Na hora de ir à feira

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13 de mai de 2020

A pandemia do novo coronavírus forçou a população mundial a mudar muitos hábitos, principalmente de higiene. No estado de São Paulo, desde o dia 7, é obrigatório o uso de máscaras nas ruas, nos estabelecimentos comerciais, no transporte público e em carros por aplicativos. Muitas medidas também foram tomadas para evitar aglomerações, como o fechamento de todo comércio que não seja considerado essencial, além da expansão das restrições à circulação de veículos, segundo os critérios do novo rodízio municipal, já em vigor.

A partir desta edição, O SÃO PAULO publica dicas sobre as ações de higiene indispensáveis para tarefas cotidianas. Neste primeiro artigo, o destaque envolve a ida às feiras livres, um hábito semanal de muitas pessoas.

Produção e transporte

Antes que frutas, verduras e hortaliças estejam disponíveis nas barracas, os produtores e agricultores familiares já estão orientados pelas autoridades sanitárias a redobrar os cuidados de higiene, a fim de evitar a proliferação do novo coronavírus. Essas medidas contemplam desde a higiene pessoal por parte dos trabalhadores à limpeza dos ambientes, superfícies e veículos de transporte.

Ambientação

Em São Paulo, a Prefeitura determinou que haja mais espaçamento entre as barracas e orienta que as pessoas não fiquem tão próximas umas das outras. A degustação de qualquer fruta ou verdura está suspensa, assim como o consumo de alimentos feitos na hora.

A caminho da feira

Antes de sair de casa, coloque sua máscara de proteção. Leve consigo álcool em gel para higienizar as mãos e evite levá-las ao rosto enquanto estiver na rua, pois o vírus entra facilmente pelo nariz, boca e olhos. Vale lembrar que o novo coronavírus pode estar em qualquer tipo de superfície: no suporte de barracas, nas bacias de frutas e legumes e nos próprios alimentos. O ideal é que apenas uma pessoa da família, que não seja idosa nem esteja no grupo de risco, vá à feira, o que ajuda a reduzir as aglomerações. Também é importante respeitar a distância mínima de 1,5m das demais pessoas.

Evite pagar em dinheiro

Sempre que possível, pague com cartão de débito ou crédito, para evitar o manuseio de cédulas ou moedas, que, por serem uma superfície, podem funcionar como “meio de transporte” para o novo coronavírus. Ao chegar a sua casa, lave bem as mãos com água e sabão, retire sua máscara de tecido, deixe-a de molho por cerca de 30 minutos em uma solução com água sanitária e depois lave-a com água e sabão.

Tenha atenção com roupas, calçados e objetos

Roupas e calçados podem funcionar como meio de transporte para o novo coronavírus. Por isso, sempre que voltar para casa, após qualquer atividade na rua, é indispensável deixar o calçado usado na porta de entrada ou limpá-lo com água sanitária. É importante trocar a roupa que estava usando, deixando-a em uma sacola plástica, para que seja lavada separadamente depois. Também é importante higienizar com álcool o seu smartphone e objetos como relógios, brincos, anéis, chaves etc.

Sacolas e embalagens

Prefira produtos previamente embalados, evitando tocar os produtos em exposição. Não apoie sacolas e embalagens em bancos, mesas ou mesmo no chão. Ao chegar a sua casa com as compras, descarte imediatamente as embalagens externas, como sacolas e sacos plásticos e bandejas de isopor, higienizando as sacolas retornáveis e carrinhos de feira com álcool fator 70% ou hipoclorito de sódio em borrifador ou pano úmido.

Limpeza da pia

Antes de limpar a superfície dos produtos ou lavar frutas e verduras, lave as mãos novamente com água e sabão e desinfete a pia, passando um pano com álcool, antes e depois do processo.

Higienização dos alimentos

A higienização de frutas, legumes e verduras deve ser feita em três etapas: lavagem em água para retirada de resíduos, imersão em solução com água sanitária (uma colher de sopa diluída em 1 litro de água) por 15 minutos e posterior enxágue. Também é recomendada a solução de hipoclorito de sódio, encontrada em supermercados. Alimentos com e sem casca também devem ser lavados dessa forma. O ideal é lavar todos os alimentos no mesmo dia.

(Com informações de Agência Brasil, Governo do Distrito Federal, Estado de Minas e Prefeitura de SP)

 

 

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A mensagem de Fátima traz esperança para enfrentar a pandemia

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12 de mai de 2020

A aparição da Virgem Maria a Francisco, Jacinta e Lúcia, há 103 anos, permanece ainda atual, sobretudo no contexto atual que vive a humanidade.

No fim de 1917, ano em que aconteceu a manifestação mariana em Fátima, o mundo sofreu com a epidemia da chamada gripe espanhola, que causou a morte de cerca de 50 milhões de pessoas.

Com os primeiros casos relatados durante a Primeira Guerra Mundial, as forças armadas de cada país ofuscaram a presença da enfermidade em seus campos de concentração, a fim de não demonstrarem sua fragilidade às tropas rivais. Dessa forma, a proliferação da doença originada pelo vírus influenza tomou proporções fora de controle e se tornou uma pandemia mundial em 1918.

Entre as vítimas aquela pandemia estavam Francisco, que morreu em 4 de abril de 1919, com apenas 10 anos, e Jacinta, morta em 20 de fevereiro de 1920, aos 9 anos.

PRÓPÓSITO

Em uma das usas aparições em Fátima, a Virgem Santíssima revelou que os dois irmão morreriam cedo, mas que deveriam confiar inteiramente no plano de Deus, pois seu amor é maior do que qualquer mal existente no mundo.

A vida de Francisco após as visões de Nossa Senhora, foram marcados pelo sofrimento e a fragilidade de sua saúde, sobretudo após ser acometido pela gripe espanhola. Contudo, ele oferecia seus sofrimentos pela conversão dos pecadores e a salvação da humanidade.

OFERTA DA VIDA

Nesse período, o jovem Pastorinho também sofreu com a saudade da Eucaristia, pois sua enfermidade o impedia de ir a Igreja onde costumava rezar diante do Santíssimo Sacramento. 

Jacinta, após a morte do irmão, ainda sofreu muito em um hospital de Lisboa. Em sua biografia, relata-se que seu maior consolo era poder avistar o sacrário da capela do hospital através da janela de seu quarto.

A vidente de Fátima também morreu sozinha. Sua família e amigos não puderam estar com ela as restrições da epidemia. A única coisa que ela queria antes de morrer era a Eucaristia, mas não foi possível.

ESPERANÇA E CONVERSÃO

Diante dos sofrimentos da humanidade do século passado e do atual, a Mãe de Jesus traz uma mensagem de esperança associada a um contundente convite à conversão por meio da oração e da penitência.

Assim como muitos católicos que enfrentam a atual pandemia, os dois pastorinhos, canonizados pelo Papa Francisco em 2017, foram sustentados pela fé, a comunhão espiritual e a oração do Rosário.

ATO DE ENTREGA

Um dos frutos de Fátima é o chamado “Ato de Entrega”, feito por São João Paulo II, em 7 de junho de 1981, menos de um mês após sofrer o atentado na Praça São Pedro, exatamente no dia 13 de maio, o qual ele atribui sua sobrevivência às mãos de Nossa Senhora que desviaram a bala que lhe seria fatal.

Por meio desta oração composta pelo próprio Pontífice, ele consagrou o mundo a Imaculado Coração de Maria. Esse ato foi repetido em outras ocasiões e suas palavras são oportunas para encorajar os cristãos a enfrentarei a atual circunstância. Leia, a seguir, um trecho da oração: 

“Ó Mãe dos homens e dos povos, Vós conheceis todos os seus sofrimentos e as suas esperanças, Vós sentis maternalmente todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas, que abalam o mundo, acolhei o nosso brado, dirigido no Espírito Santo diretamente ao vosso Coração, e abraçai com o amor da Mãe e da Serva do Senhor aqueles que mais esperam por este abraço e, ao mesmo tempo, aqueles cuja entrega também Vós esperais de maneira particular. Tomai sob a vossa proteção materna a família humana inteira, que, com enlevo afetuoso, nós Vos confiamos, ó Mãe. Que se aproxime para todos o tempo da paz e da liberdade, o tempo da verdade, da justiça e da esperança”.

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‘Neste mês de maio, o Santuário de Fátima é do tamanho do mundo’

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‘Neste mês de maio, o Santuário de Fátima é do tamanho do mundo’

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12 de mai de 2020

“Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus”. Com essas palavras ditas pela Virgem Maria à pastorinha Lúcia, em 1917, o Padre Carlos Cabecinhas, reitor do Santuário Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, convidou os peregrinos de todo o mundo a participarem virtualmente das festividades a padroeira nos dias 12 e 13.

O Sacerdote afirmou, ainda, que neste mês de maio, “o Santuário de Fátima é do tamanho do mundo”, ressaltando que a ausência física de fiéis no santuário devido à pandemia de COVID-19 não alterou a programação do Santuário, que será transmitida integralmente pelos meios de comunicação e pelas mídias digitais.

“Celebraremos, em festa, a primeira aparição de Nossa Senhora neste lugar, aonde ela veio para deixar uma mensagem de esperança, num tempo que também era marcado por tantas tribulações”, reforçou o reitor.

PROGRAMAÇÃO

As festividades serão abertas na terça-feira, 12, às 21h30 (15h30 no Brasil), com a celebração do Lucernário, na Capelinha das Aparições. Esse é considerado um dos momentos mais marcantes das celebrações no Santuário Fátima, que, em circunstâncias normais, é tomado pelas luzes das velas da multidão de peregrinos.

Em seguida, acontece a oração do Rosário e a procissão de velas, que terá um trajeto mais curto. Neste ano, os fiéis são convidados a acenderem uma vela na janela de suas casas durante transmissão. “Faremos, assim, uma bela procissão de velas, difundida por todos os lugares onde viveis e vos encontrais”, enfatizou o Padre Carlos.

Na quarta-feira 13, a habitual oração do Rosário começa às 9h (5h no Brasil), na Capelinha das Aparições e às 10h (6h no Brasil), o Bispo de Leiria-Fátima, Cardeal António Marto, preside a Missa da Solenidade de Nossa Senhora de Fátima, que será concluída com a Procissão do Adeus.

As celebrações serão transmitidas aqui

Em preparação para a festa, o Santuário também propôs um itinerário espiritual de orações e meditações diárias, disponíveis no seu site oficial e nas redes sociais.

AMOR AO PRÓXIMO

“Por mais que o nosso coração desejasse estar em Fátima, a celebrar comunitariamente no mesmo lugar, como acontece desde 1917, a prudência aconselha-nos a que desta vez não seja assim”, afirmou o Cardeal António Marto, em o comunicado da Diocese de Leiria-Fátima, ressaltando que a decisão da Igreja em suspender as celebrações públicas “decorre da responsabilidade de fazer o que está ao seu alcance para não colocar em perigo a saúde pública, cumprindo também, deste modo, o mandato evangélico do amor ao próximo”. 

As liturgias com a presença de peregrinos em Fátima e em todas as igrejas portuguesas só serão retomadas no próximo dia 30, conforme o cronograma de reabertura gradual das atividades públicas em Portugal, após quarentena.

PASTORAL DIGITAL

Desde 14 de maço, quando começou a quarentena em Portugal, o Santuário de Fátima intensificou seu trabalho pelos meios de comunicação e plataformas digitais.  

“Temos a graça e a responsabilidade de poder tornar-nos presentes na vida de tantos cristãos de todo o mundo, graças aos meios virtuais de que dispomos. Desde a primeira hora que o Santuário procurou responder a este desafio com a transmissão de várias celebrações ao longo do dia”, afirmou o diretor do Departamento de Liturgia do Santuário, Padre Joaquim Ganhão.

Numa parceria com a TV Canção Nova Portugal, o Santuário começou a oferecer nas suas redes sociais –  Facebook e Youtube – quatro celebrações diárias. Duas missas d, às 11h e 19h15 (7h e 15h15 no Brasil), dois momentos de oração do Rosário, às 18h30 e 21h30 (14h30 e 17h30 no Brasil) e a oração diária do Angelus, às 12h (8h no Brasil).

Além das celebrações também é possível visitar virtualmente a Capelinha das Aparições, em uma transmissão permanente pelo Youtube do Santuário.

COMUNHÃO

Padre Joaquim reconheceu que a assembleia é um elemento fundamental que falta nas celebrações, mas reiterou que é preciso imaginar e se apoiar na certeza da fé e “nos dinamismos espirituais da comunhão eclesial”. 

“Naqueles bancos vazios, está reunida a multidão de irmãos que nos acompanha a partir de suas casas e, ao mesmo tempo, está a criação inteira que na Eucaristia se oferece com Cristo ao Pai pela salvação do mundo”.

Todos os dias, chegam pelas redes sociais inúmeras mensagens de peregrinos que, como ressaltou Padre Joaquim, mostram que “o Santuário de Fátima está no coração de muitos que conosco rezam em cada dia”.

CRESCIMENTO NAS REDES

De acordo com o Departamento de Comunicação do Santuário de Fátima, o número de acessos às sus plataformas digitais cresceu nos últimos dois meses. Tanto nos seus canais oficiais no Facebook quanto no Youtube, a média diária de audiência das transmissões ao vivo é em torno de 6 mil pessoas.

Também cresceu o número de seguidores no Facebook, que já passa de 1 milhão. De igual modo, aumentou o alcance das publicações do santuário nas redes sociais. Entre 20 de março e 16 de abril, as publicações do Santuário alcançaram mais de 6,4 milhões de pessoas, isto é, registou-se um aumento 48%. Pelo menos 7,2 milhões de pessoas detiveram-se a ver os vídeos do Santuário, tendo-se registado 4,1 milhões de interações.

O canal do santuário no Youtube que antes tinha cerca de 64 mil inscritos agora chegou já está com 105 mil inscritos.

VISITAS VIRTUAIS

Pelo site do Santuário de Fátima também é possível realizar visitas virtuais a cinco exposições temporárias.

Essa iniciativa, implementada há alguns anos e que abrange quase todas as exposições realizadas no Santuário desde 2010, têm como objetivo tornar as mostras acessíveis às pessoas que residiam fora de Portugal ou estavam impossibilitadas de ir a Fátima, e permitir que as exposições continuassem sendo vistas mesmo depois de encerradas.

As visitas estão disponíveis nas sete línguas oficiais do Santuário e têm vários menus que permitem fazer o seu percurso por meio dos diferentes núcleos expositivos, dando ainda a possibilidade de abrir fotografias de cada um dos objetos e das respetivas legendas. Estas visitas podem ser feitas ouvindo o mesmo tema musical que os visitantes ouviram quando as exposições estiveram abertas ao público, tema que foi inspirado na temática de cada uma das exposições.  

As visitas virtuais podem ser feitas por este site.  

(Com informações e fotos do Santuário de Fátima)

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A Gripe Espanhola e a Cidade de São Paulo

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11 de mai de 2020

No século XX, houve uma pandemia muito similar à que hoje vivemos. Uma gripe transmitida de pessoa a pessoa e causada por mutações de um vírus altamente contagioso, que atingiu o mundo inteiro e justificou medidas de quarentena, afetando o funcionamento de templos religiosos e a vida de, praticamente, todas as pessoas.

Se olharmos fotos tiradas durante a Gripe Espanhola, constataremos as semelhanças em relação ao novo coronavírus: pessoas usando máscaras caseiras nas ruas e evitando o contato entre si; corpos a espera de um enterro pela sobrecarga do sistema carcerário; famílias passando dificuldade econômica devido às medidas de distanciamento social.

A Gripe Espanhola, apesar das semelhanças com o novo coronavírus, teve notas próprias que a distinguem da atual pandemia e fizeram dela, pelo menos em números absolutos, a segunda pandemia mais letal da história, atrás, apenas, da Peste Negra. Se considerarmos, entretanto, que os surtos da Peste Negra duraram mais de um século, enquanto que a Gripe Espanhola afetou o mundo por apenas dois anos, podemos afirmar que, em tão curto espaço de tempo, nenhuma doença vitimou tanto quanto a Gripe Espanhola.

Doença causada pela mutação do vírus H1N1, a Gripe Espanhola atingiu o mundo em três surtos epidêmicos nos anos de 1918 e 1919. Devido à mutação viral, as pessoas não haviam desenvolvido em seu sistema imunológico defesa contra o invasor, o que justificou a rápida proliferação da doença.

As estimativas acerca do número de mortes variam bastante: as mais conservadoras estimam 25 milhões; enquanto que outras chegam a afirmar 50 milhões ou mesmo 100 milhões de mortos. Num mundo com 2 bilhões de pessoas, a gripe vitimou, pelo menos, 1% da população, um número bastante alto. Se considerarmos a estimativa mais catastrófica, a gripe vitimou 4% da população. Para uma breve comparação, se a mesma proporção fossa aplicada ao mundo de hoje, 1% da população mundial equivaleria a 77 milhões de pessoas e 4% seriam 308 milhões.

A origem geográfica da Gripe Espanhola ainda não foi estabelecida. Alguns dizem que se originou nos Estados Unidos, outros na China. O nome dado à doença, portanto, não diz respeito ao local de sua origem. A gripe se chama espanhola porque a Espanha foi o primeiro país a divulgá-la e tomar medidas contra ela, já que os outros países europeus e os Estados Unidos estavam preocupados com a 1a Guerra Mundial. A neutralidade espanhola na Guerra fez da Espanha o primeiro país a notar a existência da epidemia.

A primeira das três ondas epidêmicas ocorreu em março de 1918, durante a 1a  Guerra Mundial. Apesar de não se saber em que país europeu a doença primeiro chegou, em julho do mesmo ano já havia se espalhado por toda Europa Ocidental, chegando, inclusive, a atingir a Polônia. Apesar de sua rápida proliferação, o vírus na primeira onda não se demonstrou tão fulminante. Apenas a partir da segunda onda epidêmica, quando o vírus sofreu uma mutação, a gripe vitimou milhões.

No inverno europeu seguinte, a partir do mês de agosto de 1918, teve início a segunda onda. Surtos da doença ocorreram em quase todas as partes habitadas do planeta. O extremo oriente foi atingido. Na Índia, 10 milhões de pessoas morreram. Nas ilhas do Pacífico, estimam-se 550 mil mortos. Neste período, a doença atingiu o Brasil.

A Gripe Espanhola no Brasil

A Gripe Espanhola chegou ao Brasil a barco, na missão médica militar que o Brasil enviara ao Senegal Francês, já infestado pela doença. O navio voltou ao Brasil com poucos sobreviventes, pois grande parte da tripulação morreu pela Gripe.

As autoridade ficaram alertas e, para impedir que a doença se espalhasse no país, tomaram medidas como a desinfecção e a quarentena de todos os navios provenientes da África e a reabertura do Lazarento da Ilha Grande, lugar para isolamento dos doentes. Entretanto, nada disso foi suficiente.

Em 1918, outro barco apinhado de doentes abarcou na Bahia, vindo da Europa. De lá, a doença espalhou-se para Pernambuco, Pará e Rio de Janeiro. Em outubro de 1918, a doença já tinha atingido todos os estados da Federação.

O estado que mais sofreu, entretanto, foi o de São Paulo.

A doença em São Paulo

O ano de 1918 foi especialmente difícil para o Estado de São Paulo. O Brasil, tradicional exportador de café, teve que se modernizar industrialmente para suprir a demanda interna, já que, com o começo da 1o Guerra Mundial, a importação de produtos industrializados tornou-se difícil.

São Paulo liderava o País na industrialização, impulsionado pela riqueza do café. A classe operária aumentava, e, em 50 anos, a população da cidade de São Paulo cresceu aproximadamente 15 vezes.

A cidade de São Paulo atraiu imigrantes, que acreditavam nas promessa de prosperidade econômica. A prosperidade da cidade lhe rendeu o apelido de a “Chicago brasileira”. O ano de 1918 colocou um freio à bonança paulistana.

O inverno foi um dos mais rigorosos já registrados; geadas e temperaturas negativas foram registradas em vários pontos do estado, colocando em risco grande parte de sua produção agrícola. A praga da lagarta rosa destruiu quase tudo que havia resistido às geadas. Depois da lagarta, vieram os gafanhotos, que destruíram ainda mais a produção agrícola.

Como se isso não bastasse, em meados de outubro a Gripe Espanhola chegou ao estado.

A cidade de São Paulo já possuía diversos hospitais, como a Santa Casa de Misericórdia, o Hospital da Beneficência Portuguesa e o Hospital Umberto I, além da famosa Faculdade de Medicina e Cirurgia. Apesar da modernidade da metrópole em relação ao resto do país, a Gripe fez aqui um dos seus piores espetáculos.

Logo no início da pandemia, o Serviço Sanitário da cidade, sob a direção do Dr. Arthur Neiva, determinou o fechamento de escolas, clubes, teatros, cinemas e atividades esportivas e culturais. Com a piora da situação, proibiram-se também a visita aos doentes nos hospitais e aos cemitérios. Escolas públicas e privadas abreviaram o ano letivo. Os parques públicos foram fechados. Os agentes do Estado fiscalizavam as ruas para averiguar se as decisões do governo estavam sendo cumpridas.

No Correio Paulistano, retratou-se o ermo em que se transformaram as ruas da cidade, principalmente de noite, pois acreditava-se que ao fim do dia a doença espalhava-se mais rapidamente:

“Pelas ruas não há a turba desocupada, em que se mesclavam as fisionomias masculinas com as femininas, numa expansão de felicidade irradiante. E essa tristeza, que a gente nota durante o dia, aumenta desconsoladoramente à noite. A noite de ontem, por exemplo, depois das 21 horas, a cidade estava completamente taciturno. Os cafés e bares fecharam desde cedo. E a urbe ficou mergulhada na meia sombra de suas lâmpada elétricas”.

Hospitais improvisados foram criados. Instalados em escolas, sedes de associações ou qualquer espaço que se adequasse, eles serviam para atender a população que não conseguia vaga nos hospitais. Havia, na cidade de São Paulo, 38 hospitais ou postos de atendimento provisórios. Apesar disso, a população tinha receio de procurar esses lugares, por não aprovarem o serviço prestado.

O poder público procurava amenizar a gravidade da epidemia para não incentivar o medo na população. Entretanto, não foi suficiente. Procuravam-se remédios milagrosos contra a doença, curandeiros de todos os tipos prometiam a cura, e mitos acerca da enfermidade espalharam-se em abundância. A tradicional caipirinha pôde ter se originado como um “remédio” popular à doença.

O número de mortes eram tão grande que não era possível enterrar todos os mortos. Em 29 de outubro, houve 17 óbitos; em 3 de novembro, 141; já em 8 de novembro, 308 óbitos na cidade devido à Gripe. A empresa responsável pelos sepultamentos, não deu conta da demanda. A Prefeitura teve de começar a produzir caixões para a população pobre. No cemitério do Araçá, foram feitas instalações elétricas para que houvesse enterros noturnos. O salário oferecido aos coveiros aumentou, pois muitos morriam por contraírem a doença em seu sérvio. Além disso, prisioneiros eram chamados para cavar covas.

São Paulo perdeu, no mínimo, 1% de sua população devido à doença, o que equivale e 5,5 mil mortos. Se a mesma porcentagem fosse transferida aos dias de hoje, seriam 120 mil mortos, sem contar a população da Grande São Paulo.

À parte a tragédia das mortes, São Paulo sofreu um agravamento do estado de pobreza de suas populações mais vulneráveis. A Arquidiocese de São Paulo teve um papel fundamental no cuidado aos mais pobres durante a Gripe Espanhola, ajuda encabeçada pelo então Arcebispo, Dom Duarte Leopoldo e Silva.

A Arquidiocese de São Paulo

Coube à Igreja grande parte do auxílio às populações carentes. Dom Duarte Leopoldo e Silva foi designado pelo governador de São Paulo, Altino Arantes, como responsável pela coordenação dos socorros aos necessitados durante a epidemia.

Em tempos em que não havia saúde pública, o serviço aos mais pobres era oferecido quase em sua totalidade por instituições ligadas à Igreja Católica. O Estado tinha que recorrer a ela, pois, de outro modo, os mais pobres seriam esquecidos.

Os leigos da Conferência de São Francisco de Paula percorriam os bairros operários, levando alimentos, remédios e roupas, e comunicavam às autoridades sanitárias acerca dos novos enfermos e requeriam a instalação de hospitais perto das áreas onde vivia a população mais carente.

O descaso do poder público com a população pobre afetada diretamente com as medidas de quarentena só pôde ser contrabalanceado com a atuação da Igreja. Os “órfãos da epidemia”, crianças que perderam ambos os pais pela doença, eram entregues a instituições controladas pela Arquidiocese.

“Com o Sr. Arcebispo Dom Duarte, combinei a internação dos ‘órfãos da epidemia’, enquanto não se lhes encontre colocação definitiva, no Asilo da Sagrada Família, no Ipiranga, no Asilo Bom Pastor; na Cada da Divina Providências e Externato dos Irmãos Maristas, no Cambuci”, escreveu o governador em seu diário. 

A Arquidiocese, entretanto, não se limitou a prestar o auxílio material, mas, também, o espiritual à população.

O Arcebispodeterminou que as igrejas e, particularmente, os confessionários, fossem desinfetados diariamente. A água-benta tinha de ser substituída várias vezes ao longo do dia. Logo no início da peste, Dom Duarte determinou que se celebrasse diariamente a Missa pro vitanda mortalitate, vel tempore pestilentiae, cujos textos recorriam à misericórdia de Deus para pôr fim à peste e pediam a conversão dos corações. Em consonância com a atitude da Igreja nas outras epidemias (como explorado nos textos anteriores desta série), Dom Duarte via na epidemia uma oportunidade de exercer a caridade e de conversão real a Deus.

Para evitar aglomerações dentro das Igrejas, diminuíram-se drasticamente as orações coletivas diurnas, com exceção das missas, apesar do desejo do poder público. Entretanto, o Arcebispo determinou a redução do público em cada celebração. As missas e atividades noturnas foram completamente proibidas, devido à opinião corrente da época que a doença espalhava-se mais à noite.

O fim do Flagelo

Após meses de flagelo, o vírus perdeu força e a epidemia foi diminuindo na cidade. Alguns dizem que as mutações do vírus fizeram com que a doença perdesse força, outros justificam que grande parte da população se imunizou naturalmente. Pouco a pouco, a cidade foi retomando suas atividade cotidianas. No dia 19 de dezembro de 1918, o Dr. Arthur Neiva anunciou a suspensão do estado epidêmico.

Dom Duarte ordenou a suspensão das celebrações da missa pro vitanda mortalitate, vel tempore pestilentiae e determinou que fossem celebradas, em seu lugar, a Missa pelos enfermos. 

A epidemia deixou marcos profundos na cidade. Os “dias malditos” ficaram marcados no imaginário paulistano por muito tempo e reverberam ainda hoje, nos tempos pandêmicos em que vivemos.

 

Fontes: 1918 – A Gripe Espanhola: Os Dias Malditos – João Paulo Martino; The Spanish Flu – Bryan Anderson; A Pandemia de Gripe Espanhola de 1918 na “Metrópole do Café” – Leandro Carvalho Damacena Neto.

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Por telefone, Papa Francisco envia bênção à população de São Paulo

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09 de mai de 2020

O Papa Francisco fez um telefonema ao Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, na manhã deste sábado, 9.

O Pontífice disse a Dom Odilo que recebeu informações sobre a situação da pandemia de COVID-19 em São Paulo e manifestou preocupação pelo número crescente de doentes e pelas perdas de vidas humanas. Ele também prometeu rezar por todos.

Segundo o Cardeal Scherer, o Santo Padre também quis saber como estão os pobres e expressou sua preocupação pela situação deles, sabendo que nem sempre eles têm casa, nem condições adequadas para seguir as medidas preventivas contra o contágio.

“Expressou sua proximidade e solidariedade para com toda a população de São Paulo e disse que estava orando por nós. Por fim, ele pediu para transmitir a todos a sua bênção apostólica e também se recomendou às nossas orações por ele”, comunicou o Arcebispo.

Ao agradecer ao Pontífice, Dom Odilo ressaltou que sua ligação e suas palavras eram motivo de grande conforto para todos e que as transmitiria juntamente com sua bênção apostólica.   

LEIA O COMUNICADO DO CARDEAL ODILO SCHERER

 

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Rodízio de veículos vai ser retomado na capital ainda mais restritivo

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07 de mai de 2020

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, anunciou na quinta-feira, 7, a volta e a ampliação do rodízio de veículos na capital paulista.

A medida que proíbe os automóveis de transitarem pela cidade em determinados dias da semana a partir do número das placas havia sido suspensa no início da quarentena na cidade. Normalmente, a restrição valia para um dia da semana para cada veículo.

No rodízio apresentado hoje, como medida de combate à disseminação do coronavírus, os veículos cuja placa tenha número final par poderão circular apenas nos dias pares do mês. Da mesma forma, os veículos que tenham placas terminadas em numero ímpar terão autorização para circular nos dias ímpares. A restrição vale também para os finais de semana e durante todo o dia, não apenas nos horários de pico, como no sistema anterior.

A mudança entra em vigor na próxima segunda-feira, dia 11. Motos estão liberadas do rodízio. As restrições também valem para carros que operam pelso sistemas de aplicativo de transporte.

Pressão no sistema de saúde

Bruno Covas justificou a medida devido ao número crescente de mortes e novos casos de covid-19 que vem sendo registrados nos últimos dias. “Não dá para a gente deixar de tomar medidas como essa em um momento que a taxa de ocupação de leitos de UTI [unidades de tratamento intensivo] passa de 80%”, ressaltou.

De acordo com o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido, em algumas unidades a ocupação dos leitos de UTI passa de 90%, como no hospital da Bela Vista (região central) e de Itaquera (zona leste). A cidade tem, segundo o último balanço da prefeitura, 1.928 mortes confirmadas por coronavírus e 2.372 óbitos suspeitos, em um total de 4,3 mil possíveis vítimas da doença.

Medidas alternativas

O prefeito disse que a intenção inicial ao suspender o rodízio era reduzir as aglomerações de pessoas no transporte público. Porém, a avaliação, agora, é que a medida teve o efeito indesejado de incentivar as pessoas a saírem de casa nos veículos particulares. “A liberação do rodízio tem servido como um estimulante para as pessoas saírem de casa”, enfatizou.

Nesta semana, a prefeitura havia tentado colocar bloqueios em avenidas importantes da cidade como forma de reduzir a circulação. No entanto, a ação não aumentou a adesão à quarentena, além de fazer o Ministério Público de São Paulo abrir uma investigação sobre denúncias de que a restrição teria afetado o trânsito de ambulâncias.

Segundo o prefeito, o Executivo municipal vem buscando medidas alternativas ao confinamento extremo, quando as pessoas são impedidas de sair de casa sem justificativa, chamado de lockdown. “Essa é uma medida necessária para que a gente evite decretar lockdown na cidade de São Paulo, evite impedir a circulação de pessoas na cidade de São Paulo”, enfatizou

Isenções

Os profissionais de saúde poderão fazer um cadastro para não serem submetidos ao rodízio. A medida também não afeta veículos que já não eram submetidos ao rodízio convencional, como viaturas de polícia e ambulâncias.

A frota de ônibus será reforçada com mil veículos para absorver o aumento de demanda sobre o transporte público.

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Casos de coronavírus avançam pelo interior paulista

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07 de mai de 2020

O coronavírus está se espalhando pelo interior de São Paulo e de forma acelerada. Se o ritmo se mantiver assim, todos os 645 municípios do estado serão atingidos pela doença até o fim do mês de maio. A informação foi dada pelo secretário estadual de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, nesta quinta-feira, 7. Segundo ele, o surgimento de casos no interior cresce quatro vezes mais do que na região metropolitana da capital.

“No final de abril e início de maio, chegamos ao patamar de 38 novas cidades [registrando casos de coronavírus] a cada três dias. Se seguir por esse caminho ao longo do mês, significa que todos os municípios do estado terão contágio de vírus até o final de maio”, disse Vinholi. “E estamos verificando aceleração nesse processo ao mesmo tempo em que as taxas de isolamento caíram no interior do estado de 52% para 47% em média, ao longo dos últimos 15 dias”, acrescentou.

AVANÇO PELA INTERIOR

“Em março, a cada três dias, sete novas cidades [apresentavam casos de coronavírus]. Em abril, 25 novas cidades a cada três dias. Em maio, 38 novas cidades a cada três dias. Há 50 dias, eram apenas 10 cidades [do estado que tinham casos confirmados de coronavírus]. Agora são 371 cidades [com casos confirmados]. Olhem a progressão dessa epidemia quando se olha o conjunto do estado. Não existe nenhuma região protegida neste momento”, afirmou o diretor do Instituto Butantan e membro do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, Dimas Covas.

O secretário municipal de Saúde de São Bernardo do Campo, Geraldo Reple, que também é membro do Centro de Contingência, disse que a covid-19 “está indo para o interior e com muita força”. Segundo Reple, isso preocupa muito o governo, já que algumas cidades paulistas não têm nenhum leito de unidade de terapia intensiva (UTI) ou leitos de estabilização para atender um doente de covid-19. “O que sabemos é que muitos municípios não estão preparados”, afirmou. 

CASOS NO ESTADO

São Paulo tem 39.928 casos confirmados de coronavírus, com 3.206 óbitos. Há 3.767 pacientes internados em UTIs e 5.919 em enfermarias. A taxa de ocupação no estado é de 66,9%, mas, na Grande São Paulo, a rede hospitalar já beira o colapso, com 89,6%. “Na minha cidade [São Bernardo do Campo], inauguramos um hospital, há quatro dias, com 100 leitos, sendo 19 de UTI. E hoje já tem 13 pacientes nesses leitos. E tenho outro serviço com 100% dos leitos de UTI já ocupados. Isso é um dado bastante preocupante”, enfatizou Reple.

“Outro dado preocupante é o número de internações, bem como o de altas. Com todos os leitos que estão sendo feitos no estado de São Paulo, tivemos ontem mil internações [no estado] e 600 altas. Essa relação de internação e alta deveria ser muito próxima, porque, se o número continuar dessa forma, ou crescendo – e pelo que parece é o que vai acontecer, vamos entrar em uma fase extremamente complicada”, acrescentou.

Para evitar que o colapso chegue ao sistema de saúde paulista, o governo diz que pretende ampliar o número de leitos, principalmente após a chegada de respiradores ao estado. No entanto, só isso não será suficiente para conter o colapso: a taxa de isolamento no estado precisaria subir, atingindo próximo de 70%, alertam as autoridades do setor.

ISOLAMENTO SOCIAL

Por mais uma vez nesta semana, o isolamento social no estado de São Paulo ficou abaixo de 50%, valor mínimo considerado satisfatório pelo governo paulista para evitar a propagação do coronavírus e o colapso nos hospitais. Na quarta-feira, 6, o isolamento manteve-se em 47%. “A meta [do governo paulista] era atingir 70%, mas estamos longe desse cenário”, disse Dimas Covas.

De acordo com Covas, a taxa de reprodução ou de contágio do coronavírus (R0) no estado era, no início, de 2,9, ou seja, uma pessoa infectada poderia contagiar cerca de três pessoas. Se a taxa de isolamento alcançasse 70% no estado, a taxa de reprodução ficaria abaixo de 1, ou seja, a epidemia passaria a deixar de existir.

“Uma taxa de 70% [de isolamento] reduziria a taxa de transmissão para menos de 1. Quando isso acontece, a epidemia para de crescer. Ela para de aumentar. Ela se estabiliza até que, lá na frente, ela tenderia a desaparecer”, ressaltou Covas, lembrando a importância de as pessoas permanecerem em casa neste momento.

LEITOS PRIVADOS

Segundo o secretário estadual da Saúde, José Henrique Germann, deve ser publicado nesta sexta-feira, 8, ou no sábado 9, um chamamento público para que hospitais privados iniciem uma negociação com o governo sobre a cessão de leitos para o tratamento dos casos de coronavírus.

Segundo Germann, isso deve começar pelos hospitais filantrópicos e só depois com os da rede privada. Em último caso, se não houver negociação de leitos, o governo poderá requisitá-los, obrigando a rede privada a cedê-los.

(Com informações de Governo do Estado de São Paulo e Agência Brasil)

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A Eucaristia sustenta a vida da Igreja durante a pandemia

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07 de mai de 2020

Desde o agravamento da pandemia de COVID-19, os fiéis católicos brasileiros, assim como os de muitas partes do mundo, enfrentam o desafio de não poderem participar presencialmente das missas e comungarem sacramentalmente a Eucaristia.

Essa limitação se une a tantas outras enfrentadas pela população em todos os níveis, com um único objetivo: conter o rápido avanço do novo coronavírus e, consequentemente, salvar vidas.

Algumas pessoas devem se perguntar, porém, como a Igreja pode sobreviver sem a Eucaristia. É preciso ter claro, contudo, que a quarentena não suspendeu a celebração do sacramento central da vida cristã. O que há é a suspensão temporária da participação do povo nas missas.

EM FAVOR DO POVO

Diariamente, os sacerdotes de diversos cantos do mundo oferecem o santo sacrifício da missa em favor de todo o povo de Deus, a começar pelo Papa Francisco, que todas as manhãs preside a Eucaristia na Capela da Casa Santa Marta, transmitida para todo o mundo pela internet. E pela fé, cada cristão é alcançado pela eficácia salvífica desse sacramento.

Essa não é a primeira vez na história que o povo fica privado dos sacramentos. Em situações de grandes guerras e conflitos armados que impossibilitavam a circulação de pessoas nas ruas, os fiéis foram dispensados das obrigações sacramentais. No entanto, como acontece agora, os padres continuavam a celebrar as missas em favor desse povo e pediam a Deus que a ordem e a paz fossem restabelecidas.

“É bonito ver o amor por Jesus e, consequentemente, o amor pelos sacramentos. É necessário, porém, fazer uma distinção quando lidamos com a não participação sacramental. Trata-se do motivo pelo qual esta não participação acontece. A diferença está entre querer e poder participar”, ressaltou Dom Joel Portella Amado, Secretário- Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em entrevista ao O SÃO PAULO (leia a íntegra aqui).

RESPONSABILIDADE

“Não são os bispos que estão privando a recepção dos sacramentos. Os bispos estão seguindo as orientações de saúde pública. Sofrem com isso. Tenho acompanhado o testemunho de vários bispos, angustiados por não poderem dar ao seu povo o atendimento deseja- do. É o que se pode fazer, no entanto, em um momento em que não existem remédio, vacinas e condições de tratamento (leitos, respiradores etc.)”, enfatizou o Secretário-Geral.

Dom Devair Araújo da Fonseca, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia e Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação, reforçou que a suspensão das missas públicas é um ato de responsabilidade da Igreja diante da emergência sanitária e de cuidado com a vida dos fiéis.

“O mundo vive uma situação de pandemia, e é preciso compreender que a Igreja não está isolada deste mundo. Neste momento, não podemos ter aglomerações e, por isso, não podemos realizar as nossas celebrações, que, geralmente, acontecem com a participação de muitas pessoas”, explicou, recordando as palavras da Constituição Gaudium et spes, do Concílio Vaticano II, que diz que “a Igreja partilha das do- res e das angústias, das alegrias e das esperanças do mundo”.

O Vigário Episcopal reiterou que as pessoas não estão privadas da comunhão com Cristo. “Estão privadas da comunhão sacramental, que é muito importante, mas que no momento não é possível devido a esta grave situação”.

CUIDAR DA VIDA

Dom Devair lembrou ainda que, neste ano, a Campanha da Fraternidade teve como tema a proteção da vida. Nessa perspectiva, “o distanciamento e a ausência das celebrações públicas têm o sentido de cuidar da vida das pessoas agora, para que depois possamos nova- mente nos encontrar e, assim, voltar a celebrar nas comunidades”, sublinhou.

A preocupação com a proteção da vida também foi destacada por Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa. “O isolamento social é uma medida importante, no critério de prudência para cuidar da vida de todos. Não somos melhores que os outros, não somos melhores que os demais segmentos da sociedade, nem temos uma proteção especial, o vírus ataca a todos. Com isso, estamos fazendo o que Jesus fez e nos recomenda que façamos também: ‘Eu vim para que todos tenham vida e a tenham em abundância’”, disse.

IGREJA VIVA

Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade, ressaltou que a Igreja nunca fecha, o que está fechado é apenas o local de culto. “Todos nós somos Igreja e, portanto, a Igreja não pode fechar nunca, porque onde há um cristão que reza, que tem fé em Deus, que tem consciência de ser filho de Deus, de ser discípulo missionário no seu coração, a Igreja está viva. Só que nós não estamos reunidos, mas estamos unidos como sempre estivemos na comunhão dos santos, que é uma realidade muito viva”, afirmou.

“Ninguém nos tirou a missa, ela está acontecendo”, completou Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, comentando que tem acompanhado pelas mídias digitais inúmeras lives das celebrações que mostram uma Igreja viva e uma multidão de sacerdotes celebrando ininterruptamente pelo seu povo, confirmando a promessa de Jesus: ‘Eu estou convosco até o fim dos tempos’”.

VIVER A FÉ

Dom Joel Portella destacou que um dos aspectos que mais o fascinam é a possibilidade de viver a fé em qualquer situação. “Tenho pensado muito nos cristãos perseguidos, impedidos por longos anos de portar consigo até mesmo um pequeno sinal de fé. Lembro dos padres e bispos que, na prisão, não podem celebrar a Eucaristia. Nem por isso deixaram de viver a fé. Ao contrário, santificam-se porque se agarram ao que lhes é possível fazer”, afirmou.

Já Dom Devair propôs uma reflexão sobre o que significa temer e não tentar a Deus, colocando a vida em risco. “Tenho visto algumas pessoas que, acre- ditando que, por serem protegidas por Deus, podem fazer qualquer coisa. Nós, de fato, estamos nas mãos de Deus e tudo gira em torno da sua vontade, mas não podemos arriscar as coisas como se Deus fosse fazer uma mágica. Temer a Deus também significa que nós devemos fazer a nossa parte, ou seja, cuidar de nós mesmos e uns dos outros.”

(Colaboraram: Flavio Rogério Lopes e Jenniffer Silva)

LEIA TAMBÉM: 

Secretário-geral da CNBB reitera que os bispos não estão privando os fiéis dos sacramentos

 

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24 de fevereiro de 2021

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Com isolamento abaixo de 50%, Governo de SP pode não flexibilizar quarentena

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06 de mai de 2020

A taxa de isolamento no estado de São Paulo atingiu 47% na terça-feira, 5, valor abaixo das expectativas do governo paulista, que considera satisfatória taxa acima de 50% e, ideal, acima de 70%. Nos finais de semana, a taxa tende a subir e ficar na média considerada satisfatória. Mas durante a semana ela volta a cair. Desde domingo, 3, o estado não consegue atingir a marca de 50%.

Caso a média de isolamento no estado não supere os 50%, o governador de São Paulo, João Doria, ameaça não abrandar as medidas de quarentena, que perduram até o dia 10 de maio. Até esse dia, somente os serviços considerados essenciais - como de logística, segurança, abastecimento e saúde - estão autorizados a funcionar.

“Temos dito e repetido aqui que nenhuma medida de flexibilização de isolamento social será adotada no estado de São Paulo se não tivermos a média entre 50% e 60%. Infelizmente não estamos alcançando essa média”, disse o governador em entrevista coletiva, nesta quarta-feira, 6, no Palácio dos Bandeirantes.

TAXA DE OCUPAÇÃO DE LEITOS

Segundo o infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo, a retomada das atividades e serviços não essenciais no estado será baseada não somente no índice de isolamento, mas também na taxa de ocupação de leitos e número de pessoas já contaminadas pelo coronavírus, por exemplo.

A taxa de ocupação de leitos de unidades de terapia intensiva (UTI) no estado está em torno de 67,2%, mas na Grande São Paulo ela já está crítica, com 86,6% de ocupação. Há 3.404 pessoas internadas em UTIs em todo o estado, com suspeita ou confirmação de coronavírus, além de 5.197 em tratamento em enfermarias.

“Nós estamos vendo, de um lado, uma frouxidão do sistema de isolamento e, de outro lado, a necessidade, pela quantidade de novos infectados, de aumentarmos a taxa de isolamento pelo menos a 55%. A única arma que nós temos é o distanciamento social. Nós não temos medicamentos, nós não temos vacinas - e nem teremos a curto prazo. Então é absolutamente fundamental que a população continue se sacrificando. Mas neste momento é necessário e é a única alternativa”, disse Uip.

LUTO OFICIAL

O governador de São Paulo, decretou luto oficial em todo o estado, a partir desta quinta-feira, 7, até quando durar o período de pandemia do coronavírus. Segundo Doria, o objetivo da medida é lembrar os mortos por coronavírus no estado. O decreto será publicado no Diário Oficial.

“Lamentavelmente, ultrapassamos 3 mil mortos com coronavírus, maior volume da história do estado de São Paulo, em circunstância de apenas 60 dias. Em respeito a famílias e amigos desses que perderam suas vidas, amanhã o Diário Oficial virá com o decreto de luto oficial em todo o estado, enquanto a crise do coronavírus e a pandemia perdurarem. Será um gesto de solidariedade”, disse Doria.

Nesta quarta-feira, 6, São Paulo registrou 37.853 casos confirmados de coronavírus, com 3.045 mortes. O país já tem mais de 114 mil casos confirmados de coronavírus, somando quase 8 mil mortes.

POUPATEMPO DIGITAL

O Governo lançou nesta quarta-feira, o aplicativo Poupatempo Digital, que disponibilizará mais de 60 serviços de forma online, tais como emissão da segunda via e renovação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), emissão da carteira de trabalho digital, atestado de antecedentes criminais e o acesso ao seguro-desemprego.

O serviço pode ser baixado na loja de aplicativos de seu celular (Google Play ou App Store), buscando por Poupatempo Digital. O download do aplicativo é gratuito, mas é preciso fazer um cadastro.

“No momento do distanciamento social, da dificuldade natural que as pessoas têm por conta da orientação de ficar em casa, a utilização do serviço digital facilita e poupa o tempo das pessoas", destacou o governador. “Você não precisa e não deve sair de casa”, disse Doria, enfatizando que ter acesso aos serviços pelo celular.

DOCUMENTOS POPULAÇÃO DE RUA

A Secretaria de Segurança Pública promoverá, a partir de hoje, mutirões para atendimento de pessoas em situação de rua, ajudando-as a obter documentos de identidade para que, com isso, possam ter acesso ao benefício emergencial do governo federal.

Segundo a secretaria, a ação será realizada diariamente, por agendamento, no centro da capital paulista. Os atendimentos serão feitos na sede do Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras), na Rua Riachuelo, no Largo São Francisco, somente mediante agendamento prévio realizado pelo Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD), com apoio da Defensoria Pública.

Os interessados poderão marcar dia e horário pelo telefone (11) 3311-3202. A secretaria estima que atenderá, inicialmente, 40 pessoas por dia.

CENTROS DE IDOSOS

Após a notícia de mortes de idosos por coronavírus em centros de acolhida e asilos nas cidades de Piracicaba e Hortolância, no interior paulista, o governador anunciou a destinação de R$ 3 milhões para os centros que atendem idosos em todo o estado.

Segundo Doria, a medida deve beneficiar 19 mil idosos em 590 abrigos. “Os recursos já foram disponibilizados e liberados de acordo com os serviços sociais já cadastrados”, informou o governador.

De acordo com a secretária de Desenvolvimento Social, Celia Parnes, o dinheiro será usado para a compra de máscaras, luvas e produtos de higiene pessoal para esses centros, além de ações de vacinação para gripe, testes rápidos para covid-19 e substituição de recursos humanos. O valor para cada município levará em conta a quantidade de equipamentos e a capacidade de atendimento de cada um.

(Com informações de Governo do Estado de São Paulo e Agência Brasil)

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