A missão primordial da paróquia, diante do desafio da “mudança de época” em que vivemos; da complexidade da “cultura urbana” que se sedimenta, cada vez mais, por meio do crescimento das cidades que afeta as concepções de vida, os valores mais profundos e os modos de relacionamento com o todo em geral; é a de “ser autenticamente uma comunidade de fé que se expande em missão”.

Como “princípio”, devemos ter como fundamento o caráter irrenunciável da dimensão comunitária para a experiência cristã (a vida eclesial é vida comunitária), pois, no mundo globalizado e midiático, está surgindo um novo perfil de crente para o qual a dimensão comunitária não adquire a importância que a experiência cristã lhe atribui.

Quando voltamos às fontes de nossa fé e meditamos profundamente o Livro dos Atos dos Apóstolos, percebemos que a comunidade apostólica é movida pelo Espírito Santo para cumprir o mandato do Senhor de “anunciar” o seu Evangelho e batizar a todos os que crerem e animá-los a viver intensamente a mesma fé e a caridade em comunidades. Em destaque, temos o empenho do Apóstolo, São Paulo, que anuncia em missão o Evangelho e funda comunidades para que a experiência cristã seja vivida e testemunhada de maneira concreta com base no fascínio por Jesus, traduzido num estilo próprio de vida que, por sua vez, também fascinava a todos.

Assim, aqui temos um elemento nevrálgico para o caminho sinodal arquidiocesano nas paróquias, em vista de suas assembleias que se realizarão, logo mais, a partir do dia 15 de outubro: a paróquia tem como missão primordial “ser esta comunidade viva de fé” na cidade de São Paulo e testemunhar, àqueles que diminuem a importância da dimensão comunitária da experiência cristã, que a comunidade é o “lugar” onde se vive concretamente a comunhão fraterna, a partilha em caridade, as Bem
-aventuranças do Reino e a alegria do Evangelho de Jesus Cristo.

Lembremos que a paróquia não é principalmente uma estrutura, um território, nem edifício, mas é a família de Deus, como uma fraternidade animada pelo Espírito da unidade.

Portanto, antes de darmos grandes propostas de renovação pastoral, que reflitamos sobre a vida comunitária que a paróquia está promovendo: somos comunidade do Senhor, família de Deus? Somos comunidade acolhedora que fascina e atrai a todos a Jesus Cristo? Somos uma comunidade de “engajados” no caminho da Igreja, ou somos apenas um grupo que pouco partilha as angústias e esperanças do lugar onde a paróquia está e da Arquidiocese no seu todo?
“Paróquia, torna-te o que tu és” e, assim, “serás uma Igreja em saída, irradiante do rosto de Cristo para todos”!

Padre José Arnaldo Juliano dos Santos é Teólogo-Perito do sínodo arquidiocesano