Francisco reza pelos médicos e sacerdotes mortos na assistência aos doentes de coronavírus

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25 de março de 2020

Na Missa na Casa Santa Marta esta terça-feira, 24, o Papa rezou pelos profissionais da saúde e pelos sacerdotes que estão dando assistência aos doentes do coronavírus, colocando em risco a própria vida. Até hoje na Itália são 24 médicos mortos em sua atividade de assistência aos que foram atingidos pelo COVID-19. Quase cinco mil agentes de saúde foram contagiados. Cerca de 50 sacerdotes morreram por causa desta pandemia.  A seguir, as palavras do Santo Padre no início da celebração:

Recebi a notícia que nestes dias faleceram alguns médicos, sacerdotes, não sei se algum enfermeiro, mas se contagiaram, foram contaminados porque estavam a serviço dos doentes. Rezemos por eles, por suas famílias, e agradeço a Deus pelo exemplo de heroísmo que nos dão na assistência aos doentes.

Na homilia, Francisco, comentando o Evangelho (Jo 5,1-16) em que Jesus cura um doente à beira da piscina de Betesda, ressaltou a periculosidade de um pecado particular: a preguiça. A seguir, o texto da homilia traduzida pelo Vatican News:

A liturgia de hoje nos faz refletir sobre a água, a água como símbolo de salvação, porque é um meio de salvação, mas a água é também um meio de destruição: pensemos no Dilúvio... Mas nestas leituras, a água é para a salvação. Na primeira leitura, aquela água que traz a vida, que saneia as águas do mar, uma água nova que saneia. E no Evangelho, a piscina, aquela piscina à qual iam os doentes, repleta de água, para curar-se, porque se dizia que de vez em quando as águas se moviam, como se fosse um rio, porque um anjo descia do céu e as movia, e o primeiro, ou os primeiros, que se atiravam na água eram curados. E muitos – como diz Jesus – muitos doentes, “ficavam em grande número enfermos, cegos, coxos, paralíticos”, ali, esperando a cura, que a água se movesse. Ali se encontrava um homem que estava doente há 38 anos. 38 anos ali, esperando a cura. Este, leva a pensar, não? É um pouco demasiado... porque quem quer ser curado dá um jeito para ter alguém que o ajude, faz alguma coisa, é um pouco ágil, inclusive um pouco astuto... mas este, 38 anos ali, a ponto que não se sabe se é doente ou morto... Jesus, vendo-o deitado, e sabendo a realidade, que estava muito tempo ali, lhe diz: “Queres ficar curado?” E a resposta é interessante: não diz que sim, se lamenta. Da doença? Não. O doente responde: “Senhor, não tenho ninguém que me leve à piscina, quando a água é agitada. Quando estou chegando, outro entra na minha frente”. Um homem que sempre chega atrasado. Jesus lhe diz: “Levanta-te, toma o teu leito e anda”. No mesmo instante, aquele homem ficou curado.

A atitude deste homem leva-nos a pensar. Estava doente? Sim, talvez, tinha alguma paralisia, mas parece que pudesse caminhar um pouco. Mas estava doente no coração, estava doente na alma, estava doente de pessimismo, estava doente de tristeza, era doente de preguiça. Esta é a doença deste homem: “Sim, quero viver, mas...”, estava ali. Mas a resposta é: “Sim, quero ser curado!”? Não, é lamentar-se: “São os outros que chegam primeiro, sempre os outros”. A resposta à oferta de Jesus para curar é uma lamentação contra os outros. E assim, 38 anos lamentando-se dos outros. E não fazendo nada para curar-se.

Era um sábado: ouvimos o que os doutores da Lei fizeram. Mas a chave é o encontro com Jesus, depois. Encontrou-o no Templo e lhe disse: “Eis que estás curado. Não voltes a pecar, para que não te aconteça coisa pior”. Aquele homem estava em pecado, mas não estava ali porque tinha feito algo grave, não. O pecado de sobreviver e lamentar-se da vida dos outros: o pecado da tristeza que é a semente do diabo, daquela incapacidade de tomar uma decisão sobre a própria vida, mas sim, olhar a vida dos outros para lamentar-se. Não para criticá-los: para lamentar-se. “Eles chegam primeiro, eu sou vítima desta vida”: as lamentações, estas pessoas respiram lamentações.

Se fizermos uma comparação com o cego de nascença que ouvimos domingo passado: com quanta alegria, com quanta decisão reagiu à sua cura, e também com quanta decisão foi discutir com os doutores da Lei”. Este somente foi e informou: “sim, é este”, Ponto. Sem compromisso com a vida... Faz-me pensar em muitos de nós, em muitos cristãos que vivem este estado de preguiça, incapacidade de fazer alguma coisa, mas lamentando-se de tudo. E a preguiça é um veneno, é uma neblina que circunda a alma e não a deixa viver. E também, é uma droga porque se você experimenta mais vezes, acaba gostando. E você acaba se tornando um “triste-dependente”, um “preguiça-dependente”... É como o ar. E esse é um pecado bastante comum entre nós: a tristeza, a preguiça, não digo a melancolia, mas se aproxima.

E nós fará bem reler este capítulo 5º de João para ver como é esta doença na qual podemos cair. A água é para salvar-nos. “Mas eu não posso salvar-me” – “Por qual motivo?” – “Por que a culpa é dos outros”. E permaneço 38 anos ali... Jesus me curou: não se vê a reação dos outros que são curados, que tomam o leito e dançam, cantam, agradecem, contam ao mundo inteiro? Não: segue adiante. Os outros lhe dizem que não se deve fazer, diz: “Mas aquele que me curou me disse que sim”, e vai segue adiante. E depois, ao invés de ir até Jesus, agradecer-lhe e tudo, informa: “Foi aquele”. Uma vida cinzenta, mas cinzenta deste espírito mau que é a preguiça, a tristeza, a melancolia.

Pensemos na água, a água que é símbolo da nossa força, da nossa vida, a água que Jesus usou para regenerar-nos, o Batismo. E pensemos também em nós, se alguém de nós corre o perigo de deslizar nesta preguiça, neste pecado neutral: o pecado do neutro é este, nem branco nem preto, não se sabe o que é. E este é um pecado que o diabo pode usar para aniquilar a nossa vida espiritual e também a nossa vida de pessoas. Que o Senhor nos ajude a entender como este pecado é feio e maligno.

Por fim, o Santo Padre terminou a celebração com a adoração e a bênção eucarística, convidando a fazer a Comunhão espiritual. A seguir, a oração recitada pelo Papa:

Meu Jesus, eu creio que estais presente no Santíssimo Sacramento. Amo-vos sobre todas as coisas, e minha alma suspira por Vós. Mas, como não posso receber-Vos agora no Santíssimo Sacramento, vinde, ao menos espiritualmente, a meu coração. Abraço-me convosco como se já estivésseis comigo: uno-me Convosco inteiramente. Ah! não permitais que torne a separar-me de Vós!

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Governo de SP determina quarentena em todo o Estado

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21 de março de 2020

O Governo do Estado de São Paulo anunciou neste sábado, 21, que todos os 645 municípios paulistas estarão em quarentena a partir de terça-feira, dia 24. Durante 15 dias, a medida impõe o fechamento do comércio, exceto serviços essenciais de alimentação, abastecimento, saúde, bancos, limpeza e segurança. A quarentena também não afeta as indústrias.

“Isso implica na determinação, ou seja, na obrigação do fechamento de todo o comércio e serviços não essenciais à população. Essa medida poderá ser renovada, estendida ou suprimida se houver necessidade”, disse o governador João Doria Junior.

A medida visa proteger a saúde pública e reduzir a disseminação do coronavírus. O fechamento do comércio atinge todas as lojas com atendimento presencial, inclusive bares, restaurantes, cafés e lanchonetes. Estabelecimentos que servem alimentos e bebidas em mesas ou balcões só poderão atender pedidos por telefone ou serviços de entrega.

Só ficarão abertos estabelecimentos com atendimento presencial que prestam serviços considerados essenciais. O decreto assinado por Doria listas as exceções em seis categorias distintas.

Nos serviços de saúde, está liberado o funcionamento de hospitais, clínicas – inclusive as odontológicas – e farmácias. No setor de alimentação, podem funcionar supermercados, hipermercados, açougues e padarias – que não poderão permitir o consumo no estabelecimento durante a quarentena.

No setor de abastecimento, poderão atuar normalmente transportadoras, armazéns, postos de gasolina, oficinas, transporte público, táxis, aplicativos de transporte, serviços de call center, pet shops e bancas de jornais.

Os demais setores que poderão oferecer serviços durante a quarentena são: empresas de segurança privada; empresas de limpeza, manutenção e zeladoria; bancos, lotéricas e correspondentes bancários.

O aumento nas restrições de circulação foi decidido tem respaldo do Centro de Contingência contra o coronavírus. “São medidas importantíssimas, no tempo adequado e respaldadas por todos os critérios científicos”, disse o médico infectologista David Uip, que coordena o grupo de especialistas.

O cumprimento da quarentena será fiscalizado pelo Estado e também pelas prefeituras. O governador também disse que aglomerações e festas ao ar livre, como os chamados “pancadões”, são considerados ilegais e deverão ser coibidos pela Polícia Militar não apenas na Grande São Paulo, mas também no interior e no litoral do estado.

Mais que uma gripe

As medidas foram anunciadas em coletiva de imprensa neste sábado no Palácio dos Bandeirantes. Participaram, além do governador, o prefeito da capital paulista, Bruno Covas, e secretários estaduais e do município de São Paulo.

O Secretário de Estado da Saúde, José Henrique Germann Ferreira, ressaltou que o novo coronavírus não deve ser enfrentado como uma simples gripe. “A patologia, que se chama COVID-19, tem uma sintomatologia parecida com gripe, mas não é uma gripe. Ela é muito mais uma pneumonia em severas vezes do que uma questão de gripe. Tem um sintomatologia parecida, mas não se trata de uma gripe”.

O Secretário também informou que até o começo da tarde de sábado, o estado já contabiliza 396 casos confirmados de COVID-19 e 15 mortes – todas na capital paulista – em decorrência da doença, passados oito dias da circulação comunitária do vírus.

Fiquem em casa e cuide dos idosos

Ao iniciar a coletiva de imprensa, o governador voltou a pedir que as famílias protejam as pessoas com mais de 60 anos. “Você que é filho, que é irmão, parente de pessoas com mais de 60 anos, ajude que elas compreendam a importância de permanecerem em casa e não saírem de suas casas de forma alguma”, afirmou.

“Fiquem em casa, convivam em família. A crise vai trazer lições importantes: dores, tristeza, mas trará, também, solidariedade, e a capacidade da volta das pessoas ao convívio em família”, afirmou Doria.

Vivência da fé em casa

Além das precauções de saúde e higiene, Doria fez um apelo aos que professam alguma fé. “Façam suas orações. Todo nós temos nossa religião. É importante que você faça isso da sua casa. Não frequente templos. Essa é uma recomendação não para desmerecer a oração presencial, mas ela pode ser feita da sua casa, com seus familiares, assistindo a televisão, ouvindo a missa no rádio, ouvindo seus pastores, seus líderes, seus padres. Estão todos adaptando o formato das missas, cultos e das suas manifestações de fé”, declarou.

Neste sábado, 21, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, emitiu um Comunicado sobre a Suspensão Temporária de Celebrações Religiosas na Arquidiocese de São Paulo, tendo em vista a grave crise sanitária provocada pela disseminação do novo coronavírus.

“Exorto os fiéis a acompanharem, em suas residências, as celebrações e atos religiosos transmitidos pelos vários Meios de Comunicação Social. Peçamos juntos, com fé e perseverança, que Deus tenha misericórdia de seu povo, livrando-nos de toda doença e angústia. Estejam certos de que o Arcebispo os acompanha com sua preocupação e carinho e reza por todos cada dia. Deus os abençoe e guarde no seu amor”, consta em um dos trechos do comunicado.

(Com informações do Governo do Estado de São Paulo)

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Parques públicos estão fechados na capital paulista

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21 de março de 2020

Na busca de conter a circulação de pessoas e evitar aglomerações, fatores que facilitam a proliferação do novo coronavírus, a Prefeitura de São Paulo e o Governo do Estado anunciaram o fechamento de parques públicos a partir deste sábado, 21.

Na capital paulista, o decreto 59.290 determina o fechamento, por tempo indeterminado, de todos os parques sob a gestão da Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente (atualmente há 107 unidades), bem como do Parque das Bicicletas e do Centro Esportivo, Recreativo e Educativo do Trabalhador (CERET).

“Imagine o que é para o prefeito ter que determinar, por exemplo, o fechamento do Parque Ibirapuera, cartão-postal da cidade de São Paulo. Os parques reúnem algo em torno de 200 mil pessoas por semana na cidade de São Paulo. Observamos ao longo dos últimos três dias um grande crescimento na frequência desses parques. A própria vigilância sanitária, que inicialmente era contrária a esse fechamento por serem ao ar livre, e assim haver uma possibilidade mais remota de contágio, resolveu recomendar isso à Prefeitura de São Paulo”, explicou Bruno Covas, em coletiva de imprensa na sexta-feira, 21, ao lado do governador João Doria Junior e secretários estaduais e da capital paulista.

Entre o segundo semestre de 2017 e abril 2018, boa parte dos parques municipais já tinham sido fechados para conter o surto de febre amarela na capital paulista. Meses depois, com a imunização da população e o maior controle do mosquito transmissor, o Aedes aegipty, os parques foram gradualmente sendo abertos.

Parques estaduais

Também na conversa com a imprensa, Doria comunicou o fechamento do Zoológico e do ZooSafari, localizados na capital paulista, além das 102 unidades de conservação e todos os parques estaduais: Água Branca, Alberto Lofgren, Belém, Biacica, Candido Portinari, Chácara da Baronesa, Engenheiro Goulart, Gabriel Chucre, Guarapiranga, Horto Florestal, Jacuí, Jequitibá, da Juventude, Ecológico do Tietê, Helena, Várzea do Embu-Guaçu, Villa-Lobos, Pomar Urbano e Jardim Botânico.

A medida também vale para equipamentos esportivos administrados pelo Estado: Complexo Desportivo Constâncio Vaz Guimarães (Ibirapuera), Vila Olímpica Mário Covas, Centro Recreativo e Esportivo de Campinas (Cerecamp) e Complexo Desportivo Baby Barioni.

Até a tarde da sexta-feira, 20, já chegava a nove o número de mortos em decorrência do novo coronavírus, todos na capital paulista. Segundo a Secretaria de Estado da Saúde, os pacientes tinham comorbidades e foram atendidos em hospitais privados. 

O que ainda está funcionando

Até o momento, não há restrições para o funcionamento dos seguintes estabelecimentos: hipermercados e supermercados; farmácias; padarias; postos de gasolina; lojas de conveniência; restaurantes e lanchonetes; lojas de produtos para animais; e feiras livres.

(Com informações de Prefeitura de São Paulo e Governo de São Paulo)

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