VATICANO

Domingo de Ramos 

‘Nestes dias da Semana Santa, em casa, permaneçamos diante do Crucificado’

Por Fernando Geronazzo
06 de abril de 2020

Exortou o Papa Francisco, na missa do Domingo de Ramos, celebrada na Basílica de São Pedro, sem a presença do povo

Na Basílica de São Pedro, no Vaticano, completamente vazia, algo inimaginável em uma Semana Santa, o Papa Francisco presidiu a missa do Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, neste dia 5.

A celebração que geralmente conta com a presença de milhares de fiéis foi acompanhada por milhões de católicos por meio das plataformas digitais do Vaticano. 

A acompanhado do mestre de cerimônias e alguns auxiliares, o Pontífice, com um ramo na mão, caminhou  até o altar da Cátedra de São Pedro, que estava enfeitado com ramos de oliveira, para lembrar a entrada solene de Jesus em Jerusalém.

O SERVO

Santo Padre iniciou a homilia a partir do trecho da Carta de São Paulo aos Filipenses, proclamado na Primeira Leitura, em que o Apóstolo afirma que Jesus “esvaziou-Se a Si mesmo, tomando a condição de servo” (Fl 2, 7).

“Deixemo-nos introduzir por estas palavras do apóstolo Paulo nos dias da Semana Santa em que a Palavra de Deus, quase como um refrão, nos mostra Jesus como servo: na Quinta-feira Santa, é o servo que lava os pés aos discípulos; na Sexta-feira Santa, é apresentado como o servo sofredor e vitorioso (cf. Is 52, 13)”, afirmou o Papa, destacando, ainda, que “Deus salvou-nos, servindo-nos”.

TRAIÇÃO E ABANDONO

Francisco explicou que Jesus serviu dando a sua vida pela humanidade, a ponto de experimentar a traição e o abandono. O Pontífice ressaltou que Cristo tomou sobre si as infidelidades de cada pessoa, removendo suas traições.

“Assim nós, em vez de desanimarmos com medo de não ser capazes, podemos levantar o olhar para o Crucificado, receber o seu abraço e dizer: ‘Olha! A minha infidelidade está ali. Fostes Vós, Jesus, que pegastes nela. Abris-me os braços, servis-me com o vosso amor, continuais a amparar-me... Assim poderei seguir em frente!’”, continuou o Papa.

Sobre o abandono de Jesus, nada é mais impressionante do que as palavras pronunciadas por Ele na cruz: “Meu Deus, meu Deus, por que Me abandonaste?”. “Agora, no abismo da solidão, pela primeira vez designa-O pelo nome genérico de ‘Deus’. E clama, ‘com voz forte’, o ‘porquê’ mais dilacerante: ‘Porque Me abandonaste também Tu?’, salienta.

CORAGEM

“Hoje, no drama da pandemia, perante tantas certezas que se desmoronam, diante de tantas expetativas traídas, no sentido de abandono que nos aperta o coração, Jesus diz a cada um: Coragem! Abra o coração ao meu amor”, refletiu o Santo Padre.

O Pontífice também exortou os fiéis a viverem esses dias da Semana Santa em casa, permanecendo diante do crucificado, medida do amor de Deus pela humanidade. “Diante de Deus, que nos serve até dar a vida, peçamos a graça de viver para servir. Procuremos contatar quem sofre, quem está sozinho e necessitado. Não pensemos só naquilo que nos falta, mas no bem que podemos fazer”, afirmou.

“O drama que estamos travessando nos impele a levar a sério o que é sério, a não nos perdermos em coisas de pouco valor; a redescobrir que a vida não serve, se não se serve. Porque a vida mede-se pelo amor”.

Recordando que neste Domingo de Ramos também se celebra o 35º Dia Mundial da Juventude, Francisco se dirigiu aos jovens com palavras de encorajamento.

Nessa data, a delegação portuguesa receberia a Cruz e o Ícone de Nossa Senhora, símbolos da Jornada Mundial de Juventude, em preparação para a próxima edição do evento internacional, que acontecerá em 2022, em Lisboa. Porém, devido à pandemia, a entrega dos símbolos foi adiada para 22 de novembro, na Solenidade de Cristo Rei. 

“Queridos amigos, olhai para os verdadeiros heróis que vêm à luz nestes dias: não são aqueles que têm fama, dinheiro e sucesso, mas aqueles que se oferecem para servir os outros. Senti-vos chamados a arriscar a vida. Não tenhais medo de a gastar por Deus e pelos outros! Lucrareis… Porque a vida é um dom que se recebe doando-se. E porque a maior alegria é dizer sim ao amor, sem se nem mas... Como fez Jesus por nós”, concluiu o Papa.

(Com informações de Vatican News e fotos de Vatican Media)

 

 

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