolvidas indiretamente nos projetos de fabricação dos equipamentos de proteção.

“É a primeira vez que acontece essa parceria entre Secretaria de Saúde, laboratórios da Faac e Senai. É um vínculo que queremos manter mesmo depois da pandemia, já que a demanda é grande na área da saúde”, salienta João Victor Gomes, doutorando da Unesp em Bauru, ao Portal da Unesp.

Enquanto o modelo “Anti-COVID-19” é manufaturado, o “Ergonomics 3D” é feito em impressora 3D, em um desenho diferente da maioria dos protetores disponíveis no mercado. Ambos se enquadram na resolução temporária da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), sendo, assim, considerados seguros para os fins a que se destinam.

Os pós-graduandos que lideram a iniciativa participam de projetos no Laboratório de Ergonomia e Interfaces (LEI) e no Laboratório Didático de Materiais e Protótipos (LMDP) da Faac-Unesp.

“Diferentemente de outros modelos que vêm circulando pela internet, esses protetores atendem plenamente a Resolução RDC Nº 356, da Anvisa, que dispõe sobre os requisitos para a fabricação, importação e aquisição de dispositivos médicos identificados como prioritários para uso em serviços de saúde em virtude da emergência relacionada ao SARS-CoV-2”, destaca ao Portal da Unesp o professor Luis Carlos Paschoarelli.

Técnica

Para os pesquisadores chegarem aos modelos atuais, as estruturas de protetores faciais foram aprimoradas e passaram por várias mudanças, após protótipos iniciais e retorno de médicos, enfermeiros e até odontologistas.

“Como designers, temos uma noção de materiais e desenvolvimento do produto, mas não sabemos realmente como o usuário vai interagir com aquilo. Então, começamos a partir do que a equipe médica nos pedia. Após três ou quatro reuniões, chegamos aos produtos finais”, relata o mestrando Bruno Borges, criador do modelo Ergonomics 3D, ao Portal da Unesp.

“O Ergonomics tem um tempo mais demorado porque depende diretamente das impressoras 3D, que ainda são lentas quando se trata de produção em larga escala”, diz Bruno.

Com uma impressora 3D, é possível produzir quatro protetores faciais por dia. Nos modelos manufaturados, a média diária fica em torno de 70 unidades. Algumas das unidades 3D feitas na Unesp já se encontram em hospitais de Bauru.

Modelos

Os desenvolvedores ainda ressaltam que as principais diferenças dos modelos desenvolvidos nos laboratórios da Unesp são a facilidade de reprodução das duas estruturas (tanto a manual quanto a impressa) e a adição de proteção extra, com fitas no lugar da testa, ou seja, ausência de qualquer lacuna que possibilite entrada e saída de ar ou acúmulo de micropartículas.

“Os profissionais da saúde falam sempre na erradicação de entradas possíveis. Então, quanto mais barreiras para o vírus, melhor. Supondo que em equipamentos anteriores havia 60% de proteção e agora com a testeira se acrescente mais 10%, em alguns momentos esses 10% a mais, esse adicional de segurança, pode salvar vidas”, afirma João Victor.

Os materiais utilizados nos protetores “Anti-COVID-19” são atóxicos e permitem higienização e reutilização. No modelo Ergonomics 3D, eles são biodegradáveis e ergonômicos. Os dois equipamentos consistem em modelos de utilidade pública (produtos sem patente), tem custo de produção que varia entre R$ 7 e R$ 8 por unidade e estão disponíveis na internet para reprodução.

“O arquivo do Ergonomics 3D está disponível para que makers de todo o estado possam replicar a ideia e tentar atender as demandas locais”, enfatiza Luis Carlos Paschoarelli, professor da Unesp em Bauru.

Os pedidos atuais de protetores faciais para o laboratório da Unesp estão na casa das centenas de unidades, segundo os pós-graduandos envolvidos. As primeiras estruturas foram realizadas com o apoio das empresas Avery Dennison, Empório do Adesivo e Piatã.

Parceiro Unesp

A pessoa, física ou jurídica, que deseja contribuir com ações da Unesp de combate à pandemia de COVID-19 pode realizar doações por meio da plataforma Parceiro Unesp, que possibilita inclusive que o doador especifique a unidade universitária que receberá os recursos. Para doações, acesse: https://prograddb.unesp.br/parceiro/.

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Novo coronavírus impacta na doação de órgãos

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19 de abril de 2020

“Conseguir um órgão é um ato heroico. Sumiram os doadores, pois as pessoas ficaram em pânico por causa da COVID-19. Os critérios para a coleta de órgãos ficaram mais difíceis, e as equipes de captação não vão mais aos hospitais, só fazem a abordagem telefônica”.

O relato é de um médico que atua no transplante de órgãos em um hospital da rede estadual de saúde de São Paulo, estado onde estão 41% das cerca de 38 mil pessoas que esperam pela doação de um órgão no Brasil, conforme dados do Registro Brasileiro de Transplantes (RBT).

Por ano, são realizados no País aproximadamente 24 mil transplantes. Em 2019, segundo a  Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), foram realizados 6.283 transplantes de rim, 2.245 de fígado, 378 de coração, 173 de pâncreas e 104 de pulmão. A taxa de doadores efetivo cresceu 6,5% em comparação a 2018 e houve o percentual recorde de 60% na taxa de autorizações familiares para os procedimentos.

Em 2020, porém, o novo coronavírus impõe um panorama diferente. “A partir da chegada do vírus no Brasil, em março, houve uma diminuição muito grande na doação de órgãos, eu diria que em cerca de 70%. Certamente, muitos pacientes vão falecer na fila de espera, porque os transplantes diminuirão muito”, afirmou o médico José Huygens Garcia, presidente da ABTO, em entrevista ao O SÃO PAULO.

Menos vagas de UTI

Com a expansão do novo coronavírus pelo Brasil, mais leitos de UTI estão sendo destinados para pacientes com a COVID-19, o que representa um dos complicadores para a obtenção de órgãos para doação.

“Um médico não pode aceitar o órgão de um doador que teve uma morte por acidente vascular cerebral e que esteve na mesma UTI onde havia pacientes com a COVID-19, pois há chance de que o doador tenha tido contato com o vírus”, detalhou Garcia.

O presidente da ABTO conta que no Estado do Ceará, onde atua, alguns transplantes seguem sendo feitos, como os de fígado, mas não se sabe por quanto tempo. “Os hospitais daqui tem colocado o receptor do órgão em UTIs que não tenham paciente com a COVID-19, mas não sabemos se daqui há um mês ou uma semana, essas UTIs já não terão que receber pacientes com o novo coronavírus”, analisa.

Em muitos dos casos, o doador e a pessoa que necessita do órgão não estão no mesmo estado, e com a redução da quantidade de voos comerciais, em decorrência das recomendações de isolamento social, este tem sido outro complicador. “Às vezes, até existe o órgão, mas não se consegue mais transportá-lo em tempo hábil. Para alguns órgãos, este tempo é muito curto. O do coração, por exemplo, é de até quaro horas. O de um fígado, de até dez horas. O rim pode ser até 24 horas, por isso até que este é o órgão que mais viaja de um estado para outro”, explica Garcia.

Responsabilidade compartilhada

Em todo o País, a ABTO já recomenda que os médicos acrescentem no termo de consentimento para a realização do transplante um parágrafo, segundo o qual a pessoa a ser transplantada diz estar ciente da atual pandemia do novo coronavírus, que pode adquirir o vírus durante o procedimento de transplante e que também sabe “da possibilidade de que, em contraindo a doença, as medicações utilizadas para evitar a rejeição do transplante podem torná-la mais grave”.

“É preciso explicar para o familiar e para quem precisa do transplante que se a pessoa fizer o transplante, ela corre o risco maior de ter uma infecção pela COVID-19 no hospital. No caso de um paciente grave na fila, porém, o peso sempre vai prevalecer para a realização do transplante. Não há como não fazer o transplante, por exemplo, de um paciente com falência cardíaca, já que ele tem grandes chances de morrer se não for transplantado”, explica Garcia, detalhando ainda que transplantes que envolvem doadores vivos estão sendo suspensos em praticamente em todo o mundo.

Mas nem tudo por ser adiado

A ABTO já recomenda que se adiem todos os transplantes de tecidos, “exceto no caso de urgência de transplante de córneas”. Já os transplantes não emergenciais de córnea e pâncreas “podem ser postergados, mas não abolidos, pois, em certas circunstâncias, serão necessários ou possíveis”.

A Associação alerta que não devem cessar os transplantes de fígado, pulmão e coração, bem como os de rim, neste caso, com um alerta adicional.  “A suspensão [dos transplantes renais] acarretaria grande acúmulo de pacientes em lista de espera para diálise, que também irão sucumbir, caso essas vagas não sejam disponibilizadas. Pacientes em diálise também correm maior risco de aquisição de doenças virais, por dividirem unidades com aglomerados de pacientes, por quatro horas, três vezes por semana”, consta no comunicado da ABTO.

Um médico que atua na rede pública de saúde de São Paulo disse a reportagem sobre os dilemas que têm enfrentado. “No hospital onde estou, optou-se por não parar de fazer os transplantes e avaliar caso a caso. Há determinados casos, porém, que se o doente não faz o transplante, a mortalidade é alta. Como alguém que faz diálise, por exemplo, e que já está com quase todos os acessos entupidos não fará o transplante? Se isso não acontecer em até seis meses, um paciente com esse perfil morre em 50% das vezes por outras causas. É como fazer um cara ou coroa na vida dessa pessoa”, desabafou.

Outra médica que também atua na rede pública comenta sobre a dificuldade do diálogo com quem está há tempos esperando por um transplante: “Até parece uma situação injusta com aqueles que estão na fila dos transplantes a muitos anos ou esperando cirurgias na fila do SUS. No entanto, para que os procedimentos aconteçam nessa época da COVID-19, precisaria haver uma retaguarda da UTI e de que as pessoas tivessem o mínimo de proteção. Se o sistema de saúde não tem como garantir que elas estejam protegidas, o transplante somente aumentará o risco de essa pessoa não sobreviver”.

Testagem dos cadáveres

José Huygens Garcia assegura que na maioria dos estados, diante da transmissão comunitária da COVID-19, os órgãos para doação somente têm sido aceitos pelas equipes médicas após a confirmação de que quem teve morte cerebral, o potencial doador, não está com o novo coronavírus.

“A central de transplante de cada estado deve acordar com o laboratório central para priorizar este exame, já que é algo que vai salvar vidas. Se for priorizado, o processo mais rápido. Aqui no Ceará está acontecendo em até dez horas. O prazo razoável é de até 12 horas. Somente depois do resultado, é que se marca a extração dos órgãos”, detalhou.

Médicos ouvidos pela reportagem disseram que no Estado de São Paulo o resultado desse teste para a COVID-19 tem demorado até três dias. “Imagine, você vai chegar para uma família, por telefone, e perguntar: ‘Você quer doar o órgão do familiar, pois tem uma pessoa precisando? Só que você vai ter que esperar três dias para sepultar o familiar”, disse um dos entrevistados.

Por quanto tempo esperar?

Garcia ressalta que todos estes trâmites precisam ser ágeis, dada a instabilidade do quadro de quem já teve morte cerebral. “O coração ainda está batendo e alguns órgãos ainda continuam funcionado, porque o corpo está sobre o efeito de medicação e no respirador, mas caso se retarde muito a retirada do órgão, há o risco de uma parada cardíaca e  de se perder todos os órgãos. Além disso, essa pessoa segue ocupando um leito de hospital”, comentou.

E essa é outra angustia do primeiro médico citado nesta reportagem: “Às vezes, pode não dar tempo de fazer esse transplante. Quando dá, o corpo do doador vai permanecer em uma estrutura de UTI, ocupar um respirador, usar droga vasoativa. Diante desse cenário de escassez de UTI, você tem este problema ético: é um cadáver, a pessoa está morta, mas seguirá na UTI esperando até que se retirem os órgãos”.

Posicionamento do Governo de São Paulo

O jornal O SÃO PAULO questionou a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo sobre a adoção de protocolos especiais para os transplantes diante da pandemia do novo coronavírus.

A resposta da Secretaria, por meio de sua assessoria de imprensa, foi que “as equipes de transplantes seguem protocolos de triagem clínica dos potenciais doadores e realizando testes da COVID-19. Conforme protocolo do SUS, pessoas com diagnóstico de COVID-19 com menos de 28 dias da regressão completa dos sintomas não podem ser doadores de órgãos”.

Também houve questionamentos sobre o número de transplantes realizados nos hospitais da rede estadual no mês de março e a quantidade desses procedimentos que foram cancelados ou remarcados em razão da COVID-19. Até a conclusão da reportagem estes dados não foram fornecidos pela Secretaria de Estado da Saúde.

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Mandetta anuncia saída do Ministério da Saúde

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16 de abril de 2020

Em sua conta oficial no Twitter, Luiz Henrique Mandetta anunciou na tarde desta quinta-feira, 16, sua demissão pelo presidente Jair Bolsonaro do cargo de ministro da Saúde. Na publicação, Mandetta agradeceu o tempo à frente da pasta.

"Quero agradecer a oportunidade que me foi dada, de ser gerente do nosso SUS, de pôr de pé o projeto de melhoria da saúde dos brasileiros e de planejar o enfrentamento da pandemia do coronavírus, o grande desafio que o nosso sistema de saúde está por enfrentar."

Ele também agradeceu os gestores que compunham a direção do ministério. "Agradeço a toda a equipe que esteve comigo no MS e desejo êxito ao meu sucessor no cargo de ministro da Saúde. Rogo a Deus e a Nossa Senhora Aparecida que abençoem muito o nosso país".

Mandetta e o presidente Jair Bolsonaro já vinham divergindo sobre os caminhos para o combate à pandemia do novo coronavírus (covid-19). Mandetta se alinhava às orientações da Organização Mundial da Saúde (OMS) pela adoção de um isolamento social mais forte, enquanto o presidente vinha defendendo a abertura do comércio como forma de evitar impactos na economia.

Médico, Mandetta foi secretário de Saúde de Mato Grosso do Sul e deputado federal pelo DEM. Ocupava o cargo de ministro da Saúde desde o início do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019. As notiícias sobre a possibilidade de ele deixar a pasta já vinham há duas semanas. O Palácio do Planalto anuncia ainda hoje o substituto.

(Com informações de Agência Brasil)

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Médicos estão em risco com a falta de EPIs no SUS

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15 de abril de 2020

A Associação Médica Brasileira (AMB) divulgou nesta quarta-feira, 15, que recebeu mais de 3 mil denúncias de médicos sobre a falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados para se precaver no ambiente de trabalho do novo coronavírus. A principal reclamação, 87% dos casos, é sobre a falta de máscaras N95.

Na lista de EPIs obrigatórios para o enfrentamento de epidemias estão máscaras, diferentes tipos de luvas, avental, gorro, óculos e protetor facial, conforme recomendam o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde (OMS).  Também são considerados insumos essenciais o sabão, sabonete líquido, álcool em gel 70%, papel toalha e lenços descartáveis, pois permitem a adequada desinfecção e higienização dos profissionais médicos e dos ambientes.

De acordo com o Diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo, José Erivalder Guimarães de Oliveira, a falta de EPIs tem sido a principal reclamação dos profissionais nas últimas semanas. “De um total de 160 denúncias que recebemos até 14 de abril, quase 60% são sobre a falta de equipamentos de proteção individual. São vários hospitais, tanto da Prefeitura quanto do Estado. São denúncias sobre falta de máscaras, luvas, aventais e viseiras”, detalhou ao O SÃO PAULO.

ITENS EM FALTA

Oliveira disse que a Prefeitura e o Governo do Estado têm prometido a aquisição de equipamentos nas últimas semanas. “Se não chegarem imediatamente, há a perspectiva de que comece a faltar itens dentro de uma semana em alguns hospitais”, apontou.

Em 30 de março, o Ministério da Saúde informou que distribuiu para o Estado de São Paulo mais de 23 mil frascos de álcool etílico, 12,4 mil óculos de proteção, 3,1 mil máscaras cirúrgicas, além de aventais, toucas e sapatilhas hospitalares.

Também no fim do mês passado, a Prefeitura de São Paulo disse ter comprado 5 milhões de máscaras cirúrgicas e 1 milhão de máscaras N-95.

No último dia 8, a gestão de Bruno Covas anunciou a contratação de costureiras e artesãos para a produção de máscaras e outros dispositivos médicos prioritários diante do aumento do número de casos do novo coronavírus. A expectativa é que sejam produzidas mais de 1 milhão de máscaras para profissionais da saúde e da assistência social, além de 500 mil protetores faciais e 500 mil aventais.

No Estado de São Paulo, máscaras estão sendo produzidas em unidades prisionais, bem como em Escolas Técnicas (Etecs) e Faculdades de Tecnologia (Fatecs), por iniciativa voluntária de professores e estudantes.

O Ministério da Saúde tem encontrado dificuldade para importar EPIs de outros países, como a China, dado o aumento da demanda pelos produtos, em especial pelos Estados Unidos, que são os recordistas mundiais no número de casos de COVID-19.

PROFISSIONAIS EXPOSTOS

O Diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo alerta que com a falta de EPIs, os profissionais de saúde estão mais expostos ao contágio com o novo coronavírus: “Já há um grande número de profissionais de saúde afastados com suspeita de COVID-19. Só de profissionais que atuam na rede municipal, mais de 1.500 já foram afastados. A Prefeitura não nos dá esses números oficiais, mas estamos colhendo informações nos hospitais. O que já se tem de oficial é a morte de 11 profissionais, entre médicos e enfermeiros aqui na cidade de São Paulo”.

“Nenhum um médico do SUS tem o equipamento de proteção ideal”, assegura um médico que atua em um dos maiores hospitais da rede estadual de saúde. “É mais um heroísmo dos médicos do que qualquer outra coisa. Tem muito médico que está levando equipamento de proteção da própria casa para o trabalho. Óculos e viseira, por exemplo, isso não tem em todo lugar”, desabafa. “Nos hospitais particulares de grande porte, o equipamento de proteção inclui um capuz, um avental, uma bota, um visor e uma máscara N95. Aqui na rede pública onde eu trabalho não vi isso ainda”, continuou.

CANAIS DE DENÚNCIA

Desde o final do mês passado, médicos que atuam em unidades de saúde (postos, UPAs, prontos-socorros e hospitais, entre outros) que oferecem assistência a casos confirmados e suspeitos de COVID-19 podem informar falhas na infraestrutura de trabalho oferecida por gestores (públicos e privados) aos Conselhos de Medicina de todo o País.

Para tal, o Conselho Federal de Medicina (CFM) criou uma plataforma online na qual o profissional poderá comunicar a situação que encontrou em seu local de trabalho.

“Estamos diante de uma das maiores ameaças já vivenciadas pelos sistemas de saúde do mundo, com risco real de sequelas e mortes na população. Nesse processo, as equipes médicas são essenciais. Devemos cuidar para que possam ter condições e a proteção para fazer o seu trabalho”, afirmou o 1º secretário do CFM, Hideraldo Cabeça, em entrevista ao site do Conselho.

O Sindicato dos Médicos de São Paulo também disponibiliza um canal para a denúncia em seu site www.simesp.org.br.

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Governo de SP diz que lotação de leitos de UTI é esperada para maio

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15 de abril de 2020

O Governo de São Paulo acredita que os leitos de unidade de terapia intensiva (UTI) do Estado começarão a ficar muito cheios a partir do mês de maio. A informação foi dada pelo secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann.

"Nós vivemos de cenários. Temos de entender que, se mantivermos esse grau de isolamento e distanciamento social, nós podemos inferir que provavelmente nós teremos uma lotação de leitos de UTI a partir do mês de maio. Temos duas reservas de leitos, uma que deve se esgotar até o final de maio e outra até o final de julho", disse Germann.

PRÓXIMA DO LIMITE

Nesta quarta-feira, 15, a ocupação de leitos em São Paulo está próxima do limite. O maior número foi registrado no Hospital Sancta Maggiore Higienópolis, com 83% de ocupação. Em seguida, aparecem o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP (77%), o Hospital Municipal do Tatuapé (77%), o Conjunto Hospitalar do Mandaqui (76%) e a Santa Casa de São Paulo (71%).

De acordo com o infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, o doente grave tem ficado em média 14 dias internado na UTI. Já o doente grave que evolui para óbito fica mais de três semanas. O grande gargalo, segundo ele, é que não faltam apenas leitos de UTI, mas tudo o que compõe o atendimento do doente grave, que começa na enfermaria e pode ir até a alta após a permanência na UTI.

“Por que o estresse? Porque você precisa ter equipamento, não só respirador, e você precisa ter equipe de saúde treinada e protocolo", disse ele. Especificamente sobre os respiradores, acrescentou Uip, o governo tem trabalhado com a indústria automobilística para que ela possa começar a produzi-los. “Talvez nós consigamos que essa indústria possa produzir esses respiradores. A compra de respiradores no mercado internacional é uma compra competitiva. O mundo está comprando. Tem dificuldades. Mas entendo que muitas coisas podem ser resolvidas pela competência e criatividade do sistema brasileiro.”

SITUAÇÃO NO ESTADO

Na manhã de hoje, Uip conversou com secretários de Saúde das cidades do Grande ABC, onde a ocupação de leitos já atinge também 70% de sua capacidade. “Isso é extremamente preocupante”, disse ele. “Já há uma pressão muito importante sobre o sistema de saúde pública do estado de São Paulo, principalmente na região metropolitana do estado”, disse ele.

Outro dado que Uip destacou foi o aumento no número de mortes por coronavírus no estado, o que vem demonstrando, segundo ele, a gravidade dos casos. “Isso demonstra a necessidade de mantermos e ampliarmos as medidas de distanciamento social e ficar em casa, porque isso tem impacto relevante na curva tanto de transmissibilidade, de morbidade de doença como também de letalidade.”

TAXA DE ISOLAMENTO

Na última terça-feira, 14, a taxa de isolamento social na capital e também no estado de São Paulo estava em torno de 50%. O ideal é que chegue a 70% para evitar o colapso no sistema de saúde. “O número de 50% é bom, que altera a curva. Mas não é suficiente. Queremos e precisamos mais. Nosso objetivo sempre será alcançar os 70%”, ressaltou Uip.

São Paulo tem hoje 9.371 casos confirmados de coronavírus, com 695 óbitos. Há ainda 1.143 pessoas ocupando leitos de UTI e mais 1.215 internadas em enfermarias. Para evitar a saturação dos hospitais por causa do coronavírus, o Governador de São Paulo, João Doria, voltou a fazer um apelo para que as pessoas continuem em isolamento.

“Não façam movimentações desnecessárias [indo para as ruas]. Ao fazê-lo, vocês estão colocando em risco as suas vidas e a de seus familiares e amigos. Ninguém quer hospitais lotados e cemitérios cheios. Por isso, precisamos de ruas vazias”, falou o Governador, lembrando que a quarentena estabelecida para o Estado de São Paulo vale, neste momento, até o dia 22 de abril.

(Com informações de Agência Brasil)

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Cloroquina e hidroxicloroquina NÃO previnem do novo coronavírus

Por
13 de abril de 2020

Circula pelas redes sociais a notícia de que o governo norte-americano anunciou que 40 infectados com o novo coronavírus e receberam hidroxicloroquina associada com azitromicina e foram curados. A notícia diz, ainda, que o Brasil receberia uma quantidade do medicamento que já havia sendo testada no País.

De acordo com o Ministério da Saúde, porém, essa é mais uma Fake News, ou seja,  noticia falsa, relacionada à pandemia que está circulando pelas redes sociais.

POR QUE?

O Ministério da Saúde informa que a cloroquina e hidroxicloroquina são medicamentos indicados para uso de curto prazo, apenas em pacientes graves hospitalizados devido ao novo coronavírus, assim não dever administrados como forma de se precaver da COVID-19, doença causada pelo vírus.

A cloroquina e hidroxicloroquina têm sido usadas para complementar todos os outros suportes no tratamento do paciente no Brasil, como assistência ventilatória e medicações para os sintomas, como febre e mal-estar.

O Ministério da Saúde orienta para cuidados básicos para reduzir o risco geral de contrair ou transmitir o coronavírus.

COMBATE ÀS NOTÍCIAS FALSAS

Para combater as Fake News sobre saúde, o Ministério está disponibilizando um número de WhatsApp para envio de mensagens da população. Vale destacar que o canal não será um SAC ou serviço para esclarecer dúvidas dos usuários, mas um espaço exclusivo para receber informações virais, que serão apuradas pelas áreas técnicas e respondidas oficialmente se são verdade ou mentira.

Qualquer cidadão poderá enviar gratuitamente mensagens com imagens ou textos que tenha recebido nas redes sociais para confirmar se a informação procede, antes de continuar compartilhando. O número é (61) 99289-4640.

(Com informações de Ministério da Saúde)

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