Dom Luiz Carlos preside Tríduo Pascal na Paróquia São Pedro Apóstolo

Por
16 de abril de 2020

Assim como já tinha feito no Domingo de Ramos, Dom Luiz Carlos Dias, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Belém, presidiu as celebrações do Tríduo Pascal na Paróquia São Pedro Apóstolo, na Vila Oratório. Na Quinta-feira Santa, 9, o Bispo presidiu a Missa Vespertina da Ceia do Senhor, às 20h, quando ressaltou, na homilia, a importância da instituição da Eucaristia e de todos rezarem pelos sacerdotes.

Dom Luiz falou, ainda, sobre o novo mandamento, o do amor, que Cristo mostrou com o gesto de lavar os pés dos apóstolos. Após a celebração, o Bispo expôs o Santíssimo Sacramento na escadaria da Paróquia e realizou um momento de oração e adoração, abençoando todo o bairro e a Região Episcopal Belém. Na Sexta-feira Santa, 10, Dom Luiz presidiu o ato litúrgico da Paixão do Senhor, às 15h. Na homilia, ele ressaltou a entrega de Jesus e lembrou que na cruz, no momento derradeiro, Deus se mostra solidário aos sofrimentos da humanidade, ainda mais nos tempos atuais. “Deus na cruz, mostra isto para nós: Ele é solidário para conosco, não estamos sós!”, afirmou. Às 18h, Dom Luiz saiu em carreata com a procissão do Senhor Morto e realizou uma via-sacra pelas ruas do bairro.

No Sábado Santo, 11, Dom Luiz presidiu a Vigília Pascal, às 20h. Na homilia, destacou a Ressurreição de Cristo e exortou todos a seguir na caminhada da vida, tendo como ânimo e razão de fortalecimento nestes momentos tristes e de isolamento social a Ressurreição de Cristo. “Ele está conosco, nos anima e nos visita!”, afirmou.

Comente

Semana Santa do Papa é repleta de símbolos e orações pelo fim da pandemia

Por
16 de abril de 2020

Jamais o Tríduo Pascal foi celebrado como em 2020. A pandemia do novo coronavírus impediu que as tradicionais celebrações da Semana Santa do Papa tivessem um grande número de fiéis. Mesmo assim, numa Basílica de São Pedro com cerca de 20 participantes, entre assistentes, músicos e alguns leitores, o Papa Francisco presidiu um dos momentos mais intensos do seu pontificado, transmitido globalmente.

As celebrações do Papa foram repletas de símbolos e orações, implorando a Deus o fim da epidemia global de COVID-19, doença que já matou mais de 110 mil pessoas em todo o mundo. Francisco deixou fortes palavras de alerta à humanidade, especialmente aos líderes das nações, para que abandonem seus litígios e se concentrem numa grande colaboração contra o mal que coloca “todos no mesmo barco”. Ele pediu unidade, o fim da indiferença e uma atenção maior aos que já estão sofrendo com a pandemia e outras mazelas.

PELO FIM DO EGOÍSMO

O Papa, no entanto, não se dirigiu somente aos detentores de poder: lembrou-se de cada gesto de solidariedade, como aquele dos profissionais de saúde e prestadores de serviços essenciais, rezou pelos doentes e falou “dos santos da porta ao lado”, ou seja, as pessoas que agem de forma discreta e silenciosa, e assim dão testemunho do amor de Cristo no dia a dia.

Nas palavras de Francisco, o anúncio da ressurreição celebrado na Páscoa é a nossa maior esperança. Se até mesmo quando tudo parecia ter dado errado Ele voltou dos mortos, também os corações humanos, ainda que aflitos e cheios de feridas, serão capazes de reviver.

“Não se trata de uma fórmula mágica, que faz desaparecer os problemas”, declarou, em sua tradicional bênção pascal Urbi et Orbi (Para a cidade [de Roma] e para o mundo). A ressurreição de Cristo “é a vitória do amor sobre a raiz do mal”.

O Papa disse no Domingo de Páscoa, 12, que “não é esse o tempo da indiferença, do egoísmo e das divisões”. Ele pediu o fim de todos os outros conflitos nas nações, mencionando-os um a um. “Não se percam ocasiões de dar maiores provas de solidariedade, também recorrendo a soluções inovadoras”, disse, usando a Europa como exemplo, pois vive impasses multilaterais sobre como reagir à crise.

“Não é este o tempo para continuar a fabricar e traficar armas”, denunciou, também falando do aborto e da pobreza como fontes do mal. A indiferença a esses problemas parece “prevalecer quando em nós vencem o medo e a morte, isto é, quando não deixamos vencer o Senhor Jesus no nosso coração e na nossa vida”, enfatizou.

CRISTO SOFRE COM A HUMANIDADE

Entre os diversos símbolos deste Tríduo Pascal, esteve o crucifixo trazido a pedido do Papa da igreja de São Marcelo, em Roma, considerado milagroso por ter sobrevivido a um incêndio no século XVI. Depois de ser carregada em procissão, segundo a tradição, essa cruz ajudou a trazer o fim da peste negra na cidade.

Um sinal de devoção popular que associa a dor humana à sensação de abandono do Cristo na cruz. Na celebração da Paixão, na Sexta-feira Santa, 10, o pregador da Casa Pontifícia, Frei Raniero Cantalamessa, falou sobre a companhia de Deus quando a humanidade sofre. “A pandemia do coronavírus nos despertou bruscamente do perigo maior que os indivíduos e a humanidade sempre correram, aquele da ilusão de onipotência”, refletiu Cantalamessa. Segundo ele, a morte de Jesus Cristo na cruz, de fato, remete à situação dramática atual. No entanto, “Deus, às vezes, faz assim conosco: confunde os nossos projetos e a nossa tranquilidade, para nos salvar do abismo que não vemos”, comentou, ressalvando que não é Deus quem manda o mal para o mundo, mas que Ele nos acompanha no sofrimento.

“Deus participa da nossa dor para superá-la.” Citando Santo Agostinho, afirmou também que “Deus, por ser soberanamente bom, nunca deixaria qualquer mal existir em suas obras se não fosse bastante poderoso e bom para fazer resultar do mal o bem”.

Dor essa que também ficou evidente nas meditações da Via-Sacra, celebrada na Praça São Pedro, e não no Coliseu, como de praxe. Os textos foram escritos por detentos, familiares, vítimas de crimes, funcionários do sistema carcerário e um padre acusado injustamente de algo que não cometera. Todos, porém, com palavras que remetem a uma nova vida.

“Tudo é possível a quem crê, porque, mesmo na escuridão das prisões, ressoa este anúncio cheio de esperança: ‘Nada é impossível a Deus’ (Lc 1,37). Se alguém lhe apertar a mão, o homem que foi capaz do crime mais horrendo poderá ser o protagonista da mais inesperada ressurreição”, dizia o texto da Via-Sacra.

LUZ DO MUNDO

A liturgia do Sábado Santo, a mais completa de todo o ano litúrgico, teve de ser adaptada e abreviada neste ano. Não houve Batismo, por exemplo, mas apenas a renovação das promessas batismais. E, no caso da missa papal, só o Círio Pascal, representando a luz de Cristo, e uma pequena vela acendida pelo Papa Francisco iluminaram a quase deserta basílica.

Em mais um momento deste ano atípico, a clássica “oração universal” da liturgia do Sábado de Aleluia, 11, incluiu uma prece pelo fim da epidemia, para “fazer triunfar a vitória [de Deus] sobre o mal que aflige a humanidade”. Nesse contexto, o Papa Francisco defendeu o que chamou de “direito à esperança”.

“Com Deus nada é perdido. Coragem!”, disse. “Não cedamos à resignação. Não coloquemos uma pedra sobre a esperança. Deus não nos deixou sozinhos. Ele nos visitou.” Esse direito, explicou, não é o simples otimismo, mas um “dom que vem do céu” 

Da mesma forma que as mulheres encontraram o sepulcro vazio, também nós devemos ver a esperança, declarou. “Jesus, como semente na terra, estava por fazer germinar no mundo uma vida nova. E as mulheres, com a oração e o amor, ajudavam a esperança a florescer. Quantas pessoas, nos dias que vivemos, fizeram e fazem como aquelas mulheres: semeiam brotos de esperança!”

O Papa pediu à humanidade, neste momento de dor, a coragem de abrir o coração a Cristo, para ressurgir com Ele e tornar-se promotora de vida. 

Comente

Papa exorta a deixar-se contagiar pela esperança do Cristo Ressuscitado

Por
12 de abril de 2020

Diante da nave central da Basílica de São Pedro completamente vazia, logo após presidir a missa do Domingo de Páscoa, o Papa Francisco dirigiu sua mensagem de saudação pascal, seguida da bênção Urbi et Orbi (à cidade de Roma e ao mundo).

Não havia fiéis reunidos na Praça São Pedro, como nos anos anteriores, mas milhões de católicos acompanharam a cerimônia, ao vivo, pelos meios de comunicação e plataformas digitais.

Em meio a crise global causada pela pandemia de COVID-19, o Pontífice iniciou sua mensagem com a o anúncio que ecoa neste dia em todo mundo: “Jesus Cristo ressuscitou; verdadeiramente ressuscito!”.

“Nesta noite, ressoou a voz da Igreja: ‘Cristo, minha esperança, ressuscitou!’”, acrescentou Francisco, ressaltando que esse é um “contágio” diferente, “que se transmite de coração a coração, porque todo o coração humano aguarda esta Boa Nova. É o contágio da esperança.”

VITÓRIA SOBRE O MAL

O Santo Padre explicou que este anúncio não se trata de uma fórmula mágica que faz desaparecer os problemas, mas é “a vitória do amor sobre a raiz do mal, uma vitória que não 'salta' por cima do sofrimento e da morte, mas atravessa-os abrindo uma estrada no abismo, transformando o mal em bem: marca exclusiva do poder de Deus”.

“O Ressuscitado é o Crucificado”, enfatizou Francisco, recordando que no corpo glorioso do Senhor estão indeléveis as feridas que se tornaram “frestas de esperança”, e lembrou as feridas abertas hoje na humanidade, a começar pelos infectados pelo COVID-19, especialmente os doentes, os que morreram e seus familiares.

“Para muitos, é uma Páscoa de solidão, vivida entre lutos e tantos incômodos que a pandemia está causando, desde os sofrimentos físicos até aos problemas econômicos”, afirmou.

EFEITOS DA PANDEMIA

O Santo Padre ressaltou que epidemia não privou as pessoas apenas dos afetos, mas também da possibilidade de recorrer pessoalmente à consolação que brota dos sacramentos, especialmente da Eucaristia e da Reconciliação. “Mas o Senhor não nos deixa sós! Permanecendo unidos em oração, estamos certos de que ele colocou sua mão sobre nós, e repetiu com força: ‘Não tenhas medo, ‘eu ressuscitei e estou sempre contigo’”, disse.

Francisco agradeceu novamente aos médicos e enfermeiros, que oferecem um testemunho de cuidado e amor ao próximo até o extremo das forças e não raro ao sacrifício da própria saúde”. De igual modo, o Pontífice dirigiu seu pensamento afetuoso a todos os profissionais que garantem os serviços essenciais.

“Nas últimas semanas, a vida de milhões de pessoas mudou subitamente. Para muitos, ficar em casa foi uma oportunidade para refletir, parar o ritmo frenético da vida, estar com os entes queridos e desfrutar da companhia deles”, destacou o Papa, reconhecendo que para muitos, no entanto, é também um momento de preocupação com o futuro incerto, pelo trabalho que se corre o risco de perder e para as outras consequências que a atual crise traz.

NÃO À INDIFERENÇA

“Encorajo todos os que têm responsabilidades políticas a trabalhar ativamente para o bem comum dos cidadãos, fornecendo os meios e as ferramentas necessárias para permitir que todos tenham uma vida digna e incentivando, quando as circunstâncias o permitirem, a retomada das atividades diárias normais”, pediu o Pontífice.

“Este não é tempo para a indiferença, porque o mundo inteiro está sofrendo e deve sentir-se unido ao enfrentar a pandemia”, disse ainda o Santo Padre, pedindo que não faltem os bens de primeira necessidade aos que vivem nas periferias, aos refugiados e aos desabrigados.

Francisco pediu, ainda, a redução das sanções internacionais que impedem a alguns países de proporcionar apoio adequado aos seus cidadãos e inclusive o cancelamento da dívida que pesa sobre os orçamentos dos mais pobres.

“Este não é tempo para egoísmos, pois o desafio que enfrentamos nos une a todos e não faz distinção de pessoas”, afirmou.

TEMPO DE SOLIDARIEDADE

Dirigindo um olhar para as regiões que mais sofrem nesse momento, o Papa referiu-se à Europa, uma das mais afetadas pelas pandemia. Ele recordou que o continente se recuperou depois da Segunda Guerra Mundial graças à solidariedade e, por isso, pediu que esse seja o sentimento que prevaleça agora, ao contrário do ressurgimento de antigas rivalidades.

O Pontífice novamente fez um apelo por um cessar-fogo global e imediato de todos os conflitos e repetiu a exortação feita na vigília pascal: “Este não é tempo para continuar a fabricar e comercializar armas, gastando somas enormes que deveriam ser usadas para cuidar das pessoas e salvar vidas.”

FIM DOS CONFLITOS

O Bispo de Roma mencionou, ainda, as guerras ainda em andamento na Síria e no Iêmen, as tensões no Iraque e no Líbano. Pediu que sejam retomados os diálgos entre israelenses e palestinos pela paz, recordou os conflitos na Ucrânia da crise dos refugiados na Líbia e na fronteira entre a Grécia e a Turquia e de países da Ásia.

Francisco também lembrou dos ataques terroristas na África, em especial da crise humanitária vivida na região de Cabo Delgado, no norte de Moçambique. Na América Latina, citou a Venezuela, pedindo soluções concretas e imediatas.

“Palavras como indiferença, egoísmo, divisão, esquecimento não são as que queremos ouvir neste tempo. Mais, queremos bani-las de todos os tempos! Essas palavras prevalecem quando em nós vencem o medo e a morte, isto é, quando não deixamos o Senhor Jesus vencer no nosso coração e na nossa vida. Ele, que já derrotou a morte abrindo-nos a senda da salvação eterna, dissipe as trevas da nossa pobre humanidade e introduza-nos no seu dia glorioso, que não conhece ocaso”, concluiu o Papa antes de conceder a benção pela qual é possível a indulgência plenária.

‘ESTE É O DIA QUE O SENHOR FEZ PARA NÓS’

Minutos antes da bênção pascal, no altar da Cátedra de São Pedro, o Papa presidiu a missa do domingo mais importante do calendário litúrgico. Do interior da Basílica Vaticana vazia, ecoava as vozes dos apenas oito integrantes do coro que entoava o salmo 117, que diz: “Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremos e nele exultemos”.

Nesse ano, devido à emergência sanitária em curso, foi omitido o rito  do Resurrexit (Ressuscitou), que consiste na abertura dos painéis laterais do ícone do Santíssimo Salvador, ao canto do Aleluia, recordando a surpresa de Pedro ao ver p sepulcro vazio e os onze apóstolos atestam que o Senhor realmente ressuscitou e apareceu a Simão.

Como é costume na missa do Domingo de Páscoa presidida pelo Santo Padre, o Evangelho da Ressureição do Senhor (Jo 20, 1-9) foi proclamado em latim e em grego, ressaltando a catolicidade da Igreja presente no Ocidente e no Oriente.

Em seguida, ao invés da homilia, o Papa não proferiu a homilia, mas fez um instante de silêncio para meditação interiorização da Palavra de Deus proclamada.

Como em todas as celebrações deste Tríduo Pascal, o crucifixo milagroso da Igreja de São Marcelo, ao qual se deve o fim da grande epidemia de 1522, esteve presente próximo ao altar, assim como o ícone da Virgem Maria Salus Popoli Romano, que foi levado da Basílica de Santa Maria Maior e diante do qual o Pontífice, na conclusão da missa, entoou a antífona pascal Regina Coeli (Rainha do céus).

(Com informações de Vatican News)

 

Comente

‘Somos chamados a viver uma vida nova em Cristo Ressuscitado’

Por
11 de abril de 2020

Na noite desse Sábado Santo, 11, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu a solene Vigília Pascal na capela do Seminário de Teologia Bom Pastor, no Ipiranga.

Considerada a “mãe de todas da vigílias”, essa celebração anuncia a Ressureição de Jesus Cristo. Devido às medidas de isolamento social recomendadas pelas autoridades para conter a pandemia do novo coronavírus, a missa não teve a participação do povo e foi transmitida pelos meios de comunicação.

Também por esse motivo, liturgia da missa foi simplificada. Desta vez não houve a benção do fogo novo, como de costume. Mas o Círio Pascal, sinal do Ressuscitado, foi aceso e apresentado solenemente com o refrão: “Eis a Luz de Cristo”.

Em seguida, houve a proclamação solene da Páscoa, com o tradicional hino do Precônio Pascal que, em um dos versos diz: “No esplendor desta noite que viu ressurgir Jesus do sepulcro, exultemos: Pela vitória da Cruz!”

LEITURAS

Na celebração deste ano, não foram proclamadas as sete leituras do Antigo Testamento, que narram a história da salvação do povo de Israel, mas três.

A primeira leitura (Gn 1,1-26.31a) narrou a criação do mundo e do homem e da mulher à imagem e semelhança de Deus.

“Essa leitura é como um poema que fala das maravilhas de Deus: criação. Deus abençoou a criação, viu que tudo era bom”, explicou Dom Odilo, recordando, ainda, que, no salmo entoado logo em seguida (Sl 103) “pedimos que Deus envie o Espirito criador, que agora e sempre de novo renove a face da terra”.

A segunda leitura (Gn 22,1-2.9a, 10-13.15-18), recorda a cena de Deus que pede a Abraão que sacrifique o seu filho Isaac. Contudo, o patriarca do povo hebreu foi poupado por Deus que enviou um cordeiro para ser sacrificado no lugar do menino. Dom Odilo ressaltou que esse sacrifício é imagem do sacrifício de Cristo, o cordeiro de Deus oferecido pelo Pai para salvação da humanidade.

A passagem do povo hebreu pelo Mar Vermelho, narrada pelo livro do Êxodo – (Ex 14,15-30–15,1), foi a terceira leitura proclamada na Vigília. “Essa é a passagem da escravidão no Egito para a liberdade, é a imagem do nosso Batismo. Passamos pela água do Batismo para chegar à liberdade dos filhos de Deus”, comentou o Arcebispo.

MANIFESTAÇÃO DA GLÓRIA DE DEUS

Em seguida, foi recitado o hino de louvor “Glória a Deus nas alturas” e as velas do altar foram acesas pela mesma luz do Círio Pascal. Depois, foi proclamada a leitura do Novo Testamento (Rm 6,3-11), na qual o Apóstolo São Paulo afirma: “Pelo Batismo na sua morte, fomos sepultados com ele, para que, como Cristo ressuscitou dos mortos pela glória do Pai, assim também nós levemos uma vida nova”.

Após a leitura, Dom Odilo entoou solenemente o “Aleluia”, aclamação omitida durante toda a Quaresma e agora anuncia a proclamação do Evangelho da Ressurreição do Senhor (Mt 28,1-10), que narra o encontro do Ressuscitado com as mulheres que o seguiam.

Na homilia, o Cardeal Scherer enfatizou que a ressurreição não é um fato de voltar a essa mesma vida, mas manifestação da glória de Deus na pessoa de Jesus. A Ressurreição faz parte do mistério de Deus que envolve a nossa existência, que se manifesta de modo todo especial em Jesus Cristo glorificado. Ele está conosco, estende-nos a mão, é o Filho de Deus, Nosso Senhor e salvador”, disse.

BATISMO

Este ano, não houve batismos na Vigília Pascal, apenas a renovação das promessas batismais. “Terminados os exercícios da Quaresma, renovados interiormente nas nossas disposições de viver como bons cristãos, na fé e na conversão, na disposição para seguir Jesus Cristo, perseverar no bem, na virtude, na vivência das bem-aventuranças, somos convidados a renovar as promessas do nossos Batismo”, afirmou Dom Odilo.

“Pelo Batismo, temos parte na vida nova de Jesus ressuscitado, na graça que ele nos alcança, o dom da filiação divina”, acrescentou o Cardeal.

“Estamos unidos a Jesus, chamados a viver uma vida nova, não mais segundo o pecado, segundo o homem velho, mas na luz de Cristo ressuscitado, testemunhando-o com nossa vida”, exortou o Arcebispo.  

COMUNHÃO DOS SANTOS

No fim da missa, o Cardeal manifestou seus votos de feliz Páscoa e motivou todos a celebrarem com muita alegria e fé essa que é a maior festa cristã, acompanhando as missas que serão transmitidas neste domingo, 12, pelas paróquias e comunidades.

Recordando a afirmação “Creio na comunhão dos Santos”, feita na profissão de fé católica, Dom Odilo destacou que essa consiste na comunhão de toda a Igreja no céu e na terra. “Mesmo que nossas igrejas estejam vazias, estamos unidos a toda a Igreja unida em torno de Cristo pela caridade”, afirmou.

Neste Domingo de Páscoa, o Cardeal Scherer presidirá missa às 7h transmitida e às 11h, transmitidas pela rádio 9 de Julho e pela página da Arquidiocese no Facebook.  

Comente

No Vaticano, celebração da Sexta-feira Santa associa a Cruz de Cristo à atual pandemia

Por
10 de abril de 2020

O Papa Francisco presidiu a celebração da Paixão de Cristo na tarde desta sexta-feira, 10, na Basílica de São Pedro. Mas, como é tradição desta celebração, a homilia foi feita pelo pregador da Casa Pontifícia, atualmente o padre capuchinho Raniero Cantalamessa. 

Em sua meditação, ele associou elementos da Paixão e Morte de Cristo à atual pandemia da Covid-19, causada pelo novo coronavírus. E falou sobre a companhia de Deus num momento de sofrimento para a humanidade.

“A pandemia do coronavírus nos despertou bruscamente do perigo maior que os indivíduos e a humanidade sempre correram, aquele da ilusão de onipotência”, refletiu Cantalamessa. “Bastou o menor e mais informe elemento da natureza, um vírus, para nos recordar que somos mortais, e que o poderio militar e a tecnologia não bastam para nos salvar”, acrescentou.

CRUZ EM TEMPOS DE PANDEMIA

Conforme o pregador, a morte de Jesus Cristo na cruz remete à situação dramática que a humanidade está vivendo. “Também aqui, mais do que para as causas, devemos olhar para os efeitos. Não apenas os negativos, dos quais ouvimos todo dia as tristes manchetes, mas também os positivos, que somente uma observação mais atenta nos ajudar a colher”, disse Cantalamessa.

“Assim Deus, às vezes, faz conosco: confunde os nossos projetos e a nossa tranquilidade, para nos salvar do abismo que não vemos”, comentou, ressalvando que não é Deus quem manda o mal para o mundo.

Em vez disso, “Deus participa da nossa dor para superá-la”. Citando Santo Agostinho, afirmou também que “Deus, por ser soberanamente bom, nunca deixaria qualquer mal existir em suas obras se não fosse bastante poderoso e bom para fazer resultar do mal o bem”.

Da mesma forma, na morte de Cristo, Deus não a causou, mas “permitiu que a liberdade humana fizesse o seu percurso, contudo, fazendo-a servir ao seu plano, não ao dos homens”. Por isso, “a Palavra de Deus nos diz qual é a primeira coisa que devemos fazer em momentos como estes: gritar a Deus.” 

SOLIDARIEDADE COMO RESPOSTA

A unidade entre os povos pode ser um dos resultados positivos dessa pandemia, ainda que ela seja indesejada, afirmou o Padre Cantalamessa.

“O outro fruto positivo da presente crise de saúde é o sentimento de solidariedade. Quando foi, desde que há memória, que os homens de todas as nações se sentiram tão unidos, tão iguais, tão pouco contenciosos, como neste momento de dor?”, disse.

Ele pediu que seja mantido esse espírito de união coletiva quando a pandemia passar. “Nós esquecemos os muros que seriam construídos. O vírus não conhece fronteiras. Em um segundo, abateu todas as barreiras e as distinções: de raça, de religião, de censo, de poder. Não devemos voltar atrás quando este momento tiver passado.”

TRÍDUO RESERVADO

A cerimônia da Paixão é a segunda do Tríduo Pascal, e começa em silêncio, em continuidade com a liturgia da Quinta-feira Santa (Ceia do Senhor). O Papa Francisco entrou em procissão e fez a tradicional prostração, sob os degraus do presbitério. O relato da Paixão lido neste ano vem do Evangelho segundo São João.

No momento da adoração da Cruz, somente o Papa beijou crucifixo, e não todos os presentes, como de praxe. Segundo o Vaticano, a ideia é prevenir a disseminação da Covid-19.

Por causa das limitações causadas pela crise sanitária, as cerimônias vêm sendo realizadas no “altar da cátedra”, que fica no fundo da Basílica, somente com alguns moradores do Vaticano e poucos auxiliares. Mas o Tríduo do Papa vem sendo transmitido pelos meios de comunicação para o mundo inteiro.

 

ACESSE A ÍNTEGRA DA HOMILIA DO FREI RANIERO CANTALAMESSA

Comente

Como celebrar a Semana Santa sem sair de casa?

Por
11 de abril de 2020

A Semana Santa, que mobiliza os católicos em todo o mundo, este ano será celebrada de forma diferente, devido à pandemia do novo coronavírus. Mesmo sem a presença do povo, o significado e o sentido da semana mais importante para os cristãos será o mesmo.

Os fiéis são convidados, em família e em suas casas, a celebrar este momento com muita esperança e em comunhão com sua comunidade, por meio das mídias digitais.

“Será uma Páscoa ‘diferente’ no modo de celebrar, mas não diferente no seu significado: é sempre Jesus, que entrega sua vida na cruz, no seu infinito amor pela humanidade. A vida é mais forte que a morte. A Ressurreição de Cristo nos dá a certeza de que a última palavra não é dos males e da morte, que agora nos atingem, mas de Deus, Senhor da vida, que nos ama com amor infinito”, escreveu o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, em seu artigo na seção “Encontro com o Pastor”, publicado esta semana no O SÃO PAULO.

JESUS NAS CASAS

Na Semana Santa celebra-se o mistério salvífico de Jesus, em que toda a realidade humana adquire sentido pleno. Assim, o período entre o Domingo de Ramos e o Domingo de Páscoa, especialmente o Tríduo Pascal, traz em si a densidade do amor divino revelado a toda a humanidade, ocasião a que todo católico é convidado a vivenciar e aprofundar, com recolhimento e devoção, mesmo neste momento em que não é recomendado que saia de casa.  

As Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora na Igreja do Brasil, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), ressaltam que: “A casa, enquanto espaço familiar, foi um dos lugares privilegiados para o encontro e o diálogo de Jesus e seus seguidores com diversas pessoas (Mc 1,29; 2,15; 3,20; 5,38; 7,24). Nas casas, Ele curava e perdoava os pecados (Mc 2,1-12), partilhava a mesa com publicanos e pecadores (Mc 2,15ss; 14,3), refletia sobre assuntos importantes, como o jejum (Mc 2,18-22), orientava sobre o comportamento na comunidade (Mc 9,33ss; 10,10) e a importância de se ouvir a Palavra de Deus (Mt 13,17.43).”

“Nossa Igreja não está longe do povo. Ela é esse mesmo povo, reunido em cada casa, onde há pessoas reunidas no nome da Trindade Santa. Onde se vive a fé, a esperança, a caridade e as demais virtudes humanas e cristãs, onde há pessoas reunidas “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, ali se encontra uma pequena comunidade da Igreja. Em decorrência das circunstâncias atuais, redescobrimos algo importante, que andava bastante esquecido: a Igreja nas casas, Igreja-família.”, recordou Dom Odilo.

OS RAMOS NAS CASAS

No Domingo de Ramos, que marca o início da Semana Santa, a Igreja celebra dois mistérios distintos e complementares: a entrada solene de Jesus em Jerusalém para celebrar sua última e definitiva Páscoa e, também, a sua Paixão e Morte.

Neste período, os fiéis são convidados a vivenciar a “Igreja Doméstica”. A Comissão Episcopal para a Liturgia da CNBB convoca os cristãos a celebrar a entrada de Jesus em Jerusalém, colocando no portão ou na porta de casa (em um lugar bem visível) alguns ramos no momento da celebração, marcando a casa com esse símbolo característico do povo de Deus na liturgia.

TRÍDUO PASCAL

A Igreja celebra os grandes mistérios da redenção humana, desde a missa vespertina da Ceia do Senhor, na Quinta-feira Santa, até as vésperas do Domingo da Ressurreição. Esses sagrados ritos celebrados nos três últimos dias da Semana Santa constituem o Tríduo Pascal, uma forma unificada da celebração pascal que torna presente a Paixão, Morte e Ressureição de Jesus.

COMUNHÃO COM O POVO

Na Quinta-feira Santa, a celebração da Última Ceia, Jesus interpreta o sentido de sua vida e de sua morte, instituindo o Santo Sacrifício como seu eterno memorial, vida e ápice da Igreja. Com o gesto humilde de lavar os pés dos seus 12 apóstolos, deixa o exemplo do serviço aos irmãos. Surgem aí dois importantes sacramentos, a Eucaristia e a Ordem, síntese de todos os dons que Deus dirige aos homens, sinal de amor como entrega e como serviço até o fim.

Em carta enviada a toda Arquidiocese de São Paulo, no dia 26 de março, Dom Odilo Scherer comunicou orientações para a vivência da Semana Santa e Páscoa nas paróquias da Arquidiocese.

Na Quinta-feira Santa, o Cardeal Scherer recomenda que o padre se una ao seu povo por meio da adoração e a oração diante da Eucaristia colocada no tabernáculo. “Que este momento de adoração também seja transmitido, com o convite para que o povo da paróquia a acompanhe em suas casas. Esse momento pode ser muito rico e expressar a ‘comunhão’ do povo da paróquia em torno de Jesus e com o padre, ‘vigiando com Ele’, como os apóstolos no Horto das Oliveiras”, escreveu.

A CRUZ QUE SALVA A HUMANIDADE

A Sexta-feira Santa relembra o dia em que Jesus, depois de ter sido preso, julgado e condenado, carrega a própria cruz até o monte Calvário e é crucificado e morto entre dois ladrões. Seu corpo foi, depois, retirado da cruz e colocado em um sepulcro cavado na rocha. Nesse dia, os cristãos são chamados à prática do jejum e da abstinência de carne, em sinal de penitência e respeito pela morte de Nosso Senhor.

Os fiéis também são convidados a participar da celebração da Paixão do Senhor pelas internet ou pela televisão. Nesse dia, o Papa Francisco celebrará na Basílica de São Pedro (vazia), às 13h (horário de Brasília). Recomenda-se que, durante a celebração, as famílias tenham em sua casa um crucifixo em destaque, para que todos da casa possam beijá-lo no momento oportuno.

LUZ QUE ILUMINA AS TREVAS

A celebração da Vigília Pascal é o centro da Semana Santa. Toda a Quaresma e os dias santos são um preparativo para o momento culminante: o da Ressurreição, expressão da esperança na ressurreição final e na segunda vinda do Senhor. É considerada “a mãe de todas as santas vigílias”, pois nela a Igreja mantém-se de vigia à espera da Ressurreição do Senhor.

Durante o Sábado Santo, os fiéis são convidados a realizar uma oração silenciosa, contemplando a descida de Jesus na mansão dos mortos. Ao acompanhar Vigília Pascal pelos meios de comunicação, as pessoas podem ter em sua mão uma vela, e acendê-la no momento da Renovação das Promessas do Batismo, para que seja renovada a fé a esperança em Cristo. A vela acessa representa a luz da vida que deu lugar às trevas da morte.

IGREJA É O POVO DE DEUS

O Domingo de Páscoa é considerado o ápice do ano litúrgico. É o grande dia em que se comemora o triunfo definitivo de Cristo sobre a morte, por meio de sua Ressurreição, que abriu definitivamente as portas do céu a toda a humanidade. Dia maior para ser celebrado em sua casa, com sua comunidade unida na fé pelas redes sociais, como prova de amor inequívoco de Cristo.

“Agora podemos compreender melhor o que é a Igreja: não é somente o templo, onde nos reunimos para rezar pessoalmente e para celebrar com os outros. Nem é somente apenas o bispo, o padre e um punhado de colaboradores próximos deles. A Igreja é formada por todos os que foram batizados, todos os discípulos de Jesus, que compartilham a mesma fé recebida dos apóstolos, estão em comunhão de fé, esperança e caridade, conforme o testemunho e os ensinamentos do próprio Jesus Cristo.”, ressaltou Dom Odilo.

Comente

Papa Francisco: ‘Deixem-se lavar os pés por Jesus’

Por
09 de abril de 2020

Eucaristia, serviço e unção. O Papa Francisco refletiu sobre essas três palavras em sua pregação da missa desta Quinta-feira Santa, 9, na celebração da Ceia do Senhor, que remete à instituição do sacramento da Eucaristia.

Falando brevemente, e sem um texto preparado, o Pontífice disse que a instituição da Eucaristia é um sinal da vontade de Jesus Cristo de “permanecer conosco”.

Pela comunhão eucarística, viabilizada por meio dos sacerdotes, “levamos o Senhor conosco, ao ponto de que Ele mesmo nos diz: se não comemos do seu corpo e não bebemos do seu sangue, não entraremos no reino dos céus”. Esse é o grande mistério da fé: “o Senhor conosco, em nós, dentro de nós”, afirmou.

Homenagem aos sacerdotes

Mesmo sem a celebração da missa dos Santos Óleos, que também costuma ser celebrada na Quinta-feira Santa, mas que neste ano foi adiada por causa da crise sanitária causada pelo novo coronavírus, o Papa Francisco escolheu dedicar a maior parte de sua fala aos padres. “Estamos unidos para fazer Eucaristia, unidos para servir”, declarou.

O Papa pediu aos padres que sejam “grandes em generosidade no perdão” e “deixem-se lavar os pés por Jesus, pois o Senhor é vosso servo”. Ao reconhecer a necessidade de “serem lavados por Cristo”, de serem perdoados, serão capazes de perdoar na mesma medida, disse o Santo Padre. “Como você perdoar, será perdoado. Não tenham medo de perdoar”, afirmou. “Sejam corajosos em arriscar, em perdoar, em consolar.”

Francisco pensou, ainda, tanto nos padres pecadores, que cometem erros, “que sofrem crises e não sabem o que fazer, estão na escuridão”, como também os caluniados, acusados injustamente por crimes que não cometeram. “Todos somos pecadores”, lembrou, incluindo-se no grupo.

Servidores do povo

O Papa Francisco lembrou também de todos os padres que se dedicam ao serviço na Igreja, fazendo menção especial aos mais de 60 padres que já morreram na Itália, vitimados pela Covid-19. “Não posso deixar passar essa missa sem lembrar dos sacerdotes, que oferecem a vida ao Senhor e que são servidores”, disse ele.

Muitos desses padres morreram ao lado dos profissionais de saúde, cuidando dos doentes nos hospitais. “São os santos da porta do lado, sacerdotes que, servindo, deram a vida”, recordou o Papa.

Ele também citou o caso de um padre que atende as prisões, outros que viajam, em missão, para ir ao encontro do povo. E também mencionou os “padres de interior”, que estão nas áreas rurais e percorrem longas distâncias. Muitos são “sacerdotes anônimos” que dão a vida nos lugares aonde chegam.

 

CLIQUE E VEJA FOTOS DA CELEBRAÇÃO DA QUINTA-FEIRA SANTA NO VATICANO

Comente

Prepare-se para a Missa da Ceia do Senhor com a ajuda dos papas

Por
09 de abril de 2020

Nesta Quinta-feira Santa, 9, os católicos do mundo todo iniciam a celebração do Tríduo Pascal com a Missa da Ceia do Senhor, que faz memória da instituição da Eucaristia e do sacerdócio. Nessa celebração também são recordados o novo mandamento dado por Jesus e o seu gesto de lavar os pés dos apóstolos.

Este ano, a maioria os fiéis acompanhará esses ritos de suas casas, através dos meios de comunicação, devido às medidas de isolamento social para conter o avanço da pandemia de COVID-19. Para ajudar a vivência do mistério celebrado, O SÃO PAULO destacou alguns trechos de homilias dos três últimos papas que auxiliam o aprofundamrnto do sentido dessa celebração.

‘AMOU-OS ATÉ O FIM’

Na homilia de 12 de abril de 1979, no primeiro Tríduo Pascal de seu pontificado, São João Paulo II ressaltou que a última ceia é precisamente o testemunho daquele amor com que Cristo, o Cordeiro de Deus, amou a humanidade até o fim.

Nas palavras do Santo Padre, o amor de Jesus até o fim significa:

“Até àquela realização que devia verificar-se no dia de amanhã, Sexta-feira Santa. Naquele dia devia manifestar-se quanto Deus amou o mundo, e como naquele amor tinha chegado ao limite extremo da doação isto é, ao ponto de dar o seu Filho único (Jo 3, 16). Naquele dia Cristo demonstrou que não há maior amor do que dar a vida pelos seus amigos (Jo 15, 13). O amor do Pai revelou-se na doação do Filho. Na doação mediante a morte”.

Ainda segundo o Pontífice polonês, a Quinta-feira Santa é, em certo sentido, o prólogo daquela doação; é a última preparação.

“De fato, pensamos justamente que amar até ao fim significa até à morte, até ao último suspiro. Todavia, a Última Ceia mostra-nos que, para Jesus, «até ao fim» significa ainda além do último suspiro. Além da morte”.

E acrescenta:

“É este, precisamente, o significado da Eucaristia. A morte não é o seu fim, mas o seu início. A Eucaristia tem início na morte, como ensina São Paulo: Sempre que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor até que Ele venha (Cor 11, 26. 6)”.

EUCARISTIA

Na Missa da Ceia do Senhor de 21 de abril de 2011, o hoje Papa Emérito Bento XVI enfatizou: “Com a Eucaristia nasce a Igreja”.

“Todos nós comemos o mesmo pão, recebemos o mesmo corpo do Senhor, e isto significa: Ele abre cada um de nós para além de si mesmo. Torna-nos todos um só. A Eucaristia é o mistério da proximidade e comunhão íntima de cada indivíduo com o Senhor. E, ao mesmo tempo, é a união visível entre todos”.

O Pontífice alemão acrescentou que a Eucaristia é o sacramento da unidade:

“Ela chega até ao mistério trinitário, e assim cria, ao mesmo tempo, a unidade visível. Digamo-lo uma vez mais: a Eucaristia é o encontro pessoalíssimo com o Senhor, e no entanto não é jamais apenas um ato de devoção individual; celebramo-la necessariamente juntos. Em cada comunidade, o Senhor está presente de modo total; mas Ele é um só em todas as comunidades”.

Dois anos antes, na Quinta-feira Santa de 2009, em 9 de abril, Bento XVI afirmou que, no pão repartido, o Senhor distribui-se a si próprio.

“O gesto de partir alude misteriosamente também à sua morte, ao amor até à morte. Ele distribui-Se a Si mesmo, verdadeiro ‘pão para a vida do mundo’ (cf. Jo 6, 51). O alimento de que o homem, no mais fundo de si mesmo, tem necessidade é a comunhão com o próprio Deus. Dando graças e abençoando, Jesus transforma o pão: já não dá pão terreno, mas a comunhão consigo mesmo. Esta transformação, porém, quer ser o início da transformação do mundo, para que se torne um mundo de ressurreição, um mundo de Deus. Sim, trata-se de transformação: do homem novo e do mundo novo que têm início no pão consagrado, transformado, transubstanciado”.

NOVA ALIANÇA

O Papa emérito continua a reflexão ressaltando que aquilo que é designado por Nova Aliança não é um ato acordado entre duas partes iguais, “mas dom meramente de Deus que nos deixa em herança o seu amor, nos deixa a si mesmo”.

“Através da encarnação de Jesus, através do seu sangue derramado, fomos atraídos para dentro de uma consanguinidade muito real com Jesus e, consequentemente, com o próprio Deus. O sangue de Jesus é o seu amor, no qual a vida divina e a humana se tornaram uma só. Peçamos ao Senhor para compreendermos cada vez mais a grandeza deste mistério, a fim de que o mesmo desenvolva de tal modo a sua força transformadora no nosso íntimo que nos tornemos verdadeiramente consanguíneos de Jesus, permeados pela sua paz e desta maneira também em comunhão uns com os outros”.

SACERDÓCIO

Ainda na homilia de 1979, São João Paulo II destaca que, com a instituição da Eucaristia, Jesus comunica aos Apóstolos a participação ministerial no seu sacerdócio, “o sacerdócio da Aliança nova e eterna, em virtude da qual ele, e somente ele, é sempre e em toda a parte artífice e ministro da Eucaristia”.

“Os Apóstolos tornaram-se, por sua vez, ministros deste excelso mistério da fé, destinado a perpetuar-se até ao fim do mundo. Tornaram-se contemporaneamente servidores de todos aqueles que vierem a participar em tão grande dom e mistério”.

Em 8 de abril de 2004, o mesmo Pontífice novamente salientou a relação entre Eucaristia e sacerdócio:

“Só uma Igreja enamorada da Eucaristia gera, por sua vez, vocações sacerdotais santas e numerosas. E faz isto através da oração e do testemunho da santidade, oferecida de modo especial às novas gerações”.

LAVA-PÉS

O gesto de lavar os pés dos discípulos na última ceia também foi destacado pelos Pontífices, sobretudo o Papa Francisco, que desde o início do seu pontificado, tem o costume de realizar esse rito em cárceres e centros de ressocialização de menores.

Na missa de 28 de março de 2013, o Santo Padre explicou aos menores do Cárcere “Casa del Marmo”, em Roma, que lavar os pés significa “eu estou ao teu serviço”.

“E também nós, entre nós, não é que isto signifique de devamos lavar os pés todos os dias uns dos outros, mas qual é o seu significado? Significa que devemos nos ajudar, uns aos outros. Às vezes, fico com raiva de alguém, de um, de uma... mas deixa para lá, deixa para lá, e se essa pessoa te pede um favor, fá-lo. Ajudar-nos uns aos outros: é isto que Jesus nos ensina e é isto que eu faço, e o faço de coração, porque é o meu dever. Como sacerdote e como Bispo, devo estar ao vosso serviço. Mas é um dever que me vem do coração: amo-o. Amo-o e amo fazê-lo porque o Senhor assim me ensinou”.

GESTO DE FRATERNIDADE

Em 24 de março de 2016, Francisco lavou os pés de doze imigrantes e refugiados de diferentes tradições culturais e religiões. Ele contrapôs o gesto de Jesus ao de Judas, que “vendeu” o mestre por 30 moedas. 

“Hoje, neste momento, quando eu fizer o mesmo gesto de Jesus de lavar os pés a vós doze, todos nós estamos a fazer o gesto da fraternidade, e todos nós dizemos: ‘Somos diversos, somos diferentes, temos culturas e religiões diversas, mas somos irmãos e desejamos viver em paz’. E este é o gesto que eu faço convosco. Cada um de nós tem uma história de vida, cada um de vós carrega uma história consigo: tantas cruzes, tantos sofrimentos, mas também tem um coração aberto que deseja a fraternidade. Cada um, na sua língua religiosa, reze ao Senhor para que esta fraternidade contagie o mundo, para que não haja as 30 moedas para matar o irmão, para que haja sempre a fraternidade e a bondade. Assim seja”.

SERVIÇO

São João Paulo II, na homilia de 20 de abril de 2000, ano do grande Jubileu, recorda que Pedro se recusa a ter os pés lavados pelo Mestre que, por sua vez, o convence.

“Logo depois, porém, retomando as vestes e tendo-se posto de novo à mesa, Jesus explica o sentido deste seu gesto: 'Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, visto que o sou. Ora, se Eu vos lavei os pés, sendo Senhor e Mestre, também vós deveis lavar os pés uns aos outros' (Jo 13, 12-14). São palavras que, unindo o mistério eucarístico ao serviço do amor, podem ser consideradas preliminares à instituição do Sacerdócio ministerial.”

PURIFICAÇÃO

Na sua primeira Quinta-feira Santa como Pontífice, em 13 de abril de 2006, Bento XVI afirmou que, pelo gesto do lava-pés, é possível perceber que a santidade de Deus não é só um poder incandescente, “é poder de amor e por isso é poder que purifica e restabelece”.

“Deus desce e torna-se escravo, lava-nos os pés para que possamos estar na sua mesa. Exprime-se nisto todo o mistério de Jesus Cristo. Nisto se torna visível o que significa redenção. O banho no qual nos lava é o seu amor pronto para enfrentar a morte. Só o amor tem aquela força purificadora que nos tira a nossa impureza e nos eleva às alturas de Deus. O banho que nos purifica é Ele mesmo que se doa totalmente a nós até às profundidades do seu sofrimento e da sua morte”.

E continua, refletindo sobre o que significa concretamente lavar os pés uns dos outros:

“Eis que, qualquer obra de bondade pelo outro especialmente por quem sofre e por quantos são pouco estimados é um serviço de lava-pés. Para isto nos chama o Senhor: descer, aprender a humildade e a coragem da bondade e também a disponibilidade de aceitar a recusa e contudo confiar na bondade e perseverar nela”.

Na homilia de 18 de abril de 2019, o Papa Francisco reforça a dimensão do serviço e da humildade ao recordar a recomendação de Jesus,  que diz: “Prestai atenção: os chefes das Nações dominam, mas entre vós não deve ser assim. O maior deve servir o mais pequenino. Quem se sente o maior, deve ser o servidor”.

“Também todos nós devemos ser servidores. É verdade que na vida existem problemas: discutimos entre nós... mas isto deve ser algo que passa, algo passageiro, porque no nosso coração deve existir este amor de serviço ao próximo, de estar ao serviço do outro”.

 

Comente

Papa Francisco: ‘A cruz é a cátedra de Deus’

Por
08 de abril de 2020

Na catequese da Audiência Geral desta quarta-feira, 8, o Papa Francisco fez um convite à contemplação da dor e do sofrimento de Jesus, indicando o crucifixo e a o Evangelho como os grandes sinais da liturgia doméstica dos cristãos nesta Semana Santa.

Realizada na biblioteca do Palácio Apostólico devido às medidas de isolamento social para conter a pandemia de COVID-19, a Audiência Geral foi transmitida para todo o mundo pelas plataformas digitais do Vaticano.

“Nessas semanas de apreensão por causa da pandemia que está fazendo o mundo sofrer, entre as muitas perguntas que nos fazemos, também pode haver perguntas sobre Deus: o que Ele faz diante de nossa dor? Onde está quando tudo dá errado? Por que não resolve os problemas rapidamente?”, destacou o Pontífice.

TESTEMUNHO DO CENTURIÃO

O Santo Padre afirmou que a narrativa da Paixão de Jesus ajuda a responder a essas perguntas. “O povo, depois de acolher Jesus triunfante em Jerusalém, se perguntava se ele finalmente libertaria o povo de seus inimigos. Esperavam um Messias poderoso e triunfante com a espada. Em vez disso, chega um homem manso e humilde de coração, que convida à conversão e à misericórdia”, disse, acrescentando que, aquela mesma multidão, que antes gritava “Hosana ao Filho de Davi!”,  seguida grita: “Crucifica-o!”.

“Aqueles que o seguiram, confusos e assustados, o abandonam. Pensaram: se o destino de Jesus é esse, o Messias não é Ele, porque Deus é forte e invencível”, completou o Papa, ressaltando, no entanto, que o testemunho de um pagão, que aparece na sequência do texto, mostra outra perspectiva. “Quando Jesus morre, o centurião romano, que era um pagão, que o viu sofrer na cruz, o ouviu perdoar a todos e tocou com as mãos o seu amor sem medida, confessa: ‘De fato, esse homem era mesmo Filho de Deus!’ Diz o contrário dos outros. Diz que Deus está ali realmente”, afirmou Francisco.

A FACE DE DEUS

O Santo Padre propôs uma nova questão: “Qual é a verdadeira face de Deus?”, enfatizando que o ser humano, geralmente, projeta em Deus o que é, o seu sucesso, senso de justiça assim como sua indignação.

“Porém, o Evangelho nos diz que Deus não é assim. É diferente e não podemos conhecê-lo com as nossas próprias forças. Foi por isso que ele se fez próximo, veio ao nosso encontro e se revelou completamente na Páscoa. Onde? Na cruz. Nela aprendemos os traços do rosto de Deus. Porque a cruz é a cátedra de Deus”, disse Francisco.

CRUCIFIXO E EVANGELHO

E seguida, o Pontífice recomendou: “Nos fará bem olhar o crucifixo em silêncio e ver quem é o nosso Senhor: é Aquele que não aponta o dedo contra ninguém, mas abre os braços para todos; que não nos esmaga com a sua glória, mas se despe por nós; que não nos ama em palavras, mas nos dá a vida em silêncio; que não nos obriga, mas nos liberta; que não nos trata como estranhos, mas assume os nossos males, os nossos pecados. Para nos libertar dos preconceitos sobre Deus, olhemos o crucifixo e depois abramos o Evangelho”.

Nesse sentido, o Papa convidou todos a, nesses dias de quarentena, fechados em suas casas, tomem crucifixo e suas mãos e abra o Evangelho. “Isso será para nós, digamos assim, como uma grande liturgia doméstica, pois não podemos ir à igreja nesses dias”, completou.

Por fim, o Pontífice reforçou Deus é onipotente no amor. “É o amor de Deus que curou o nosso pecado na Páscoa com seu perdão, que fez da morte uma passagem da vida, que transformou o nosso medo em confiança, a nossa angústia em esperança”, afirmou, acrescentando: “Jesus mudou a história, tornando-se próximo de nós e fez dela, embora ainda marcada pelo mal, uma história de salvação”.

(Com informações de Vatican News e fotos de Vatican Media)

 

Comente

‘O fruto da Eucaristia é a vida eterna’

Por
08 de abril de 2020

A preparação da última ceia, na qual Jesus instituiu a Eucaristia, foi o destaque da liturgia da missa desta quarta-feira, 8, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, e transmitida pelas mídias digitais.

Além de revelar novamente a traição de Judas Iscariotes, o texto do Evangelho (Mt 26,14-25), chama a atenção para o fato de Jesus pedir aos discípulos que prepararem um lugar para a celebração da ceia.

NOVA ALIANÇA

Na homilia, Dom Odilo ressaltou que esse detalhe do Evangelho mostra que Jesus e os apóstolos não tinham um lugar fixo para morar e também seu desejo de celebrar a Páscoa entre os seus, como era costume entre os judeus.

O Arcebispo ressaltou, ainda, que ao celebrar a Páscoa, Jesus dá um sentido novo àquela celebração, mudando o significado do pão e do cordeiro pascal da ceia: o cordeio é o próprio Cristo e o pão é o seu corpo. “Esta é a ceia da nova aliança selada no seu sangue que haveria de derramar na cruz”.

“Acolhamos também nós, sempre com muita fé esse dom e esse mistério que celebramos na Eucaristia, lembrando daquilo que Deus fez e continua a fazer por nós”, exortou o Cardeal, lembrando que cada vez que se celebra novamente a Eucaristia se atualiza o único sacrifício de Cristo na Cruz.

COMUNGAR COM A IGREJA

“O fruto da Eucaristia é a vida eterna. Portanto, agradeçamos sempre a Deus por nos dar esta graça tão grande de podermos receber o corpo de Cristo”, destacou o Dom Odilo, que, ao mesmo tempo, reconheceu que, neste ano, a maioria dos católicos não poderão comungar sacramentalmente devido às medidas de isolamento social que impedem a celebração de missas com a presença do povo.

“Procure comungar espiritualmente com a Igreja que comunga”, afirmou o Cardeal, motivando os fiéis a estarem unidos espiritualmente às suas comunidades paroquiais, acompanhando as transmissões das celebrações. “Depois que passar esta pandemia, nós poderemos voltar às nossas igrejas e celebrar a Eucaristia e comungar normalmente”, completou.

SEMANA SANTA 

O Arcebispo reforçou o convite para que todos acompanhem de suas casas, em família, as celebrações do Tríduo Pascal que serão transmitidas pelas mídias sociais e meios de comunicação.

As celebrações presididas por Dom Odilo serão transmitidas pela rádio 9 de Julho e pelo Facebook. Veja os horários na imagem ao lado. 

No Domingo de Páscoa, 12, haverá um ato de Consagração da América Latina e do Caribe a Nossa Senhora de Guadalupe, transmitido diretamente do México, por iniciativa do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam).

(Colaboraram: Edilma Oliveira e Fred Oliveira)

Comente

Páginas

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.