Comportamento

Autoridade dos pais: berço da segurança e abertura à liberdade

No último artigo, falávamos da importância da ação que nasce e se fundamenta no vínculo entre pais e filhos.  Na mesma perspectiva, tratávamos da ação que orienta, que dá contornos, limites e transmite valores, ou seja, uma ação de autoridade. 
Neste artigo, vamos percorrer um pouco mais esse caminho que passa pelas relações de autoridade na família e a possibilidade de formar pessoas aptas ao exercício da liberdade. 
Para compreendermos melhor toda essa dinâmica entre afeto, vínculo, ação, liberdade e autoridade (serviço), vamos começar entendendo o que significa, verdadeiramente, autoridade. Se buscarmos a origem etimológica da palavra, encontraremos no latim auctoritas (augere), que significa “fazer crescer, prosperar”. Nesse sentido, é fácil constatar que a autoridade tem estreita relação com o ato educativo, pois, segundo o filósofo e educador Leonardo Polo, “educar é ajudar a crescer”. Deste prisma, começa a se descortinar o sentido de serviço contido no exercício da autoridade – aquele que exerce a autoridade na relação com a criança não está fazendo isso para exercer seu “desejo de mandar”, de “ter controle sobre ela”, mas sim para ajudá-la a alcançar o máximo de seu potencial, ou seja, crescer.  Os educadores, nesse caso específico que estamos abordando, os pais, são os primeiros e grandes responsáveis pelo crescimento saudável e harmônico da criança. O que mais desejam é que os filhos alcancem o máximo de seu potencial em todas as dimensões – afetiva, intelectual, física, moral, social e transcendente. Alcançar essa meta passa necessariamente pela possibilidade de auxiliar os pequenos a adquirir hábitos saudáveis, aprender valores, crescer em virtudes e receber orientações.  
Segundo Bernal, Rivas e Urpí, “a autoridade é legitimada quando socialmente se reconhece nas pessoas alguma característica que lhes faz capazes de exercer bem uma função”. Diante dessa visão, como não vermos nos pais, pessoas aptas pelo vínculo que nutrem na relação com os filhos, pela maturidade pessoal, pelas experiências de vida que acumularam e pelo amor com que buscam o bem dos filhos, como absolutamente capazes de exercerem autoridade sobre os pequenos, indicando e acompanhando-os nos caminhos de crescimento, sejam eles fáceis ou difíceis? E que conforto e segurança para os pequenos a percepção de que alguém os conduz com firmeza quando ainda são incapazes de fazer isso sozinhos!
Pensando um pouco na perspectiva tão equivocada que hoje nossa sociedade propõe da liberdade, simplesmente como possibilidade de escolha e da felicidade como prazer imediato, precisamos questionar se é este tipo de liberdade e felicidade que almejamos para os nossos filhos e, mais ainda, se é em nome deles que estamos agindo, tornando nossa relação e nosso papel tão frágeis quanto essa felicidade proposta.  Proponho refletirmos conforme nos apresentam as mesmas autoras já citadas: “Não parece tão claro que a pessoa que desconhece algo perca a liberdade por seguir as orientações de outro que sabe, até que tenha o conhecimento necessário para decidir”. E, se o processo educativo tem como meta ajudar o educando (filho) a crescer, ajudá-lo a aprender valores, adquirir competências e “voar”, certamente este ganhará no processo as habilidades necessárias para exercer sua liberdade da melhor maneira possível – saber escolher com consciência crítica, com critérios, considerando as consequências e sendo capaz de assumi-las. 

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