Comportamento

Providência e Aposentadoria

Talvez o leitor pense que houve um engano no título. Não seria Previdência, com “e”? Não, não há engano. Tanto providência como previdência dizem respeito a tomar medidas antecipadas com a finalidade de se evitar um possível dano futuro, assegurar melhores condições para a realização de uma meta ou da qualidade de vida de uma pessoa ou comunidade.

No entanto, Previdência (com “e”) tornou-se um dos temas mais comentados nos últimos tempos, em função das possibilidades de reformas a serem conduzidas no Congresso Nacional. Esta, denominada Previdência Social, refere-se a ações que buscam garantir o mínimo de condições de dignidade ao trabalhador que, após concluir o período de trabalho legal, passa a ter direito a uma pensão vitalícia denominada aposentadoria. Para tanto, é necessário que, ao longo desse tempo, o trabalhador tenha realizado uma “poupança”, que permita promover futuramente as condições dignas de vida, com suas necessidades, sem que se empenhe num trabalho remunerado. 

Sem querer entrar na complexidade do tema da Previdência Social, é fato que muitos, sem conseguir completar o tempo necessário para realizar essa poupança, precisam se afastar do trabalho. A exemplo, temos os doentes – por diferentes motivos. Assim também há um grande contingente que nunca conseguiu contribuir por necessidades de saúde, mas que precisa receber algum recurso para o seu sustento. E assim cresce um montante significativo, que, com a crescente longevidade e suas consequentes necessidades de recursos de saúde, chegam até a superar a poupança para providenciar os recursos necessários a todos. Dessa forma, afirmam os técnicos: “se quebra a Previdência Social! Uma questão matemática”.

Certamente os diversos fatores que se apresentam nesse tema vão muito além desse espaço. O que se deseja chamar a atenção é que não se deve vincular a providência com a aposentadoria enquanto uma atitude comportamental de “parar de trabalhar”. Não se assuste ou se revolte o leitor. Todos têm o direito de deixar o emprego, se assim o desejarem, após o cumprimento do período requisitado – período este que também está em discussão. Contudo, emprego e trabalho não são coisas idênticas. Todos podem e devem trabalhar dentro das suas condições possíveis. A diferença é que quando o trabalho é remunerado, passa-se a chamar de emprego. Ou seja, nem todo trabalho é emprego, mas todo emprego dá trabalho. 

A aposentadoria é perfeitamente compatível com o emprego como um direito indiscutível. Mas, o trabalho, que não está vinculado ao emprego, desde que a pessoa apresente condições para tanto, deve ser mantido como um comportamento de dignidade e saúde! Isto mesmo: saúde! Ao longo de décadas atendendo idosos, pode-se comprovar que aqueles que melhor alcançam boa qualidade de vida, em idades avançadas, são principalmente aqueles que sempre trabalharam, dentro das suas condições e limites. Isso não significa marcar o ponto no relógio, ter carteira assinada ou holerite.

Estou falando da atitude de serviço em relação ao outro, ao próximo, que pode englobar desde os pais, os filhos, netos e sobrinhos, assim como amigos e vizinhos. Falo do trabalho em servir um copo d’água; de fazer companhia a um enfermo; de cuidar dos netos porque a filha trabalha fora; de zelar pelo jardim da praça que também é sua; de administrar – com sua experiência -uma instituição beneficente que não tenha recursos; de sorrir quando todos estão cansados, inclusive você; emprestar um ombro para alguém chorar. Estar a serviço do próximo é sempre um trabalho de comportamento saudável e que promove qualidade de vida quando realizado com amor. Nessa “profissão”, nunca se aposenta, mas certamente se estará tomando providências para que o mundo seja cada vez melhor. Uma previdência para qual não pode faltar recursos. 

 

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