Comportamento

Ansiedade e depressão na adolescência

Ultimamente, o mundo vê crescer assustadoramente o número de suicídios entre os adolescentes e jovens. Segundo a OMS, o suicídio é a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos, perdendo somente para os acidentes. A agência mundial da saúde também alerta que o número de suicídios é maior nos países de média e baixa renda.

Segundo a mesma agência - “Embora a relação entre distúrbios suicidas e mentais (em particular, depressão e abuso de álcool) esteja bem estabelecida em países de alta renda, vários suicídios ocorrem de forma impulsiva em momento de crise, com um colapso na capacidade de lidar com os estresses da vida – tais como problemas financeiros, términos de relacionamento ou dores crônicas e doenças”.  O enfrentamento de conflitos, desastres, violência, abusos ou perdas e um senso de isolamento estão fortemente associados com o comportamento suicida. 

Podemos pensar no suicídio como o extremo – o impulso desesperado – diante de um sentimento ou situação complicada. Para além desse trágico acontecimento, temos também o crescimento vertiginoso de adolescentes com distúrbios psíquicos limitantes, como os distúrbios de ansiedade e as depressões. Quantos e quantos acabam por abdicar dos estudos, trabalho, companhia de amigos por não se sentirem capacitados para tais atividades e para o convívio! 

Como pais, precisamos nos debruçar sobre essa realidade assustadora e questionar: o que podemos fazer para mudar esse panorama, ou o que será que temos feito que vem contribuindo para essa situação assustadora? Que fenômeno é esse que vem crescendo embaixo de nossos olhares e dentro de nossas casas? 

Evidentemente, um fenômeno como esse é bastante complexo e certamente determinado por um emaranhado de causas. Porém, observando nossas crianças e adolescentes, parece-me muito claro constatar que não estamos preparando-os para o mundo, para a aventura de viver, para o inusitado e nem sempre “esperado” panorama que a vida oferece.
 

Ao temermos assumir posturas autoritárias, tolhermos a liberdade e sermos tomados como retrógrados, acabamos assumindo posturas contemplativas na relação com os filhos – observando e apoiando decisões e experimentações mesmo que absolutamente destituídas do senso de consequência e dos critérios fundamentais para que escolhas saudáveis sejam feitas. Não podemos nos esquecer de que nós, seres humanos, não temos em nossos instintos e impulsos um modo de agir “impresso” como os têm os animais. O que dá sentido, norte, orientação ao homem são as tradições, os valores familiares, o juízo moral formado no seio da família com clareza e sem medo de oferecer uma diretriz.  O que torna uma criança forte para enfrentar os obstáculos que surgirão no futuro é a possibilidade de suportar as frustrações cotidianas, pequenas, sem que os pais se coloquem como amortecedores ou como instrumentos de proteção que impedem tais frustrações. Nosso papel como pais é o de suporte: daquele que acompanha, está junto e anima o filho a aprender e criar diante do sofrimento.  A riqueza de passar pelas frustrações, sofrer, mas saber-se capaz de sobreviver e criar saídas e soluções, é um grande bem – é o gérmen da fortaleza. Supor que uma criança, movida pelo desejo, pelas pulsões, esteja exercendo sua liberdade é um equívoco enorme e poderá gerar ao longo de seu desenvolvimento um vazio – uma absoluta falta de sentido e um estado de incapacidade que poderá acabar por desembocar na depressão e ansiedade, tão comuns atualmente. 

Educar pressupõe conhecer, amar, tirar do filho o melhor, sem esquecer que cada pessoa é um tesouro único, dotada das dimensões física, afetiva, intelectual, social e espiritual, e que está na nossa mão de pais transmitir valores, ensinar critérios, promover a busca de sentidos para a vida e, aí sim, deixá-los saborear a verdadeira liberdade – a de poder fazer escolhas assentadas em valores claros – escolher o bem e não a autodestruição.

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