Biografia do primeiro papa latino-americano contada por quem o conhece

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13 de março de 2018

“Todos os dias, Jorge Mario Bergoglio abria pessoalmente a sede do arcebispado de Buenos Aires. Não morava no Palácio Episcopal, mas num pequeno apartamento de um bairro próximo. Era fácil vê-lo, lá pelas 5h30 da manhã, atravessando a rua ou lendo os jornais e tomando mate. Prefere ônibus e metrô a carros oficiais”, contou, ao O SÃO PAULO em Março de 2013, Sergio Alejandro Ribaric, teólogo argentino, doutorando em teologia pela PUC-Rio.

Papa Francisco, o Cardeal Bergoglio, é um dos cinco filhos de um operário ferroviário, descende de uma família de imigrantes italianos e nasceu no bairro de Flores, na cidade de Buenos Aires, no dia 17 de dezembro de 1936. Formou-se como técnico químico, mas escolheu a vocação sacerdotal e ingressou no seminário da "Companhia de Jesus" em 1958, aos 22 anos.

 

Há 5 anos, cardeais elegeram o 1º papa latino-americano

Embora torcedor do time de San Lorenzo, nunca pôde se dedicar ao esporte porque, aos 14 anos, sofreu uma grave infecção no pulmão, e a partir daí, sempre teve cuidados com sua alimentação e também por isso, fazia a sua própria comida. Como um bom argentino, gosta de tango, do escritor argentino Jorge Luis Borges e de rezar todas as manhãs.

Entre 1964 e 1966, foi professor de literatura e de psicologia e em 13 de dezembro de 1969 foi ordenado sacerdote. Foi mestre de noviços nos anos de 1972 e 1973, quando foi escolhido provincial dos jesuítas na Argentina, função que exerceu durante seis anos. Em março de 1986, foi confessor e diretor espiritual, na cidade de Córdoba. Em maio de 1992, o Papa João Paulo 2º o nomeou Bispo titular de Auca e auxiliar de Buenos Aires, Arquidiocese da qual se tornou titular em 1998.

“Na Arquidiocese de Buenos Aires, sempre incentivou a presença nas favelas e comunidades pobres. É conhecido por seu trabalho nas ‘villas', (como são conhecidas as favelas argentinas) e por apoiar os chamados ‘curas villeros' (Padres que se dedicam aos pobres). Durante a gestão dos Kirchner, enfrentou corajosamente os presidentes, afirmando que era imoral, ilegítimo e injusto continuar permitindo que a desigualdade continuasse crescendo no país”, continuou Sergio.

Padre Mário Geremia, gaúcho e na ocasião Pároco da Santa Cecília e São Pio X, na zona sul do Rio de Janeiro, foi aluno do Cardeal Bergoglio na cidade de São Miguel de Buenos Aires, nos anos de 1987 e 1988. “Lembro com muito carinho suas aulas de teologia pastoral nas quais ele conseguia integrar conteúdo e prática. A maioria dos jesuítas da época foi profeta no combate à violência da ditadura militar da Argentina e ele foi um dos que sempre esteve ao lado das vítimas”.

“É um grande defensor do Concílio Vaticano 2º e os documentos mais apreciados por ele são o Evangelium Nunciandi e a Gaudio et Spes. Nos primeiros gestos como Papa, eu pude confirmar o mesmo Padre, professor, Bispo e Cardeal que sempre foi. Como latino-americano, me sinto bem representado pelo Papa Francisco. Creio que a Igreja e a humanidade vão ganhar com sua presença humilde, sabia, amiga e santa”, ressaltou Padre Mário.

“Logo que reconheci o nome do cardeal Bergoglio, veio à minha mente a vez que lhe dei a mão e comentei que era postulante da Congregação Filhas de São Paulo. Queria pedir-lhe que rezasse por mim, mas antes que pudesse abrir a boca, ele me disse: ‘Rezem por mim'. Sempre assinava suas mensagens assim e terminava as homilias pedindo que rezássemos por ele. Recordo seu tom de voz, suave e tranquilo, muito baixo, às vezes. Mas, na hora de denunciar uma injustiça, podia levantar sua voz e realizar gestos enérgicos e surpreendentes”, contou irmã Gabriela Flores.

Matéria originalmente publicada na edição especial do O SÃO PAULO, de 19 a 25 de Março de 2013

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Há 5 anos, cardeais elegeram o 1º papa latino-americano

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13 de março de 2018

Eram 19h07, em Roma - 15h07 no Brasil -, do dia 13 de março de 2013, quando a fumaça branca começou a sair da chaminé da Capela Sistina, no Vaticano. Imediatamente, os sinos da Basílica de São Pedro iniciaram um repicar alegre, se estendendo, depois às demais igrejas de Roma, anunciando ao mundo que a Igreja Católica Apostólica Romana tinha um novo Papa.

Foram cinco votações, uma a mais do que na escolha do papa anterior, em dois dias de Conclave, após 13 dias da renúncia de Bento XVI, em 28 de fevereiro de 2013. Os fiéis não arredaram o pé da praça São Pedro durante todo o dia apesar da chuva e clima frio, até que o mundo conhecesse, finalmente, o sucessor de Pedro.

Biografia do primeiro papa latino-americano contada por quem o conhece

Foram necessários 60 minutos para que o Cardeal Protodiácono, o francês Jean-Louis Tauran, chegasse à sacada do palácio apostólico para anunciar: “Eu vos anuncio uma grande alegria: temos Papa! O eminentíssimo e reverendíssimo senhor Jorge Mario, Cardeal da Santa Madre Igreja, Bergoglio, que escolheu como nome Francisco”.

A multidão, ainda aos gritos pelo anúncio, quase não se conteve quando Cardeal Bergoglio, Arcebispo de Buenos Aires, com 76 anos à época, apareceu no balcão da Basílica. Visivelmente emocionado, ele permaneceu mudo por quase 20 segundos olhando com ar grave os fiéis de todas as nacionalidades que o saudavam “O Papa do fim do mundo”. Eram 20h22 em Roma – 16h22 no Brasil.

Francisco, o primeiro Papa latino-americano, primeiro jesuíta e 167º Papa religioso depois de Gregório XVI (1831 a 1846), surpreendeu o povo que estava na praça, ao pedir “um favor”, no encontro inicial: “Peço-vos que rezem ao Senhor para que me abençoe, a oração do povo pedindo a bênção pelo seu Bispo. Façamos em silêncio esta oração”, declarou, conseguindo calar a multidão que se encontrava em festa há cerca de uma hora, após a saída da fumaça branca, da chaminé, colocada sobre a Capela Sistina.

Rezou com o povo o Pai Nosso e a Ave-Maria. Após a oração, as feições do novo pontífice se abriram e, já mais descontraído, brincou com os fiéis, dizendo: “Sabeis que o dever do Conclave era dar um Bispo à Roma: parece que os meus irmãos Cardeais foram buscá-lo quase ao fim do mundo”. Então, Francisco deu a tradicional bênção papal Urbi et Orbi (à cidade e ao mundo), marcando sua primeira ação.

Não passou despercebido a quantos viram ou pessoalmente ou pela televisão, seu primeiro pronunciamento, as palavras ditas, que, de acordo com Padre Marcial Maçaneiro, indicavam a linha de pontificado que seria dada por ele. “Fraternidade, amor e confiança mútua”, foram as primeiras palavras pronunciadas pelo nosso querido Papa Francisco. Uma verdadeira mensagem de esperança e de paz de que nosso mundo tanto necessita”, analisou o então Bispo da Diocese de Santo André, Dom Nelson Westrupp. O próprio nome escolhido, sugerido pelo Arcebispo Emérito de São Paulo, Dom Cláudio Hummes, também é sinal de que a Igreja sairá da Cúria romana para estar mais próxima dos pobres.

Ao quebrar protocolos após a eleição, dispensando os paramentos papais, ao retornar ao hotel, onde estava hospedado antes do Conclave, pagar a conta, dispensar a limusine do Vaticano e voltar para a Basílica de São Pedro, sua nova residência, de ônibus, continuar usando sapatos pretos, ao invés do tradicional mocassim vermelho, na primeira entrevista com os 5.500 jornalistas do mundo inteiro, afagar o cão-guia labrador de um jornalista deficiente visual, e tantas outras, o Papa deu mostras disso. “Sinais que Francisco nos transmite, com muita naturalidade, de que pretende estar num encontro direto com o Povo de Deus e fazer com que todos se sintam membros da Igreja, essa grande família, como ele falou”, analisou monsenhor André Sampaio, mestre e doutor em direito canônico, em Março de 2013, no Rio de Janeiro.

Matéria originalmente publicada na edição especial do O SÃO PAULO, de 19 a 25 de Março de 2013.

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Papa nomeia Bispo Auxiliar para a Diocese de São Carlos (SP)

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07 de março de 2018

O Papa Francisco nomeou o Padre Eduardo Malaspina como Bispo-Auxiliar da Diocese São Carlos (SP) e titular de “Pupiana”. A notícia foi publicada hoje, 07 de março, pelo jornal “L´Osservatore Romano”.

Mons. Eduardo Malaspina nasceu em Tabatinga (SP) em 12 de julho de 1967. Depois de concluir o seminário menor (1982-1984) e a faculdade de Filosofia no seminário Diocesano de São Carlos (1985-1987), fez Teologia na Pontifícia Universidade Católica de Campinas ( 1988-1991). É licenciado em Filosofia pelo Claretiano – Centro Universitário e fez Ciência da Comunicação Social, na Universidade Salesiana, em Roma. Concluiu jornalismo na Universidade do Sagrado Coração em Bauru (2001-2004) e mestrado em Teologia Pastoral na faculdade de teologia Nossa Senhora da Assunção, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, de 2009-2012.

O sacerdote ocupou os seguintes encargos: Vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Patrocínio, em Jau (1992); Administrador paroquial da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Américo Brasiliense (SP) de 1992 a 1999; Secretário Diocesano de Pastoral e Coordenador Diocesano da Pastoral da Diocese de São Carlos, de 2000 a 2008; Representante dos Presbíteros da Diocese em diversos encontros nacionais de Presbíteros (ENP). Também foi professor do seminário do Propedêutico e do Instituto de Filosofia São Tomás de Aquino (INFISTA) da Diocese. Foi membro do Conselho de Presbíteros e do Colégio de Consultores e chanceler do Bispado de 2013 a 2017. Atualmente é Pároco da Paróquia de São Nicolau de Flüe em São Carlos (SP) e Vigário Geral da Diocese.

Saudação

Dom Leonardo Steiner, secretário-geral da CNBB, enviou na manhã desta quarta-feira, dia 07 de março, mensagem de saudação a Dom Eduardo Malaspina que assume a diocese São Carlos (SP).

No texto, Dom Leonardo lembra as palavras do Papa Francisco dirigida aos Bispos de Bangladesh no final do ano passado: “O Bispo é alguém que está presente e está próximo ”.

Leia a Mensagem:

Saudação da CNBB ao Padre Eduardo Malaspina

Brasília-DF, 07 de março de 2018

Prezado padre Eduardo Malaspina,

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) se alegra com notícia de que o papa Francisco o nomeou bispo auxiliar da diocese paulista de São Carlos. Aceite a fraterna acolhida da nossa Conferência Episcopal.

Seu itinerário, até aqui, nos mostra sólida formação acadêmica no campo da Teologia, da Pastoral e da Comunicação Social, além da sua significativa passagem pela formação do Clero. Sua experiência de vida e serviço nos leva a esperar a boa qualidade do auxílio que o senhor prestará a dom Paulo Cezar Costa.

Saudamos sua nomeação com uma palavra do papa Francisco dirigida aos bispos de Bangladesh no final do ano de 2017: “O bispo é alguém que está presente e está próximo. Sempre. Repito: perseverar neste ministério de presença, o único que pode estreitar laços de comunhão unindo-vos aos vossos sacerdotes, que são vossos irmãos, filhos e colaboradores na vinha do Senhor, e aos religiosos e religiosas que prestam uma contribuição fundamental para a vida católica…”.

Enviamos um abraço a dom Paulo Cezar e felicitamos os fiéis das comunidades da diocese São Carlos.

Em Cristo,

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília-DF
Secretário-Geral da CNBB

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Sexta meditação: "A sede de lágrimas que devemos aprender"

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21 de fevereiro de 2018

Na localidade de Ariccia, ao sul de Roma, o Papa Francisco e seus colaboradores da Cúria prosseguem os exercícios espirituais até sábado (24/02). Na manhã desta quarta-feira (21/02), o pregador, Pe. Tolentino Mendonça, propôs uma meditação intitulada “As lágrimas que falam de uma sede”, inspirada na presença feminina no Evangelho.

As mulheres nos abrem o Evangelho

Padre Tolentino ressaltou que as mulheres, na narração evangélica, se expressam quase sempre com gestos. Dedicam-se ao serviço, não competem pela liderança; estão ‘com’ Jesus e fazem de seu destino o próprio. ‘Servem’, que na gramática de Jesus, é o verbo mais nobre.

“Com esta linguagem, evangelizam com o modo dos periféricos, dos simples, dos últimos ”

Uma espécie de sede

Curiosamente, no Evangelho de Lucas, um dos elementos que une as personagens femininas são as lágrimas: todas choram, expressando emoções, conflitos, alegrias, solidão ou feridas. Nos Evangelhos, Cristo também chora, assumindo a nossa condição e todas as lágrimas do mundo. Elas explicam a nossa sede de vida, de desejo; de relação. São a linha divisória que distingue os seres que sabem tudo dos seres que não sabem nada. São aquilo que pode nos tornar santos depois de humanos.

As lágrimas da mulher sem nome

O Evangelho de Lucas apresenta uma mulher que chora e ensina a chorar: uma intrusa, discípula anônima que segue o Mestre confiante que Ele a protegerá. Aparece sem ser convidada, unge e chora aos pés de Jesus. Não teve medo, mas suas lágrimas ‘contavam sua história’, como afirma o escritor Roland Barthes. Nosso choro não revela apenas a intensidade da nossa dor, mas a natureza de nossa sensibilidade pois chorando, nos dirigimos sempre a alguém. É a sede do próximo que nos leva a chorar.

“As lágrimas suplicam a presença de um amigo capaz de acolher nossa intimidade sem palavras e abraçar a nossa vida, sem julgar ”

Vê esta mulher?

Prosseguindo a meditação, Pe. Tolentino afirmou que o pranto da mulher intrusa era um ‘dilúvio’: ela banhou os pés de Jesus, os enxugou com os cabelos, os beijou e perfumou”. Em uma palavra, ‘tocou’ Jesus.

“Como sacerdotes, muitas vezes tomamos distância da religiosidade popular que se expressa com lágrimas e afetividade, considerando-a uma forma de devoção ‘primitiva’; ou às vezes nem a notamos ”

“É difícil perceber a religião dos simples, baseada em gestos e não em ideias. A religião dos pastores pode ser perfeita em termos formais, teologicamente impecável, mas é ascética, impessoal, atuada com eficiência... mas não comove, não chega às lágrimas... vai com o ‘piloto automático’”.

“Repete-se conosco – concluiu o pregador – o que aconteceu com o fariseu: convidamos Jesus a entrar em nossa casa, mas não somos disponíveis a celebrar com Ele aquela forma radical de hospitalidade que é o amor”.

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Paulo VI será canonizado em 2018

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20 de fevereiro de 2018

O Beato Paulo VI vai ser canonizado ainda em 2018. É o que assegurou o Papa Francisco em um pronunciamento durante um encontro com o clero da Diocese de Roma, no sábado, 17. A data e o local para a cerimônia de canonização ainda serão decididos.

Paulo VI liderou a Igreja Católica entre 1963 e 1978, período em que encerrou o Concílio Vaticano II. Ele foi beatificado pelo Papa Francisco em 19 de outubro de 2014.

O milagre necessário para a canonização foi a cura de uma bebê, ainda no ventre da sua mãe. Segundo o jornal da Diocese de Bréscia, ‘La Voce del Popolo’, a grávida, da província de Verona, corria o risco de abortar devido a uma patologia que comprometia a vida da criança e da mãe.

A mulher peregrinou ao Santuário delle Grazie, na terra natal de Paulo VI, e a menina nasceu em 25 de dezembro de 2014, em boas condições de saúde e sem qualquer explicação médica para a sua cura.

Quem foi Paulo VI

Giovanni Battista Montini nasceu em Concesio, Bréscia, na região italiana da Lombardia, e foi ordenado Padre ainda antes de completar 23 anos, em 1920, tendo feito doutorado em filosofia, direito civil e direito canônico.

Como Padre, esteve no serviço diplomático da Santa Sé e na pastoral universitária italiana, tendo vivido a II Guerra Mundial no Vaticano, onde se ocupou da ajuda aos refugiados e aos judeus.

São João XXIII criou-o Cardeal em 1958. O Beato participou nos trabalhos preparatórios do Concílio Vaticano II. Em 21 de junho de 1963, foi eleito papa, escolhendo o nome de Paulo VI. Ele concluiu os trabalhos do Concílio Vaticano II, em 1965.

(Com informações de Canção Nova e Vatican News)

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Há 5 anos: Renúncia do Papa Bento XVI choca o mundo

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10 de fevereiro de 2018

O Papa Bento XVI reafirmou na manhã de 13 de fevereiro de 2013 estar “consciente de não ser capaz de levar a cabo o ministério de Pedro com a força física e espiritual que o requer”.  O anúncio de que o Sumo Pontífice renunciaria no dia 28 de Fevereiro de 2013 – O SÃO PAULO publicou edição especial – foi feita em 11 de fevereiro daquele ano, durante Consistório convocado para tratar de canonizações. Bento XVI, escolhido papa em abril de 2005, disse ainda na ocasião que “apoia-me e ilumina-me a certeza de que a Igreja é de Cristo, a qual nunca vai perder a sua orientação e cuidado”.

Numa declaração proferida no início da audiência pública das quartas-feiras, Bento XVI garantiu ainda ter tomado a decisão “depois de ter orado muito e de examinar a minha consciência diante de Deus”. O Papa acrescentou estar “consciente da importância deste ato, mas também consciente de não ser capaz de levar a cabo o ministério de Pedro com a força física e espiritual que o requer”.

“Apoia-me e ilumina-me a certeza de que a Igreja é de Cristo, a qual nunca vai perder a sua orientação e cuidado. Obrigado a todos pelo amor e pelas orações que me haveis acompanhado. Continuem a orar pelo Papa e pela Igreja”, concluiu. Os milhares de presentes responderam com uma grande ovação, ainda maior à que lhe dedicaram à sua chegada a tradicional audiência de quarta-feira.

A notícia da renúncia do Papa pegou o mundo de surpresa. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou nota dizendo que recebia com surpresa, como todo o mundo, o anúncio feito pelo Santo Padre Bento XVI de sua renúncia à Sé de Pedro. Dizia um trecho da nota: “A CNBB é grata a Sua Santidade pelo carinho e apreço que sempre manifestou para com a Igreja no Brasil. A sua primeira visita intercontinental, feita ao nosso país, em 2007, para inaugurar a 5ª Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, e, também, a escolha do Rio de Janeiro para sediar a Jornada Mundial da Juventude, no próximo mês de julho, são uma prova do quanto trazia, no coração, o povo brasileiro".

A nota terminava agradecendo a Deus o dom do ministério de Sua Santidade Bento XVI, “a quem continuaremos unidos na comunhão fraterna, assegurando-lhe nossas preces”, e conclamando a Igreja no Brasil “a acompanhar com oração e serenidade o legítimo processo de eleição do sucessor de Bento XVI". “Confiamos na assistência do Espírito Santo e na proteção de Nossa Senhora Aparecida, neste momento singular da vida da Igreja de Cristo”.

Na ocasião, o Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, disse que o sentimento, ainda em relação ao Papa, é de uma grande admiração, um sentimento de respeito e de compreensão por essa atitude tomada, essa grandeza de  alma  que  ele teve diante da Igreja, “que precisa continuar sua vida, a ser servida, como ele mesmo disse, com plenas disposições. É um ato de coragem, de grande lucidez, grande generosidade em relação à Igreja e de desapego, e acho que o Papa deu sinal exatamente daquilo que deve ser a atitude de todo aquele que está colocado a serviço da Igreja, ou seja, não está para sua honra, seu benefício, mas está em função de servir bem à Igreja”. 

Em entrevista à rádio Vaticano, Dom Odilo reiterou seu respeito pela atitude do Papa. “Nosso sentimento é de puro respeito e admiração pelo Papa, por ele ter tomado essa decisão, manifestado publicamente, com plena liberdade, plena consciência, como fez, diante dos cardeais e, realmente, manifestando sua própria condição humana, sabendo que a idade e a fragilidade que está sentindo, como ele mesmo disse, não lhe permitem mais desempenhar plenamente todas as coisas que o ministério petrino na Igreja, como papa, hoje requer”.

Dom Tarcísio Scaramussa, então bispo auxiliar da Arquidiocese, falou que acolhia a renúncia do Sumo Pontífice com respeito e admiração. “Foi uma decisão corajosa e muito difícil. Deve ter sido muito pensada e discernida em oração. É uma decisão histórica que faz a Igreja penar e certamente continuará provocando muitas reflexões dentro e fora da Igreja”.

Matéria originalmente publicada na edição especial do O SÃO PAULO, de 14 a 18 de Fevereiro de 2013

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Papa envia mensagem para a Olimpíada de Inverno em PyeongChang

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08 de fevereiro de 2018

“Que as Olimpíadas de Inverno sejam uma grande festa da amizade e do esporte.” Estes foram os votos do Papa Francisco aos atletas de 92 países que a partir de sexta-feira, 9, disputam os Jogos Olímpicos Invernais na cidade de PyeongChang, na Coreia do Sul.

Ao final da audiência da quarta-feira, 7, o Pontífice recordou que a tradicional trégua olímpica este ano adquire uma importância especial, pois as delegações das duas Coreias desfilarão juntas sob uma única bandeira e competirão como um único time.

“Este fato é uma esperança num mundo em que os conflitos sejam resolvidos pacificamente com o diálogo e no respeito recíproco, como também o esporte ensina a fazer”, disse o Papa.

Francisco saudou o Comitê Olímpico Internacional (COI), os atletas que participam das Olimpíadas, as autoridades e o povo da península da Coreia: “Acompanho todos com a oração, enquanto renovo a empenho da Santa Sé em apoiar toda iniciativa útil em favor da paz e do encontro entre os povos. Que estas Olimpíadas sejam uma grande festa da amizade e do esporte! Que Deus os abençoe e os proteja!”

A 23ª edição de Jogos Olímpicos de Inverno será realizada de 9 a 25. Um acordo com a Coreia do Norte permitiu levar 22 atletas para o Sul.

Já o Brasil será representado por uma delegação formada por nove atletas e mais um reserva. As modalidades com brasileiros na disputa são patinação artística, bobsled, esqui cross-country e snowboard.

(Com informações de Vatican News)

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Em busca da paz, esporte une as Coreias e o mundo

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Papa: vida humana possui uma dignidade intangível

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27 de janeiro de 2018

O Papa Francisco recebeu na Sala Clementina, esta sexta-feira (26/01), os participantes da plenária da Congregação para a Doutrina da Fé.

O Santo Padre agradeceu-lhes pelo compromisso cotidiano de apoio ao magistério dos bispos, pela tutela da retidão da fé e da santidade dos Sacramentos, e pela atenção a todas as questões que hoje requerem um discernimento pastoral importante, como examinar casos relativos a delitos graves e pedidos de dissolução do vínculo matrimonial em favor da fé.

Segundo o Papa, “essas tarefas são ainda mais atuais diante do horizonte, cada vez mais fluido e mutável, que caracteriza a autocompreensão do homem de hoje e influi em suas escolhas existenciais e éticas".

“O homem de hoje não sabe mais quem ele é e faz esforço para reconhecer como agir bem.”

Francisco reconheceu o esforço da Congregação para a Doutrina da Fé no estudo “acerca de alguns aspectos da salvação cristã, com o objetivo de reafirmar o significado da redenção”, tendo como referência algumas tendências que expressam um individualismo que confia nas próprias forças para salvar-se.

“Acreditamos que a salvação consiste na comunhão com Cristo ressuscitado que, graças ao dom de seu Espírito, nos introduziu numa nova ordem de relações com o Pai e entre os homens”, afirmou o Papa.

Francisco recordou também o estudo realizado pelo organismo sobre as implicações éticas de uma antropologia adequada no campo econômico-financeiro.

“Somente uma visão do ser humano como pessoa, ou seja, como sujeito essencialmente de relação e dotado de uma racionalidade peculiar e ampla, é capaz de agir conforme a ordem objetiva da moral. O Magistério da Igreja sempre reiterou com clareza, a esse propósito, que a atividade econômica deve ser conduzida segundo as leis e os métodos próprios da economia, mas no âmbito da ordem moral.”

O Papa recordou que nessa assembleia os participantes debateram também a questão delicada do acompanhamento dos doentes terminais.

“ A esse respeito, o processo de secularização, levou ao crescimento do pedido de eutanásia em muitos países, como afirmação ideológica do desejo de poder do homem sobre a vida. Isso também levou a considerar a interrupção voluntária da existência humana como uma escolha de «civilização». ”

Segundo o Pontífice, “é claro que onde a vida não vale por sua dignidade, mas por sua eficiência e produtividade, tudo se torna possível. Nesse cenário é preciso reiterar que a vida humana, desde a concepção até a morte natural, possui uma dignidade que a torna intangível”.

Para Francisco, “a dor, o sofrimento, o sentido da vida e da morte são realidades que a mentalidade atual luta para enfrentar com um olhar cheio de esperança. Sem uma esperança confiável que ajude o homem a enfrentar também a dor e a morte, ele não consegue viver bem e conservar uma perspectiva confiante diante de seu futuro. Este é um dos serviços que a Igreja é chamada a prestar ao homem atual”.

O Papa concluiu o discurso, afirmando que a missão da Congregação para a Doutrina da Fé é eminentemente pastoral.

“ Pastores autênticos são aqueles que não abandonam o homem, nem o deixam em sua desorientação e erros, mas com verdade e misericórdia o trazem de volta para reencontrar no bem o seu rosto autêntico. ”

Segundo o Papa, “autenticamente pastoral é toda ação que pega o ser humano pela mão quando ele perdeu o sentido de sua dignidade e destino, para leva-lo com confiança a redescobrir o amor paterno de Deus, seu bom destino e os caminhos para  construir um mundo mais humano”.

“Esta é a grande tarefa da Congregação para a Doutrina da Fé e toda instituição pastoral na Igreja”, concluiu Francisco. 

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Papa: plasmar uma Igreja com rosto amazônico

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19 de janeiro de 2018

A visita do Papa Francisco ao Peru começou na Amazônia, na cidade de Puerto Maldonado.

O ginásio Mãe de Deus acolheu cerca de três mil indígenas, entre os quais muitos brasileiros, entre fiéis, sacerdotes, bispos e Dom Cláudio Hummes, presidente da Rede Eclesial Pan-Amazônica.

O encontro foi marcado por testemunhos e um longo discurso do Pontífice, em que o Papa manifestou a sua preocupação pela ameaça que os povos e o território da Amazônia está sofrendo.

“Provavelmente, nunca os povos originários amazônicos estiveram tão ameaçados nos seus territórios como estão agora”, disse Francisco, citando os grandes interesses econômicos da indústria extrativista e das monoculturas agro-industriais. O Papa criticou também “a perversão de certas políticas”, que promovem a «conservação» da natureza sem ter em conta o ser humano.

Todos estes interesses “sufocam” os povos nativos e causa a migração das novas gerações. “Devemos romper com o paradigma histórico que considera a Amazônia como uma despensa inesgotável dos Estados, sem ter em conta os seus habitantes.”

Para romper este paradigma e transformas as relações marcadas pela exclusão, Francisco sugeriu a criação de espaços institucionais de respeito, reconhecimento e diálogo com os povos nativos. Estes não são um “estorvo”, mas memória viva da missão que Deus nos confiou: cuidar da Casa Comum.

Tráfico de pessoas

“A defesa da terra não tem outra finalidade senão a defesa da vida”, disse ainda o Papa. Poluição ambiental e devastação da vida comportam ainda outro sofrimento: tráfico de pessoas e o abuso sexual.

“ A violência contra os adolescentes e contra as mulheres é um grito que chega ao céu. «Sempre me angustiou a situação das pessoas que são objeto das diferentes formas de tráfico. Quem dera que se ouvisse o grito de Deus, perguntando a todos nós: “Onde está o teu irmão?” (Gn 4, 9). Onde está o teu irmão escravo? (…) Não nos façamos de distraídos! Há muita cumplicidade... A pergunta é para todos! ”

Francisco recordou que já São Toríbio denunciava essas violências cinco século atrás. Esta profecia, defendeu, “deve continuar presente na nossa Igreja, que nunca cessará de levantar a voz pelos descartados e os que sofrem”.

Para Francisco, as povos nativos jamais devem ser considerados uma minoria, mas autênticos interlocutores. Além de constituir uma reserva da biodiversidade, a Amazônia é também uma reserva cultural que deve ser preservada face aos novos colonialismos.

Família e educação

“A família é, e sempre foi, a instituição social que mais contribuiu para manter vivas as nossas culturas. Em períodos de crises passadas, face aos diferentes imperialismos, a família dos povos indígenas foi a melhor defesa da vida.”

O Pontífice falou também da educação, que deve ser uma prioridade e um compromisso do Estado; compromisso integrador e inculturado que assuma, respeite e integre como um bem de toda a nação a sua sabedoria ancestral.

Igreja na Amazônia

Por fim, Francisco comentou a presença da Igreja na Amazônia, enaltecendo o trabalho dos missionários em defender  as culturas locais. O Papa exortou a não sucumbir às tentativas em ato para desarraigar a fé católica de seus povos.

“Cada cultura e cada cosmovisão que recebe o Evangelho enriquecem a Igreja com a visão de uma nova faceta do rosto de Cristo. A Igreja não é alheia aos seus problemas e à sua vida, não quer ser estranha ao seu modo de viver e de se organizar. Precisamos que os povos indígenas plasmem culturalmente as Igrejas locais amazônicas.” Francisco pede ajuda mútua e diálogo entre os povos locais e os bispos para “plasmar uma Igreja com rosto amazônico e uma Igreja com rosto indígena. Com este espírito, convoquei um Sínodo para a Amazônia no ano de 2019”.

O Papa concluiu encorajando os povos indígenas a resistirem, demonstrando capacidade de reação perante os momentos difíceis que são obrigados a viver. E se despediu em língua: quechua Tinkunakama [Até um próximo encontro.

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Papa Francisco encontra os povos da Amazônia

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19 de janeiro de 2018

No primeiro dia de sua intensa agenda no Peru, onde chegou ontem a noite proveniente do Chile, o Papa Francisco encontra hoje os povos da Amazônia em Puerto Maldonado. Retornando a Lima encontra-se coma as autoridades civis do país e, em particular, um grupo de confrades jesuítas.

Na manhã desta sexta-feira o Papa encontra em Puerto Maldonado, coração amazônico do Peru às 10h30 locais, os povos da Amazônia no Coliseu Regional Madre de Dios. Uma hora depois, o encontro com a população local no Instituto Jorge Basadre. Às 12h15 Francisco visitará o Hogar Principito, uma casa de acolhida para jovens desfavorecidos.

Às 13h15, hora local, o almoço com os representantes dos povos da Amazônia no Centro Pastoral Apaktone. O Papa Francisco retorna depois em avião a Lima onde se encontrará com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático no Pátio de Honra do Palácio do Governo. Meia hora depois fará uma visita de cortesia ao Presidente da República Pedro Pablo Kuczynski no Salão dos embaixadores.

Às 17:55, enfim, o encontro privado com os membros da Companhia de Jesus na igreja de São Pedro.

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