Espiritualidade

Como sarar as feridas da violência?

A Campanha da Fraternidade neste ano quer nos auxiliar a refletir sobre a realidade da violência, que tem se revelado cada vez mais cruel e assustadora e é percebida na maioria das cidades do nosso Brasil.

A violência, nas suas múltiplas faces, provoca muitas feridas, muitas perdas para as famílias, comunidades e a sociedade em geral. No meio de nosso povo, há muitas feridas abertas que precisam ser cuidadas e curadas.

Fazer justiça com as próprias mãos não fechará as feridas, pelo contrário, abrirá outras feridas. Também o ódio e a vingança não são resposta contra a violência e suas consequências. É necessário buscar a justiça, é urgente continuar a defender a dignidade da vida e os direitos de todas as pessoas, mas, se quisermos curar as feridas, precisamos ir além. 

Às pessoas feridas pela violência é ingente apresentar a graça sanadora que provém do sangue de Cristo derramado na Cruz. Jesus nos ensinou com sua vida o caminho para curar as feridas; quando os chefes do povo, permeados pelo ódio e pela inveja, o levaram à cruz, Ele ofereceu uma grande resposta, como nos recorda São João Paulo II: “Mostra-se agora Ele próprio, digno da maior misericórdia e parece apelar para a misericórdia, quando é preso, ultrajado, condenado, flagelado, coroado de espinhos, pregado na cruz e expira no meio de tormentos atrozes. É então que Ele se apresenta particularmente merecedor da misericórdia dos homens a quem fez o bem; mas não a recebe. Até aqueles que mais de perto contatam com Ele não têm a coragem de o proteger e arrancar da mão dos seus opressores. Na fase final do desempenho da função messiânica, cumprem-se em Cristo as palavras dos Profetas e, sobretudo, as de Isaías, proferidas a respeito do Servo de Javé: ‘Fomos curados pelas suas chagas’” (DM 7). 

O Cristo ferido que olhou para Verônica nos ensina a sair constantemente de nós mesmos para sermos capazes de nos aproximar-nos do outro e levar a consolação e a luz da verdade. O Senhor injuriado que não injuriou nos mostra que a reconciliação abre as portas para uma nova vida, construída sobre o amor, porque uma vida sem amor não seria vida. “Enquanto os judeus pedem sinais e os gregos buscam a sabedoria, nós anunciamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos” (1Cor 1, 22-23). 

É o caminho de Jesus, às vezes incompreensível até para nós que gostamos de permanecer na companhia d`Ele, que sabemos como Ele é bom e como Suas palavras são espírito e vida. Mas esta é a grande verdade: “É da cruz que vem a cura, na Cruz Jesus ofereceu as suas feridas ao Pai por nós: mediante suas feridas, somos curados. Que nunca nos falte a sabedoria de encontrar, nas feridas de Cristo, a fonte de toda a cura (cf. Papa Francisco. L`Osservatore Romano , 48, 30/11/2017, p.5). Abençoada Quaresma a todos.
 

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