Vaticano esclarece sobre estado de saúde do Papa

Por
04 de março de 2020

Respondendo a jornalistas, nesta quarta-feira, 4, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, falou sobre as condições de saúde do Papa Francisco:

“O resfriado diagnosticado no Santo Padre nos dias passados está fazendo o seu decurso, sem sintomas relacionados a outras patologias. Enquanto isso, o Papa Francisco celebra diariamente a Santa Missa e acompanha os exercícios espirituais que estão se realizando na Casa Divino Mestre em Ariccia".

Nesta quarta-feira, não se realiza a tradicional Audiência Geral, mas não devido à saúde do Pontífice e sim porque o evento semanal já havia sido cancelado em decorrência do retiro quaresmal.

O primeiro compromisso cancelado pelo Papa foi quinta-feira passada, quando não foi à Basílica de São João de Latrão para participar da liturgia penitencial de início de Quaresma com o clero da diocese de Roma.

Desde então, todas as audiências a grupos foram canceladas e Francisco manteve somente os encontros marcados na Casa Santa Marta.

No domingo, rezou a oração do Angelus com os fiéis e na ocasião comunicou sua decisão de não partir para Ariccia com seus colaboradores da Cúria Romana para os Exercícios Espirituais.

"Uno-me espiritualmente à Cúria e a todas as pessoas que estão vivendo momentos de oração, fazendo os exercícios espirituais em casa".

Comente

Francisco destaca esporte como canal de promoção de paz e unidade

Por
27 de setembro de 2019

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira, 27, Sala Clementina, no Vaticano, os membros da Federação Internacional de Hóquei no Gelo que participam do congresso semestral do organismo.

“O esporte é um canal realmente especial para promover a paz e a unidade. As atividades esportivas são lugares de encontro, onde se reúnem pessoas provenientes de contextos diferentes. ”

"O Hóquei é um bom exemplo de como o esporte manifesta o sentido do estar juntos: é um jogo de equipe em que cada jogador desempenha uma função importante. Vemos nos campeonatos mundiais a alegria de pessoas provenientes de vários países, a alegria de reencontrar-se para viver a beleza do esporte."

Segundo Francisco, “o esporte desempenha uma função no crescimento e no desenvolvimento integral. Eis porque a Igreja aprecia o esporte como um campo de atividade humana em que é possível promover as virtudes da sobriedade, da humildade, da coragem e da paciência, e testemunhar de ter encontrado realidades bonitas, boas, verdadeiras e alegres”. 

Tornar o esporte inclusivo e acessível a todos

Encoraja saber que o seu objetivo, como líderes do hóquei internacional no gelo, não é apenas disciplinar as diretrizes e regras do esporte, mas também torná-lo inclusivo e acessível no âmbito global. O hóquei no gelo requer habilidades específicas e resistência. Os jogadores devem dominar as técnicas de patinagem e manter o equilíbrio no gelo, e devem também seguir o movimento de disco e levantar-se depois de uma queda. Um esporte desse tipo requer horas e horas de treinamento.

“Ao apoiar o desenvolvimento desse esporte no mundo, vocês incentivam os jovens e pessoas de mais idade, homens e mulheres, a colocarem para fora o melhor de si e a promoverem relacionamentos amigáveis dentro e fora da pista. ”

Justiça e respeito pelos adversários

O Papa recordou que, em maio passado, foram aprovados os estatutos e regulamentos atualizados da Federação Internacional de Hóquei no Gelo, e que foi inserido um novo Código ético. “A mentalidade atual pode às vezes levar as atividades esportivas para o caminho errado, mas é preciso recordar que as regras existem para servir determinadas finalidades e evitar o mergulho no caos."

“Os atletas honram o fair play (o jogo justo) não apenas quando seguem formalmente as regras, mas também quando observam a justiça e o respeito pelos adversários, a fim de que todos os competidores possam participar pacificamente do jogo. ”

O Papa encorajou a Federação a prosseguir na missão de tornar esse esporte inclusivo e garantir um ambiente comunitário saudável a todas as pessoas que aderirem a ele. 

Comente

Papa reflete sobre o bem comum na era digital

Por
27 de setembro de 2019

O Santo Padre iniciou suas atividades na manhã desta sexta-feira, 27, recebendo na Sala Clementina, no Vaticano, 180 participantes no Seminário sobre “O bem comum na era digital”, promovido pelo Pontifício Conselho para a Cultura e o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral.

Sobre este encontro, Francisco disse:

“Os notáveis desenvolvimentos no campo tecnológico, especialmente sobre a inteligência artificial, apresentam implicações cada vez mais significativas em todos os setores da ação humana. Por isso, acho mais do que necessários debates abertos e concretos sobre este tema.”

Progresso para todos

Neste sentido, o Papa retomou sua Encíclica sobre o cuidado da casa comum, fazendo um paralelismo básico: o benefício indiscutível, que a humanidade pode obter do progresso tecnológico, dependerá da extensão em que as novas possibilidades disponíveis serão usadas de maneira ética. Esta correlação, frisou Francisco, exige que, de pari passo com o imenso progresso tecnológico em andamento, haja um desenvolvimento adequado de responsabilidades e valores.

Caso contrário, afirmou o Papa, um paradigma dominante - o "paradigma tecnocrático" -, que promete um progresso descontrolado e ilimitado, será imposto e, talvez, até poderá eliminar outros fatores de desenvolvimento, com enormes perigos para toda a humanidade.

Com este encontro sobre “O bem comum na era digital”, disse Francisco, “vocês contribuem para prevenir esta deriva e tornar concreta a cultura do encontro e do diálogo interdisciplinar”. E acrescentou:

“Muitos de vocês são representantes importantes em vários campos das ciências aplicadas. Por isso, expressam, não apenas competências diferentes, mas também sensibilidades diferentes e várias abordagens diante das problemáticas que, fenômenos como a inteligência artificial, abrem nos setores de sua pertinência.”

Uso invasivo da tecnologia

O objetivo principal que vocês visam, disse o Pontífice, é bastante ambicioso: obter critérios e parâmetros éticos básicos, capazes de fornecer orientações sobre as respostas aos problemas éticos suscitados pelo uso invasivo das tecnologias. A humanidade enfrenta desafios inauditos e novos, que exigem novas soluções. E ponderou:

“Logo, aprecio o fato de vocês não terem medo de declinar, às vezes até de maneira precisa, certos princípios morais, tanto teóricos quanto práticos, no contexto do "bem comum". O bem comum é um bem ao qual todos os homens aspiram.”

Soluções urgentes

As problemáticas que vocês são chamados a analisar, neste encontro, explicou o Papa, dizem respeito a toda a humanidade e exigem soluções urgentes.

Aqui, Francisco citou alguns exemplos práticos e atuais como a “robótica”, instrumento eficiente, utilizado para aumentar os lucros, mas que priva milhares de pessoas do trabalho, colocando em risco a sua dignidade. Outro exemplo são as vantagens e riscos associados ao uso da “inteligência artificial” em grandes questões sociais. Por isso, o progresso tecnológico exige uma reinterpretação em termos éticos. E o Papa afirmou:

“Se o chamado progresso tecnológico da humanidade se tornar inimigo do bem comum, poderia levar a uma infeliz regressão e a uma forma de barbárie ditada pela lei dos mais fortes. Portanto, queridos amigos, agradeço pelo seu trabalho por uma civilização, que busca reduzir as desigualdades econômicas, educacionais, tecnológicas, sociais e culturais. ”

Francisco concluiu seu pronunciamento expressando seu apreço pelas bases éticas propostas pelos participantes, que garantem a defesa da dignidade de toda pessoa humana, em vista do bem comum.

Um mundo melhor, disse por fim o Papa, só será possível graças ao progresso tecnológico, se, porém, for acompanhado por uma ética baseada na visão do bem comum, na ética de liberdade, na responsabilidade e fraternidade, capaz de promover o pleno desenvolvimento das pessoas em relação à criação.

Comente

Presidência do Celam se reúne com o Papa

Por
18 de setembro de 2019

A atual Presidência do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), eleita em maio passado, realizou sua primeira visita ao Papa e a diversos organismos da Cúria Romana de 12 a 17 de setembro, cumprindo uma praxe habitual quando se renova a direção de um organismo eclesial internacional, como é o caso do Celam.


Além do encontro com o Papa Francisco, foram feitas reuniões nas Congregações para os Bispos, a Liturgia, o Clero, a Educação Católica e os Religiosos, na Secretaria de Estado, na Pontifícia Comissão para a América Latina, no Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, no Dicastério para os Leigos, Família e Vida e no Dicastério para a Promoção do desenvolvimento integral. Também foi incluída uma visita à sede da Conferência Episcopal Italiana (CEI).


A visita teve os objetivos de expor as propostas de ação do Celam e o plano de reestruturação e renovação do Organismo, conforme decisão da assembleia geral em maio passado. Em cada dicastério, foram expostas as questões principais que levaram à decisão pela renovação do Celam. Ao mesmo tempo, foram ouvidas as reflexões, sugestões e propostas de cada dicastério da Cúria para levar a bons frutos essa renovação. Importantes e iluminadoras, nesse sentido, foram as palavras do Papa Francisco, que incentivou a prosseguir na linha dos bons serviços prestados pelo Celam à Igreja no continente americano.


O Celam é um organismo de comunhão e colegialidade do episcopado da América Latina e do Caribe, por meio da interação com as conferências episcopais. Seria equivocado pensar o Celam como uma espécie de superconferência episcopal no continente; menos acertado ainda seria imaginar que se trata de uma espécie de cúria geral da Igreja na América Latina e Caribe. O Celam está a serviço das conferências episcopais, à luz dos princípios da solidariedade e da subsidiariedade eclesial. Orientado pelo princípio da subsidiariedade, sem se sobrepor às competências das e conferências episcopais e das dioceses, o Celam promove ações que as conferências episcopais, isoladamente, não têm a capacidade ou a competência de realizar.


O âmbito da ação do Celam é sempre todo o subcontinente da América Latina e do Caribe, ou então uma parte dele. De fato, as áreas de organização e atuação do Celam estão distribuídas em quatro grandes “regiões pastorais”: a) México e América Central; b) Caribe; c) Região Bolivariana (Venezuela, Peru, Colômbia, Equador e Bolívia); d) Cone Sul da América (Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai e Chile). Há programas específicos voltados para cada uma dessas regiões.


Entre as muitas propostas que serão analisadas pela Comissão preparatória da revisão do Celam estão os trabalhos em rede, com temas de vários âmbitos: a renovação missionária em todo o agir do Celam; a formação acadêmica de agentes de evangelização mediante especializações de curta duração; a atenção especial para com os pobres; a efetivação de propostas que gerem processos desencadeadores de soluções eficazes a médio e longo prazos.


O processo de renovação do Celam foi motivado pelos chamados da Conferência de Aparecida (2007) e do Papa Francisco para a promoção da “conversão pastoral e missionária” em toda a Igreja. Os tempos mudaram, e a Igreja precisa encarar os novos desafios e problemas com os quais se confronta a missão da Igreja atualmente. Foi essa a tônica que marcou as conversas em quase todos os colóquios realizados, especialmente com o Papa Francisco.
 

Comente

Evento na Câmara Municipal ressalta a Declaração de Abu Dhabi

Por
26 de junho de 2019

Há 800 anos, em 1219, no tempo das Cruzadas, quando os governos ocidentais queriam libertar a Terra Santa da dominação muçulmana, São Francisco de Assis abriu diálogos de paz entre islâmicos e cristãos ao ir ao encontro do Sultão do Egito, Malik al Kamil.

Em fevereiro deste ano, o Papa Francisco, na primeira viagem de um pontífice católico à península arábica, encontrou com o grande Imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyed, e juntos assinaram um documento histórico, a Declaração de Abu Dhabi, que condena especialmente o terrorismo e a intolerância religiosa. Também foi assumido o compromisso de que as religiões “nunca devem incitar a guerra, atitudes de ódio, hostilidade e extremismo”, nem promover a violência ou o derramamento de sangue.

ANO DA TOLERÂNCIA

Na noite da terça-feira, 18, na Câmara Municipal de São Paulo, autoridades civis e religiosas participaram de um encontro que ressaltou a Declaração de Abu Dhabi.

O evento foi articulado pelo vereador Rodrigo Goulart (PSD) e promovido pelo Consulado-Geral dos Emirados Árabes Unidos (EAU) no Brasil, no contexto do Ano da Tolerância, que acontece naquele País ao longo de 2019.

“O objetivo [do Ano da Tolerância] é estabelecer os EAU como capital global para a conciliação e afirmar o valor da tolerância como um marco institucional sustentável, por meio de legislações e políticas direcionadas, visando globalizar os valores de tolerância, diálogo, aceitação e abertura a diferentes culturas, especialmente entre as novas gerações, e assegurar que suas repercussões reflitam sobre a sociedade como um todo”, afirmou o Cônsul-Geral dos Emirados Árabes Unidos, Ibrahim Salem Alalawi, que lembrou, ainda, que dos 10 milhões de habitantes daquele País, 8 milhões são estrangeiros.

DOCUMENTO HISTÓRICO

Participante do evento, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, destacou que a Declaração de Abu Dhabi “é um documento sem precedentes nas relações entre Cristianismo e Islamismo, fruto de diálogo e de esforços conjuntos para prevenir ou superar conflitos de fundo religioso e toda a forma de manipulação da religião que justifique atos de terrorismo e agressões contra a pessoa”.

O Cardeal recordou que esse gesto do Papa Francisco está em sintonia com outros já realizados por seus predecessores: São João Paulo II, que em 1986 promoveu um encontro de líderes de diversas religiões para ressaltar que estas devem se envolver na promoção da paz e da convivência fraterna entre os povos; e Bento XVI, que em 2006 declarou que cristãos e muçulmanos, fiéis aos ensinamentos de suas próprias tradições religiosas, devem aprender a trabalhar juntos para evitar a intolerância bem como se opor às formas de violência.

“A Declaração de Abu Dhabi convida todas as pessoas que têm fé em Deus e na fraternidade humana a se unir e trabalhar em conjunto no respeito mútuo, partindo na compreensão de que todos os seres humanos são irmãos. Destaca a adoção da cultura do diálogo como caminho da colaboração comum como conduta e do conhecimento recíproco como método e critério. Um apelo especial é feito aos líderes religiosos das nações para que se empenhem seriamente na difusão da tolerância e da convivência pacífica, para impedir o derramamento de sangue inocente e para acabar com as guerras e os conflitos”, disse o Cardeal.

Dom Odilo também lembrou que a Declaração “é uma luz de esperança nestes tempos sombrios. Ela contrasta com muros levantados nas fronteiras e com movimentos que incitam a intolerância e o ódio”.

DECLARAÇÃO DE FRATERNIDADE HUMANA

Ao final do evento, o Cardeal Scherer e o Sheik Mohamad Al Bukai, diretor de assuntos islâmicos da União Nacional Islâmica, assinaram a Declaração de Fraternidade Humana.

O Sheik agradeceu ao governo dos Emirados Árabes Unidos a promoção do Ano da Tolerância, permitindo criar “pontes de amor e de tolerância entre as culturas e povos”. Também enalteceu o fato de o Brasil ser um País tolerante e acolhedor ao estrangeiro.

“Vamos criar uma geração que acredita na santidade de Deus e na dignidade do ser humano na Terra”, afirmou o Sheik.

Comente

Mensagem para o 53º Dia Mundial das Comunicações Sociais

Por
27 de mai de 2019

Queridos irmãos e irmãs!

Desde quando se tornou possível dispor da internet, a Igreja tem sempre procurado que o seu uso sirva o encontro das pessoas e a solidariedade entre todos. Com esta Mensagem, gostaria de vos convidar uma vez mais a refletir sobre o fundamento e a importância do nosso ser-em-relação e descobrir, nos vastos desafios do atual panorama comunicativo, o desejo que o homem tem de não ficar encerrado na própria solidão.

As metáforas da «rede» e da «comunidade»

Hoje, o ambiente dos mass-media é tão invasivo que já não se consegue separar do círculo da vida quotidiana. A rede é um recurso do nosso tempo: uma fonte de conhecimentos e relações outrora impensáveis. Mas numerosos especialistas, a propósito das profundas transformações impressas pela tecnologia às lógicas da produção, circulação e fruição dos conteúdos, destacam também os riscos que ameaçam a busca e a partilha duma informação autêntica à escala global. Se é verdade que a internet constitui uma possibilidade extraordinária de acesso ao saber, verdade é também que se revelou como um dos locais mais expostos à desinformação e à distorção consciente e pilotada dos factos e relações interpessoais, a ponto de muitas vezes cair no descrédito.

É necessário reconhecer que se, por um lado, as redes sociais servem para nos conectarmos melhor, fazendo-nos encontrar e ajudar uns aos outros, por outro, prestam-se também a um uso manipulador dos dados pessoais, visando obter vantagens no plano político ou económico, sem o devido respeito pela pessoa e seus direitos. As estatísticas relativas aos mais jovens revelam que um em cada quatro adolescentes está envolvido em episódios de cyberbullying.[1]

Na complexidade deste cenário, pode ser útil voltar a refletir sobre a metáfora da rede, colocada inicialmente como fundamento da internet para ajudar a descobrir as suas potencialidades positivas. A figura da rede convida-nos a refletir sobre a multiplicidade de percursos e nós que, na falta de um centro, uma estrutura de tipo hierárquico, uma organização de tipo vertical, asseguram a sua consistência. A rede funciona graças à comparticipação de todos os elementos.

Reconduzida à dimensão antropológica, a metáfora da rede lembra outra figura densa de significados: a comunidade. Uma comunidade é tanto mais forte quando mais for coesa e solidária, animada por sentimentos de confiança e empenhada em objetivos compartilháveis. Como rede solidária, a comunidade requer a escuta recíproca e o diálogo, baseado no uso responsável da linguagem.

No cenário atual, salta aos olhos de todos como a comunidade de redes sociais não seja, automaticamente, sinónimo de comunidade. No melhor dos casos, tais comunidades conseguem dar provas de coesão e solidariedade, mas frequentemente permanecem agregados apenas indivíduos que se reconhecem em torno de interesses ou argumentos caraterizados por vínculos frágeis. Além disso, na social web, muitas vezes a identidade funda-se na contraposição ao outro, à pessoa estranha ao grupo: define-se mais a partir daquilo que divide do que daquilo que une, dando espaço à suspeita e à explosão de todo o tipo de preconceito (étnico, sexual, religioso, e outros). Esta tendência alimenta grupos que excluem a heterogeneidade, alimentam no próprio ambiente digital um individualismo desenfreado, acabando às vezes por fomentar espirais de ódio. E, assim, aquela que deveria ser uma janela aberta para o mundo, torna-se uma vitrine onde se exibe o próprio narcisismo.

A rede é uma oportunidade para promover o encontro com os outros, mas pode também agravar o nosso autoisolamento, como uma teia de aranha capaz de capturar. Os adolescentes é que estão mais expostos à ilusão de que a social web possa satisfazê-los completamente a nível relacional, até se chegar ao perigoso fenómeno dos jovens «eremitas sociais», que correm o risco de se alhear totalmente da sociedade. Esta dinâmica dramática manifesta uma grave rutura no tecido relacional da sociedade, uma laceração que não podemos ignorar.

Esta realidade multiforme e insidiosa coloca várias questões de caráter ético, social, jurídico, político, económico, e interpela também a Igreja. Enquanto cabe aos governos buscar as vias de regulamentação legal para salvar a visão originária duma rede livre, aberta e segura, é responsabilidade ao alcance de todos nós promover um uso positivo da mesma.

Naturalmente não basta multiplicar as conexões, para ver crescer também a compreensão recíproca. Então, como reencontrar a verdadeira identidade comunitária na consciência da responsabilidade que temos uns para com os outros inclusive na rede on-line?

«Somos membros uns dos outros»

Pode-se esboçar uma resposta a partir duma terceira metáfora – o corpo e os membros – usada por São Paulo para falar da relação de reciprocidade entre as pessoas, fundada num organismo que as une. «Por isso, despi-vos da mentira e diga cada um a verdade ao seu próximo, pois somos membros uns dos outros» (Ef 4, 25). O facto de sermos membros uns dos outros é a motivação profunda a que recorre o Apóstolo para exortar a despir-se da mentira e dizer a verdade: a obrigação de preservar a verdade nasce da exigência de não negar a mútua relação de comunhão. Com efeito, a verdade revela-se na comunhão; ao contrário, a mentira é recusa egoísta de reconhecer a própria pertença ao corpo; é recusa de se dar aos outros, perdendo assim o único caminho para se reencontrar a si mesmo.

A metáfora do corpo e dos membros leva-nos a refletir sobre a nossa identidade, que se funda sobre a comunhão e a alteridade. Como cristãos, todos nos reconhecemos como membros do único corpo cuja cabeça é Cristo. Isto ajuda-nos a não ver as pessoas como potenciais concorrentes, considerando os próprios inimigos como pessoas. Já não tenho necessidade do adversário para me autodefinir, porque o olhar de inclusão, que aprendemos de Cristo, faz-nos descobrir a alteridade de modo novo, ou seja, como parte integrante e condição da relação e da proximidade.

Uma tal capacidade de compreensão e comunicação entre as pessoas humanas tem o seu fundamento na comunhão de amor entre as Pessoas divinas. Deus não é Solidão, mas Comunhão; é Amor e, consequentemente, comunicação, porque o amor sempre comunica; antes, comunica-se a si mesmo para encontrar o outro. Para comunicar connosco e Se comunicar a nós, Deus adapta-Se à nossa linguagem, estabelecendo na história um verdadeiro e próprio diálogo com a humanidade (cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Dei Verbum, 2).

Em virtude de termos sido criados à imagem e semelhança de Deus, que é comunhão e comunicação-de-Si, trazemos sempre no coração a nostalgia de viver em comunhão, de pertencer a uma comunidade. Como afirma São Basílio, «nada é tão específico da nossa natureza como entrar em relação uns com os outros, ter necessidade uns dos outros».[2]

O panorama atual convida-nos, a todos nós, a investir nas relações, a afirmar – também na rede e através da rede – o caráter interpessoal da nossa humanidade. Por maior força de razão nós, cristãos, somos chamados a manifestar aquela comunhão que marca a nossa identidade de crentes. De facto, a própria fé é uma relação, um encontro; e nós, sob o impulso do amor de Deus, podemos comunicar, acolher e compreender o dom do outro e corresponder-lhe.

É precisamente a comunhão à imagem da Trindade que distingue a pessoa do indivíduo. Da fé num Deus que é Trindade, segue-se que, para ser eu mesmo, preciso do outro. Só sou verdadeiramente humano, verdadeiramente pessoal, se me relacionar com os outros. Com efeito, o termo pessoa conota o ser humano como «rosto», voltado para o outro, comprometido com os outros. A nossa vida cresce em humanidade passando do caráter individual ao caráter pessoal; o caminho autêntico de humanização vai do indivíduo que sente o outro como rival para a pessoa que nele reconhece um companheiro de viagem.

Do «like» ao «amen»

A imagem do corpo e dos membros recorda-nos que o uso da social web é complementar do encontro em carne e osso, vivido através do corpo, do coração, dos olhos, da contemplação, da respiração do outro. Se a rede for usada como prolongamento ou expetação de tal encontro, então não se atraiçoa a si mesma e permanece um recurso para a comunhão. Se uma família utiliza a rede para estar mais conectada, para depois se encontrar à mesa e olhar-se olhos nos olhos, então é um recurso. Se uma comunidade eclesial coordena a sua atividade através da rede, para depois celebrar juntos a Eucaristia, então é um recurso. Se a rede é uma oportunidade para me aproximar de casos e experiências de bondade ou de sofrimento distantes fisicamente de mim, para rezar juntos e, juntos, buscar o bem na descoberta daquilo que nos une, então é um recurso.

Assim, podemos passar do diagnóstico à terapia: abrir o caminho ao diálogo, ao encontro, ao sorriso, ao carinho... Esta é a rede que queremos: uma rede feita, não para capturar, mas para libertar, para preservar uma comunhão de pessoas livres. A própria Igreja é uma rede tecida pela Comunhão Eucarística, onde a união não se baseia nos gostos [«like»], mas na verdade, no «amen» com que cada um adere ao Corpo de Cristo, acolhendo os outros.

Vaticano, na Memória de São Francisco de Sales, 24 de janeiro de 2019.

Franciscus

[1] Para circunscrever o fenómeno, será instituído um Observatório internacional sobre cyberbullying, com sede no Vaticano.

[2] Grandes Regras, III, 1: PG 31, 917. Cf. Bento XVI, Mensagem para o XLIII Dia Mundial das Comunicações Sociais (2009).

Comente

Papa: Igreja sairá das tempestades mais bela e purificada

Por
21 de dezembro de 2018

O Papa Francisco recebeu na manhã desta sexta-feira os seus colaboradores da Cúria Romana, para as felicitações de Natal – uma das audiências mais tradicionais e aguardadas do ano.

Como nos anos precedentes, o Pontífice fez um longo discurso, franco, falando das mazelas e das alegrias que afligem o trabalho de quem se dedica à Igreja.

Tempestades e furacões

“No mundo turbulento, a barca da Igreja viveu este ano e vive momentos difíceis, sendo acometida por tempestades e furacões”, analisou o Papa.

“Entretanto, a Esposa de Cristo prossegue a sua peregrinação entre alegrias e aflições, entre sucessos e dificuldades, externas e internas. Com certeza, as dificuldades internas continuam sempre a ser as mais dolorosas e destrutivas.”

Aflições

Para o Pontífice, muitas são as aflições, citando os migrantes que encontram a morte ou aqueles que, ao sobreviverem, acham as portas fechadas. “Quanto medo e preconceito!”, lamentou Francisco.

“Quantas pessoas e quantas crianças morrem diariamente por falta de água, comida e remédios! Quanta pobreza e miséria! Quanta violência contra os frágeis e contra as mulheres! Quantos cenários de guerras declaradas e não declaradas! Quantas pessoas são sistematicamente torturadas.”

Francisco falou também que se vive hoje uma “nova era de «mártires»”. “A cruel e atroz perseguição do Império Romano parece não conhecer fim”, constatou. Outro motivo de aflição apontado pelo Papa é o contratestemunho e os escândalos de alguns filhos e ministros da Igreja através do flagelo dos abusos e da infidelidade.

Abusos

“Desde há vários anos que a Igreja está seriamente empenhada em erradicar o mal dos abusos”, garantiu o Pontífce.

Hoje, afirmou o Papa, também existem homens consagrados que “cometem abomínios e continuam a exercer o seu ministério como se nada tivesse acontecido; não temem a Deus nem o seu juízo, mas apenas ser descobertos e desmascarados”.

Francisco então foi contundente:

“ Fique claro que a Igreja, perante estes abomínios, não poupará esforços fazendo tudo o que for necessário para entregar à justiça toda a pessoa que tenha cometido tais delitos. (...) Esta é a opção e a decisão de toda a Igreja. ”

A propósito, o Pontífice citou o encontro de fevereiro próximo, no Vaticano, com todos os presidentes das Conferências Episcopais, para reiterar a vontade da Igreja de prosseguir pelo “caminho da purificação”.

Ainda sobre o tema dos abusos, Francisco agradeceu o trabalho dos jornalistas “que foram honestos e objetivos e que procuraram desmascarar estes lobos e dar voz às vítimas”.

“Por favor, ajudemos a Santa Mãe Igreja na sua tarefa difícil que é reconhecer os casos verdadeiros distinguindo-os dos falsos, as acusações das calúnias, os rancores das insinuações, os boatos das difamações.”

Aos abusadores, o Papa pediu que se convertem e se entreguem à justiça humana e se preparem para aquela divina.

Infidelidades

Outra aflição apontada por Francisco é a da infidelidade, citando o famoso provérbio: «De boas intenções, o inferno está cheio».

São as pessoas que “traem a sua vocação, o seu juramento, a sua missão, a sua consagração a Deus e à Igreja; aqueles que se escondem, por detrás de boas intenções, para apunhalar os seus irmãos e semear joio, divisão e perplexidade; pessoas que sempre encontram justificações, até lógicas e espirituais, para continuar a percorrer, imperturbáveis, o caminho da perdição”.

Para fazer resplandecer a luz de Cristo, portanto, o Papa recorda que todos temos o dever de combater a “corrupção espiritual”.

Alegrias

Francisco deixou para o final do seu discurso os motivos de alegrias:

“O bom êxito do Sínodo dedicado aos jovens. Os passos realizados até agora na reforma da Cúria: os trabalhos de clarificação e transparência na economia” são alguns deles.

Também são motivos de alegrias os novos Beatos e Santos, de modo especial os recentes dezanove mártires da Argélia.

Acrescentam-se o aumento do número de fiéis, as famílias e os pais que vivem seriamente a fé e a transmitem diariamente aos próprios filhos e o testemunho de muitos jovens que escolhem “corajosamente” a vida consagrada e o sacerdócio.

“Um verdadeiro motivo de alegria é também o grande número de consagrados e consagradas, bispos e sacerdotes, que vivem diariamente a sua vocação com fidelidade, em silêncio, na santidade e abnegação. São pessoas que iluminam a escuridão da humanidade, com o seu testemunho de fé, esperança e caridade.”

Transformar as trevas em luz

O Santo Padre recordou que a força de toda e qualquer instituição não reside em ser composta por homens perfeitos, mas na sua vontade de se purificar continuamente:

“ Por isso, é necessário abrir o nosso coração à verdadeira luz: Jesus Cristo. Ele é a luz que pode iluminar a vida e transformar as nossas trevas em luz. ”

O Papa concluiu seu discurso com uma mensagem de esperança, recordando que o Natal dá a certeza de que “a Igreja sairá destas tribulações ainda mais bela, purificada e esplêndida”.

Comente

Dia de oração pela Igreja na China

Por
24 de mai de 2018

O Dia Mundial de Oração pela Igreja na China foi instituído pelo Papa Bento XVI em 27 de maio de 2007, por meio da carta dirigida aos fiéis católicos da China. Naquela ocasião, Bento XVI assim motivou a decisão:

“Desejo que tal data seja uma jornada de oração pela Igreja na China. Exorto-os a celebrá-la renovando a comunhão de fé em Jesus Nosso Senhor e de fidelidade ao Papa, rezando a fim de que a unidade entre vocês seja cada vez mais profunda e visível”, escreveu o Papa Emérito ao propor o dia 24 de maio por ser memória litúrgica da Bem-aventurada Virgem Maria, Auxílio dos Cristãos — que é venerada com devoção no santuário mariano de Shesham em Xangai.

Papa Francisco

Em suas saudações após a Catequese feita durante Audiência Geral, nesta manhã de quinta-feira, 24, Francisco pediu oração dos fiéis pelos católicos na China:

“Esta festa nos convida a estar unidos espiritualmente a todos os fiéis católicos que vivem na China”, disse o Papa. Por eles, acrescentou, “rezemos a Nossa Senhora, para que possam viver a fé com generosidade e serenidade, e para que saibam realizar gestos concretos de fraternidade, concórdia e reconciliação, em plena comunhão com o Sucessor de Pedro”.

“Queridos discípulos do Senhor na China, finalizou Francisco, a Igreja reza com vocês e por vocês, para que entre as dificuldades vocês possam continuar a entregar-se à vontade de Deus. Nossa Senhora jamais deixará de oferecer a sua ajuda e os protegerá com o seu amor de mãe.” concluiu o Papa.

Não foi a única referência que o Pontífice fez nesta quinta-feira à comunidade chinesa. Em sua conta na rede social Twitter, Francisco publicou uma mensagem: “Hoje nos unimos em oração aos irmãos católicos na China, por ocasião da Beata Virgem Maria “Ajuda dos Cristãos” de Sheshan.”

Santuário de Sheshan

O Santuário de Nossa Senhora de Sheshan foi construído em 1871, em Shangai, como agradecimento por salvar os cristãos chineses de um massacre. A atual basílica data do ano 1935 e em seu interior é venerada a imagem de Santa Maria Auxílio dos Cristãos.

O regime comunista chinês se apropriou do Santuário durante a Revolução Cultural Chinesa da década de 1960. Atualmente, é administrado pela Associação Patriótica Católica Chinesa, leal ao regime comunista.

(Com informações de Vatican News, ACI digital e Canção Nova )

Comente

O primeiro encontro entre Papa Francisco e Bento XVI

Por
13 de março de 2018

No dia 23 de fevereiro de 2013, o Papa Francisco e o Papa emérito Bento XVI, se abraçaram ao se encontrar na residência apostólica de Castel Gandolfo, onde o antecessor do atual pontífice vivia após sua renúncia, em 28 de fevereiro daquele ano. Bento XVI, na época com 86 anos, estava em Castel Gandolfo à espera do fim das obras de reestruturação do mosteiro no Vaticano onde vive atualmente.

Naquela ocasião Bento XVI cedeu o genuflexório a Francisco, e este o recusou, lhe dizendo: “somos irmãos”. Depois, ambos rezaram de joelhos. Os dois usavam vestes brancas. O Papa emérito foi com uma singela batina branca, e Francisco com outra da mesma cor, mas com a mantelete e a faixa usada pelos Pontífices.

Os cumprimentos naquele encontro histórico começaram no heliporto da residência pontifícia e depois os dois passaram à residência papal, onde Francisco e Bento foram para a capela. Após a oração, eles se reuniram a sós na biblioteca privada, onde conversaram por 45 minutos.

Francisco presenteou Bento 16 com um ícone de Nossa Senhora da Humildade. O Santo Padre explicou ao Papa emérito que “esta Nossa Senhora é a da Humildade, e eu pensei no senhor e quis dar-lhe um presente pelos muitos exemplos de humildade que nos deu durante o seu pontificado”, destacou Francisco. Em seguida, os dois almoçaram e, depois, Francisco retornou ao Vaticano. Essa foi a primeira vez que se viram desde que o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio, foi eleito papa em 13 de março de 2013.

Matéria originalmente publicada na edição do O SÃO PAULO, de 26 a 1º de Abril de 2013.

Comente

Francisco no início de seu Pontificado: ‘cuidar das pessoas que estão na periferia do nosso coração’

Por
14 de março de 2018

No dia 19 de março de 2013, quando o Papa Francisco entrou na praça São Pedro, em direção à Basílica, onde celebrou sua primeira missa oficial, na solenidade de São José e iniciou seu pontificado, para o qual foi eleito no dia 13 de março daquele ano. Francisco percorreu toda a praça em carro aberto, saudando os milhares de fiéis e peregrinos presentes naquele momento histórico.

O Papa parou três vezes, durante o trajeto, para cumprimentar os fiéis. Ele beijou uma criança e, depois, desceu do papamóvel para chegar mais perto de um paralítico, beijá-lo e abençoá-lo. Gesto bíblico que levou a multidão ao delírio. Depois, um pouco antes de começar a missa, já devidamente paramentado, o Santo Padre caminhou para o altar principal da cerimônia, do lado de fora da Basílica de São Pedro.

 

 Há 5 anos, cardeais elegeram o 1º papa latino-americano

Coube ao Cardeal francês Jean-Louis Tauran – o mesmo que emocionou o mundo com a mensagem Habemus Papam – colocar sobre os ombros de Francisco o pálio pastoral, feito de lã. Em seguida, foi a vez do primeiro Cardeal da Ordem dos Bispos na ocasião, Angelo Sodano entregar o anel de São Pedro, feito de prata e banhado de dourado, já que Francisco dispensou o anel de ouro.

Na ocasião, todos os Cardeais, Patriarcas e Arcebispos maiores das Igrejas Orientais Católicas; o Scretário do Conclave, Dom Lorenzo Baldisseri, e os Padres Frei José Rodriguez Carballo e Alfonso Nicolas, SJ, respectivamente presidente e vice-presidente da União dos Superiores Gerais, estiveram presente concelebrando com o Pontífice.

Francisco dedicou as palavras de sua primeira homilia ao Papa emérito Bento XVI. “Estamos próximos na oração, cheio de afeto e reconhecimento”, disse. O Santo Padre também agradeceu a Deus por celebrar a missa no dia de São José – patrono universal da Igreja. Depois, reforçou a missão de servir aos mais pobres, a quem tem fome, aos adoecidos e aos presos.

Ele pediu para que os fiéis e autoridades presentes na praça de São Pedro cuidassem mais do meio ambiente. “Não deixemos que sinais de destruição acompanhem o nosso mundo”. O Papa ainda pediu para: “cuidar das pessoas, de cada um, com amor, especialmente das crianças, dos idosos, dos mais frágeis, aqueles que estão na periferia dos nossos corações”.

“Nunca esqueçamos que o verdadeiro poder é o serviço e que também o Papa - para exercer o poder - deve entrar cada vez mais neste serviço que tem seu cume luminoso na cruz, deve colocar seus olhos no serviço humilde, concreto, rico de fé de São José”.

Francisco terminou o sermão daquela ocasião fazendo um apelo: “cuidar da criação e pela paz”, nele usou o verbo “cuidar, ‘custodire’ em italiano”, 16 vezes. Pedido que não foi apenas para os católicos e aos cristãos, mas para todo o mundo.

Os desafios que o Papa levantou no início de seu pontificado foram os desafios de toda a humanidade. “O desmatamento da Amazônia - para falarmos da ecologia. A degradação dos nossos rios, a depredação da natureza, que cede lugar à corrida desenfreada do desenvolvimento e assim por diante. É um desafio de todo o mundo”, analisou em março de 2016, Padre Carlos Alberto Contieri, Jesuíta diretor do complexo do Pátio do Colégio.

Segundo o Diretor, o desafio que o Papa colocou para a Igreja é também para cada pessoa, individualmente. “A questão da pobreza, da má distribuição da renda, do desgaste da natureza pela ação desenfreada e desordenada do ser humano sobre ela é algo que nós temos que enfrentar para cuidar daquilo que não é nosso, daquilo que é de Deus.

Já desde o livro do Gênesis está dito que o jardim que Deus plantou é um jardim de Deus e esse jardim de Deus, que é o mundo, todos nós e, sobretudo, a Igreja, temos responsabilidade de cuidar como um compromisso implícito à nossa própria fé. É exigência da fé cuidar das pessoas e de toda a criação”, concluiu.

Matéria originalmente publicada na edição do O SÃO PAULO, de 26 de Março de à 1º de abril de 2013.

LEIA TAMBÉM 

Biografia do primeiro papa latino-americano contada por quem o conhece

Comente

Páginas

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.