Comportamento

Na infância, jogar é coisa séria!

Nesta época em que nossas crianças desde muito pequenas estão sendo estimuladas a jogos eletrônicos e experiências virtuais, creio ser muito oportuna uma reflexão sobre a grande importância do jogo na vida e na formação dos pequenos. 

Aqui trataremos do jogo lúdico, jogo entre pessoas físicas e não amigos virtuais. Vamos pensar na riqueza dessa experiencia que tanto contribui na vida dos pequenos e que anda, de certa forma, esquecida atualmente. 

O jogo de regras é um modo muito eficaz de prepararmos os pequenos para a vida. Quando jogamos, estabelecendo as regras e as tratando com seriedade, estamos promovendo um verdadeiro laboratório da vida, permitindo que a criança experimente, sem o peso da realidade formal, os sentimentos, emoções, de ganhar, perder, acertar, errar, criar estratégias e viver as consequências.

Quando levamos o jogo a sério e não poupamos as crianças nem adaptamos as regras para que sejam beneficiadas, estamos agindo de modo bastante assertivo no sentido de ajudá-las a vincular as emoções à atividade que estão realizando e, com isso, possibilitar um momento rico de educar a afetividade. 

Alguns aspectos bem práticos que podem ser aprendidos: 

1.  Aprender a ganhar e a perder – embora aparentemente pareça mais difícil aprender a lidar com a frustração promovida pelo perder, também há uma riqueza enorme em saber ganhar. Ao perder, a criança precisará lidar com o erro, a má sorte, a escolha inadequada, ou seja, com a frustração. Lidar com a frustração é uma aprendizagem fundamental para a vida toda, afinal, sempre estará presente de algum modo e em diferentes intensidades. A experiência de ganhar, por outro lado, não remete o pequeno à frustração, mas pode, com facilidade, remetê-lo à soberba, ao sentimento de “sou o bom”, sou in
vencível, o melhor! Portanto, aprender a ganhar com a humildade de saber-se tão vulnerável à perda como os demais também é uma vivência muito rica. 

2.  Aceitar regras e normas de conduta – Esse aspecto necessariamente depende da intervenção de um adulto, daí a riqueza do jogo em família! O papel dos pais é fundamental na mediação dos conflitos e no suporte às manifestações inadequadas ou às tentativas de burlar as regras. É enorme a riqueza que se promove quando podemos participar de situações de jogo com os filhos, com a perspectiva de que aprendam com elas. Mais que diverti-los, é importante ter em vista que estão aprendendo e que, se contribuirmos para que “burlem” as regras e ganhem, estaremos ensinando uma possibilidade de se posicionarem assim depois, no jogo da vida – em que nem sempre as consequências serão fáceis de lidar. 

3.  Adquirir virtudes – Quando bem conduzida a situação de jogo, as crianças poderão ganhar habilidades e virtudes importantes para o convívio. No jogo, abre-se a possibilidade de diálogo, e pode-se vivenciar a experiência de discordar sem brigar e, se houver briga, experimentam-se os sentimentos ruins que brotam dessa situação, abrindo-se a possibilidade de desejar outra solução. Cria-se a necessidade de aprender a ouvir (seja o oponente ou o adulto que está intervindo), colocar-se no lugar do outro, criar possibilidades e soluções, aprender a esperar, a obedecer a regras, a manifestar opiniões e descontentamentos de modo mais equilibrado. 

Além de tudo isso, jogar em família cria um ambiente de alegria, de afetividade, de descontração, apesar das possíveis “trovoadas”. Afinal, o jogo é um “ensaio”, nele não está em cena a seriedade da vida. 

Vale a pena promover momentos para essa prática em família!

Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o blog Educando Na Ação

 

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