Sínodo dos Bispos trabalha no documento final e enviará mensagem aos jovens de todo o mundo

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24 de outubro de 2018

O documento final do Sínodo dos Bispos sobre os jovens deve ser revisado e aprovado esta semana. Após 20 dias de muito trabalho, entre debates e apresentações na assembleia geral e em pequenos grupos, os padres sinodais agora avaliam os rascunhos do documento apresentados por uma comissão de redação. 

O texto deve destacar, entre outros temas, a importância do acompanhamento dos jovens na fé para que tenham um “encontro pessoal com Jesus Cristo”. Diversos resumos dos grupos linguísticos, chamados “círculos menores”, colocam esse encontro no centro de todo processo da pastoral juvenil. Trata-se de um encontro espiritual, por meio da oração e do discernimento, mas também concreto, por meio do serviço aos mais necessitados. 

Além disso, menciona-se a necessidade de boa formação dos acompanhadores; um maior papel dos leigos nesse campo, inclusive das mulheres; uma melhor integração dos grupos e movimentos que já trabalham com os jovens; o impacto do mundo digital e seus aspectos positivos; o testemunho dos mártires e cristãos perseguidos; a importância de melhorar a preparação dos jovens para o acesso aos sacramentos; um diálogo mais aprofundado sobre a sexualidade, entre outros assuntos. 

“Sentimos que o Sínodo é uma oportunidade de manifestar a opção preferencial pelos jovens, traduzida em escolhas concretas e corajosas em nível paroquial, diocesano, nacional e internacional”, diz o relatório do grupo de Língua Portuguesa, liderado pelo Cardeal João Braz de Aviz e cujo relator é Dom Joaquim Augusto da Silva Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa, em Portugual. 

O grupo indica, também, que o acompanhamento juvenil seja considerado como um verdadeiro processo de iniciação na fé cristã e na vida eclesial. “Em relação ao mundo digital, os jovens devem ser motivados a ser protagonistas na evangelização e não somente destinatários da Igreja, pois são aqueles que melhor podem inculturar o Evangelho nesse ambiente”, diz o texto.

 

MENSAGEM AOS JOVENS

Durante as assembleias gerais, surgiu a ideia de se enviar uma mensagem do Sínodo aos jovens de todo o mundo. Enquanto o documento final é direcionado ao Papa, com o objetivo auxiliá-lo no governo da Igreja, essa mensagem seria endereçada diretamente aos jovens. 

A secretaria formou, então, uma comissão para a redação da mensagem. Além de quatro padres sinodais e um especialista nos temas da pastoral juvenil, integram esse grupo o Frei Alois, Prior da Comunidade Ecumênica de Taizé, na França, famosa por seus encontros internacionais de jovens e por seus cantos no mundo inteiro; e duas jovens: a Irmã Briana Santiago, da Congregação das Apóstolas da Vida Interior, e a indonésia Anastasia Indrawan, membro da comissão para os jovens da conferência episcopal de seu país. 

Cerca de 30 jovens participam do Sínodo como auditores e, na sexta-feira, 26, haverá um momento de descontração com os padres sinodais, com música e atividades recreativas.
 

 

‘LEVAR O EVANGELHO A TODOS, COM OS JOVENS’

Anunciando o que recebeu gratuitamente, a Igreja pode compartilhar com os jovens “o caminho e a verdade” que conduzem ao sentido da vida nesta terra – diz o Papa Francisco na mensagem para a Jornada Missionária Mundial, celebrada no domingo, 21.

“Cristo, morto e ressuscitado por nós, oferece-se para a nossa liberdade e provoca  buscar, descobrir e anunciar esse sentido verdadeiro e pleno”, afirma o Pontífice. “Caros jovens, não tenham medo de Cristo e da sua Igreja!” Conforme a sua própria experiência, o Papa Francisco afirma que ele encontrou na fé o fundamento de seus sonhos e a força para realizá-los. 

“Vi muito sofrimento e muita pobreza desfigurar o rosto de tantos irmãos e irmãs. E, ainda assim, para quem está com Jesus, o mal é provocação a amar cada vez mais”, acrescenta. “Muitos homens e mulheres, muitos jovens se doaram generosamente, às vezes até o martírio, por amor ao Evangelho e serviços aos irmãos”, diz o Papa.

 

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Papa Francisco: "a esperança é concreta, é viver para encontrar Jesus"

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23 de outubro de 2018

A mulher grávida que espera feliz o encontro com o filho e todos os dias toca a barriga para acariciá-lo. Esta é a imagem usada pelo Papa Francisco para explicar o que é a esperança, na homilia da missa celebrada esta manhã (23/10) na Casa Santa Marta. A esperança, portanto, é viver em vista do encontro concreto com Jesus.

No início da homilia, o Pontífice refletiu sobre duas palavras da mensagem litúrgica de hoje: “cidadania” e “herança”. Na Carta de São Paulo aos Efésios, se fala de Deus que fez um presente, nos tornou “cidadãos”, que consiste em ter nos dado uma identidade, “uma carteira de identidade”. Em Jesus, de fato, Deus “aboliu a Lei” para nos reconciliar, eliminando a inimizade, de modo que podemos nos apresentar, uns aos outros, ao Pai num só Espírito”, isto é, “nos fez um”. Assim, somos concidadãos dos santos em Jesus, destacou o Papa.

Deus, portanto, “nos faz caminhar” rumo à herança com esta certeza de sermos “concidadãos” e que “Deus está conosco”. E a herança, explicou Francisco, “é o que buscamos no nosso caminho, o que receberemos no final”. Mas é preciso buscá-la todos os dias e o que nos leva avante no caminho da nossa identidade rumo à herança é justamente a esperança, “talvez a menor virtude, talvez a mais difícil de entender”.

O que é a esperança?

Fé, esperança e caridade são um dom. A fé é fácil de compreender, assim como a caridade. Mas o que é a esperança?”, questionou Francisco, destacando que sim, é esperar o Céu, “encontrar os santos”, “uma felicidade eterna”. “Mas o que é o céu para você?”, perguntou ainda o Papa:

Viver na esperança é caminhar, sim, rumo a um prêmio, rumo à felicidade que não temos aqui, mas teremos lá … é uma virtude difícil de entender. É uma virtude humilde, muito humilde. É uma virtude que jamais desilude: se você espera, jamais ficará desiludido. Jamais, jamais. É também uma virtude concreta. “Mas como pode ser concreta, se eu não conheço o Céu e o que me espera?”. A esperança. A herança mostra que é a esperança em algo, não é uma ideia, não é estar num belo lugar...não. É um encontro. Jesus sempre destaca esta parte da esperança, este estar à espera, encontrar.

Gravidez

No Evangelho de hoje (Lc 12,35-38), a esperança consiste no encontro com o senhor quando volta da festa do casamento. Portanto, é sempre um encontro com o Senhor, algo concreto. E para explicar, o Papa fez este exemplo:

Vem-me à mente, quando penso na esperança, uma imagem: a mulher grávida, a mulher que espera uma criança. Vai ao médico, mostra a ecografia – “ah, sim, a criança… tudo bem” … Não! Está feliz! E todos os dias toca a barriga para acariciar aquela criança, está à espera da criança, vive esperando aquele filho. Esta imagem pode nos ajudar a entender o que é a esperança: viver para aquele encontro. Aquela mulher imagina como serão os olhos do filho, como será o sorriso, como será, loiro ou moreno...mas imagina o encontro com o filho. Imagina o encontro com o filho.

Sabedoria dos pequenos encontros

Esta imagem, portanto, pode nos ajudar a entender o que é a esperança e a nos fazer algumas perguntas, prosseguiu Francisco:

“Eu espero assim, concretamente, ou espero um pouco no ar, um pouco gnosticamente?”. A esperança é concreta, é de todos os dias porque é um encontro. E todas as vezes que encontramos Jesus na Eucaristia, na oração, no Evangelho, nos pobres, na vida comunitária, todas as vezes damos um passo a mais rumo a este encontro definitivo. A sabedoria de se alegrar com os pequenos encontros da vida com Jesus, preparando aquele encontro definitivo.

Concluindo, Francisco destacou ainda que a herança é a força com a qual o Espírito Santo “nos leva avante com a esperança” e exorta a nos questionar se como cristãos esperamos como herança um Céu abstrato ou um encontro.

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Papa Francisco: o Espírito Santo é o fermento dos cristãos para a redenção

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19 de outubro de 2018

Seguir em frente com o “fermento do Espírito Santo”, que conduz à herança que nos foi deixada pelo Senhor. Esta foi a exortação do Papa Francisco na homilia da missa celebrada, esta sexta-feira (19/10), na Casa Santa Marta.

Refletindo sobre o Evangelho de Lucas, da liturgia de hoje, o Pontífice enfatizou dois tipos de pessoas encontradas nesta passagem bíblica que “crescem de formas diferentes”, “opostas” uma da outra.

Cristo não tolera hipocrisia

Jesus fala sobre o fermento “que faz levedar”, mas existe também o fermento “ruim” que “estraga”, que faz crescer “para dentro”, disse Francisco. É o fermento dos fariseus, dos doutores da Lei daquele tempo, dos saduceus, ou seja, a hipocrisia. Trata-se de pessoas fechadas em si mesmas, que pensam em aparecer, em fazer de conta, em dar esmola e depois sair “proclamado sobre os telhados” a fim de que todos saibam. Essas pessoas se preocupam em “proteger o que têm dentro, o seu egoísmo e sua segurança”, frisou ainda o Papa.

“Quando existe alguma coisa que as coloca em dificuldade, como o homem agredido e deixado quase morto pelos ladrões ou quando encontram um leproso, elas olham para o outro lado, seguindo suas leis interiores”, disse ainda Francisco.

Este fermento, disse Jesus, é perigoso. Tomai cuidado. É a hipocrisia. Jesus não tolera a hipocrisia: o querer se aparecer bem, com formas bonitas de educação puras, mas com maus hábitos por dentro. Jesus diz também: “Por fora vocês são bonitos, como os sepulcros, mas por dentro há putrefação e destruição, existem escombros”. Este fermento faz levedar para dentro: é um fermento que faz crescer sem futuro, porque no egoísmo, no voltar-se para si mesmo, não há futuro. Outro tipo de pessoa é aquela que vemos com outro fermento que é o contrário: que faz levedar para fora, nos faz crescer como herdeiros, para termos uma herança.

A promessa de uma felicidade muito grande

Francisco recordou que na Carta aos Efésios, São Paulo explica que “em Cristo fomos feitos também herdeiros, predestinados”. A referência é a pessoas projetadas “para fora”.

Às vezes erramos, mas é possível corrigir; às vezes caem, mas se levantam. Ás vezes pecam, mas se arrependem. Mas sempre para fora, para aquela herança, porque foi prometida. E essas pessoas são pessoas alegres, porque lhes foi prometida uma felicidade muito grande: que serão glória, louvor de Deus. E “o fermento – afirma Paulo – dessas pessoas é o Espirito Santo”, que nos impulsiona a ser louvor da sua glória, da glória de Deus.

Com a alegria no coração

O “selo do Espírito Santo”, que foi “prometido”, é – evidenciou o Papa citando ainda o apóstolo - “penhor da nossa herança”, à espera da “completa redenção”.

Precisamente Jesus, destacou Francisco, nos quer “sempre em caminho com o fermento do Espírito Santo que jamais faz crescer para dentro, como os doutores da Lei, como os hipócritas”: o Espírito Santo, de fato, “impulsiona para fora”, “para o horizonte”. Assim Jesus quer que “sejam os cristãos”: mesmo “com dificuldades, com sofrimentos, com problemas, com quedas”, sempre avante na esperança “de encontrar a herança, porque tem o fermento que é penhor, que é o Espírito Santo”. Eis então as duas pessoas citadas:

Uma pessoa que, guiada pelo próprio egoísmo, cresce para dentro. Tem um fermento – o egoísmo – que a faz crescer para dentro, e somente se preocupa em aparecer bem, aparecer equilibrado, bem: que não se vejam os maus hábitos que têm. São os hipócritas, e Jesus diz: “Tomai cuidado”. Os outros são os cristãos: deveríamos ser os cristãos, porque existem também os cristãos hipócritas, que não aceitam o fermento do Espírito Santo. Por isso Jesus nos adverte: “Tomai cuidado com o fermento dos fariseus”. O fermento dos cristãos é o Espírito Santo, que nos leva para fora, nos faz crescer, com todas as dificuldades do caminho, inclusive com todos os pecados, mas sempre com a esperança. O Espírito Santo é precisamente o penhor daquela esperança, daquele louvor, daquela alegria. No coração, essas pessoas que têm o Espírito Santo como fermento, são alegres, mesmo nos problemas e nas dificuldades. Os hipócritas esqueceram o que significa ser alegre.

 

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Audiência Geral: "não amar é o primeiro passo para matar"

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17 de outubro de 2018

Cerca de 20 mil fiéis participaram esta quarta-feira (17/10) da Audiência Geral na Praça São Pedro.

Sob um céu nublado, o Papa fez a alegria dos peregrinos passando de papamóvel entre a multidão antes de pronunciar a sua catequese, dando prosseguimento ao ciclo sobre os 10 mandamentos.

Como na semana passada, Francisco aprofundou a quinta palavra do Decálogo: ‘não matarás’, recordando que aos olhos de Deus a vida humana é preciosa, sagrada e inviolável.

Desprezar é matar

Jesus no Evangelho revela um sentido ainda mais profundo para este Mandamento: a ira, o insulto e o desprezo contra um irmão é uma forma de assassinato. “Nós estamos acostumados a insultar. Isso faz mal, é uma forma de matar a dignidade de uma pessoa. Seria belo se este ensinamento de Jesus entrasse na mente e no coração. Não insultar mais ninguém: seria um bom propósito. Para Jesus, se você despreza, insulta e odeia, isso é homicídio.”

Quando vamos à missa, prosseguiu o Papa, deveríamos ter esta atitude de reconciliação com as pessoas com as quais tivemos problemas. “Mas às vezes falamos mal das pessoas enquanto esperamos o sacerdote. Isso não é possível. Vamos pensar na importância do insulto, do desprezo, do ódio. Jesus os insere na linha do assassinato.”

Para aniquilar uma pessoa, portanto, basta ignorá-la.

“ A indiferença mata. É como dizer ao outro: você é um morto para mim, porque você o matou em seu coração Não amar é o primeiro passo para matar; e não matar é o primeiro passo para amar. ”

De fato, desprezar o irmão é fazer como Caim que, quando Deus lhe perguntou onde estava seu irmão Abel, respondeu: “Por acaso sou guardião do meu irmão?” “Somos sim os guardiões dos nossos irmãos, somos guardiões uns dos outros!”, respondeu o Pontífice.

Precisamos de perdão

A vida humana necessita de amor, disse ainda o Papa, reiterando que o amor autêntico é o que Cristo nos mostrou, isto é, a misericórdia. Não matar é incluir, valorizar, perdoar.

Não podemos viver sem o amor que perdoa, que acolhe quem nos fez mal. Nenhum de nós sobrevive sem misericórdia, todos necessitamos do perdão. Não basta “não fazer nada de mal”, do homem se exige mais, ele deve fazer o bem, significa viver segundo o Senhor Jesus, que deu a vida por nós e por nós ressuscitou.

“Uma vez, repetimos todos juntos uma frase de um santo sobre isto: não fazer mal é coisa boa, mas não fazer o bem não é bom. Precisamos sempre fazer o bem, ir além”, disse ainda Francisco.

Eis então que a Palavra “não matarás” se torna um apelo essencial: é um apelo ao amor.

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Papa Francisco: ter cuidado com cristãos que se apresentam como "perfeitos" e rígidos

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16 de outubro de 2018

“A salvação é um dom do Senhor”, Ele nos dá “o espírito da liberdade”, disse o Papa na missa celebrada na manhã desta terça-feira na Capela da Casa Santa Marta.

Francisco comenta a passagem do Evangelho de Lucas, que narra o episódio em que Jesus dá uma dura resposta ao fariseu que fica admirado com o fato de que Jesus põe-se à mesa sem ter lavado as mãos antes da refeição, como prescrito pela Lei.

O Papa enfatiza a diferença existente entre o amor do povo por Jesus – porque chega aos seus corações, e também um pouco por interesse – e o ódio dos doutores da Lei, Escribas, Saduceus, Fariseus que o seguiam para pegá-lo em alguma falta. Eram os “puros”:

“Eram realmente um exemplo de formalidade. Mas faltava vida a eles. Eram, por assim dizer -  “engomados”. Eram os rígidos. E Jesus conhecia a alma deles. Isto nos escandaliza, porque eles se escandalizavam das coisas que Jesus fazia quando perdoava os pecados, quando curava no sábado. Rasgavam as suas vestes: “Oh! Que escândalo! Isto não é de Deus, porque se deve fazer assim”. Eles não se importavam com as pessoas: importava a Lei, as prescrições, os preceitos”.

Mas Jesus aceita o convite do fariseu para o almoço, porque é livre, e vai ter com ele. Ao fariseu, escandalizado pelo seu comportamento, Jesus diz: “'Vós fariseus, limpais o copo e o prato por fora, mas o vosso interior está cheio de roubos e maldades”:

Não são palavras bonitas, hein! Jesus falava claro, não era hipócrita. Falava claro. E disse a ele: “Mas por que você olha para o exterior? Olha o que tem dentro”. Outra vez havia dito a eles: “Vocês são sepulcros caiados”. Belo elogio, hein! Belos por fora, todos perfeitos...todos perfeitos... Mas dentro cheios de podridões, ou seja, roubos e maldades, diz. Jesus faz a distinção entre a aparência e a realidade interior. Estes senhores são “os doutores das aparências”: sempre perfeitos, mas dentro, o que há?”.

Francisco recorda outras passagens do Evangelho em que Jesus condena estas pessoas, como a parábola do Bom Samaritano ou onde fala de seu modo de jejuar e dar esmolas com ostentação.

Porque – afirma o Papa – a eles o que importava era “a aparência”. “Jesus qualifica estas pessoas com uma palavra: ‘hipócrita!’”. Pessoas com uma alma gananciosa, capazes de matar. “E capazes de pagar para matar ou caluniar, como se faz hoje. Também hoje se faz assim: se paga para dar más notícias, notícias que sujam os outros”.

Em uma palavra – continua Francisco – eram pessoas “rígidas”, que não estavam dispostas a mudar. “Mas sempre, por trás de uma rigidez, existem problemas, problemas graves - observa. Por trás das aparências de bom cristão - aparências, hein!, que sempre procura aparecer, de maquiar a alma - existem problemas. Ali não está Jesus. Ali está o espírito do mundo”.

Jesus os chama de “insensatos”, aconselhando-os a abrirem sua alma ao amor para que a graça entre. Porque a salvação “é um dom gratuito de Deus. Ninguém salva a si mesmo, ninguém. Ninguém salva a si mesmo, nem com as práticas destas pessoas”:

Tenham cuidado com os rígidos. Tenham cuidado com os cristãos – sejam eles leigos, padres, bispos – que se apresentam como “perfeitos”, rígidos. Tenham cuidado. Não há o Espírito de Deus ali. Falta o espírito da liberdade. E tenhamos cuidado com nós mesmos, porque isso deve nos levar a pensar em nossa vida. Eu procuro olhar somente para as aparências? E não mudo o coração? Não abro o meu coração à oração, à liberdade da oração, à liberdade da esmola, à liberdade das obras de misericórdia?”.

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Papa Francisco: aprender a rezar com coragem e insistência

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11 de outubro de 2018
O Evangelho de hoje esteve no centro da homilia do Papa Francisco na missa celebrada esta manhã (11/10) na Casa Santa Marta.

O tema é a oração, de como nós devemos rezar. De fato, Jesus conta aos seus discípulos de um homem que, à meia-noite, bate à porta da casa de seu amigo para pedir-lhe algo para comer. O Papa destacou três elementos: um homem necessitado, um amigo e um pouco de pão.

Rezar com insistência

A visita do amigo é inesperada, ele reza com insistência e deste modo, disse o Papa, o Senhor quer nos ensinar como rezar:

Mas se reza com coragem, porque quando rezamos normalmente precisamos de algo. Um amigo é Deus: é um amigo rico que tem pão, tem aquilo de que necessitamos. É como se Jesus dizesse: “Na oração sejam invasivos. Não se cansem”. Mas não se cansem do quê? De pedir. “Peçam e lhes será dado”.

A oração é um trabalho

O Papa continuou afirmando que “a oração não é como uma varinha mágica”, não obtemos assim que pedimos. Não se trata de rezar duas vezes o “Pai-Nosso” e depois ir embora, assim não se tem a vontade de obter o que foi pedido:

A oração é um trabalho: um trabalho que requer de nós vontade, exige constância, pede que sejamos determinados, sem vergonha. Por quê? Porque estou batendo à porta do meu amigo. Deus é amigo, e com um amigo eu posso fazer isto. Uma oração constante, invasiva. Pensemos em Santa Mônica, por exemplo, quantos anos rezou assim, com lágrimas, pela conversão do seu filho. O Senhor, no final, lhe abriu a porta.

Francisco deu outro exemplo, contando um fato que ele mesmo testemunhou em Buenos Aires: um homem, um operário, tinha uma filha em fim de vida, os médicos não tinham dado qualquer esperança.

Ele então percorreu 70 quilômetros até o Santuário de Nossa Senhora de Luján. Chegou que já era noite e o Santuário estava fechado, mas ele rezou do lado de fora toda a noite, “implorando a Nossa Senhora: eu quero a minha filha. Eu quero minha filha. O Senhor pode me dar”. E quando na manhã sucessiva voltou ao hospital, encontrou a mulher que lhe disse: “Então, os médicos a levaram para fazer outro exame, não sabem explicar porque acordou e pediu para comer, e não tem nada, está bem, não corre mais perigo”. Aquele homem, disse o Papa, sabia como rezar.

Deus é um amigo

O Pontífice nos convidou a pensar também nas crianças manhosas quando querem algo, e gritam e choram dizendo: “Eu quero! Eu quero!” E no final os pais cedem. Alguém, porém, pode se questionar: mas Deus não fica bravo se fizermos assim? O próprio Jesus, prevendo isso, nos disse: “E vós que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!”.

É um amigo: dá sempre o bem. Dá mais: eu peço para resolver este problema e ele o resolve e dá também o Espírito Santo. Dá mais. Pensemos um pouco: como rezo? Como um papagaio? Rezo propriamente com a necessidade no coração? Luto com Deus na oração para que me dê aquilo de que necessito se é justo? Aprendamos deste trecho do Evangelho como rezar.

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Primeiros dias no Sínodo tocam na necessidade de ‘escutar os jovens’

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10 de outubro de 2018

“Nós, jovens de hoje, estamos em busca. Em busca do sentido da vida, em busca de trabalho, em busca de nossa estrada ou vocação, em busca de nossa identidade”, disse a Irmã Briana Santiago, 27, na primeira sessão plenária do Sínodo dos Bispos sobre os jovens, no dia 3. Ela é norte-americana e membro da congregação das Apóstolas da Vida Interior.

No mesmo dia, o Papa Francisco declarou aos padres sinodais: “Devemos prestar atenção especial ao risco de falar sobre jovens a partir de categorias e esquemas mentais já ultrapassados. Se soubermos evitar esse perigo, ajudaremos a tornar possível uma aliança entre gerações.” 

Falando-se muito sobre a necessidade de se “escutar os jovens”, abriu-se o diálogo sobre “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, tema da XV Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, que vai até dia 28. Como o tema central é bastante amplo, o chamado Instrumentum Laboris, documento de trabalho que guia as atividades do Sínodo, abrange, na verdade, uma série de assuntos paralelos. 

Entre eles, por exemplo, a participação dos jovens nas comunidades paroquiais, a formação para a vida consagrada e o sacerdócio, os desafios da migração, a proposta cristã para a sexualidade, a educação católica e a pastoral universitária, o problema dos abusos sexuais e de poder na Igreja, a complementariedade entre homem e mulher, e o valor da família na transmissão da fé e na iniciação cristã.

Mais do que colocar essas questões em debate, neste momento os padres sinodais procuram fazer um diagnóstico da situação dos jovens de hoje, para chegar, no fim do Sínodo, a algumas novas propostas de linguagem, método e abordagem na evangelização dos jovens. 

São mais de 267 padres sinodais de todo o mundo – inclusive dois bispos chineses, pela primeira vez na história, em virtude de um acordo provisório entre a China e a Santa Sé. Além deles, participam 49 auditores e 23 especialistas em matérias ligadas à Igreja, à pastoral juvenil e às questões sociológicas, morais e antropológicas sobre os jovens.

 

ESCUTAR COM EMPATIA

A consciência dos líderes da Igreja sobre a necessidade de se escutar os jovens já vem de muitos anos – basta lembrar da Jornada Mundial da Juventude, instituída por São João Paulo II. Mas esse ponto apareceu com intensidade na preparação para o Sínodo, tanto nos questionários enviados a diversas partes do mundo quanto na reunião pré-sinodal, na qual estiveram cerca de 300 jovens em Roma, em março deste ano. 

“É muito fácil falar dos jovens ‘por ouvir dizer’, fazer referências a estereótipos, que muitas vezes fazem referências a modelos que já não existem mais”, disse o Cardeal Sergio da Rocha, relator-geral do Sínodo, em seu discurso inaugural. “É preciso que toda intervenção nossa sobre os jovens parta sempre de um realismo contextual, e não de teorias abstratas e distantes do cotidiano”, acrescentou o Arcebispo de Brasília e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Segundo ele, a maior solicitação dos jovens de hoje é de serem “acompanhados”, e isso exige uma Igreja mais “autêntica, relacional e comprometida com a justiça”. 

De acordo com a Irmã Briana, os jovens reconhecem que existem tantas exigências no mundo e tantos temas sobre os quais é necessário refletir e dialogar. “Portanto, somos gratos que, neste momento histórico, a Igreja esteja colocando a atenção sobre nós e a tudo o que se refere a nós”, afirmou. “Nós, jovens, desejamos diálogo, autenticidade, participação”, disse ela.

 

TESTEMUNHOS DE VIDA

O Papa Francisco quis realizar, durante o Sínodo, um grande encontro com jovens no Vaticano, no sábado, 6. Cerca de 6 mil participantes foram à Sala Paulo VI para dar testemunhos de vida e deixar algumas perguntas aos padres sinodais. Entre os jovens que falaram, estavam migrantes, pessoas que foram viciadas em tecnologias, em pornografia, em drogas, e também um ex-presidiário, um jovem profissional de Engenharia, um jovem padre que era ateu, e muitos músicos e dançarinos. Os testemunhos contaram histórias de superação e de motivação. 

Diante deles, o Papa Francisco disse que os jovens de hoje devem “encontrar a si mesmos fazendo coisas”, e não parados diante do espelho. “Olhem sempre adiante, em caminho, façam o bem, e não fiquem sentados no sofá”, afirmou. “Devo fazer um caminho, mas com coerência de vida. E quando vocês veem uma Igreja incoerente, que lê as Bem-aventuranças e depois cai no clericalismo mais principesco e escandaloso, eu entendo, eu entendo”, lamentou o Pontífice. “Mas se você quer ser bom cristão, tome as Bem-aventuranças e coloque-as em prática.”

Francisco alertou os jovens, ainda, para os riscos de radicalização nas ideias que se espalham entre a juventude de hoje. Procurou lembrá-los que um jovem “não tem preço” e, portanto, não deve se tornar escravo de ideologias: “Pensem sempre assim: eu não estou à venda, sou livre! Apaixonem-se por essa liberdade, aquela que só Jesus oferece.”

 

LEIA TAMBÉM: Sínodo dos Bispos: jovens, sismógrafo da realidade e protagonistas da Igreja

 

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Audiência Geral: Deus é amante da vida. Não desprezá-la

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10 de outubro de 2018

O Papa Francisco se reuniu com milhares de fiéis e peregrinos na Praça São Pedro para a tradicional Audiência Geral das quartas-feiras.

O Pontífice prosseguiu seu ciclo sobre os Mandamentos, falando hoje sobre a Quinta Palavra: não matar.

“Este mandamento, com a sua formulação concisa e categórica, é como uma muralha em defesa do valor basilar das relações humanas: o valor da vida.”

Desprezo

Para Francisco, poderia-se dizer que todo o mal existente no mundo se resume no desprezo pela vida. “A vida é agredida pelas guerras, pelas organizações que exploram o homem, pelas especulações sobre a criação e pela cultura do descarte, e por todos os sistemas que submetem a existência humana a cálculos de oportunidades, enquanto um número escandaloso de pessoas vive num estado indigno do homem.”

Aborto

Neste contexto, o Papa citou também o aborto, praticado no ventre materno em nome da salvaguarda de outros direitos. “Mas como pode ser terapêutico, civil ou simplesmente humano um ato que suprime a vida inocente e inerme no seu germinar? É justo tirar uma vida humana para resolver um problema? É justo alugar um assassino para resolver um problema? ”

Acolhimento: desafio ao individualismo

A violência e a rejeição da vida nascem do medo, afirmou Francisco. “O acolhimento, de fato, é um desafio ao individualismo.” Quando os pais descobrem que o filho é portador de deficiência, logo recebem conselhos para interromper a gravidez, quando na verdade eles necessitam de verdadeira proximidade.

Uma criança doente, um idoso ou os pobres são, na realidade, um dom de Deus, que podem me tirar do egocentrismo e fazer-me crescer no amor. A este ponto, o Papa agradeceu aos muitos voluntários italianos, “o mais forte voluntariado que conheci”.

Amor, única medida autêntica

O homem rejeita a vida quando aposta nos ídolos do mundo: no dinheiro, no poder e no sucesso. “Estes são parâmetros errados para avaliar a vida. A única medida autêntica é o amor, o amor com o qual Deus a ama!”

De fato, explicou o Papa, o sentido positivo da Palavra “não matar” é que Deus é “amante da vida”. Ama a vida a ponto de dar o seu Filho unigênito, que assumiu sobre a cruz a rejeição, a fraqueza, a pobreza e a dor.

“Em cada criança doente, em cada idoso fraco, em cada migrante desesperado, em cada vida frágil e ameaçada, Cristo está nos buscando, está buscando o nosso coração para desfechar a alegria do amor.”

Homem, obra de Deus

Vale a pena acolher cada vida, concluiu o Papa, porque cada homem vale o sangue de Cristo. “Não se pode desprezar aquilo que Deus tanto amou!"

Não se pode desprezar a vida dos outros nem a própria vida, disse ainda Francisco, em referência aos inúmeros jovens que optaram pelo suicídio. “Pare de rejeitar a obra de Deus! Você é uma obra de Deus! Não se despreze com as dependências.”

“Deus é amante da vida”, disse por fim o Papa, convidando todos os fiéis na Praça a repetirem esta frase com ele.

Oração do Terço

No final da audiência, o Papa recordou que o mês de outubro è dedicado às missões e à oração do Terço.

“Caríssimos, rezando o Terço, invoquem a intercessão da Bem-aventurada Virgem Maria sobre suas necessidades e sobre a Igreja, para que possa ser sempre mais santa e missionária, unida em percorrer as estradas do mundo e concorde em levar Cristo a cada homem.

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Papa Francisco: o verdadeiro cristão é apaixonado pelo Senhor

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09 de outubro de 2018

O Papa Francisco celebrou a missa, nesta terça-feira (09/10), na Casa Santa Marta e em sua homilia destacou que a palavra-chave para não errar em nossa vida de cristãos é ser “apaixonados” pelo Senhor e Dele obter inspiração para as nossas ações.

Assim era Paulo, o Apóstolo que hoje descreve a própria vida na Primeira Leitura extraída da Carta aos Gálatas. Um equilíbrio entre “contemplação e serviço”, duas qualidades ilustradas no Evangelho de Lucas da liturgia de hoje, centrado nas figuras de Marta e Maria, irmãs de Lázaro de Betânia, que receberam Jesus em sua casa.

 

Cristãos atarefados e sem a paz do Senhor

“São duas irmãs que, com sua maneira de agir, nos ensinam como deve caminhar a vida do cristão”, explicou Francisco. “Maria escutava o Senhor, enquanto Marta era perturbada porque estava ocupada nos serviços”. Marta é uma daquelas mulheres “fortes, ressaltou o Papa, é capaz também de repreender o Senhor por não estar presente na morte de seu irmão Lázaro. Sabe como “avançar”, é corajosa, mas não possui a “contemplação”, incapaz de “perder tempo olhando para o Senhor”:

Existem muitos cristãos que vão, sim, à missa aos domingos, mas depois estão sempre atarefados. Não têm tempo nem para os filhos, nem para brincar com os filhos. É feio isso! “Tenho muita coisa para fazer, estou ocupado...” No final das contas se tornam cultores da religião dos atarefados: um grupo de atarefados que está sempre fazendo... mas pare, olhe para o Senhor, tome o Evangelho, ouça a Palavra do Senhor, abra o seu coração ... Não: sempre a linguagem das mãos, sempre ... Faz o bem, mas não o bem cristão: um bem humano. Falta a contemplação. A Marta faltava isso. Corajosa, ela sempre prosseguiu, carregava as coisas nas mãos, mas lhe faltava a paz: perder tempo olhando para o Senhor.

 

Apaixonado pelo Senhor

Ao contrário, Maria: a sua atitude não é um “estar ali passiva”. Ela “olhava para o Senhor porque o Senhor tocava o coração e dali, da inspiração do Senhor, é de onde vem o trabalho que tem que ser feito depois”. É a regra de São Bento, “Ora et labora”, que encarnam os monges e monjas de clausura, que certamente não “ficam o dia todo olhando para o céu. Rezam e trabalham”, disse Francisco. E acima de tudo é o que o Apóstolo Paulo encarnou, como está escrito na Primeira Leitura de hoje: “quando Deus o escolheu”, ressaltou o Papa, “ele não foi pregar” imediatamente, mas “foi rezar”, “contemplar o mistério de Jesus Cristo que lhe foi revelado”:

Tudo o que Paulo fazia tinha este espírito de contemplação, de olhar o Senhor. Era o Senhor que falava do seu coração, porque Paulo era um apaixonado pelo Senhor. E esta é a palavra-chave para não errar: apaixonados. Nós, para saber de que parte estamos, se exageramos porque fazemos uma contemplação demasiada abstrata, inclusive gnóstica, ou se muito atarefados, devemos nos questionar: “Sou apaixonado pelo Senhor? Estou certo, estou certa de que Ele me escolheu? Ou vivo o meu cristianismo assim, fazendo coisas… sim, faço isto, isto, faço mas e o coração? Contempla?”.

 

Contemplação e serviço, o caminho da nossa vida

É como quando um marido volta para casa do trabalho e encontra sua mulher a acolhê-lo: quem está realmente apaixonado não deixa acomodar e depois continua fazendo os deveres domésticos, mas “dedica tempo para estar com ele". Eis então, também nós tomamos tempo para o Senhor a serviço dos outros:

Contemplação e serviço: este é o nosso caminho da vida. Cada um de nós pense: quanto tempo por dia dedico a contemplar o mistério de Jesus? E depois: como trabalho? Trabalho tanto que parece uma alienação, ou trabalho coerente com a minha fé, trabalho como um serviço que vem do Evangelho? Nos fazer bem pensar nisto.

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Os jovens não devem ser objeto, mas sujeito do anúncio do Evangelho

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05 de outubro de 2018

Terceiro dia da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em andamento no Vaticano, sobre o tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.

Enquanto se realizam os trabalhos da quarta Congregação sinodal, na manhã desta sexta-feira (05/10), vamos fazer uma resenha sobre as intervenções da tarde de ontem, ou seja, a terceira Congregação.

Durante esta Assembleia, a atenção dos Padres sinodais concentrou-se sobre a primeira parte do “Instrumentum Laboris” – o Documento preparatório do Sínodo - dedicada ao tema da “escuta”, sobre o qual foram feitas vinte intervenções, seguidas de um debate livre.

“Os jovens não devem ser objeto, mas sujeito da proclamação do Evangelho”: eis a esperança dos Padres sinodais. A ideia é de um renovado protagonismo missionário na Igreja, em campo social e político, para que as novas gerações sejam fermento e luz do mundo, artífices da paz e da civilização do amor.

 

A Igreja, casa e mãe dos jovens

“A Igreja é chamada a ser mãe e lar, empatia e escuta, voz dos que não tem voz, especialmente para os que se encontram em situações difíceis, pedras descartadas que, graças ao anúncio da Boa Nova, podem se tornar "pedras angulares" na construção de um mundo melhor”. Este pensamento, que ecoou na Sala sinodal, foi dirigido, de modo especial, às crianças ex-soldados e às que pertencem a famílias problemáticas ou afetadas por vícios, desemprego, corrupção, tráfico humano; como também, aos muitos imigrantes, obrigados a deixarem seu país de origem, em busca de uma vida melhor, mas que acabam perdendo suas raízes, se distanciando da fé e não desenvolvendo seus talentos pessoais.

 

Manter o entusiasmo juvenil

O consumismo no Ocidente - observaram os Padres sinodais - corre o risco de apagar o entusiasmo da juventude, que, muitas vezes, é desorientada, sem ideais e sem fé, também por causa das novas ideologias, como os extravios e o liberalismo exagerado.

É preciso falar, com coragem, sobre a beleza da proposta cristã sobre a sexualidade, sem tabus: prestar atenção aos que, hoje, não conseguem viver a castidade durante o noivado. É o que destacam alguns Padres sinodais, que admitem: a maior parte das comunidades paroquiais não consegue perceber as expectativas dos jovens, que, muitas vezes, se afastam da Igreja após a Crisma.

Por isso, há urgente necessidade de uma pastoral renovada, capaz de ouvir e transmitir o olhar amoroso de Jesus, como também de se expressar com uma linguagem jovem, além daquela digital.

 

Os Jovens e a confiança na Igreja

“Os jovens - observam os Bispos sinodais - ajudam os adultos a se situar no presente e esperam da Igreja um sinal profético de comunhão, em um mundo dilacerado. Eles são o coração missionário da Igreja”. Neste sentido, lançaram a proposta de instituir um Pontifício Conselho especialmente para eles.

Os participantes nos trabalhos sinodais recordaram também “o pedido de uma renovação espiritual”, que emergiu dos questionários preparatórios do Sínodo. É preciso ajudar os futuros adultos a reconquistar a confiança nos sacerdotes, sobretudo em um momento em que a sua credibilidade é colocada à dura provação por causa dos escândalos de abusos sexuais. A este respeito, foi expresso o desejo de que o Sínodo possa fornecer respostas pastorais adequadas e concretas.

 

Viver a liturgia e a oração nas pegadas dos santos

Por fim, durante as intervenções sinodais, foi realçada a importância de relançar a Catequese e a Liturgia, que, junto com a devoção popular, salvaguardaram a fé de muitos cristãos, em contextos de perseguição.

Neste sentido, para não ceder à tentação do ativismo, é preciso ainda falar aos jovens sobre a importância da oração. Mas, por sua parte, é essencial que também a Igreja reze pelos jovens e pela sua vocação.

Com efeito, os jovens anseiam pela dimensão do silêncio e da contemplação, mas, quando não a encontram na Igreja, procuram em outros lugares.

Segundo os Padres sinodais, a Igreja deve dar maior assistência e acompanhamento espiritual aos jovens, colocando em evidência os valores eternos, que levam à verdadeira felicidade, mediante uma proposta evangélica, segundo seu período de maturação. Neste sentido, os muitos Santos, que enriquecem a história da Igreja, podem servir de exemplo de grande atualidade.

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