Editorial

Amor de mãe

Tamanho é o amor das mães pelos filhos que serve como base de comparação para expressarmos em palavras e sentimentos humanos o amor de Deus por cada um de nós.

Na história da Igreja e na Sagrada Escritura, há vários momentos em que o amor de Deus é, metaforicamente, associado ao de uma mãe. No Antigo Testamento, por exemplo, escreve o profeta Isaías: “Acaso pode uma mulher se esquecer do seu bebê, não ter carinho pelo fruto das suas entranhas? Ainda que ela se esquecesse dele, Eu nunca te esqueceria” (Is 49,15), diz o Senhor.

Mães verdadeiras e dedicadas dão tudo, fazem de tudo e param tudo por seus rebentos. Mães amam todos os seus filhos na mesma medida, mas estão sempre atentas às singularidades e necessidades específicas de cada um. Elas sabem que nenhum filho é igual ao outro. Mães são capazes de multiplicar as horas do dia, fazer jornadas duplas ou triplas. Amam os filhos e filhas muito antes de receber manifestações de amor por parte deles.

São características admiráveis que podem e devem ser associadas a características do amor de Deus por nós: incondicional, criador, desinteressado, atento às necessidades de cada filho ou filha, e que ama primeiro, antes de ser amado – Deus “primereia” em seu amor, como diz o Papa Francisco.

Diria São Cipriano que para chegar a Deus é preciso ter a Igreja como mãe. Por isso, o que se espera também dos membros da Igreja é esse tipo de amor, especialmente pelos menores e mais frágeis. Ainda que ame a todos igualmente, é natural que a mãe dê mais atenção ao filho mais vulnerável.

E aqui, mais uma vez, a metáfora maternal parece ser a mais adequada: a Igreja é mãe e mestra. Acolhe e perdoa, mas também ensina e mostra o caminho.

Na Exortação Apostólica pós-sinodal Christus Vivit, o Papa Francisco exemplifica como a Igreja pode ser mãe para os jovens de hoje, muitas vezes sem referências ou inspirações: “Não podemos ser uma Igreja que não chora à vista dos dramas dos seus filhos jovens. Não devemos jamais habituar-nos a isto, porque, quem não sabe chorar, não é mãe. Queremos chorar para que a própria sociedade seja mais mãe, a fim de que, em vez de matar, aprenda a dar à luz, de modo que seja promessa de vida” (75).

Pensando nisso, como não falar de Maria? Ela deu à luz o Salvador e, também, trouxe luz ao mundo. A Encarnação dependia de uma mãe. Deus a escolheu para concretizar o plano de enviar o Filho Amado ao mundo. Maria acolheu o chamado, e a Palavra de Deus se fez carne e habitou entre nós.

Tudo isso mostra que o amor materno é uma das mais altas e nobres expressões que o ser humano pode alcançar. Deve ser celebrado de forma especial no Dia das Mães, mas praticado todos os dias, louvado e incentivado sempre, seja nos direitos civis, na liberdade religiosa ou no respeito incondicional ao dom da vida.

 

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