A Ana não me disse seu sobrenome. Ela mora na Freguesia do Ó e diz que faz a oração das 100 Ave-Marias. Diz que deve rezá-las e ajoelhar cem vezes e fazer cem vezes o sinal da Cruz. E tem uma dúvida: “É assim mesmo que se faz, padre?” 

Ana, querida. Eu fico impressionado com as devoções que se criam no meio do povo de Deus. Umas nem cristãs são. Um exemplo: Em qualquer entrada de Igreja, a gente encontra aos montes a seguinte oração: “Eu quero, eu faço, eu posso!” E eu fico me perguntando: “Meu Deus! Se eu quero, faço e posso, por que vou incomodar a Deus com meus pedidos? ” 

Quer ver outra prece esquisita, Ana? Nós publicamos e colocamos nas portas de algumas igrejas preces de agradecimento a Santo Expedito ou a outros santos. E em vez de agradecer a Deus a graça que nos conce deu, ou em vez de agradecer ao Santo a intercessão junto a Deus, agradecemos a graça ao Santo. Não é assim. Os santos fazem milagres com sua intercessão. Eles oram por nós. São nossos amigos. Eles intercedem e Deus nos concede a graça que precisamos. 

Agora veja, Ana, essa devoção complicada que você afirma existir: Pelo que entendi, se rezam cem Ave-Marias, ajoelhando e erguendo-se a cada uma delas e depois fazendo cem vezes o sinal da cruz. Repare, Ana, que parece mais ginástica do que oração. Por que ser tão espalhafatoso se na oração nos dirigimos a nosso Pai do céu e a nossa Mãe querida, mãe de Jesus?

Ana, seja uma mulher de oração. Confie na misericórdia de Deus. Reze o Terço, que é a Bíblia dos pobres, e não se apegue a esses tipos esquisitos de oração em que parece que damos mais confiança aos ritos do que às palavras que dirigimos a Deus e aos santos. Fique com Deus, viu? E muita paz no seu coração.