Papa decide abrir departamento no Vaticano dedicado à Amazônia

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30 de outubro de 2019

Após a votação do documento final do Sínodo dos Bispos para a Amazônia (leia mais em: Documento final: conversão integral, pastoral, ecológica e sinodal), o Papa Francisco anunciou que pretende criar uma nova sessão dentro do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral voltada somente para as questões da Amazônia. No discurso improvisado, no domingo, 27, ele também disse que pretende escrever uma exortação apostólica pós-sinodal ainda neste ano de 2019.
Além disso, no mesmo discurso, o Papa recordou o amadurecimento do pensamento da Igreja sobre as questões ecológicas e ambientais. Inspirados na tradição da Igreja – que fica evidente já nos textos de São Francisco de Assis –, esses ensinamentos se desenvolveram ao longo dos anos. 
Uma pessoa que contribuiu muito, disse o Papa, foi o Patriarca Ecumênico Bartolomeu, um dos maiores líderes da Igreja Ortodoxa, que havia alguns anos vinha alertando para o cuidado da “casa comum”. Em seguida, a Encíclica Laudato Si’ consolidou esse ensinamento e teve grande influência no debate internacional que levou ao acordo climático de Paris, em 2015.
Francisco fez agradecimentos a todos os participantes da assembleia, em especial aos membros de comunidades indígenas e aos missionários que deixaram suas terras para evangelizar a Amazônia.
O Papa também comentou que, dando seguimento aos debates do Sínodo, será avaliada pela Congregação para o Culto Divino a possibilidade de se adaptarem liturgias para o contexto da Amazônia. Ele também informou que pretende reabrir a comissão do Vaticano que vinha estudando a história do diaconato e como as mulheres exerciam os ministérios de serviço na história da Igreja, para que se obtenha mais clareza sobre o tema.

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Sínodo continua a discutir caminhos para a evangelização na Amazônia

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16 de outubro de 2019

Na terça-feira, 15, terminou o segundo bloco de intervenções individuais do Sínodo dos Bispos para a Amazônia. Nessas sessões, chamadas de Congregações Gerais, presididas pelo Papa Francisco, cada participante inscrito apresenta, em até quatro minutos, suas reflexões a respeito dos principais temas do Sínodo a partir de suas experiências locais e do que é destacado no Instrumentum Laboris (Instrumento de Trabalho), texto que serve de base para as discussões sinodais. 


Na quarta-feira, 16, e na quinta-feira, 17, acontece um novo momento com os círculos menores, nos quais grupos separados por idiomas aprofundam os temas apresentados. São quatro grupos de língua portuguesa, cinco grupos de língua espanhola, dois de italiano e um grupo de inglês e francês. Cada grupo possui um moderador e um relator.


O Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito da Arquidiocese de São Paulo e Relator-Geral do Sínodo, fez um balanço positivo dos trabalhos sinodais até o momento. Ele ressaltou a sinceridade, coragem e transparência dos participantes, como foi pedido pelo Papa Francisco na abertura da Assembleia.


“Nós não estamos aqui como em um parlamento, em que dois ou três partidos estão votando para ver quem ganha. O Papa sempre disse que devemos chegar a uma comunhão de ideias”, afirmou Dom Cláudio ao Vatican News.

ASSUNTOS
A maioria dos pronunciamentos feitos pelos participantes do Sínodo chamou a atenção para a questão ecológica e o impacto da degradação ambiental para a vida dos povos amazônicos e para o planeta. Alguns bispos também manifestaram a preocupação com a violência causada pelos constantes confrontos por terra e a ameaça aos povos indígenas.


A violação de direitos humanos, a criminalização dos movimentos populares e o fenômeno migratório foram outros assuntos destacados nas Congregações Gerais.

FORMAÇÃO
Quanto à formação dos responsáveis pela evangelização, salientaram-se os numerosos desafios da atualidade, entre os quais o secularismo, a indiferença religiosa e o crescimento de igrejas neopentecostais.


Foram apresentadas sugestões como: uma formação básica nas paróquias, com leitura e meditação da Palavra de Deus; uma formação intensiva em tempo integral, destinada a animadores das comunidades; e uma formação teológica sistemática para os candidatos aos ministérios ordenados e para os leigos.


Também foi evidenciada a urgência de transmitir a fé, motivar os jovens a construir o próprio projeto de vida, promover o cuidado da “Casa Comum”, aumentar a rejeição à chaga do tráfico de pessoas, combater o analfabetismo e o abandono escolar.

MINISTÉRIOS
Por diversas vezes, a questão da escassez de sacerdotes foi tema de intervenções dos bispos. Uma das propostas é o estudo da possibilidade de ordenar homens casados, de fé comprovada nas comunidades. No entanto, não há um consenso de que essa seja a única solução.


Outra sugestão é o fomento de um trabalho vocacional voltado para os indígenas. Alguns bispos confirmaram que essas vocações já existem. “Há dois anos, apresentaram-se 16 jovens Xavante, à comunidade indígena católica da minha diocese, que querem ser diáconos e sacerdotes missionários em sua própria terra”, relatou Dom Adriano Ciocca Vasino, Bispo Prelado de São Félix (MT), em entrevista coletiva no sábado, 12.


“Mas, francamente, eu não sei como fazer para formá-los adequadamente. Estou procurando novos caminhos, também com os líderes das comunidades”, admitiu o Bispo, chamando a atenção para o fato de os seminários ainda não estarem preparados para acolher vocações indígenas.


Os debates sinodais reforçaram a necessidade de uma Igreja presente na Amazônia, não somente por meio dos sacerdotes e bispos, mas também de colaboradores leigos, homens e mulheres. 

ARTICULAÇÃO DOS TEMAS
O Secretário da Comissão para a Comunicação do Sínodo, Padre Giacomo Costa, chamou a atenção para a conexão existente entre os temas. “É um verdadeiro exercício de articulação entre o local e o universal, mantendo o foco sobre a região amazônica e, ao mesmo tempo, perceber o quanto isso influencia toda a Igreja para que ela possa contribuir em uma região tão particular”, disse.


A próxima e última semana do Sínodo será dedicada à apresentação do projeto do Documento Final do Sínodo e a discussão em torno do texto para, enfim, ser votado pelos padres sinodais e entregue ao Papa como resultado do processo consultivo próprio do Sínodo. 
As decisões e eventuais deliberações são de responsabilidade inteira do Santo Padre, que poderá publicar uma exortação pós-sinodal.  

(Com informações de Vatican News)

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Sínodo vai discutir os grandes desafios pastorais e socioambientais da Amazônia

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16 de outubro de 2019

O Padre Adelson Araújo dos Santos é o único jesuíta brasileiro que atua como professor na Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Ele dá aulas na Faculdade de Espiritualidade. Nascido em Manaus (AM), ele foi do coração da região amazônica direto para Roma, e levou consigo um pouco do jeito “amazônico” de viver a fé. Recentemente, Padre Adelson foi nomeado pelo Papa Francisco como um dos peritos do Sínodo para a Amazônia, que será realizado entre os dias 6 e 27 de outubro. O SÃO PAULO perguntou a ele o porquê de a Igreja se concentrar na Amazônia neste momento histórico, a pedido do Papa. Veja o que ele respondeu, na entrevista a seguir.

O SÃO PAULO POR QUE O PAPA FRANCISCO CONVOCOU UM SÍNODO PARA A AMAZÔNIA?
Padre Adelson Araújo dos Santos – Não há dúvidas de que o Papa Francisco tenha uma particular preocupação com a região amazônica. Quando esteve no Brasil, para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em 2013, ele quis se reunir com todos os bispos da América Latina, no Rio de Janeiro, para lhes falar que a Amazônia seria uma provação para a Igreja. Depois, veio a criação da Comissão Episcopal da Amazônia, ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o surgimento da Rede Eclesial Pan-Amazônica (Repam), a publicação da encíclica Laudato Si’, na qual a Amazônia é citada e, por fim, a convocação de um sínodo especial, para discutir os grandes desafios pastorais e socioambientais da região.

A DEFESA DO MEIO AMBIENTE É UMA NOVIDADE NA IGREJA?
Não podemos esquecer que a Igreja sempre se posicionou a favor da vida e denunciou, também, as ameaças que pairam sobre os povos tradicionais amazônicos e toda a fauna e flora.


Já São Paulo VI escrevia aos bispos da Amazônia em 1972, afirmando que “Cristo aponta para a Amazônia”. E São João Paulo II fez questão de se encontrar com lideranças indígenas amazônicas em suas vindas ao Brasil, às quais disse: “A Igreja, queridos irmãos índios, tem estado e continuará a estar sempre a seu lado, para defender a dignidade de seres humanos, para defender o direito a ter uma vida própria e tranquila, no respeito aos valores positivos das suas tradições, costumes e culturas. Tenho recebido, com grande dor, as notícias que me chegam sobre violações desses direitos, motivadas pela ganância e por interesses escusos, com graves repercussões sobre a vida, a saúde e a sobrevivência de alguns grupos indígenas. Peço a Deus que ilumine a todos os responsáveis pelo bem comum deste País, para que se encontrem soluções sábias e eficientes para essas situações lastimáveis” (Cuiabá, 16/10/1991).


Também o Papa Emérito Bento XVI, no encontro com milhares de jovens no Estádio do Pacaembu, em São Paulo (SP), disse: “‘Nossos bosques têm mais vida’: não deixeis que se apague esta chama de esperança que o vosso Hino Nacional põe em vossos lábios. A devastação ambiental da Amazônia e as ameaças à dignidade humana de suas populações requerem um maior compromisso nos mais diversos espaços de ação que a sociedade vem solicitando”.

QUE TIPO DE TEMA SERÁ DISCUTIDO NESTE SÍNODO?
O tema “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral” já aponta para a reflexão e o discernimento do que Deus está nos falando, apontando caminhos a serem seguidos e práticas a serem implementadas naquela região, com o apoio e a participação de toda a Igreja, a partir da liderança do Vigário de Cristo, em Roma.


Assim, de um lado, o Papa deseja que se descubram novos caminhos de evangelização, desde as suas populações originárias (indígenas), às grandes populações urbanas das periferias das cidades. E ele também chama a atenção para o cuidado que devemos ter para com a nossa “Casa Comum”, o planeta onde habitamos, que tem na Amazônia recursos naturais essenciais.

QUAIS SÃO AS MAIORES DIFICULDADES DA IGREJA NA AMAZÔNIA?
Há ainda uma enorme carência de sacerdotes, pessoas de vida consagrada e lideranças leigas bem formadas para atender as populações ribeirinhas, espalhadas ao longo dos rios ou no interior da floresta, onde o acesso é difícil e os recursos são escassos.


Visitando essas comunidades, vemos a diferença gritante que ainda existe dentro da nossa própria Igreja, na distribuição dos recursos humanos e materiais, geograficamente ainda muito concentrados no Centro-Sul do País.


Além disso, o êxodo rural inchou as capitais amazônicas de imensos bairros pobres, onde antigas populações indígenas e ribeirinhas agora vivem em completo abandono por parte do poder público, mas também são pouco acompanhadas pastoralmente, pois “a messe é grande, mas poucos os operários”. Isso as torna mais expostas à cooptação por novas seitas e certos tipos de teologia da prosperidade.


Já na questão socioambiental, o desafio é continuar defendendo de maneira profética a vida, de tantas formas ameaçada na Amazônia, não só pela destruição da floresta, mas também pelo desrespeito aos direitos dos povos que ali já estavam antes da chegada dos portugueses. E a violência no campo, o tráfico e a exploração sexual, a contaminação dos rios etc. 

COMO O SÍNODO SE RELACIONA COM A ENCÍCLICA LAUDATO SI’?
O Sínodo é filho da Laudato Si’, cuja leitura se faz imprescindível se quisermos entender o que motivou o Papa Francisco a convocá-lo. Ali, ele explica o que é “ecologia integral”, “Casa Comum” etc. E o nome da Encíclica já aponta para a fundamentação teológico-espiritual deste documento, pois é um chamado a cuidar bem da obra da criação divina, louvando o Criador de todas as coisas.

QUE TIPO DE RESOLUÇÃO OU DECISÃO PODE SAIR DO SÍNODO?
Os sínodos não possuem caráter deliberativo, não são assembleias de discussão e votação de decisões. São, antes, um espaço de discernimento e de consulta, por parte do Santo Padre, sobre determinado tema, que já teve início antes mesmo do próprio Sínodo, nas diversas reuniões e eventos realizados pelas igrejas da Amazônia. 


Contudo, algum tempo após a realização do Sínodo, é comum que o Papa escreva uma Exortação Apostólica, na qual suas conclusões a respeito dos temas refletidos são comunicadas aos católicos do mundo inteiro, com orientações que toda a Igreja deve seguir. 

DE QUE FORMA O SÍNODO PODE INFLUENCIAR A SOCIEDADE, PARA ALÉM DA IGREJA?
Em um mundo marcado pelo desencanto com os líderes políticos e a fragmentação de valores e princípios éticos, sabemos que o Papa Francisco tem sido uma das poucas lideranças mundiais que despertam o respeito e a admiração de milhares de pessoas, dentro e fora da Igreja e do próprio Cristianismo, de modo que a sua opinião tem peso mundial, podendo ajudar a humanidade a não se autodestruir.

QUANDO PENSAMOS NA “IGREJA EM SAÍDA” NA AMAZÔNIA, O QUE ISSO QUER DIZER?
Significa que temos de voltar a ter a liberdade, o despojamento e a leveza evangélica dos primeiros evangelizadores de nossas terras, que deixaram suas zonas de conforto na Europa e vieram viver com os primeiros brasileiros, como fez, aos 19 anos, São José de Anchieta, cujo testemunho de amor e doação de vida pelos índios deixou marcas para sempre na história do Brasil. Quantos jovens teriam hoje a mesma coragem?

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São Francisco de Assis: ‘Senhor, fazei de mim um instrumento da vossa paz’

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07 de outubro de 2019

No dia 04 de outubro, a Igreja celebra a memória litúrgica de São Francisco de Assis, Padroeiro da natureza e dos animais e um dos mais populares santos da história.

Filho de Pedro e Pia Bernardone, nasceu em Assis, na Itália, em 1882. Seus pais eram comerciantes e, por isso, passou a juventude esbanjando dinheiro e demonstrando interesse nos negócios da família, até que uma guerra aterrorizou as cidades de Assis e Perugia, quando Francisco tinha 20 anos.

A tragédia fez com que ele percebesse um outro sentido para a sua vida e mesmo com o desejo de colaborar com sua família, foi impedido por uma doença. Durante a enfermidade, Francisco ouviu o chamado de Deus para que ele entregasse sua vida a serviço.

Vendeu seus bens e aos 25 anos usou o dinheiro que tinha em favor da reforma da Igreja de São Damiao, também na cidade de Assis.

São Francisco escolheu morar com o Padre que trabalhava no local, entretanto, seu pai descordou de sua decisão e o levou de volta para casa, acorrentando-o para que não saísse. Sua mãe, porém, o libertou.

Livre, mais uma vez seu pai tentou impedir seu serviço aos necessitados, impondo-lhe a renúncia de sua herança como condição para a sua liberdade. Aceitando, seguiu pedindo esmola para que a reforma da Igreja de São Damiao não fosse interrompida.

Colaborou, ainda, com a reforma da Igreja de São Pedro, e morou na capela Porciúncula, administrada pelos beneditinos.

ESCOLHA PELA CARIDADE

São Francisco instituiu a Ordem dos Frades Menores, inicialmente com 12 homens. As regras da ordem foram elaboradas por ele e apresentadas em Roma, não sendo aceitas inicialmente por serem consideradas muito rigorosas em relação a escolha pela pobreza.

São Francisco faleceu em 4 de outubro de 1226. Sua canonização aconteceu em 16 de julho 1228, pelo Papa Gregório IX.

CONSAGRAÇÃO DO SÍNODO PARA A AMAZÔNIA

O dia do Santo de Assis foi celebrado em Roma, em uma cerimônia nos Jardins Vaticanos, pelo Papa Francisco. O Santo Padre consagrou o Sínodo para a Amazônia ao Padroeiro da natureza.

O Cardeal Claudio Hummes, Relator-Geral do Sínodo, foi um dos participantes da celebração refletiu sobre “o papel de São Francisco como modelo e Santo Padroeiro do Sínodo para a Amazônia”.

O Pontífice juntamente com Dom Cláudio e dois representantes indígenas, regaram uma árvore nos Jardins Vaticanos, enquanto era cantado Cântico das criaturas.

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Líderes religiosos realizam ato pelo Sínodo para a Amazônia na Sé

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16 de outubro de 2019

Um ato inter-religioso em apoio à Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Amazônia foi realizado na Catedral da Sé, na segunda-feira, 30 de setembro. O Sínodo acontecerá este mês, entre os dias 6 e 27. 


O ato, organizado pela Frente Inter-religiosa Dom Paulo Evaristo Arns por Justiça e Paz, reuniu representantes de diferentes tradições religiosas e confissões cristãs. Representando a Igreja Católica estavam o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, e o Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito de São Paulo e Relator do Sínodo para a Amazônia. 


Também participaram o Rabino Alexandre Leone, da Comunidade Judaica Massoret; o Sheikh Mohamad Al Bukai, da União Nacional das Entidades Islâmicas; o Monge Tesshin Ryozan, da Comunidade Zen Budista do Brasil, Afonso Moreira, do Grupo Espírita de Assistência Mediúnica; Mãe Adriana de Nanã, Sacerdotisa do Candomblé; e o Pastor Ariovaldo Ramos, da Frente de Evangélicos pelo Estado de Direito. 

CONSCIÊNCIA
Dom Odilo manifestou sua satisfação em perceber o interesse das pessoas pelas questões relacionadas a esse Sínodo. “Só esse interesse pelas questões da Região Amazônica já significa um grande resultado para a convocação do Sínodo para a Amazônia. Algo está mexendo com nossas consciências, com a consciência do povo brasileiro, das organizações sociais, das representações de muito grupos, das religiões”, destacou. 


O Cardeal Scherer recordou que o Papa Emérito Bento XVI, em sua Encíclica Caritas in Veritate (2010), tratou da questão ambiental e a responsabilidade comum com o cuidado e a preservação da natureza, que depois foram recuperadas pelo Papa Francisco, na Encíclica Laudado Si’ (2015). “Isso chama a sociedade atual a uma séria revisão do seu estilo de vida, que, em muitas partes do mundo, tende para o hedonismo e o consumismo sem olhar os danos que daí derivam”, alertou.


Dom Odilo enfatizou, ainda, que é necessária uma real mudança de mentalidade que conduza as pessoas a adotar bons estilos de vida, nos quais “a busca do verdadeiro, do belo, do bom e a comunhão com os outros homens para um crescimento comum” sejam os elementos que determinam o consumo e os investimentos. 

CAMINHAR JUNTO
O Cardeal Hummes ressaltou a grave crise socioambiental alertada pelo Papa, que traz consigo a pobreza. “O Papa convoca o Sínodo diante dessa grande problemática, para procurar novos caminhos... Já no dia da convocação, em dezembro de 2017, ele apontava três ações: esse Sínodo vai tratar da evangelização, dos povos originários indígenas e da floresta”, explicou. 


“Certamente, é um grande esforço que tem que ser feito para que juntos possamos preservar a vida, conservar a vida, promover a vida. Isso começa em promover os direitos daqueles povos e promover o cuidado com a natureza. A palavra “cuidado” é tão bonita. Deus nos fez do barro da terra, nós somos filhos desta terra e soprou em nós o Espírito”, continuou o Relator do Sínodo. 

EXEMPLO PARA TODOS
O Rabino Alexandre Leone desejou que “seja muito bem-sucedida essa empreitada espiritual, que aponta não apenas novos caminhos para a Igreja, mas que chama a todos nós a também fazermos o mesmo”, disse.

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'Toda a Igreja mostra a sua solicitude pela Amazônia', diz Cardeal Baldisseri

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03 de outubro de 2019

Faltando três dias para o início da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Amazônia, aconteceu na manhã desta quinta-feira, 4, a coletiva de imprensa de apresentação do evento.

A Sala de Imprensa da Santa Sé, no Vaticano, ficou lotada para a conferência que contou com a participação do Secretário-geral, Cardeal Lorenzo Baldisseri, o Relator-geral, Cardeal Cláudio Hummes, e o Sub-secretário, Dom Fabio Fabene.

O Cardeal Baldisseri explicou que essa assembleia convocada pelo Papa Francisco em 2017, é “especial”, isto é, diz respeito a uma área geográfica específica e, portanto, irá reunir todos os bispos da região pan-amazônica, que compreende nove países.

Participarão 184 padres sinodais, dentre os quais, prelados de outras regiões, chefes de dicastérios da Cúria Romana, representantes de congregações religiosas e membros de nomeação pontifícia. Do Brasil, serão 57 participantes. Entre os participantes, dos quais 35 mulheres, há também representantes de outras comunidades cristãs, de povos originários e especialistas, como consultores e ouvintes.

“É toda a Igreja que mostra a sua solicitude pela Amazônia: pelas dificuldades, os problemas, as preocupações e os desafios que encontra”, afirmou Dom Lorenzo.

MISSÃO EVANGELIZADORA

O Secretário-geral destacou, ainda, o foco deste Sínodo, contido já no tema – “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”. Os padres sinodais, portanto, se concentrarão em dois aspectos: a missão evangelizadora da Igreja na Amazônia, tendo no centro o anúncio da salvação em Jesus Cristo, e a questão ecológica.

O Cardeal Hummes ressaltou que o contexto amplo do Sínodo é a grave e urgente crise socioambiental de que fala a Encíclica do Papa Francisco Laudato si’: “a) A crise climática, ou seja, o aquecimento global pelo efeito estufa; b) a crise ecológica em consequência da degradação, contaminação, depredação e devastação do planeta, em especial na Amazônia; c) e a crescente crise social de uma pobreza e miséria gritante que atinge grande parte dos seres humanos e, na Amazônia, especialmente os indígenas, os ribeirinhos, os pequenos agricultores e os que vivem nas periferias das cidades amazônicas e outros.”

“Trata-se de cuidar e defender a vida, tanto de todos os seres humanos, quanto da biodiversidade. Jesus disse: “Eu vim para que todos tenham vida, e a tenham em abundância (Jo, 10,10)”, acrescentou Dom Cláudio.

O Relator-geral citou mais de uma vez a Laudato si’ e o seu convite a uma conversão. “É importante o que o Papa Francisco chama de ‘ecologia integral’, para dizer que tudo está interligado, os seres humanos, a vida comunitária e social, e a natureza. O que se faz de mal à terra, acaba fazendo mal aos seres humanos e vice-versa. Há necessidade de uma conversão ecológica, inspirada em São Francisco de Assis”, afirmou.

SOBERANIA É INTOCÁVEL

Respondendo às perguntas dos jornalistas, o Cardeal brasileiro ressaltou a “presença heroica” da Igreja no território amazônico há quatro séculos. “Não se pode falar da Amazônia sem falar da história da Igreja na região”., disse Dom Cláudio, reivindicando a bagagem eclesial acumulada no decorrer dos séculos. “A Igreja não é competente em determinações técnicas, mas apresentará princípios para orientar os que buscam essas soluções”.

O Cardeal Hummes falou das críticas recebidas do governo brasileiro, afirmando que “em parte foram superadas” depois de encontros com membros governamentais. E reiterou: “Para a Igreja, a soberania da Amazônia é intocável”.

Outro ponto questionado foi quanto ao Instrumento de Trabalho. Dom Cláudio recordou que não se trada de um documento do Sínodo, mas para o Sínodo, que contém “a voz do povo local”.  O Cardeal Baldisseri complementou que não se trata de um “documento pontifício”, mas de uma coleta das expressões do povo da Amazônia. “É o ponto de partida para começar a trabalhar.”

METODOLOGIA

Já o Sub-secretário do Sínodo dos Bispos, Dom Fabio Fabene, explicitou as fases de elaboração da Assembleia, com ênfase no andamento dos trabalhos durante o Sínodo. Tratando-se de uma Assembleia Especial, a metodologia em relação aos Sínodos precedentes foi parcialmente renovada.

O Secretário-geral abrirá os trabalhos ilustrando o percurso sinodal. Depois, o relator apresentará os conteúdos que emergiram na fase preparatória e traçará os argumentos principais para a discussão na Sala e nos círculos menores. As intervenções na Sala terão a duração de quatro minutos. E nos dias de congregações gerais, haverá um tempo ao final para pronunciamentos livres dos padres sinodais.

COMUNICAÇÃO

A comunicação do Sínodo será confiada ao Dicastério para a Comunicação. Diariamente, serão realizados briefings com a participação dos padres sinodais e de outros participantes. As redes sociais (Twitter, Facebook e Instagram) de Vatican News e da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos contribuirão para a difusão das notícias. Está ativa a mesma hashtag #SinodoAmazonico para todas as línguas para uma informação mais adequada sobre o Sínodo.

Os padres sinodais estarão disponíveis para entrevistas fora da sala sinodal. Como nos últimos Sínodos, as intervenções na Sala não serão publicadas oficialmente no Boletim da Sala de Imprensa. Já os pronunciamentos dos círculos serão divulgados através da Sala de Imprensa da Santa Sé.

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Andrea Tornielli: ‘O Sínodo não quer transformar a Igreja em uma ONG’

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26 de setembro de 2019

Dando continuidade à série “Vatican News rumo ao Sínodo da Amazônia”, o editor-chefe da agência de notícias da Santa Sé, Andrea Tornielli, esclareceu dúvidas de internautas referentes à Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Amazônia, que acontecerá entre os dias 6 e 27 de outubro, no Vaticano.

No terceiro vídeo o jornalista respondeu a acusaões de críticos nas redes sociais de que "o Sínodo quer transformar a Igreja em uma ONG", além de temas relacionados à inculturação, Teologia da Libertação e a influência do marxismo na preparação e discussões da assembleia sinodal. 

Confira o terceiro vídeo da série:

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Andrea Tornielli: acusar a Laudato si’ de ‘herética’ é uma ‘blasfêmia’

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Andrea Tornielli: acusar a Laudato si’ de ‘herética’ é uma ‘blasfêmia’

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26 de setembro de 2019

No segundo vídeo da série "Vatican News rumo ao Sínodo da Amazônia", o editor-chefe da agência de notícias do Vaticano, Andrea Tornielli, comenta afirmações feitas por internautas a respeito da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Amazônia, que acontecerá entre os dias 6 e 27 de outubro, no Vaticano.

O jornalista explicou o conteúdo da Encíclica Laudato si’, sobre o cuidado da casa comum, rebatendo a comentários de que o documento do Papa Francisco seria “herético” e reiterou que o texto faz parte da tradição das encíclicas sociais do Magistério da Igreja.

Tornielli, citou ainda, afirmações do Papa Emérito Bento XVI contidas na Encíclica de Francisco, para reforçar que o documento é expressão do magistério não apenas do atual pontífice como também de seus predecessores. “A salvaguarda do meio ambiente, a tutela dos recursos do clima, exigem que os responsáveis internacionais ajam de forma conjunta, no respeito pela lei e pela solidariedade, principalmente em relação às regiões mais frágeis da terra. Em conjunto, podemos construir um desenvolvimento humano integral, em benefício dos povos, presentes e futuros, um desenvolvimento inspirado nos valores da caridade na verdade”.

E acrescentou: “A fim de que isto se verifique, é indispensável transformar o atual modelo de desenvolvimento global em uma tomada de responsabilidade, maior e mais compartilhada em relação à Criação: exigem-no não só as emergências ambientais, mas inclusive o escândalo da fome e da miséria”.

Por fim, o editor afirmou que chamar a Laudato si’ de herética significa dizer uma falsidade e, ao mesmo tempo “uma pequena blasfêmia”.

Confira o segundo vídeo da série:

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Vatican News esclarece dúvidas sobre Sínodo para a Amazônia

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26 de setembro de 2019

Com a proximidade da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Amazônia, o Vatican News, agência de notícias da Santa Sé, iniciou uma série de vídeos nos quais o editor-chefe, Andrea Tornielli, responde e comenta questões acerca do evento que acontecerá entre os dias 6 e 27 de outubro, no Vaticano.

Confira o primeiro vídeo da série:

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Cardeal Scherer ressalta que preocupação da Igreja com a Amazônia não é recente

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02 de outubro de 2019

Durante sua viagem a Roma, por ocasião do encontro da presidência do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) com o Papa Francisco e departamentos de Cúria Romana, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, conversou com o Vatican News sobre assuntos relacionados ao Sínodo para Amazônia, que acontecerá entre 6 e 27 de outubro, no Vaticano.

Primeiro Vice-Presidente do Celam desde maio, Dom Odilo comentou seu recente artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo, no dia 14, com o título “Sínodo da Amazônia no fogo das polêmicas”, fazendo referência às queimadas que vêm acontecendo na região amazônica.

ÂNIMOS INFLAMADOS

“As atenções estão voltadas para as questões de mudanças climáticas que estão sempre mais acentuadas e, também, as discussões internacionais sobre a parte de cada um nas responsabilidades em torno dessas mudanças. Entraram vários tipos de interesses e enfoques”, explicou. Nesse sentido, Dom Odilo afirmou que por conta desse contexto, até o Sínodo para a Amazônia, convocado pelo Papa Francisco em 2017, acabou “na mira dos ânimos mais aquecidos”.

O Arcebispo destacou, ainda, que há um conjunto de fatores que favoreceram tanto o crescimento dos incêndios quanto das polêmicas entorno das questões ambientais no País. Na entrevista, ele apontou como exemplo o fato de o atual Governo Federal ter dado “sinais de afrouxamento das leis de controle ambiental”, desativando ou enfraquecendo organismos voltados para esse fim.

‘CRISTO APONTA PARA A AMAZÔNIA’

No entanto, o Cardeal Scherer enfatizou que a preocupação da Igreja Católica com a destruição da Amazônia e com os problemas ambientais daí decorrentes não se iniciou com o atual governo do Brasil. Para confirmar isso, ele recordou o que afirmaram os participantes do encontro preparatório do Sínodo, realizado em agosto, em Belém (PA), na qual expressaram novamente sua preocupação diante das questões ambientais da Amazônia e das ameaças contra a ação da Igreja naquela região.

“Recordaram que desde 1952 os bispos da área vêm tomando posição diante desses problemas. Em 1972, o Papa Paulo VI fez um forte apelo em favor da Amazônia. ‘Cristo aponta para a Amazônia’, disse ele, indicando que a Igreja devia inserir-se mais e mais naquela realidade”, mencionou o Arcebispo.

O Cardeal Scherer também lembrou o documento "Em defesa da Amazônia", emitido pelos bispos da região em 1990, chamando a atenção para o desastre iminente, “com consequências catastróficas para todo o ecossistema mundial”. De igual modo, os apelos em favor da Amazônia também aparecem nas conclusões da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, realizada em Aparecida em 2007, quando afirma que: “A natureza deve ser protegida contra toda forma de depredação e destruição irracional. Cabe-nos uma responsabilidade moral diante das ameaças à Amazônia”.

EVENTO ECLESIAL

O Purpurado ressaltou que o Sínodo para Amazônia é um evento da Igreja Católica com o objetivo de “refletir sobre o conjunto da realidade amazônica, envolvendo o homem, o ambiente natural e a missão da própria Igreja na grande Amazônia”.

“O Papa Francisco não é contrário à soberania nacional nem à autodeterminação de nenhum país, nem convoca bispos para tramarem contra os legítimos interesses de cada povo e cada país. Não se justifica a suspeita, levantada no ambiente aquecido das paixões nacionalistas, de que a ação da Igreja Católica na Amazônia sirva a interesses estrangeiros”, enfatizou o Cardeal.

Dom Odilo conclui o artigo reiterando que a soberania brasileira sobre sua parte da Amazônia é inquestionável para a Igreja. E citando novamente o manifesto de Belém: “Entendemos, no entanto, e apoiamos a preocupação do mundo inteiro em relação a esse macrobioma, que desempenha uma importantíssima função reguladora do clima planetário.”

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