INTERNACIONAL

SÍNODO PARA A AMAZÔNIA

Sínodo continua a discutir caminhos para a evangelização na Amazônia

Por Fernando Geronazzo
16 de outubro de 2019

Presidida pelo Papa Francisco, cada participante inscrito apresenta, em até quatro minutos, suas reflexões a respeito dos principais temas do Sínodo a partir de suas experiências locais e do que é destacado no Instrumentum Laboris (Instrumento de Trabalho), texto que serve de base para as discussões sinodais. 
 

Vatican Media

Na terça-feira, 15, terminou o segundo bloco de intervenções individuais do Sínodo dos Bispos para a Amazônia. Nessas sessões, chamadas de Congregações Gerais, presididas pelo Papa Francisco, cada participante inscrito apresenta, em até quatro minutos, suas reflexões a respeito dos principais temas do Sínodo a partir de suas experiências locais e do que é destacado no Instrumentum Laboris (Instrumento de Trabalho), texto que serve de base para as discussões sinodais. 


Na quarta-feira, 16, e na quinta-feira, 17, acontece um novo momento com os círculos menores, nos quais grupos separados por idiomas aprofundam os temas apresentados. São quatro grupos de língua portuguesa, cinco grupos de língua espanhola, dois de italiano e um grupo de inglês e francês. Cada grupo possui um moderador e um relator.


O Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito da Arquidiocese de São Paulo e Relator-Geral do Sínodo, fez um balanço positivo dos trabalhos sinodais até o momento. Ele ressaltou a sinceridade, coragem e transparência dos participantes, como foi pedido pelo Papa Francisco na abertura da Assembleia.


“Nós não estamos aqui como em um parlamento, em que dois ou três partidos estão votando para ver quem ganha. O Papa sempre disse que devemos chegar a uma comunhão de ideias”, afirmou Dom Cláudio ao Vatican News.

ASSUNTOS
A maioria dos pronunciamentos feitos pelos participantes do Sínodo chamou a atenção para a questão ecológica e o impacto da degradação ambiental para a vida dos povos amazônicos e para o planeta. Alguns bispos também manifestaram a preocupação com a violência causada pelos constantes confrontos por terra e a ameaça aos povos indígenas.


A violação de direitos humanos, a criminalização dos movimentos populares e o fenômeno migratório foram outros assuntos destacados nas Congregações Gerais.

FORMAÇÃO
Quanto à formação dos responsáveis pela evangelização, salientaram-se os numerosos desafios da atualidade, entre os quais o secularismo, a indiferença religiosa e o crescimento de igrejas neopentecostais.


Foram apresentadas sugestões como: uma formação básica nas paróquias, com leitura e meditação da Palavra de Deus; uma formação intensiva em tempo integral, destinada a animadores das comunidades; e uma formação teológica sistemática para os candidatos aos ministérios ordenados e para os leigos.


Também foi evidenciada a urgência de transmitir a fé, motivar os jovens a construir o próprio projeto de vida, promover o cuidado da “Casa Comum”, aumentar a rejeição à chaga do tráfico de pessoas, combater o analfabetismo e o abandono escolar.

MINISTÉRIOS
Por diversas vezes, a questão da escassez de sacerdotes foi tema de intervenções dos bispos. Uma das propostas é o estudo da possibilidade de ordenar homens casados, de fé comprovada nas comunidades. No entanto, não há um consenso de que essa seja a única solução.


Outra sugestão é o fomento de um trabalho vocacional voltado para os indígenas. Alguns bispos confirmaram que essas vocações já existem. “Há dois anos, apresentaram-se 16 jovens Xavante, à comunidade indígena católica da minha diocese, que querem ser diáconos e sacerdotes missionários em sua própria terra”, relatou Dom Adriano Ciocca Vasino, Bispo Prelado de São Félix (MT), em entrevista coletiva no sábado, 12.


“Mas, francamente, eu não sei como fazer para formá-los adequadamente. Estou procurando novos caminhos, também com os líderes das comunidades”, admitiu o Bispo, chamando a atenção para o fato de os seminários ainda não estarem preparados para acolher vocações indígenas.


Os debates sinodais reforçaram a necessidade de uma Igreja presente na Amazônia, não somente por meio dos sacerdotes e bispos, mas também de colaboradores leigos, homens e mulheres. 

ARTICULAÇÃO DOS TEMAS
O Secretário da Comissão para a Comunicação do Sínodo, Padre Giacomo Costa, chamou a atenção para a conexão existente entre os temas. “É um verdadeiro exercício de articulação entre o local e o universal, mantendo o foco sobre a região amazônica e, ao mesmo tempo, perceber o quanto isso influencia toda a Igreja para que ela possa contribuir em uma região tão particular”, disse.


A próxima e última semana do Sínodo será dedicada à apresentação do projeto do Documento Final do Sínodo e a discussão em torno do texto para, enfim, ser votado pelos padres sinodais e entregue ao Papa como resultado do processo consultivo próprio do Sínodo. 
As decisões e eventuais deliberações são de responsabilidade inteira do Santo Padre, que poderá publicar uma exortação pós-sinodal.  

(Com informações de Vatican News)

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