Espiritualidade

A oração nas casas com Maria

No mês de maio, pode ocorrer um aumento vertiginoso nos números relacionados ao novo coronavírus. Esta previsão chega quando a população já demonstra certo cansaço com as interferências no cotidiano, pois a luta contra essa pandemia, sem um antídoto eficaz, exige medidas de isolamento, dentre outras.

É uma realidade contrastante com o espírito desses dias do ano, época de comemorar o Dia das Mães e de orações festivas à Santíssima Mãe de Deus. O período, inclusive, atraía as noivas aos altares para contrair núpcias. Enfim, esses dias de outono normalmente propiciam encontros, espontaneidade, alegria, e não distanciamento social, estresses ou temores.

É desejo do Papa Francisco a continuidade das orações marianas neste mês, como pediu em carta: “Pensei propor-vos a todos que volteis a descobrir a beleza de rezar o Terço em casa, no mês de maio. Podeis fazê-lo juntos ou individualmente: decidi vós de acordo com as situações”. E indicou um objetivo a se alcançar: “A contemplação do rosto de Cristo, juntamente com o coração de Maria, nossa Mãe, tornar-nos-á ainda mais unidos como família espiritual e ajudar-nos-á a superar esta prova”.

Além das devidas medidas de cuidado às quais todos estamos obrigados, pela responsabilidade de cuidar da saúde, rezar é preciso. Estamos num tempo oportuno para a redescoberta da oração humilde e confiante dirigida ao nosso Criador e Salvador, e de abertura dos corações a um amor eterno. Nesse sentido, há experiências inspiradoras de orações nascidas em contextos dos mais difíceis.

Os salmos ensinam a buscar a Deus com confiança e a Nele se confiar como Jesus Cristo. Do exílio há este testemunho: “Ao Senhor, em minha angústia clamei, e ele me ouviu” (Sl 120,1); romeiros se dirigiam à cidade santa com esta certeza: “Meu socorro vem do Senhor, que fez o céu e a terra” (Sl 121,2). Para tempos como o atual: “Não terás medo (...) da peste que se alastra na escuridão, da mortandade que devasta ao meio-dia” (Sl 91,5-6).

O coração da jovem Maria de Nazaré cultivava esse espírito, havia aprendido a meditar os acontecimentos (cf. Lc 2,19) e discernir a vontade de Deus (cf. Lc 1,38), e os fiéis reconhecem na Mãe de Deus o modelo da Igreja orante. As Escrituras ainda testemunham que a Mãe do Senhor suscita a oração, como a de Isabel (cf. Lc 1,42), reúne os dispersos (cf. At 1,14) e suplica ao seu Filho (cf. Jo 2,3).

A Mãe da Igreja também acolhe as orações dos inúmeros filhos. Os que recorrem ao seu coração encontram aconchego e ternura maternos contra o desconforto e angústias do presente e a intercessão por abundantes graças. Por ela, os olhares são conduzidos ao rosto misericordioso de Jesus e aos mistérios da salvação, revigoradores da esperança e da força.

O Terço é um modo simples de rezar e introduz o orante no espírito de oração característico do povo de Deus, estando ao alcance de todos com várias possibilidades. Além do mais, como lembra o Papa Francisco, com esta prática se constitui uma “família espiritual”, que se une para enfrentar grandes “provas”.

Entretanto, às portas do Dia das Mães, que elas estejam nas intenções dos recitadores do Terço. E, dentre estas mulheres, merecem menção particular as mães envoltas no luto pela perda de filhos pela COVID-19 e os 5,2 milhões de genitoras residentes em favelas, cujas condições materiais já desfavoráveis se agravaram com a perda de rendimentos. Recai sobre muitas delas o dever de cuidar de filhos e/ou idosos em casa.

Que este mês, convidativo à oração, leve à redescoberta da beleza e efeitos do cultivo do Terço nas casas, de onde a Igreja recorre à intercessão da Mãe de Deus e nossa pela superação da atual crise sanitária e pelo encorajamento das mães, sobretudo das mais vulneráveis de nossa sociedade. Mãe orante, ensina-nos a rezar!

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