Patriarca Ecumênico Bartolomeu expressa solidariedade ao Papa e ao presidente Mattarella

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27 de março de 2020

Em mensagens enviadas ao Papa Francisco e ao presidente da Itália, Sergio Mattarella, o Patriarca Ecumênico Bartolomeu expressou solidariedade à nação vizinha que é atualmente o centro da pandemia do novo coronavírus, causador da doença COVID-19.
O principal líder espiritual da Igreja Ortodoxa manifestou admiração e gratidão pelos sacrifícios e a coragem dos profissionais de saúde italianos. Ele também disse rezar pelos doentes e suas famílias. Bartolomeu afirmou que vai rezar nesta Quaresma de forma especial por essa intenção.
Embora a Igreja Ortodoxa não esteja em plena comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana, as relações são amigáveis – Bartolomeu e Francisco são amigos pessoais. Além disso, os ortodoxos são a segunda maior comunidade cristã do mundo, com cerca de 260 milhões de membros. O Patriarca é sediado em Istambul (antiga Constantinopla) e é reconhecido pelos outros líderes religiosos do Oriente como “primeiro entre pares”.
Fonte: Vatican News

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Cardeal esmoleiro do Papa visita irmãs doentes com a COVID-19

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26 de março de 2020

Como um sinal de proximidade do Papa Francisco aos doentes, o Cardeal Esmoleiro de Sua Santidade, Dom Konrad Krajewski, visitou duas casas religiosas onde há irmãs contaminadas com a COVID-19. Dom Konrad é o responsável por conduzir as obras de caridade do Papa. 
Desde sexta-feira, 20, duas comunidades foram colocadas em total isolamento, porque muitas das religiosas testaram positivo para o novo coronavírus. São as comunidades da Casa Geral das Filhas de São Camilo e da Congregação das Irmãs Angélicas de São Paulo, ambas em Roma. 
Segundo um comunicado do Vaticano, o Cardeal levou alguns produtos das fazendas pontifícias de Castel Gandolfo, como leite fresco e iogurte. Uma doação igual foi feita para uma casa de repouso da Associação Irmãs da Caridade, na qual alguns profissionais de saúde também estão doentes.

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O ‘sonho social’ do Papa Francisco para a Amazônia

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25 de fevereiro de 2020

Uma carta de amor à Amazônia. Assim definiu o Cardeal Michael Czerny a Exortação Apostólica Pós-Sinodal Querida Amazônia, do Papa Francisco, publicada no dia 12. O documento é uma reflexão do Papa após o Sínodo para a Amazônia, a assembleia especial do Sínodo dos Bispos dedicada exclusivamente à região amazônica.
A enorme diversidade de povos tradicionais, a presença da Igreja há mais de 400 anos na região, o surgimento de grandes cidades, as migrações, as comunidades isoladas, as disputas por território e o esgotamento das riquezas naturais colocam a Amazônia no centro de um intenso debate internacional.
O que se faz da Amazônia hoje determinará que tipo de sociedade global seremos amanhã. Por isso, o Papa apresentou seus quatro “sonhos” para a Amazônia nessa “carta de amor”. O primeiro deles é social, o segundo é cultural, o terceiro é ecológico e o quarto, eclesial.
Em uma série de quatro análises, O SÃO PAULO apresenta chaves de leitura para essas categorias, começando pelo sonho social.

CRISE ECOLÓGICA É TAMBÉM SOCIAL
Com o auxílio da ciência, o Papa Francisco faz um diagnóstico importante: os problemas ecológicos e os problemas sociais têm a mesma raiz. Ele afirmava isso já em sua Encíclica Laudato Si’, de 2015.
Esse alerta para o mundo se repete com força em Querida Amazônia. A crítica a um modelo econômico que explora a natureza de maneira desenfreada, priorizando o lucro sobre a “casa comum”, o planeta Terra, é a mesma contra a perpetuação das desigualdades sociais.
O “clamor da terra” é, também, “o clamor dos pobres”, diz ele (QAm 8). Os povos nativos e os mais pobres são os mais afetados pela destruição da natureza, que acentua os desastres naturais, a perda de seus territórios, as migrações forçadas, a pobreza, o tráfico de pessoas, o crescimento das periferias de grandes cidades e a corrupção (QAm 10,21).
Por isso, o Papa Francisco sonha “com uma Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos originários, dos últimos, em que sua voz seja escutada e sua dignidade seja promovida”. Da mesma forma, não basta defender a natureza e esquecer a vida humana. “Não nos serve um conservacionismo que se preocupa com o bioma, mas ignora os povos amazônicos”, escreve (QAm. 7, 8).

UM ESPAÇO A SER OCUPADO?
Por trás da promessa de desenvolvimento da Amazônia, que, na verdade, leva dor e sofrimento aos povos locais, está uma concepção errada de que a Amazônia é “um espaço vazio a ser ocupado”, afirma o Papa Francisco.
Em Querida Amazônia, ele observa que a Amazônia não é “uma riqueza bruta que deve se desenvolver” e tampouco “uma imensidade selvagem que deve ser domesticada”. Pelo contrário, é necessário respeitar a presença e as tradições dos povos nativos e as terras que a eles sempre pertenceram (QAm 12,13).

DIREITO DOS POVOS
O Papa Francisco dá voz aos povos indígenas ao repetir um apelo que é comum entre os que defendem seus interesses: qualquer iniciativa ou projeto que envolva a Amazônia deve, necessariamente, consultar os povos tradicionais, principais “interlocutores” da região (QAm 25).
“Aos empreendimentos, nacionais ou internacionais, que causam dano na Amazônia e não respeitam o direito dos povos originários ao território e à sua demarcação, à sua autodeterminação e ao consentimento prévio, há que dar-lhes os nomes que lhes correspondem: injustiça e crime”, denuncia Francisco (QAm 14).
A privatização da água potável, a exploração ilegal de madeira, a extração de petróleo, a construção de grandes estradas e usinas hidrelétricas, o garimpo, a expansão da fronteira do agronegócio, essas e outras atividades, quando realizadas fora da lei e com a conivência dos governos, “contaminam o ambiente e transformam indevidamente as relações econômicas, e se convertem em um instrumento que mata” (QAm 14).
Ele lembra que a sociedade ocidental pode aprender com os indígenas a ter “um forte sentido comunitário” (QAm 20), em suas relações humanas, ritos e celebrações.

DESIGUALDADE EXTREMA
Alguns dos donos do poder chegam a tirar a vida daqueles que se opõem à expansão de seus negócios ilegais, provocando também incêndios florestais intencionais e subornando políticos. As disparidades de poder na Amazônia entre os poderosos e os pobres criam “novas formas de escravidão”, diz o Papa.
Essas mazelas são acompanhadas de violações dos direitos humanos, do tráfico de pessoas, especialmente das mulheres, e do tráfico de drogas. “Não podemos permitir que a globalização se converta em um novo tipo de colonialismo”, denuncia (QAm 14).
“A disparidade de poder é enorme, os fracos não têm recursos para se defender. Enquanto o ganhador continua levando tudo para si, os povos pobres permanecem sempre pobres, e os ricos se fazem cada vez mais ricos”, afirma o Santo Padre (QAm 13).
Ele também reconhece que, muitas vezes, membros da própria Igreja estiveram metidos nos jogos de poder. No período colonial, foram cometidos erros históricos de injustiça e crueldade. O Papa admite que, por vezes, “o trigo se misturou com o joio” e foram cometidos “crimes contra os povos originários durante a chamada conquista da América” (QAm 19). Por esses erros ele, mais uma vez, pediu perdão. 

SÃ INDIGNAÇÃO
A primeira reação necessária a todos os problemas sociais da Amazônia, defende Francisco, é a indignação. “É necessário indignar-se […] Não é saudável que nos acostumemos com o mal”, diz o Pontífice. 
No entanto, “ao mesmo tempo que deixamos brotar uma sã indignação, recordamos que sempre é possível superar as diversas mentalidades de colonização para construir redes de solidariedade e desenvolvimento”, respeitando o meio ambiente e as diferentes culturas da Amazônia (QAm 17).
Francisco também recorda o valor dos missionários que se indignaram e chegaram à Amazônia, especialmente nas últimas décadas, deixando seus 
países e adotando um estilo de vida simples, levando o Evangelho aos que mais sofrem.
“No momento atual, a Igreja não pode estar menos comprometida, e é chamada a escutar o clamor dos povos amazônicos para poder exercer com transparência seu papel profético”, exorta o Papa (QAm 19).
Uma Igreja de rosto amazônico que acompanha os pobres é o sonho social do Papa Francisco para a Amazônia. Isso inclui ver a Amazônia livre da “discriminação e da dominação” entre seres humanos e, no lugar disso, “relações fraternas” e reconhecimento mútuo (QAm 22). Pois, se tudo está interligado, escutar o outro “é um dever de justiça” (QAm 26).

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Pontífice pede empenho de todos contra o tráfico de pessoas

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14 de fevereiro de 2020

É necessário o empenho de toda a sociedade para combater o tráfico de pessoas, alertou o Papa Francisco, após a oração do Angelus do domingo, 9, na Praça São Pedro. “Para sanar essa verdadeira chaga que desfruta dos mais fracos, é preciso o empenho de todos”, pediu.
Ele tocou no tema na data da memória litúrgica de Santa Giuseppina Bakhita, religiosa de origem sudanesa que foi vítima do tráfico de escravos no século XIX e, por esse motivo, símbolo do Dia Mundial de Oração e Reflexão contra o Tráfico de Pessoas. Ela foi escrava durante sete anos de sua vida.
O Papa Francisco destacou que é preciso um maior controle sobre o uso da tecnologia, pois os criminosos do moderno tráfico de pessoas usam os meios de comunicação como mecanismo de corrupção. “Por um lado, é necessário educar a um bom uso dos meios tecnológicos e, por outro, vigiar e chamar à sua responsabilidade os fornecedores de tais serviços”, disse.
Também no Twitter, o Pontífice afirmou: “Juntos contra o tráfico de pessoas. Só juntos podemos derrotar essa chaga e proteger as vítimas. A oração é a força que sustenta o nosso empenho.”
Esse dia foi instituído em 2015 por Francisco, com a participação das associações que representam as congregações religiosas masculinas e femininas (UISG e USG). A data de recordar o tema é o dia 8 de fevereiro.
 

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QUERIDA AMAZÔNIA

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13 de fevereiro de 2020

Apresentamos a seguir um resumo dos principais pontos da Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Querida Amazônia”, publicada na quarta-feira, 12, pelo Papa Francisco. 

  •  Promoção da ecologia integral que engloba o cuidado com as pessoas, especialmente os mais pobres, o meio ambiente e a espiritualidade ecológica, numa perspectiva católica.
  •  Reconhecimento das ameaças ambientais aos ecossistemas amazônicos e da importância da região como um todo para os equilíbrios globais do planeta.
  •  Posicionamento da Igreja a favor da cultura local, do encontro intercultural e do respeito à autonomia dos povos.
  •  Valorização dos governos locais e sociedade civil no desenvolvimento sustentável, defendendo a solidariedade internacional, mas se contrapondo à internacionalização da Amazônia.
  •  Inculturação da fé e centralidade de Cristo: não é suficiente levar uma “mensagem social”. Os povos amazônicos têm “direito ao anúncio do Evangelho”; do contrário, “cada estrutura eclesial transformar-se-á em mais uma ONG”.
  •  Permanência do celibato sacerdotal. Promoção de uma “cultura eclesial própria, marcadamente laical” e “incisivo protagonismo dos leigos”  na vida da Igreja na Amazônia.
  •  Reconhecimento da importância das mulheres na Igreja, começando por Maria Santíssima. Abertura de novos espaços às mulheres, mas sem clericalizações – consequentemente, rejeição da proposta de acesso à Ordem sacra para as mulheres.

POR QUE UM TEXTO DO PAPA SOBRE A AMAZÔNIA?
Ponto 41 – “Na Amazônia, compreendem-se melhor as palavras de Bento XVI, quando dizia que, ‘ao lado da ecologia da natureza, existe uma ecologia que podemos designar “humana”, a qual, por sua vez, requer uma “ecologia social”. E isto requer que a humanidade (...) tome consciência cada vez mais das ligações existentes entre a ecologia natural, ou seja, o respeito pela natureza, e a ecologia humana’. Esta insistência em que ‘tudo está interligado’ vale especialmente para um território como a Amazônia.”

A PROPOSTA DO DOCUMENTO PAPAL
Ponto 7 – “Sonho com uma Amazônia que lute pelos direitos dos mais pobres, dos povos nativos, dos últimos, de modo que a sua voz seja ouvida e sua dignidade promovida.
Sonho com uma Amazônia que preserve a riqueza cultural que a caracteriza e na qual brilha de maneira tão variada a beleza humana.
Sonho com uma Amazônia que guarde zelosamente a sedutora beleza natural que a adorna, a vida transbordante que enche os seus rios e as suas florestas.
Sonho com comunidades cristãs capazes de se devotar e encarnar de tal modo na Amazônia, que deem à Igreja rostos novos com traços amazônicos.”

SOBRE O DOCUMENTO FINAL DO SÍNODO
Pontos 3-4 – “Nesta Exortação, preferi não citar o documento, convidando a lê-lo integralmente. Deus queira que toda a Igreja se deixe enriquecer e interpelar por este trabalho, que os pastores, os consagrados, as consagradas e os fiéis leigos da Amazônia se empenhem na sua aplicação e que, de alguma forma, possa inspirar todas as pessoas de boa vontade.”

SOBRE A ECOLOGIA INTEGRAL 
O documento papal aponta para uma ecologia integral: cuidar do meio ambiente e cuidar dos pobres são “inseparáveis”.
Ponto 8 – “O nosso sonho é o de uma Amazônia que integre e promova todos os seus habitantes, para poderem consolidar o ‘bem viver’. Mas impõe-se um grito profético e um árduo empenho em prol dos mais pobres. Pois, apesar do desastre ecológico que a Amazônia está a enfrentar, deve-se notar que ‘uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o clamor da terra quanto o clamor dos pobres’. Não serve um conservacionismo ‘que se preocupa com o bioma, porém ignora os povos amazônicos’.”
Ponto 41 – “Numa realidade cultural como a Amazônia, onde existe uma relação tão estreita do ser humano com a natureza, a vida diária é sempre cósmica. Libertar os outros das suas escravidões implica certamente cuidar do seu meio ambiente e defendê-lo e – mais importante ainda – ajudar o coração do homem a abrir-se confiadamente àquele Deus que não só criou tudo o que existe, mas, também, Se nos deu a Si mesmo em Jesus Cristo. O Senhor, que primeiro cuida de nós, ensina-nos a cuidar dos nossos irmãos e irmãs e do ambiente que Ele nos dá de presente cada dia. Esta é a primeira ecologia que precisamos.”

ATIVIDADES ECONÔMICAS PRATICADAS DE MANEIRA JUSTA E SUSTENTÁVEL
Ponto 17 – “Ao mesmo tempo em que nos deixamos tomar por uma sã indignação, lembremo-nos de que sempre é possível superar as diferentes mentalidades de colonização para construir redes de solidariedade e desenvolvimento: ‘o desafio é assegurar uma globalização na solidariedade, uma globalização sem marginalização’. Podem-se encontrar alternativas de pecuária e agricultura sustentáveis, de energias que não poluem, de fontes dignas de trabalho que não impliquem a destruição do meio ambiente e das culturas. Simultaneamente, é preciso garantir, para os indígenas e os mais pobres, uma educação adequada que desenvolva as suas capacidades e empoderamento. É precisamente nestes objetivos que se mede a verdadeira solércia e a genuína capacidade dos políticos. Não servirá para devolver aos mortos a vida que lhes foi negada, nem para compensar os sobreviventes daqueles massacres, mas ao menos para hoje sermos todos realmente humanos.”

NEOCOLONIALISMO
Os povos amazônicos, afirma, sofrem uma “sujeição”, seja por parte dos poderes locais, seja por parte dos poderes externos. Com São João Paulo II, o Papa Francisco reitera que a globalização não deve se tornar um novo colonialismo.
Ponto 14 – “Às operações econômicas, nacionais ou internacionais, que danificam a Amazônia e não respeitam o direito dos povos nativos ao território e sua demarcação, à autodeterminação e ao consentimento prévio, há que rotulá-las com o nome devido: injustiça e crime. Quando algumas empresas sedentas de lucro fácil se apropriam dos terrenos, chegando a privatizar a própria água potável, ou quando as autoridades deixam mão livre a madeireiros, a projetos mineradores ou petrolíferos e outras atividades que devastam as florestas e contaminam o ambiente, transformam-se indevidamente as relações econômicas e tornam-se um instrumento que mata. É usual lançar mão de recursos desprovidos de qualquer ética, como penalizar os protestos e mesmo tirar a vida dos indígenas que se oponham aos projetos, provocar intencionalmente incêndios florestais, ou subornar políticos e os próprios nativos. Ao acompanhar tudo isto, temos graves violações dos direitos humanos e novas escravidões que atingem especialmente as mulheres, a praga do narcotráfico que procura submeter os indígenas ou o tráfico de pessoas que se aproveita daqueles que foram expulsos de seu contexto cultural. Não podemos permitir que a globalização se transforme num ‘novo tipo de colonialismo’.”
Ponto 29 – “Na Amazônia, vivem muitos povos e nacionalidades, sendo mais de 110 os povos indígenas em isolamento voluntário (PIAV). A sua situação é fragilíssima; e muitos sentem que são os últimos depositários de um tesouro destinado a desaparecer, como se lhes fosse permitido sobreviver apenas sem perturbar, enquanto avança a colonização pós-moderna. Temos que evitar de os considerar como ‘selvagens não civilizados’; simplesmente criaram culturas diferentes e outras formas de civilização, que antigamente registraram um nível notável de desenvolvimento.”
Ponto 33 – “Quero lembrar agora que ‘a visão consumista do ser humano, incentivada pelos mecanismos da economia globalizada atual, tende a homogeneizar as culturas e a debilitar a imensa variedade cultural, que é um tesouro da humanidade’. Isto afeta muito os jovens, quando se tende a ‘dissolver as diferenças próprias do seu lugar de origem, transformá-los em sujeitos manipuláveis feitos em série’. Para evitar esta dinâmica de empobrecimento humano, é preciso amar as raízes e cuidar delas, porque são ‘um ponto de enraizamento que nos permite crescer e responder aos novos desafios’. Convido os jovens da Amazônia, especialmente os indígenas, a ‘assumir as raízes, pois das raízes provém a força que [os] fará crescer, florescer e frutificar’. Para quantos deles são batizados, incluem-se nestas raízes a história do povo de Israel e da Igreja até o dia de hoje. Conhecê-las é uma fonte de alegria e, sobretudo, de esperança que inspira ações válidas e corajosas.”

ENCONTRO INTERCULTURAL
Ponto 37 – “É a partir das nossas raízes que nos sentamos à mesa comum, lugar de diálogo e de esperanças compartilhadas. Deste modo, a diferença, que pode ser uma bandeira ou uma fronteira, transforma-se numa ponte. A identidade e o diálogo não são inimigos. A própria identidade cultural aprofunda-se e enriquece-se no diálogo com os que são diferentes, e o modo autêntico de a conservar não é um isolamento que empobrece. Por isso, não é minha intenção propor um indigenismo completamente fechado, a-histórico, estático, que se negue a toda e qualquer forma de mestiçagem. Uma cultura pode tornar-se estéril, quando ‘se fecha em si própria e procura perpetuar formas antiquadas de vida, recusando qualquer mudança e confronto com a verdade do homem’. Isto poderia parecer pouco realista, já que não é fácil proteger-se da invasão cultural. Por isso, cuidar dos valores culturais dos grupos indígenas deveria ser interesse de todos, porque a sua riqueza é também a nossa.” 

INTERESSES ECONÔMICOS E INTERNACIONALIZAÇÃO
A Igreja está a favor do papel dos governos locais e sociedade civil no desenvolvimento sustentável, ao mesmo tempo que é contra a internacionalização da Amazônia.
Ponto 50 – “Com efeito, além dos interesses econômicos de empresários e políticos locais, existem também ‘os enormes interesses econômicos internacionais’. Por isso, a solução não está numa ‘internacionalização’ da Amazônia, mas a responsabilidade dos governos nacionais torna-se mais grave. Pela mesma razão, ‘é louvável a tarefa de organismos internacionais e organizações da sociedade civil que sensibilizam as populações e colaboram de forma crítica, inclusive utilizando legítimos sistemas de pressão, para que cada governo cumpra o dever próprio e não delegável de preservar o meio ambiente e os recursos naturais do seu país, sem se vender a espúrios interesses locais ou internacionais.”

A INCULTURAÇÃO DO EVANGELHO
Ponto 67 – “São João Paulo II ensinou que a Igreja, ao apresentar a sua proposta evangélica, ‘não pretende negar a autonomia da cultura. Antes, pelo contrário, nutre por ela o maior respeito’, porque a cultura ‘não é só sujeito de redenção e de elevação; mas pode ter também um papel de mediação e de colaboração’. E, dirigindo-se aos indígenas do Continente Americano, lembrou que ‘uma fé que não se torna cultura é uma fé não de modo pleno acolhida, não inteiramente pensada, nem com fidelidade vivida’. Os desafios das culturas convidam a Igreja a uma ‘atitude de prudente sentido crítico, mas também de atenção e confiança’.”

EVANGELIZAÇÃO QUE INTEGRA O SOCIAL AO ESPIRITUAL
Ponto 62 – “Perante tantas necessidades e angústias que clamam do coração da Amazônia, é possível responder a partir de organizações sociais, recursos técnicos, espaços de debate, programas políticos… e tudo isso pode fazer parte da solução. Mas, como cristãos, não renunciamos à proposta de fé que recebemos do Evangelho. Embora queiramos empenhar-nos lado a lado com todos, não nos envergonhamos de Jesus Cristo. Para quantos O encontraram, vivem na sua amizade e se identificam com a sua mensagem, é inevitável falar d’Ele e levar aos outros a sua proposta de vida nova: ‘Ai de mim, se eu não evangelizar!’ (1 Cor 9,16).”
Ponto 64 – “Eles [os povos amazônicos] têm direito ao anúncio do Evangelho, sobretudo àquele primeiro anúncio que se chama querigma e ‘é o anúncio principal, aquele que sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar de uma forma ou de outra’. É o anúncio de um Deus que ama infinitamente cada ser humano, que manifestou plenamente este amor em Cristo crucificado por nós e ressuscitado na nossa vida. Proponho voltar a ler um breve resumo deste conteúdo no capítulo IV da Exortação Christus Vivit. Este anúncio deve ressoar constantemente na Amazônia, expresso em muitas modalidades distintas. Sem este anúncio apaixonado, cada estrutura eclesial transformar-se-á em mais uma ONG e, assim, não responderemos ao pedido de Jesus Cristo: ‘Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda criatura’ (Mc 16,15).”
Ponto 76 – “Ao mesmo tempo, a inculturação do Evangelho na Amazônia deve integrar melhor a dimensão social com a espiritual, para que os mais pobres não tenham necessidade de ir buscar fora da Igreja uma espiritualidade que dê resposta aos anseios da sua dimensão transcendente.”

A SANTIDADE COM ROSTO AMAZÔNICO
Ponto 77 – “Assim poderão nascer testemunhos de santidade com rosto amazônico, que não sejam cópias de modelos doutros lugares, santidade feita de encontro e dedicação, de contemplação e serviço, de solidão acolhedora e vida comum, de jubilosa sobriedade e luta pela justiça. Chega-se a esta santidade ‘cada um por seu caminho’, e isto aplica-se também aos povos, nos quais a graça se encarna e brilha com traços distintivos. Imaginemos uma santidade com traços amazônicos, chamada a interpelar a Igreja universal.”

A relação da Igreja Católica e as tradições espirituais indígenas
Ponto 79 – “É possível receber, de alguma forma, um símbolo indígena sem o qualificar necessariamente como idolátrico. Um mito denso de sentido espiritual pode ser valorizado, sem continuar a considerá-lo um extravio pagão. Algumas festas religiosas contêm um significado sagrado e são espaços de reunião e fraternidade, embora se exija um lento processo de purificação e maturação. Um verdadeiro missionário procura descobrir as aspirações legítimas que passam por meio das manifestações religiosas, às vezes imperfeitas, parciais ou equivocadas, e tenta dar-lhes resposta a partir duma espiritualidade inculturada.”
Ponto 80 – “Será, sem dúvida, uma espiritualidade centrada no único Deus e Senhor, mas, ao mesmo tempo, capaz de entrar em contato com as necessidades diárias das pessoas que procuram uma vida digna, querem gozar as coisas belas da existência, encontrar a paz e a harmonia, resolver as crises familiares, curar as suas doenças, ver os seus filhos crescerem felizes. O pior perigo seria afastá-los do encontro com Cristo, apresentando-O como um inimigo da alegria ou como alguém que é indiferente às aspirações e angústias humanas. Hoje é indispensável mostrar que a santidade não priva as pessoas de ‘forças, vida e alegria’.”

MINISTÉRIO SACERDOTAL E MINISTÉRIO LAICAL
Promocão de uma “cultura eclesial própria, marcadamente laical” e “incisivo protagonismo dos leigos” na vida da Igreja na Amazônia. 
Ponto 87 – “O modo de configurar a vida e o exercício do ministério dos sacerdotes não é monolítico, adquirindo matizes diferentes nos vários lugares da terra. Por isso, é importante determinar o que é mais específico do sacerdote, aquilo que não se pode delegar. A resposta está no sacramento da Ordem sacra, que o configura a Cristo sacerdote. E a primeira conclusão é que este caráter exclusivo recebido na Ordem deixa só ele habilitado para presidir à Eucaristia. Esta é a sua função específica, principal e não delegável. Alguns pensam que aquilo que distingue o sacerdote seja o poder, o fato de ser a máxima autoridade da comunidade; mas São João Paulo II explicou que, embora o sacerdócio seja considerado ‘hierárquico’, esta função não equivale a estar acima dos outros, mas ‘ordena-se integralmente à santidade dos membros do corpo místico de Cristo’. Quando se afirma que o sacerdote é sinal de ‘Cristo cabeça’, o significado principal é que Cristo constitui a fonte da graça: Ele é cabeça da Igreja ‘porque tem o poder de comunicar a graça a todos os membros da Igreja’.”
Ponto 89 – “Nas circunstâncias específicas da Amazônia, especialmente nas suas florestas e lugares mais remotos, é preciso encontrar um modo para assegurar este ministério sacerdotal. Os leigos poderão anunciar a Palavra, ensinar, organizar as suas comunidades, celebrar alguns sacramentos, buscar várias expressões para a piedade popular e desenvolver os múltiplos dons que o Espírito derrama neles. Mas precisam da celebração da Eucaristia, porque ela ‘faz a Igreja’, e chegamos a dizer que ‘nenhuma comunidade cristã se edifica sem ter a sua raiz e o seu centro na celebração da Santíssima Eucaristia’. Se acreditamos verdadeiramente que as coisas estão assim, é urgente fazer com que os povos amazônicos não estejam privados do alimento de vida nova e do sacramento do perdão.”
Ponto 92 – “Ora a Eucaristia, como fonte e cume, exige que se desenvolva esta riqueza multiforme. São necessários sacerdotes, mas isto não exclui que ordinariamente os diáconos permanentes – deveriam ser muitos mais na Amazônia –, as religiosas e os próprios leigos assumam responsabilidades importantes em ordem ao crescimento das comunidades e maturem no exercício de tais funções, graças a um adequado acompanhamento.”
Ponto 93 – “Portanto, não se trata apenas de facilitar uma presença maior de ministros ordenados que possam celebrar a Eucaristia. Isto seria um objetivo muito limitado, se não procurássemos também suscitar uma nova vida nas comunidades. Precisamos promover o encontro com a Palavra e o amadurecimento na santidade por meio de vários serviços laicais, que supõem um processo de maturação – bíblica, doutrinal, espiritual e prática – e distintos percursos de formação permanente.”
Ponto 94 – “Uma Igreja de rostos amazônicos requer a presença estável de responsáveis leigos, maduros e dotados de autoridade, que conheçam as línguas, as culturas, a experiência espiritual e o modo de viver em comunidade de cada lugar, ao mesmo tempo que deixem espaços à multiplicidade dos dons que o Espírito Santo semeia em todos. Com efeito, onde houver uma necessidade peculiar, Ele já infundiu carismas que permitam lhe dar resposta. Isto requer na Igreja capacidade para abrir estradas à audácia do Espírito, confiar e concretamente permitir o desenvolvimento duma cultura eclesial própria, marcadamente laical. Os desafios da Amazônia exigem da Igreja um esforço especial para conseguir uma presença capilar que só é possível com um incisivo protagonismo dos leigos.”

IMPORTÂNCIA DAS MULHERES NA IGREJA
Abertura de novos espaços às mulheres, mas sem clericalizações.
Ponto 99 – “Na Amazônia, há comunidades que se mantiveram e transmitiram a fé durante longo tempo, mesmo decênios, sem que algum sacerdote passasse por lá. Isto foi possível graças à presença de mulheres fortes e generosas, que batizaram, catequizaram, ensinaram a rezar, foram missionárias, certamente chamadas e impelidas pelo Espírito Santo. Durante séculos, as mulheres mantiveram a Igreja de pé nesses lugares com admirável dedicação e fé ardente. No Sínodo, elas mesmas nos comoveram a todos com o seu testemunho.”
Ponto 100 – “Isto convida-nos a alargar o horizonte para evitar reduzir a nossa compreensão da Igreja a meras estruturas funcionais. Este reducionismo levar-nos-ia a pensar que só se daria às mulheres um status e uma participação maior na Igreja se lhes fosse concedido acesso à Ordem sacra. Mas, na realidade, este horizonte limitaria as perspectivas, levar-nos-ia a clericalizar as mulheres, diminuiria o grande valor do que elas já deram e subtilmente causaria um empobrecimento da sua contribuição indispensável.”
 Ponto 103 – “Numa Igreja sinodal, as mulheres, que de fato realizam um papel central nas comunidades amazônicas, deveriam poder ter acesso a funções e inclusive serviços eclesiais que não requeiram a Ordem sacra e permitam expressar melhor o seu lugar próprio. Convém recordar que tais serviços implicam uma estabilidade, um reconhecimento público e um envio por parte do bispo. Daqui resulta também que as mulheres tenham uma incidência real e efetiva na organização, nas decisões mais importantes e na guia das comunidades, mas sem deixar de o fazer no estilo próprio do seu perfil feminino.”

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Dom José Roberto Fortes Palau assumirá, em 18 de janeiro, a Diocese de Limeira (SP)

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04 de dezembro de 2019

O Papa Francisco nomeou, no dia 20, Dom José Roberto Fortes Palau como Bispo Diocesano de Limeira (SP). 
Em entrevista à rádio 9 de Julho, Dom José Roberto falou sobre a surpresa pela nomeação e a felicidade pela confiança depositada pelo Papa Francisco. Também declarou que só levará coisas boas da Arquidiocese de São Paulo, em que atua como Bispo Auxiliar desde junho de 2014. 
“Aqui foi onde aprendi a ser bispo, pois cheguei recém-ordenado e aprendi muito com os padres, com o povo de São Paulo e meus irmãos bispos. Uma coisa que enriquece muito é a convivência entre os bispos auxiliares e nosso Arcebispo, Dom Odilo. Isso nos ajuda muito no exercício do nosso ministério episcopal”, afirmou.
Dom José Roberto também falou sobre sua expectativa em assumir uma diocese repleta de história: “Vou procurar caminhar junto com os padres e o povo de Deus da Diocese de Limeira. Vou estar junto com eles como bispo, fortalecê-
-los na fé, trazer serenidade e força. Nós sabemos que o Bispo tem que ser uma referência para uma Igreja particular, e é isso que pretendo ser em Limeira”. 
Em mensagem ao Bispo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, agradeceu-lhe os anos de trabalho na Arquidiocese, “especialmente na Região Episcopal Ipiranga, no acompanhamento da Pastoral Vocacional e na formação sacerdotal nos seminários. Sentiremos sua falta!”, expressou. “Tenha a certeza de nossas orações e da amizade fraterna, que se aprofunda e cresce na medida em que somos participantes do múnus de apascentar a única grei do Senhor, de quem somos ministros e servidores”, também escreveu o Arcebispo. 
A posse de Dom José Roberto na Diocese de Limeira será em 18 de janeiro, às 17h, em local a ser anunciado. Já a missa em ação de graças e de despedida da Arquidiocese de São Paulo será em 21 de dezembro, às 17h, na Paróquia Imaculada Conceição (Avenida Nazaré, 993, no Ipiranga). 

HISTÓRICO 
Dom José Roberto nasceu em Jacareí (SP), em 9 de abril de 1965.  Foi ordenado sacerdote em 6 de fevereiro de 1993, sendo incardinado no clero da Diocese de São José dos Campos (SP). Em 30 de abril de 2014, foi nomeado bispo auxiliar para a Arquidiocese de São Paulo pelo Papa Francisco, tendo sua ordenação episcopal ocorrida em 21 de junho do mesmo ano, em São José dos Campos, pela imposição das mãos do Cardeal Scherer, que, posteriormente, o designou como Vigário Episcopal para a Região Ipiranga da Arquidiocese de São Paulo. 
Ele é mestre em Teologia da Espiritualidade pela Pontifícia Faculdade de Teologia Teresianum (Roma, 1994-1996) e doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (2003-2007). Na Diocese de São José dos Campos, atuou como reitor do Seminário de Teologia (2000 a 2009), Vigário-geral (2005 a 2013), fez parte do Conselho de Presbíteros (1997 a 2013) e exerceu a função de pároco em duas paróquias. 
 

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Papa anuncia 13 novos cardeais e mostra o rosto da Igreja missionária

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16 de outubro de 2019

Em um anúncio inesperado durante a oração do Ângelus, no domingo, dia 1º, o Papa Francisco afirmou que criará 13 cardeais da Igreja. Desses, dez serão cardeais eleitores, ou seja, têm menos de 80 anos de idade e podem participar de um eventual conclave para escolher o novo Papa. Os outros três têm mais de 80 anos e entram para o colégio cardinalício por causa de sua grande dedicação à Igreja, reconhecida pelo Pontífice.


A cerimônia em que entregará o barrete aos novos cardeais será em 5 de outubro, véspera do início do Sínodo dos Bispos sobre a Amazônia. O consistório é um encontro do Papa com todos os cardeais presentes em Roma.


Entre os novos escolhidos, está o Padre Michael Czerny, jesuíta, que é nascido na República Tcheca e foi criado no Canadá, e atualmente é responsável pela seção que cuida dos migrantes e refugiados no Vaticano. Ele também será o Secretário Especial do Sínodo sobre a Amazônia, e estava no Brasil quando soube da notícia de sua nomeação.

Igreja missionária
Além dele, o Arcebispo de Rabat, no Marrocos, Dom Cristóbal López Romero, tem forte trabalho de diálogo com a comunidade muçulmana, assim como o atual Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Dom Miguel Ángel Ayuso Guixot, e o ex-presidente do mesmo órgão, Dom Michael Fitzgerald. O Arcebispo de Bolonha, na Itália, Dom Matteo Zuppi, é membro de uma comunidade que trabalha com os pobres, a Comunidade de Santo Egídio; e o Arcebispo de Luxemburgo, Dom Jean-Claude Höllerich, jesuíta como o Papa, defende a unidade da Europa e viveu por anos no Japão.


Mais uma vez, a escolha dos nomes foi marcada pela intenção do Papa Francisco de dar mais espaço a membros de países pouco representados, na tentativa de internacionalizar o colégio de cardeais. (Veja, ao lado, a lista completa.)


“A proveniência [dos novos cardeais] exprime a vocação missionária da Igreja que continua a anunciar o amor misericordioso de Deus a todos os homens da Terra”, afirmou o Pontífice. Os dez novos eleitores vêm da Espanha, Portugal, Indonésia, Cuba, República Democrática do Congo, Luxemburgo, Guatemala, Itália, Marrocos e Canadá.


De acordo com o diretor editorial do site Vatican News, Andrea Tornielli, essa decisão do Papa mostra sua escolha de priorizar o caráter missionário da Igreja. “Desses 13, são oito os que pertencem a ordens religiosas missionárias”, observou Tornielli. “São pessoas que passaram suas vidas na fronteira da missão. O Papa, com isso, nos recorda que a Igreja é missionária”, explicou, em vídeo publicado no site.

 

Eleitores
1.    Dom Miguel Ángel Ayuso Guixot, mccj – Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso (Espanha).
2.    Dom José Tolentino Calaça de Mendonça – Arquivista e Bibliotecário da Santa Romana Igreja (Portugal).
3.    Dom Ignatius Suharyo Hardjoatmodjo – Arcebispo de Jacarta (Indonésia).
4.    Dom Juan de la Caridad García Rodríguez – Arcebispo de San Cristóbal de la Habana (Cuba).
5.    Dom Fridolin Ambongo Besungu, o.f.m. cap – Arcebispo de Kinshasa (República Democrática do Congo)
6.    Dom Jean-Claude Höllerich, sj – Arcebispo de Luxemburgo (Luxemburgo).
7.    Dom Álvaro Leonel Ramazzini Imeri – Arcebispo de Huehuetenango (Guatemala).
8.    Dom Matteo Zuppi – Arcebispo de Bolonha (Itália).
9.    Dom Cristóbal López Romero, sdb – Arcebispo de Rabat (Marrocos).
10.    Padre Michael Czerny, SJ, Subsecretário da Seção de Migrantes – Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral (República Tcheca/Canadá)

Não eleitores
1.    Dom Michael Louis Fitzgerald, m. Afr. – Arcebispo Emérito de Nepte (Inglaterra).
2.    Dom Sigitas Tamkevičius, sj – Arcebispo Emérito de Kaunas (Lituânia).
3.    Dom Eugenio Dal Corso, psdp – Arcebispo Emérito de Benguela (Angola/Itália).

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Papa Francisco chega a Moçambique

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04 de setembro de 2019

O Papa Francisco já se encontra em território moçambicano. O avião da companhia de bandeira italiana chegou a Maputo, capital de Moçambique, às 18h07 (hora local) dando início à sua 31ª viagem apostólica, que o levará também a Madagascar e Maurício.

Depois de mais 10h30 de voo e de percorrer 7.836 quilômetros Francisco chegou à capital moçambicana. O avião papal sobrevoou, além da Itália, mais oito países: Grécia, Egito, Sudão, Sudão do Sul, Uganda, Tanzânia, Malauí e Zâmbia. 

No aeroporto, o Pontífice foi acolhido pelo presidente da República, Filipe Jacinto Nyusi, e pela primeira-dama. Duas crianças vestidas com trajes tradicionais ofereceram flores ao Papa. Presentes também um grupo de fiéis e demais autoridades civis e eclesiásticas.

Depois da execução dos hinos e das honras militares, houve a apresentação das delegações e a saudação aos bispos de Moçambique. Não teve discursos.

Do aeroporto, Francisco percorre mais 7 quilômetros de papamóvel até a nunciatura apostólica, onde pernoitará durante sua visita ao país.

As atividades oficiais do Papa terão início nesta quinta-feira, com a visita de cortesia ao presidente no palácio presidencial "Ponta Vermelha" e o encontro com as autoridades, com a sociedade civil e o corpo diplomático. 

O encontro com 12 migrantes

Antes de deixar sua residência, a Casa Santa Marta, o Papa recebeu 12 pessoas acolhidas pelo Centro Astalli e pela Comunidade de Santo Egídio, provenientes de Moçambique, Madagascar e Maurício. O grupo estava acompanhado pelo Esmoleiro, cardeal Konrad Krajewski.

Consolidar a reconciliação

Na manhã desta quarta-feira, com um tuíte, Francisco convidou os fiéis a se unirem a ele em oração, para que "Deus, Pai de todos, consolide em toda a África a reconciliação fraterna, única esperança para uma paz sólida e duradoura". 

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O que esperar da viagem do Papa à África?

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16 de outubro de 2019

Três países numa só viagem. O Papa Francisco voltará ao continente africano em sua viagem apostólica a Moçambique, Madagascar e Ilhas Maurício entre 4 e 10 de setembro.


É a quarta vez que ele pisa na África como Papa. A primeira foi em novembro de 2015, quando visitou o Quênia, Uganda e a República Centro-Africana, onde abriu o Jubileu Extraordinário da Misericórdia. A segunda foi em abril de 2017, quando esteve no Egito. E, em maio deste ano, Francisco foi ao Marrocos – País onde também prevalece a cultura árabe, mas que, como o Egito, fica no norte da África.


Portanto, pode-se dizer que esta será a segunda ida do Papa à África chamada “subsaariana”, a região que está ao sul do deserto do Saara. Mas o que esperar desta viagem apostólica, que é a 31ª do Papa Francisco?

Peregrino da paz


Como sempre, o Papa Francisco viaja como peregrino da paz. Vários povos africanos enfrentam dificuldades, tanto do ponto de vista da pobreza e dos problemas sociais quanto dos conflitos étnicos e políticos.


Moçambique acaba de sair de um longo período de conflitos armados, no qual os rebeldes da milícia (e partido político) chamada Renamo lutavam contra o governo. A disputa pelo poder ainda estava relacionada com a sangrenta guerra civil do País, que terminou em 1994.


Após 16 anos de conflitos e mortes, um acordo de paz foi firmado em 1992, mas os confrontos recomeçaram diversas vezes até 1994; e, mais recentemente, em 2013, entre governo e oposição. Depois de muita negociação, no início de agosto deste ano, foi assinado um novo acordo de paz.


O atual presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, reuniu-se com o líder da Renamo, Ossufo Momade, e, finalmente alcançaram o cessar-fogo. O acordo pediu o desarmamento imediato e a reintegração de mais de 5 mil rebeldes na sociedade – segundo a agência de notícias Associated Press. O País realizará eleições em 15 de outubro deste ano, e Momade afirmou que participará do pleito de forma pacífica. Entretanto, poucos rebeldes realmente entregaram suas armas, o que deixa o acordo enfraquecido.


“Estamos em um momento de trégua”, lembrou o Padre Bernardo Suate, responsável pela seção Portuguesa da Rádio Vaticano/Vatican News, em conversa com jornalistas em Roma. “Esperamos que a chegada do Papa Francisco possa ser uma ocasião para estabelecer no País uma paz efetiva, sólida e duradoura”, disse, conforme relatou à agência italiana SIR, em 14 de junho.


A chegada do Papa ao País, acrescentou, é como “um bálsamo para as nossas feridas”. Moçambique também enfrenta ameaças isoladas e grupos terroristas islâmicos, o que agrava uma situação já delicada. “Em meio a tantos problemas, desafios e guerras, o povo de Deus perseverou na fé. Definimo-nos como uma Igreja das pequenas comunidades, uma Igreja-família”, declarou o Padre.

Novos ares na região


Vale lembrar que Moçambique, assim como Zimbábue e Malawi, acabou de passar pelo duro impacto de um ciclone, o Idai, que atingiu a região em março deste ano. Mais de 1,3 mil pessoas morreram e outras centenas de milhares perderam suas casas.


A visita do Papa, portanto, busca levar conforto a essa região. Em entrevista à revista norte-americana America Magazine, o Padre jesuíta Agbonkhianmeghe Orobator, que é Presidente da Conferência dos Superiores Gerais da África e de Madagascar, explicou que o Papa levará “novos ares” ao continente que tem 54 países e 1,3 bilhão de pessoas, que correspondem a 17% da população mundial.


“Pense no ciclone Idai e suas consequências devastadoras ou nas múltiplas tragédias que o povo Malagasy teve de sofrer recentemente. E as incertezas políticas nas Ilhas Maurício”, afirmou o Padre ao vaticanista irlandês Gerard O’Connell. 


O povo Malagasy é nativo de Madagascar, a quarta maior ilha do mundo. O País vem necessitando de ajuda humanitária frequente por causa da má distribuição de renda e de duras secas.


Cerca de 80% da população de Madagascar, que tem um total de 24 milhões de habitantes, está envolvida na agricultura. Contraditoriamente, quase metade de toda a população do País se encontra em situação de insegurança alimentar, de acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU).

Esperança entre os líderes


Já as Ilhas Maurício têm 1,3 milhão de habitantes e são muito vulneráveis a eventos climáticos, como ciclones e enchentes. O País conseguiu atingir um nível econômico médio, mas enfrenta, cada vez mais, um aumento da desigualdade social.


Com um sistema parlamentarista de vários partidos, o País tem dificuldades de manter um governo estável. Diferentes coalizões vêm se intercalando no poder, em meio a escândalos financeiros e disputas internas.


De acordo com o Padre Agbonkhianmeghe, o Papa Francisco leva esperança a uma região do mundo onde faltam líderes capazes de entusiasmar o povo. O Sacerdote afirma, na entrevista à revista americana, que “tudo o que vai mal na África pode remeter ao seu déficit de liderança – seja a corrupção, a violência, a pobreza, o desemprego, a migração ou a desfuncionalidade política”.


“Nossos líderes têm muito a aprender do estilo de liderança pastoral do Papa Francisco”, disse à America Magazine. “A África é abençoada com uma abundância de recursos humanos, naturais e materiais. As pessoas são o maior ativo do continente.”

Principais momentos


Conforme a programação da viagem divulgada pelo Vaticano, o Papa partirá para a capital de Moçambique, Maputo, na tarde da quarta-feira, 4 de setembro. Além de se encontrar com autoridades civis e religiosas do País, ele terá um encontro inter-religioso com jovens moçambicanos na quinta-feira, 5 de setembro. Visitará, também, obras sociais e um hospital.


O Pontífice chegará a Antananarivo, capital de Madagascar, na manhã do sábado, 7 de setembro. Novamente vai se reunir com autoridades civis, bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas do País. E, de novo, terá um encontro com jovens, sinalizando grande atenção à “Igreja jovem” da região africana e das ilhas vizinhas.


O Santo Padre visitará, ainda, o túmulo da Beata Victoire Rasoamanarivo, uma mulher leiga de Madagascar que dedicou sua vida aos mais necessitados. Também em Antananarivo, o Papa terá um encontro com trabalhadores e visitará uma obra social. A missa na manhã do domingo, 8 de setembro, será no “Campo Diocesano”.


Francisco chegará às Ilhas Maurício na segunda-feira, 9 de setembro, na capital, Port Louis. A visita ali será breve: ele só terá tempo para se encontrar com os bispos e as autoridades civis, mas uma missa pública será celebrada no “Monumento de Maria”. O retorno a Roma é previsto para a terça-feira, dia 10.

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‘Jovens, sejam educados à transcendência’, exorta Francisco

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15 de agosto de 2019

“A educação com horizontes abertos à transcendência ajuda os jovens a sonhar e a construir um mundo mais bonito. #IYD2019”. Com este tweet, o Papa Francisco recordou, na segunda-feira, 12, o Dia Internacional da Juventude. 


A data foi instituída pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1999, 20 anos atrás, com a finalidade de promover o papel dos jovens como parceiros essenciais nos processos de transformação, e gerar um espaço para a conscientização sobre os desafios e problemas que a juventude enfrenta.


O tema deste ano é “Transformando a educação”, inspirado no Objetivo número 4 da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável: “Garantir uma educação de qualidade inclusiva e equitativa, e promover oportunidades de aprendizagem no decorrer da vida para todos”.
Atualmente, existe no mundo 1,8 bilhão de jovens entre 10 e 24 anos. Trata-se da maior população juvenil da História. Todavia, mais da metade das crianças entre 6 e 14 anos não sabe ler nem tem conhecimento básico de matemática, embora a maioria frequente a escola.
Em seus inúmeros pronunciamentos sobre o tema, o Papa Francisco destaca a importância do “acolhimento da diversidade” e que as diferenças devem ser consideradas como “desafios, mas desafios positivos, não problemas”. O desafio educativo, segundo o Pontífice, está ligado “ao desafio antropológico”.


Outro tema presente nos pilares educativos do Papa é “a inquietação entendida como motor de educação”. Por isso, “o apelo aos educadores para que sejam audaciosos e criativos” e para que nunca se tornem “funcionários fundamentalistas ligados à rigidez de planificações”. Enfim, para Francisco, “a educação não é uma técnica, mas uma fecundidade generativa”; “a educação é um fato familiar que implica a relação entre as gerações e a narração de uma experiência”. (JFF)
 

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