Comportamento

Somos seres em movimento: nascemos, crescemos, vivemos e morremos

Temos objetivos, traçamos metas, trilhamos caminhos, vivemos aventuras, paixões, emoções, sentimentos.

Traçar metas nos obriga a escolher. Escolher nos tira da pluralidade e nos coloca na singularidade. Escolhendo, perdemos e ganhamos. Vivendo, perdemos e ganhamos. O que perdemos? O que ganhamos?

Decidir por um dos caminhos possíveis reflete os valores que nos movem, que nos sustentam, que estruturam nossa vida. Cada decisão, cada atitude e cada gesto fazem parte de um grande projeto, um projeto que tem um “sentido”, que está direcionado a um objetivo maior, que dá à nossa vida uma perspectiva singular, sublime, única. Reflete quem somos e o que queremos. Por isso, tomarmos consciência do que queremos, do que buscamos em nossas vidas, do que nos move, do sentido que atribuímos à grande aventura de viver é fundamental! É pouco viver no “automático”.

Viver para ser feliz, viver para ter sucesso, viver para acumular riquezas, viver para aproveitar, viver para ter uma família, viver para viajar, viver... Qual o sentido que nos sustenta, que é nossa espinha dorsal, que preenche o tão conhecido e insaciável desejo humano?

Saber qual felicidade se busca, que tipo de sucesso motiva, quais são as riquezas que atraem e pelas quais vale a pena lutar, determina o caminho. É preciso refletir.

É moderno inovar, romper com as tradições, colocar de lado as exigências do convívio, o cuidado desgastante com os detalhes que promovem o bom ambiente, o respeito à cultura familiar. Ser livre para a maioria é “fazer o que dá na telha” desde que traga felicidade (sentimento fugaz) e nada de obrigações.

Com tantas facilidades, possibilidades e oportunidades; com tamanha permissividade, compreensão e impunidade - tanta tristeza, tanta tragédia, tanta doença: ansiedade, depressão, suicídios crescentes (entre jovens e adolescentes), dependência química, excesso de exposição (intimidades na rede), falência das relações conjugais e familiares. O homem não foi feito somente para as facilidades e, nelas, quase nunca encontra meios para crescer, encorpar e ganhar fortaleza. O prazer enfastia, enjoa, cansa e esvazia.

O que é a vida? O que acontece quando acaba? Porque acabar é um fato, independentemente de querermos ou não. Há um fim, inesperado talvez, afinal, nessa aventura que é viver, uma das variáveis é a surpresa; a outra a impossibilidade de controle (muito pouco está de fato em nossas mãos). Estamos suscetíveis aos acidentes naturais, sociais, a doenças, aos acasos. Refletir sobre o fim pode trazer luz ao sentido.

Ter um sentido maior, um objetivo global, um “lugar” para chegar ao fim é fundamental para podermos viver em primeira pessoa; para podermos deixar nossas marcas, fazer escolhas coerentes, agir com assertividade, fazer bem o que quer que escolhamos e sentirmos a felicidade do objetivo alcançado ou, ao menos, do caminho percorrido. Errar é uma possibilidade frequente, porém, é muito mais fácil identificar o momento em que tomamos o atalho indevido, quando estamos certos da onde queremos chegar. Retomar o caminho com determinação é fruto dos que têm clareza do objetivo, dos que sabem aonde querem chegar, dos que têm algo maior pelo qual lutar.

Precisamos reinventar a roda, resgatar tradições, aprofundar raízes, buscar sentido, traçar metas maiores. Somos pessoas, portanto, capazes de muito, de um potencial que temos desperdiçado em nome de uma vida prazerosa e confortável. Podemos salvar nossa juventude das drogas, da sensualidade exagerada, dos suicídios, do estado de “cansaço” que os domina. Eles, como nós, precisam de mais – ser “feliz”, ter “prazer” é muito pouco, não os preenche como pessoas. Qual é sua missão? Para que estão aqui? Vale a pena pensarmos seriamente a respeito!

Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o blog educandonacao.com.br.
 

LEIA TAMBÉM: Se minha mãe tem diabetes, eu também terei?

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.