Opinião

Conclusões de Medellín: A Igreja de Cristo Jesus presente na América

Estamos motivados pelos 50 anos da Conferência Latino-americana ocorrida em Medellín, na Colômbia. A Igreja de Cristo Jesus presente neste Continente recorda com alegria e celebra com esperança o anúncio querigmático do Evangelho de nosso Salvador.

Percebendo as necessidades e preocupações do homem e mulher presentes na América Latina, a Igreja procurou responder como Mãe e Mestra. A II Conferência Geral do Episcopado Latino-americano, ocorrida em Medellín, em 1968, destacou: “A Igreja latino-americana, reunida na II Conferência Geral de seu Episcopado, situou no centro de sua atenção o homem deste continente, que vive um momento decisivo de seu processo histórico” (Medellín, Introdução, p.5). Foi seguramente um marco eclesial e presencial às angústias e sofrimentos das pessoas que bradavam e aguardavam por esperança e confiança. O anúncio do Evangelho de Cristo Jesus e a atenção do episcopado selaram as bases para a Igreja presente no Continente da Esperança. 

Nos anos 60 do século XX, a América Latina era sacudida por mortes nos campos e na cidade. As ditaduras se faziam presentes em várias nações. O desespero tomava conta das massas desorientadas pela violência e opressão. As vozes estudantis, os movimentos campesinos e a liberdade de consciência, até com levantes armados, imperavam nos variados ambientes da sociedade. 

Num Continente maciçamente jovem e majoritariamente empobrecido, a Igreja de Cristo Jesus, representada por suas conferências episcopais nacionais, procurou escutar e entender o clamor da população e promover as mudanças que a sociedade almejava. 

Um fortíssimo aliado no Continente foi a mobilização do Episcopado Católico. Os Bispos apresentaram as orientações do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965) e seguiram a antiquíssima tradição eclesial e reuniram-se em assembleia. As conferências episcopais nacionais uniram forças e juntas traçaram não só um documento, mas metas prioritárias para a evangelização. “Toda revisão e renovação das estruturas eclesiais no que tem de reformável, deve, evidentemente, ser feita para atender as exigências de situações históricas concretas, mas não perdendo de vista a própria natureza da Igreja. A revisão que hoje se deve levar a cabo em nossa situação continental há de ser inspirada e orientada pelas ideias diretivas muito sublinhadas no Concílio: a da comunhão e a da catolicidade (LG 13)” (Medellín, pgs. 152-153).

Diante do contexto continental, os jovens e os pobres foram assegurados como prioridades, sem deixar de lado a universalidade dos problemas. Assim, as Resoluções do Concílio Ecumênico Vaticano II e as Conclusões de Medellín passaram a ser para a Igreja presente na América Latina o seu referencial. A Igreja lançava seu olhar sobre as dores secularmente impostas aos homens e mulheres deste Continente. Projetava a todos esperança e um devir assegurados à luz do Evangelho de Jesus Cristo e no testemunho e presença do episcopado. 

Arte: Sergio Ricciuto Conte
 
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