Católicos dão testemunho de solidariedade em meio à pandemia

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06 de mai de 2020

Na quarentena, as igrejas estão fechadas, missas públicas suspensas, mas a fé e a solidariedade dos católicos continuam ativas. Da mesma maneira que os fiéis continuam cultivando sua vida espiritual em casa, com o auxílio das plataformas digitais, também não faltam iniciativas de solidariedade para ajudar aqueles que sofrem com mais intensidade os impactos da pandemia.

Adaptando-se às medidas de distanciamento social, os inúmeros serviços caritativos das paróquias e comunidades da Arquidiocese de São Paulo continuam atuantes, além de outras iniciativas que surgiram em decorrência da crise do novo coronavírus.

Um desses exemplos é o da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, localizada no bairro do Tatuapé, zona Leste. Todos os domingos e segundas-feiras, são distribuídas cerca de 900 marmitas, com o objetivo de amenizar a dor e o sofrimento dos mais pobres, sobretudo das pessoas em situação de rua.

Também são distribuídas cestas básicas para as famílias mais carentes da região. Segundo o Pároco, Padre José Mário Ribeiro, todos são convidados, como Igreja, a olhar para os mais necessitados, especialmente nestes momentos de maior dificuldade.

“A Paróquia decidiu realizar essa ação e com isso estamos levando um pouco além da comida: também levamos um pouco de esperança e fé para as pessoas. A iniciativa não surgiu agora, a comunidade já vem realizando um trabalho e um acompanhamento social, lembrando dos mais necessitados. Com essa pandemia, no entanto, tornou-se mais acentuado”, disse ao O SÃO PAULO.

COMUNIDADE CONSCIENTE

Muitos paroquianos e comerciantes locais contribuem com a doação de alimentos, tanto para a elaboração das marmitas quanto para as cestas básicas, que são distribuídas para as famílias do bairro e para outras paróquias mais necessitadas. Isso sem falar na equipe que realiza toda a preparação da comida e a distribuição dos alimentos.

“A consciência das pessoas é muito interessante e bonita. É muito gratificante a gente perceber uma comunidade paroquial consciente, que não tem medido esforços em preparar, buscar, integrar, e ter a sensibilidade de poder ajudar e levar, junto com o alimento, uma palavra de conforto e esperança, também por intermédio dos meios de comunicação”, completou o Padre.

Todos os que desejarem podem realizar a doação de alimentos, legumes, pro- dutos de limpeza, de higiene pessoal e embalagens descartáveis para marmitex. A Paróquia fica na Praça Sílvio Romero, s/no, no bairro do Tatuapé, e a entrega pode ser feita de segunda-feira a sábado, das 8h às 17h, e, aos domingos, das 8h às 14h. Também é possível entrar em con- tato para retirada de doações, por meio do número (11) 2093-1920.

CAFÉ DA MANHÃ

Em outro ponto da cidade, na zona Norte, a Paróquia Sant’Ana tem sido uma referência para as pessoas em situação de rua e famílias carentes. Quem sai da es- tação Santana do Metrô já avista a longa fila que se forma todas as manhãs na es- quina da Rua Doutor Gabriel Piza com a Avenida Cruzeiro do Sul: são centenas de pessoas que aguardam para tomar o café da manhã oferecido pela comunidade há mais de 20 anos.

Segundo o Pároco, Padre José Roberto Abreu de Mattos, a Pastoral do Café da Manhã costumava atender diariamente uma média de 500 pessoas. Desde que começou a pandemia, a demanda aumentou e o serviço tem atendido cerca de 800 pessoas.

O modo de distribuição do café da manhã também sofreu adaptações para respeitar as medidas de distanciamento social recomendadas pelas autoridades sanitárias.

Agora, os copos com café são colocados em uma mesa, assim como os pães, embalados individualmente para que cada um pegue o seu alimento sem ter contato físico com outras pessoas. Os voluntários também reforçaram os cuidados com a higiene e estão usando máscaras e luvas.

Para atender a essa demanda, a comunidade conta com a ajuda dos fiéis e de alguns benfeitores.

Além do café da manhã, a Paróquia Sant’Ana está distribuindo cestas básicas para as famílias mais necessitadas. Nas duas últimas semanas de abril, foram distribuídas cerca de mil cestas básicas, graças à solidariedade dos paroquianos e das pessoas que têm atendido aos pedi- dos que o Pároco tem feito por meio das redes sociais da Paróquia.

“Nós precisamos continuar essa campanha, pois a nossa igreja está numa região central e, por isso, a demanda é muito grande”, acrescentou o Sacerdote.

Para aqueles que queiram doar ali- mentos para o café da manhã ou para as cestas básicas, basta entrar em contato com a Paróquia Sant’Ana pelo site paroquiasantana.org.br, pelo telefone (11) 2979-5558 ou se dirigir diretamente à igreja, na Avenida Voluntários da Pá- tria, 2.060, Santana.

VICENTINOS

A Paróquia Imaculado Coração de Maria, no Jardim Princesa, na periferia da zona Norte, é composta por dez comunidades que vivem em meio a uma realidade marcada pela pobreza. Lá, o trabalho da Sociedade São Vicente de Paulo (Vicentinos) sempre foi essencial, e se torna ainda mais neste momento.

São atendidas cerca de cem famílias cadastradas. No entanto, para o Pároco, Padre José Carlos Rodrigues, nos últimos dois meses tem sido um desafio atender essas famílias, uma vez que a maior parte das doações eram levadas pelas pessoas que iam às missas. “Graças às mídias sociais, no entanto, temos conseguido arrecadar alimentos para continuar a distribuição”, completou.

Outro desafio é que aumentou o número de pessoas procurando a Paróquia em busca de alimento e, no momento, há uma fila de espera de famílias.

Informações para colaborar com a Paróquia Imaculado Coração de Maria podem ser obtidas pelo telefone (11) 3981-3107.

EM CASA

Os Vicentinos da Paróquia São José do Belém, no Belenzinho, zona Leste, também se adaptaram para continuar o atendimento às famílias do bairro. A maioria da população vive em moradias coletivas e cortiços, em condições precárias, e, devido à quarentena, muitos ficaram sem trabalho e não conseguiram o auxílio emergencial do Governo Federal.

Por isso, além de pedir ajuda pelas redes sociais, o Pároco, Padre Marcelo Maróstica, escreveu uma carta aos paroquia- nos pedindo a solidariedade deles, que já costumavam colaborar com a doação de alimentos nas missas e agora estão em isolamento social.

A carta foi distribuída nas casas e edifícios do bairro. Em alguns condomínios, os próprios moradores se encarregaram de fazer a arrecadação ou orientaram os moradores a deixar sua ajuda na portaria, para que alguém da comunidade passe para apanhá-las.

As doações para a Paróquia podem ser entregues às quartas e quintas-feiras, das 14h às 17h, no Largo São José do Belém, 37.

APELO DO ARCEBISPO

Nas missas diárias que tem celebrado em sua residência, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, reitera seu apelo para que os católicos procurem suas paróquias, estejam unidos espiritualmente às suas comunidades e busquem ajudá-las em suas necessidades materiais e no socorro aos mais pobres.

“A Igreja não parou na quarentena, ela continua a sua missão de evangelização e serviço da caridade em suas mais variadas obras”, afirmou em uma das celebrações.

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Bispos da Amazônia brasileira alertam para a grave situação da pandemia na região

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04 de mai de 2020

Os bispos que atuam no território brasileiro da Amazônia emitiram uma nota sobre a situação dos povos da região neste período de pandemia da COVID-19.

A nota foi assinada pelo Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito de São Paulo e presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, da conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e pelos 66 bispos e arcebispos e administradores diocesanos das circunscrições eclesiásticas que compõem o território amazônico no País. 

PREOCUPAÇÃO

Os prelados manifestaram sua “imensa preocupação” com o avanço descontrolado do novo coronavírus no Brasil, especialmente na Amazônia, e exigem maior atenção dos governos federal e estaduais “à essa enfermidade que cada vez mais se alastra nesta região”.

“Os povos da Amazônia reclamam das autoridades uma atenção especial para que sua vida não seja ainda mais violentada. O índice de letalidade é um dos maiores do país e a sociedade já assiste ao colapso dos sistemas de saúde nas principais cidades, como Manaus e Belém”, ressaltam os bispos.

A nota salienta, ainda, que as estatísticas veiculadas pelos meios de comunicação não correspondem à realidade e alertam que a testagem para a doença é insuficiente para saber a real expansão do vírus. “Muita gente com evidentes sintomas da doença morre em casa sem assistência médica e acesso a um hospital”, destaca o texto.

ATENÇÃO DOS PODERES PÚBLICOS

“Diante deste cenário de pandemia incumbe aos poderes públicos a implementação de estratégias responsáveis de cuidado para com os setores populacionais mais vulneráveis. Os povos indígenas, quilombolas, e outras comunidades tradicionais correm grandes riscos que se estendem também à floresta, dado o papel importante dessas comunidades em sua conservação”, enfatizam os bispos.

O episcopado chamou a atenção para o fato de a região amazônica possuir a menor proporção de hospitais do País, além de extensas áreas do território não dispor de unidades de terapia intensiva (UTI) e apenas poucos municípios atendem os requisitos mínimos recomendados pelas Organização Mundial da Saúde (OMS) em relação a número de leitos de UTIs por habitante.

A nota também ressalta as condições de vida precárias das populações urbanas, sobretudo das periferias, onde faltam “saneamento básico, moradia digna, alimentação e emprego”.

MOBILIZAÇÃO DA SOCIEDADE

Os bispos da Amazônia brasileira convocam a Igreja e a toda a sociedade para exigir medidas urgentes dos poderes executivo e legislativo nas esferas federal, estaduais e municipais em prol da população da região.

Por fim, o episcopado amazônico pede a intercessão de Nossa Senhora de Nazaré, “Rainha da Amazônia”, para que o acompanhe e socorra.

LEIA A ÍNTEGRA DA NOTA

 

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A peste negra e o chamado à santidade pessoal

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03 de mai de 2020

Após a chamada Praga de Justiniano, que teve fim no século VIII, a Europa apenas veio a sofrer um epidemia de peste novamente no século XIV, na chamada Peste Negra, que durou até o século XVI e dizimou, no mínimo, 30% da população europeia.

A Peste originou-se no Oriente, provavelmente na Mongólia. Espalhou-se para o Oeste tanto pela migração de animais infectados bem como por meio das rotas de comércios estabelecidas nos séculos XII e XIII. No fim dessas rotas que vinham da Ásia, encontravam-se mercadores Italianos, que traziam produtos do Mar Negro e da parte oriental do Mar Mediterrâneo.

Normalmente, afirma-se que o primeiro documento da Peste Negra na Europa foi redigido pelo advogado Gabriel de’ Mussis, que, em 1346, num assentamento italiano na Crimeia, descreveu que “um incontável número de Tártaros e Sarracenos foram abatidos por uma misteriosa doença”. Os Tártaros morreram aos milhares e os corpos eram lançados por cima dos muros da cidade para infectar os italianos, seus inimigos. Em pouco tempo, estes também se infectaram.

Depois, a peste espalhou-se para Constantinopla, capital do Império Bizantino, que tinha uma população de aproximadamente 100 mil pessoas. Dali, espalhou-se para o Reino da Hungria, Sicília e Itália Continental.

O frei franciscano Michele da Piazza descreveu a chegada da Peste na Sicília. Em outubro de 1347, 12 navios genoveses embarcaram na ilha. Os genoveses a bordo, segundo o Frei, “carregavam uma doença em seus corpos que qualquer um que se atrevesse a conversar com qualquer um deles se infectaria e não poderia evitar a morte”.

Chegada à Itália Continental, a peste foi responsável pela diminuição de 30% a 40% da população na cidade de Pisa e Genova. Mais de 70% dos infectados pela peste morriam. Chegada à Toscana, a região mais próspera da Itália, a praga tornou-se mais mortífera. Em Florença, as estimativas chegam a afirmar que 75% da população foi dizimada pela doença.

Da Itália, a doença atingiu outros países europeus. A mortalidade nas cidades francesas ao sul foi, em média, de 40%. Avignon, a cidade que, momentaneamente, era a sede do Papa, foi atingida pela peste em 1348, e o Papa Clemente VI, aconselhado por seu médico, saiu da cidade para se proteger contra a doença.

Do sul da França, a peste se interiorizou e atingiu profundamente o maior reino cristão da época, com uma população entre 18 e 24 milhões de pessoas. No pico da doença, reportavam-se 800 mortes por dia apenas em Paris, que, à época, tinha uma população de aproximadamente 100 mil pessoas. Da França, a Peste espalhou-se aos países baixos e à Inglaterra.

Um frei carmelita do século XIV, Jean de Venette, explicou, em suas Crônicas, que “um tal número de pessoas morreu em 1348 e 1349, que nada como isso havia sido visto ou conhecido” e que “em muitos lugares, nem dois homens ficavam vivos entre vinte”.

Nas cidades espanholas de Barcelona e Valência, a peste matou entre 30% e 40% da população. O Rei Afonso XI de Castela foi o primeiro e único rei europeu a morrer pela peste. 

Desse pico no século XIV, grandes surtos da doença ocorreram até o século XIV, em 17 grandes ondas epidêmicas, que voltavam aproximadamente a cada 11 anos.

Exemplos de santidade

Em qualquer período da história em que reina a desordem, o caos e a morte, os extremos da alma humana se mostram. Há aqueles que abandonam seus entes queridos para se proteger; há os que criam bodes expiatórios para achar culpados; há outros, porém, que demonstram grande amor ao próximo e auto sacrifício. No tempo da Peste Negra, não foi diferente.

Maridos abandonavam suas esposas moribundas, e pais, por medo de contágio, faziam o mesmo com seus filhos. Ondas de antissemitismo buscavam culpar os judeus pela peste, e muitos atos violentos foram feitos contra eles, apesar da admoestação constante dos papas à época que condenaram abertamente qualquer violência contra os judeus. 

Entretanto, há exemplos de heroísmo e amor em épocas turbulentas. Religiosos que cuidavam dos doentes (os hospitais eram, à época, quase que exclusivamente religiosos); padres que não abandonavam o seu rebanho para lhes dar o conforto; pessoas que vendiam tudo o que tinham para doar aos pobres e doentes.

Neste texto, queremos ressaltar dois exemplos de pessoas que doaram sua vida ao cuidado dos doentes, por amor ao próximo e amor a Deus: São Bernardino de Siena e São Carlos Borromeu. 

São Bernardino de Siena (1380-1444)

Da mesma cidade de Santa Catarina, Doutora da Igreja, São Bernardino nasceu numa família nobre, mas ficou órfão de ambos os pais aos 6 anos de idade. Cuidado por tias piedosas, Bernardino recebeu uma educação aristocrática e demonstrou desde cedo um grande apreço pela virtude e pelo amor ao próximo.

Em 1400, quando o Santo contava apenas com 20 anos de idade, a peste visitou a cidade de Siena pela terceira vez. Este surto epidêmico foi maior do que os anteriores, favorecido pela passagem de peregrinos a Roma devido às comemorações do jubileu secular.

Siena possuía uma hospital antiquíssimo dedicado a Santa Maria dela Scala, cujo prédio está de pé até hoje e fica diante da famosa Catedral da cidade. No século XIV, o Scala era um centro de caridade conhecido, a que recorriam muitos doentes. Muitos santos e beatos lá exerceram sua caridade. São Bernardo Tolomei (1272-1348), por exemplo, faleceu no hospital por contrair a peste.

Na epidemia de 1400, cada dia, numerosos doentes faleciam no hospital, e os que deles cuidavam também contraíam a peste e morriam. O diretor do hospital, João Ghiandaroni, não sabendo como reagir, pois perdera boa parte da equipe que lá trabalhava, não achou outra saída do que recorrer à intercessão de Nossa Senhora para encontrar alguma solução.

Pouco depois, o jovem Bernardino se apresentou ao diretor propondo assumir o cuidado total do hospital junto com alguns amigos. O diretor, apesar de comovido com a proposta do jovem, hesitou em conceder-lhe o que pretendia. Como um jovem moço, com poucos amigos, poderia assumir um hospital inteiro? Além do mais, Bernardino, sendo de família nobre, não poderia arriscar-se e expor-se a tamanho perigo.

 Nenhuma dessas admoestações moveu o jovem, que respondeu, com firmeza: “Se Deus quiser que eu morra, aceitarei a morte alegremente”. Ghiandaroni, então, reconhecendo a seriedade do desejo de Bernardino, entrega-lhe as chaves e toda a direção da instituição.

Reunidos algumas dezenas de jovens, Bernardino os incentivava à caridade, lembrando constante da caridade de Cristo e da necessidade de imitá-lo.

Antes do grupo entrar no hospital, o jovem lhes fez uma exortação para que perseverassem no desejo de doar-se pelos doentes: “Quem de vós pode gabar-se de prolongar sua vida quando vemos os outros morrerem diariamente, quando nossos mais amados companheiros sucumbiram aos primeiros ataques do flagelo? Se morrermos, cumprindo os deveres de caridade, iremos ao Senhor; se, ao contrário, a morte nos poupar, regozijar-nos-emos a vida inteira de termos prestado a Deus tantos serviços na pessoa de seus pobres. Portanto, que vivamos ou que morramos, somente podemos lucrar neste ministério”.

Dia e noite, Bernardino se consagrou ao serviço dos doentes. Consolou-os, ajudou-os a morrer quando não havia mais esperança, sepulto-os pessoalmente. Realizou os serviços mais repugnantes e preocupou-se com a higiene do hospital, com a limpeza e a ordem. Sempre admitiu novos doentes, por mais lotada que estivesse a casa. Muitos de seus companheiros morreram, mas sempre foram substituídos por outros que desejavam voluntariar-se no hospital.

Quatro longos meses, com noites mal dormidas, convivendo constantemente com a morte, foi o tempo do trabalho incansável do jovem Bernardino. Debelada a peste, o jovem deixa o hospital e se entrega à vida religiosa, tornando-se um frei franciscano.

São Carlos Borromeu (1538-1584)

Carlos Borromeu foi um cardeal de grande influência no Concílio de Trento. Seu tio, o Papa Paulo IV, o encarregou como responsável de pôr fim aos trabalhos conciliares, que se estendiam por quase 18 anos.

Arcebispo de Milão, Borromeu implementou em sua diocese as reformas exigidas pelo Concílio, como a moralização do clero. Percebeu, entretanto, que a reforma na Igreja deveria partir antes da conversão pessoal do que de uma mera mudança nas instituições. Assim, a vida de Borromeu foi a grande responsável pelo sucesso de aplicação das reformas do Concílio em sua diocese. Sua vida contrariou tanto determinados clérigos de sua diocese, que Borromeu sofreu duas tentativas de homicídio, das quais escapou.

São Carlos Borromeu já era conhecido pela sua humildade e caridade com os pobres. Em uma grande carestia de comida, em 1571, ele foi o responsável por alimentar diariamente 3 mil pessoas. Entretanto, o maior testemunho de sua santidade ocorreu na epidemia de 1576, que vitimou 25 mil pessoas apenas em Milão.

No começo da epidemia, o governo civil e a nobreza fugiram da cidade, obrigando a população a enfrentar sozinha a epidemia. Borromeu garantiu, entretanto, à população que, como bispo, não fugiria, e pediu para que os padres fizessem o mesmo. “Temos apenas uma vida e devemos gastá-la em favor de Jesus e das almas – não como desejamos, mas no tempo e na forma que Deus desejar”, afirmou São Carlos.

A maioria do clero permaneceu em Milão e mais que uma centena morreu por causa da doença. O sacrifício e a morte heroica desses padres demonstram quão profundas foram as reformas implementadas por Borromeu, que se enraizaram em seu clero.

O Arcebispo em pessoa esteve na linha de frente para assistir os doentes durante a peste. Ele organizou hospitais e cuidou dos órfãos. Levou pessoalmente a Eucaristia para centenas de doentes e moribundos em quarentena em suas casas. Rezou missas em praças e ruas para que as pessoas pudessem participar dentro de suas casas. Vendeu móveis e adereços do palácio episcopal para angariar fundos para os pobres. A cara tapeçaria foi usada para costurar roupas para os desvalidos durante o inverno. Terminada a peste, quase nada restou no palácio episcopal.

Quando os cadáveres não podiam ser enterrados no tempo oportuno, devido a grande quantidade de mortos, o Arcebispo foi visto, certa vez, escalando uma pilha de corpos para dar o Viático a um homem que ainda estava consciente.

Em suma, São Carlos Borromeu viveu uma vida heroica em meio à epidemia e foi exemplo para seu clero de uma admoestação que fizera, certa vez, para todos os seus padres: “Não esqueçais do vosso sacerdócio a ponto de preferirdes uma morte mais tardia a uma morte santa”.

Pandemia: um chamado à santidade pessoal

Uma verdadeira reforma exige santificação pessoal. Os exemplos de São Bernardino e São Carlos Borromeu são luz para nós, que vivemos, também, um tempo de epidemia. Talvez a epidemia do novo coranavírus não seja tão mortífera quanto a peste negra; talvez não sejamos capazes de viver vidas heroicas como esses dois grandes santos. Podemos, porém, de certa forma, aprender deles que, em cada tempo confuso, como o nosso, Deus nos pede uma resposta e nos chama, ainda mais, para uma santidade pessoal.

Fontes: São Bernardino de Sena – Paulo Thureau-Dangin; Chalers Borromeu - Selected Orations, Homilies and Wrtings – Editado por John R. Clark; Encyclopedia of Pestilence, Pandemics and Plagues, Greenwood Press; The medical response to the Black Death – Joseph A. Legan; The Great Mortality – Jonh Kelly

 

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Saúde de SP trabalha perto do limite, mas não faltam leitos de UTI

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04 de mai de 2020

Com 268 leitos para pacientes com quadros menos graves da COVID-19, doença decorrente do novo coronavírus, começou a funcionar na sexta-feira, dia 1o, o hospital de campanha do Complexo do Ibirapuera, na zona Sul da capital paulista. O local só recebe infectados que sejam encaminhados por serviços de pronto-atendimento.

A abertura desses leitos é parte da estratégia do Governo do Estado e da Prefeitura de São Paulo para que não haja o colapso nos atendimentos de saúde por causa do aumento no número de pessoas com a COVID-19. Atualmente, 70% dos leitos de UTI para a COVID-19 na capital estão ocupados e no total da Grande São Paulo a taxa de ocupação é de 85%.

A situação, porém, varia conforme a localidade e o hospital, conforme disse ao O SÃO PAULO o médico José Erivalder Guimarães de Oliveira, diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp): “Hoje, o número de leitos vazios para UTI é muito pequeno. Em alguns hospitais, como no Instituto de Infectologia Emílio Ribas, não há mais nenhum leito. Em algumas regiões da periferia da cidade, os hospitais já estão próximos do esgotamento”.

Oliveira, no entanto, assegurou que ninguém que esteja com o novo coronavírus e precise de um leito de UTI na cidade de São Paulo estará sem atendimento: “Ainda as pessoas com a COVID-19 não estão morrendo por falta de leitos, pois há um sistema de regulação, de modo que um paciente pode ser transferido para outros hospitais, mesmo que seja longe da sua região, da sua residência. A capacidade, porém, está muito pequena. Não temos ainda na cidade notícias de pessoas com o novo coronavírus morrendo por falta de UTI”.

Números oficiais

Em entrevista à rádio Band News FM na manhã da quinta-feira, 30, o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, disse que há na cidade 507 leitos de UTI destinados para outros atendimentos, como oncologia, maternidade, transplantes e acidentes, e os demais estão voltados para a COVID-19.

“Nós já introduzimos no município 651 novos leitos de UTI para a COVID-19 e destes, 72% na noite de ontem [29 de abril] já estavam ocupados. Vamos até o final de março chegar a 1.400 leitos. Além disso, temos mais de 2.200 leitos de enfermaria nos chamados hospitais de campanha, mais a ala nova do hospital do M’Boi Mirim. Tudo isso se soma a 3.217 leitos que temos na cidade, mas todos eles com uma pressão muito grande”, informou o secretário.

Na capital paulista, há outros dois hospitais de campanha, além do montado no Ibirapuera: o do Pacaembu, com 200 leitos, dos quais 160 estão ocupados, e o Anhembi, com espaço para abrigar 1.800 leitos, dos quais 931 já estão preparados e 500 estão ocupados, conforme disse o secretário na entrevista de rádio.

Estratégia

Nesta quinta-feira, em reunião on-line com o ministro da Saúde, Nelson Teich, o Governo do Estado de São Paulo disse já ter solicitado ao Governo Federal a habilitação de 2.783 novos leitos de UTI. Destes, 734 foram liberados, restando ainda a espera por 2.049 leitos. Também houve o pedido de cem respiradores para o Hospital das Clinicas, que já tem os leitos em uma unidade completa dedicada ao tratamento da doença.

“Essa habilitação, obviamente, é imprescindível e significa um repasse financeiro do Ministério à Secretaria de Estado de um valor um pouco superior a R$ 292 milhões. Isso cobre a demanda do credenciamento e a habilitação desses leitos”, disse o infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência do Coronavírus em São Paulo.

Na coletiva de imprensa da quarta-feira, 29, o secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, explicou o planejamento do governo estadual para que não falte leitos aos pacientes com a COVID-19, caso o sistema de saúde se aproxime do colapso na Grande São Paulo. 

“Temos a possibilidade de transferir doentes para o interior, onde a taxa de ocupação de leitos de UTI está menor. Nós trabalhamos com leitos próprios da secretaria, que são os de cem hospitais; trabalhamos, depois, com os de hospitais privados filantrópicos e, depois, com os de hospitais privados lucrativos. Temos a obrigação de seguir esta sequência”, afirmou. Na prática, o Governo não descarta comprar vagas em leitos de UTI em hospitais particulares para atender os pacientes com a COVID-19 que forem atendidos pelo SUS.

Isolamento social

As autoridades de saúde do Estado e do município alertam que somente com a manutenção de altas taxas de isolamento social a rede pública não entrará em colapso.

“Não temos grandes preocupações [com a disponibilidade de leitos] se a taxa de isolamento se mantiver entre 50% e 60% como estava acontecendo semanas atrás. Hoje precisamos elevar a taxa de isolamento”, enfatizou Germann.

Edson Aparecido, por sua vez, apontou que com a redução das pessoas que se mantêm em isolamento social – hoje inferior a 50% - não deverá ser afrouxada a quarentena na cidade de São Paulo, possibilidade anteriormente ventilada para o próximo dia 11 de maio. Ele indicou que de uma média de 812 notificações por COVID-19 entre os dias 26 de fevereiro e 23 de abril, esse número saltou para cerca de 3.400 notificações diárias entre os dias 24 e 26 de abril.

“Temos hoje uma taxa de ocupação nos hospitais da cidade que ultrapassa 70%. Se não tivermos mais tempo para preparar o serviço público de saúde para poder tratar as pessoas que vão precisar de um leito de UTI, nós vamos ter nos próximos 15 dias uma situação bastante agravada”, afirmou Aparecido na entrevista de rádio.

O alerta para uma possível piora da situação também é feito pelo diretor do Simesp. “No Estado de São Paulo, ainda não há uma previsão de falta de leitos para COVID-19, mas isso depende da evolução da doença e do comportamento da população. Se não houver adesão ao isolamento social como está sendo proposto, a probabilidade de colapso no sistema de saúde é muito grande”, analisou à reportagem José Erivalder Guimarães de Oliveira.

 

(Com informações do Governo de São Paulo, Prefeitura de São Paulo e Band News FM)

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Cáritas Equador já ajudou cerca de 300 mil pessoas durante a pandemia

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29 de abril de 2020

Um informe atualizado acerca do trabalho da Cáritas Equador detalha que a instituição ajudou cerca de 300 mil pessoas em situação vulnerável no primeiro mês de emergência sanitária devido ao novo coronavírus.

“Ainda queremos chegar a mais pessoas, necessitamos de tua ajuda”, pede a Cáritas no informe publicado em 28 de abril. Entre as principais formas de ajuda das 22 cáritas diocesanas do país estão a doação de kits de alimento e higiene, acompanhamento espiritual, cuidados médicos e atenção a menores órfãos.

No total, 74.078 famílias receberam acompanhamento da Cáritas Equador, sendo 69.135 do país e 4.943 de famílias migrantes.

“De acordo com a média, no Equador, as famílias compõe-se de quatro integrantes; o que nos indica que 296.312 pessoas foram beneficiadas pela Cáritas Equador durante o primeiro mês de emergência sanitárias pelo COVID-19. Nesse acompanhamento, 65% foram mulheres, 35% homens, 25% menores de idade, 24% adultos maiores de idade e 8% pessoas com deficiência”, afirma o informe.

“Reafirmamos nosso compromisso de continuar a ser essa mão que acolhe, esse rosto que acompanha e escuta. Neste emergência sanitária, as cáritas de todo o país estão e seguirão a acompanhar as famílias e pessoas que mais necessitam”, assegurou a instituição.

Por fim, no informe, a instituição agradeceu as empresas, a sociedade civil, a cooperação internacional de organizações fraternas que confiam no seu trabalho.

 

(Com informações de ACI Prensa)

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Missas com o povo voltam a ser celebradas no Vietnã

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28 de abril de 2020

Devido à grande eficácia da gestão da pandemia de COVID-19 e a limitada difusão da doença no Vietnã, a comunidade católica do país já pôde voltar a celebrar missas públicas.

De acordo com a Agência Fides, no último fim de semana, as três dioceses católicas do país asiático (Vinh, Ha Tinh e My Tho) retornaram a uma espécie de “semi-normalidade” depois que o governo flexibilizou as medidas anti-coronavírus.

Até então, como tem acontecido em diversos países, inclusive no Brasil, as liturgias eram celebradas sem o povo e transmitidas pelos meios de comunicação.

CUIDADOS

Na sexta-feira, 24, o Bispo de Vinh, Dom Alphonse Nguyên Huu Long, diocese com cerca de 290 mil fiéis, autorizou que os sacerdotes voltassem a celebrar a Eucaristia com a presença de fiéis. Contudo, o Prelado pediu que as celebrações fossem breves, com uma pequena presença de fiéis e com respeito ao distanciamento social, limitando também à celebração de duas missas durante a semana e quatro aos domingos.

Os bispos reiteraram a recomendação para que os idosos e pessoas consideradas do grupo de risco para desenvolver a forma grave da doença permaneçam em casa.

Também foram autorizados os atendimentos de confissões, respeitando o distanciamento social e medidas de proteção, como o uso de máscaras.

As demais atividades coletivas como encontros, retiros, cursos, catequeses, festas de padroeiros e adorações eucarísticas que gerem aglomerações permanecem suspensos.

ZERO MORTES

A disposição dada pelos líderes da Igreja foi possível porque nos últimos dez dias não houve aumento de casos de coronavírus no Vietnã, exceto por dois jovens estudantes que retornaram do Japão onde estavam por razões de estudo, e testaram positivo para doença, sendo imediatamente isolados.

Um dos países do sudeste asiático que faz fronteira com a China – e, portanto, muito mais próximo do que outros do epicentro inicial da pandemia mundial –  o Vietnã apresentou um resultado muito satisfatório no enfrentamento da pandemia.

O país agora tem um número total de 270 pacientes infectados com um número quase equivalente de pessoas que receberam alta e, sobretudo, com saldo zero de mortes.

CONTROLE DA PANDEMIA

O Vietnã é um dos poucos países do mundo que pode exibir esse resultado, apesar de ter sido um dos primeiros a registrar o vírus que atravessou as fronteiras chinesas em 23 de janeiro.

Atualmente, quase 70 mil pessoas estão em quarentena e mais de 350 estão alojadas em unidades de saúde especiais.

O Vietnã, como outros países, registrou casos em pacientes que não vieram da China, mas que contraíram o vírus de outra pessoa que havia visitado Wuhan, como provavelmente aconteceu com os dois estudantes que retornam do Japão.

MEDIDAS PRECOCES

No entanto, o pequeno, mas densamente povoado país asiático, adotou medidas de bloqueio muito precoces que impediram a propagação da COVID-19: bloqueios seletivos – em parte ainda ativos – que levaram ao fechamento total de áreas ou aldeias inteiras.

Esse modelo de “gestão controlada”, também confiado à responsabilidade dos indivíduos e ao forte senso de responsabilidade de cada cidadão em relação a toda a comunidade, foi seguido por outros países da região.

No Vietnã, existem mais de 6,3 milhões de católicos, o que representa cerca de 7% da população de 95 milhões de habitantes.

(Com informações da Agência Fides)

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Imigrantes bolivianos sofrem impacto da pandemia em São Paulo

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24 de abril de 2020

Maior comunidade de imigrantes de São Paulo, os bolivianos são um dos grupos que mais têm sofrido o impacto da pandemia de COVID-19.

Segundo dados da Polícia Federal e da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania (SMDHC), de 2019, mais de 75 mil bolivianos vivem na capital paulista. As condições precárias de moradia, as dificuldades de acesso à informação e à saúde, além da perda de renda devido às medidas de isolamento social tornam essa população uma das mais vulneráveis neste momento.

Como os bolivianos que, em sua maioria, vivem na capital, Jenny Liuca Choque, 25, e sua família trabalham em oficinas de costura que abastecem o mercado da moda. Devido à quarentena, a produção está paralisada e, com isso, falta renda para arcar com as despesas de subsistência.

“Para muitos de nós, a única entra- da econômica é pelo nosso trabalho na costura. Grande parte da comunidade boliviana tem trabalho informal e perdemos as nossas receitas com as quais pagamos nossas despesas básicas, como alimentação, água, eletricidade, gás e outras contas. E o pior de tudo, os aluguéis das casas são muito altos.”

AUXÍLIO EMERGENCIAL

Muitos desses imigrantes se enquadram no grupo dos que têm direito ao auxílio emergencial de R$ 600 do Governo Federal. No entanto, se a população em geral já está tendo dificuldade para receber essa ajuda, alguns bolivianos, além dos obstáculos com o idioma, não estão com a documentação necessária regularizada. Os que conseguem se inscrever no sistema recebem como resposta que o pedido de auxílio está sendo analisado.

Nesse sentido, entidades e organizações que realizam trabalhos voltados para os migrantes têm ajudado essa população a realizar o pedido do auxílio emergencial. Uma delas é a Missão Paz, entidade ligada à Paróquia Nossa Senhora da Paz, no centro da capital, que coloca à disposição um grupo de assistentes sociais que ajuda no cadastramento.

“Essas mesmas assistentes sociais também mapearam as famílias mais necessitadas e distribuíram cestas básicas, produtos de limpeza, higiene pessoal, leite em pó e fraldas”, explicou ao O SÃO PAULO o Padre Paolo Parise, Coordenador da Missão Paz.

ATENDIMENTO A DISTÂNCIA

Para evitar aglomerações e o deslocamento da população, desde o início da pandemia, a entidade disponibilizou alguns canais para os imigrantes e refugiados que precisam entrar em contato, redirecionando as demandas aos vários profissionais, por meio do telefone (11) 3340-6950, e-mail: protecao@missaonspaz.org e Facebook.

Há, ainda, uma psicóloga, uma advogada e uma equipe de saúde que atendem a distância, de suas casas, ajudando a solucionar problemas e tirar dúvidas.

SAÚDE

Além das dificuldades econômicas, a comunidade boliviana sofre com os riscos da própria COVID-19. Nem todas as famílias conseguem seguir por completo as recomendações preventivas de distanciamento social para evitar o contágio.

Muitas famílias moram em pequenos cômodos ou moradias coletivas que funcionam também como oficina de costura, em muitos casos com apenas um banheiro para o uso comum, sendo inevitáveis a aglomeração e o isolamento das pessoas do grupo de risco, o que dificulta os cuidados necessários com a higiene do ambiente.

Outra dificuldade é o acesso à assistência médica, pois a grande maioria depende do sistema público de saúde, que já está à beira da saturação do atendimento. Jenny relatou que muitos de seus compatriotas não sabem exatamente quando devem procurar o atendimento médico e temem se serão atendidos caso desenvolvam a forma grave da doença.

O médico Erwin Cordova Chavez é presidente do grupo Voluntários por Amor, que ajuda a comunidade boliviana com atendimentos médicos, sobretudo os que têm dificuldade em relação ao idioma.

Chavez informou à reportagem que acesso ao serviço de saúde para os imigrantes já era difícil antes da pandemia pelo fato de maioria dos bolivianos não falarem português. “Como a maioria deles se relaciona somente entre si, acabam não aprendendo a língua”, explicou.

O grupo Voluntários por Amor, em parceria com algumas instituições e como Consulado Boliviano em São Paulo, tem arrecadado cestas básicas que são distribuídas em diferentes bairros da capital.

INSEGURANÇA

“Já tenho notícia de pelo menos cinco pessoas da nossa comunidade que foram infectadas. Também sabemos de uma morte em Guarulhos (SP). Sabemos, porém, que há muito mais pessoas doentes, sem contar aquelas que não apresentam os sintomas”, destacou a jovem.

De acordo com a Associação de Residentes Bolivianos (ADRB), há, até o momento, cinco mortes de pessoas da comunidade pela COVID-19, além de algumas pessoas internadas em estado grave.

Inclusive, já há a confirmação de um dos médicos do grupo Voluntários por Amor internado com o novo coronavírus.

Maria Erasma Beserra, 62, está no Brasil há nove anos. Além de fazer par- te do grupo de risco pela idade, tem a saúde debilitada e já enfrentava dificuldades para ter acesso ao tratamento médico. Com a pandemia, ela não está em condições de trabalhar e conta com a ajuda das pessoas para poder se sus- tentar.

“Faltam comida e dinheiro para pagar as contas. É desesperador. Estamos em casa, em quarentena e em oração, na esperança de que tudo isso passe”, relatou Maria Erasma, que mora em Carapicuíba, na região metropolitana de São Paulo, com suas duas filhas e uma neta de 2 anos.

Mesmo diante da dificuldade econômica, a idosa reconhece que o isolamento social é fundamental para evitar o agravamento da pandemia. “É importante que as pessoas tomem cuidado e sigam as orientações dos médicos”, afirmou.

SOLIDARIEDADE

A Missão Paz está recebendo doações em alimentos, produtos de limpeza e higiene, como também doações em dinheiro por meio de depósitos, segundo indicação no site missaonspaz.org, na seção “Como ajudar a Missão Paz durante a pandemia de COVID-19”.

“Mais uma vez, a Missão Paz experimenta a grande solidariedade de homens e mulheres de diferentes crenças religiosas, mas unidos na solidariedade com os que mais precisam. Graças às do- ações, no último fim de semana, 18 e 19 de abril, foram distribuí- das 162 cestas básicas”, diz o Padre Paolo.

OUTRAS AJUDAS

Além da Missão paz e dos Voluntários por Amor, há outras organizações que auxiliam a comunidade boliviana:

Associação de Residentes Bolivianos (ADRB)

Recebe doações de alimentos e de dinheiro para comprar cestas básicas para as famílias que ficaram sem renda.

Telefones: (11) 99357-4934; (11) 99945-3372; (11) 98278-8736

Centro da Mulher Imigrante e Refugiada (Cemir)

Recebe doações para comprar cestas básicas e medicamentos para mulheres e famílias que passam necessidade, indicadas por líderes comunitárias.

E-mail: cemir.mulherimigrante@gmail.com 

Telefone: (11) 95845-2979

Centro de Apoio e Pastoral do Migrante (Cami)

Recebe dinheiro e doações de alimentos. Também informa sobre oficinas de imigrantes que confec- cionam máscaras e aventais para a proteção contra a COVID-19. Telefone: (11) 96729-4238.

 

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Governo de SP recomenda uso de máscaras em todo o Estado

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23 de abril de 2020

O Governador João Doria recomendou, nessa quinta-feira, 23, que a população do todo Estado utilize máscaras de proteção facial nos momentos em que houver necessidade de sair às ruas. O decreto que prevê a recomendação será publicado nesta sexta-feira, 24, no Diário Oficial do Estado e faz parte de uma série de medidas adotadas pelo Governo de São Paulo para contenção da pandemia do coronavírus.

“É importante que essa recomendação seja seguida pelas pessoas que, em caso de extrema necessidade, precisem sair das suas casas. Isso não retira a recordação de ficar em casa, para salvar vidas. Mas se você tiver que ir a um supermercado, a uma farmácia ou a algum estabelecimento essencial, vá de máscara”, disse o Governador em entrevista coletiva

EM TODO O ESTADO

A medida atende às recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do Ministério da Saúde e abrange todos os 645 municípios do Estado. “A recomendação do Governo de São Paulo é para uso de máscaras em todo Estado. Há alguns municípios onde prefeitas e prefeitos, acertadamente, já promoveram essa recomendação localmente, como fez o prefeito Bruno Covas na capital. Agora estamos estendendo a todos os demais municípios”, pontuou Doria.

Os cidadãos de todo Estado poderão utilizar máscaras caseiras, confeccionadas com tecido, para atender à nova recomendação do Estado. A utilização da proteção facial, associada à orientação de isolamento social, tem objetivo de reduzir os índices de contaminação entre a população.

PROTEGER SUA VIDA

“Podemos observar que uma parte considerável e majoritária da população já está usando as máscaras. Inclusive as máscaras domésticas, que são aceitáveis pela medicina. Se necessário for, em uma nova etapa, e esperamos que não haja esta necessidade, tornaremos obrigatório. Mas não consigo compreender que alguém não queira usar a máscara e proteger a própria vida”, disse Doria.

O diretor de Divisão Médica do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, Ralcyon Teixeira, lembra da importância do uso correto para evitar contaminações. “Você não pode estar de máscara e ficar tocando nela toda hora. Tem que haver uma técnica para tirar e colocar, higienizar as mãos, ter onde guardar. (…) A partir do momento que você fica pegando na máscara no ambiente, ou você pode se contaminar ou, se você for uma pessoa que está positivo [para COVID-19], você acaba contaminando o ambiente”, afirmou Teixeira em coletiva de imprensa realizada na Secretaria da Saúde em 16 de abril.

ALERTA IMPORTANTE

O Governador fez um novo alerta para que as pessoas fiquem em casa no período da quarentena, especialmente na capital e Região Metropolitana. “Ontem, a taxa de isolamento na capital e na Região Metropolitana de São Paulo, foi de 48%. Isto é grave, acendendo o sinal amarelo. Nós não podemos baixar de 50%. Esta é a recomendação da medicina e da ciência. Portanto, você, que mora na Região Metropolitana de São Paulo, nos ajude a não disseminar o vírus e a não colocar em risco a sua vida e as vidas de seus familiares”, ponderou o Governador.

(Com informações de Governo do Estado de São Paulo)

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Pandemia gera impactos aos ciclistas entregadores de aplicativo

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23 de abril de 2020

Diariamente, Alexandre (nome fictício) pedala por 18km entre o bairro de Aricanduva, na zona Leste, e o centro da cidade, esperando que um dos aplicativos de entrega com os quais trabalha - Rappi, Uber Eats e iFood – toque para algum pedido. Isso, porém, raramente tem acontecido ao longo do trajeto percorrido em aproximadamente 70 minutos.

“As pessoas estão com receio de fazer pedidos por causa do novo coronavírus. Os chamados diminuíram e os valores cobrados para os clientes subiram. Pagando mais caro do que antes, elas desistem de pedir”, diz Alexandre ao O SÃO PAULO.

O ciclista recordou que na semana passada atendeu uma encomenda de supermercado e ganhou pelos 5km rodados e os 15kg carregados o valor de R$ 6,50. “Foi bem menos do que recebia antes. As empresas simplesmente reduziram os valores e não avisaram nada”, conta.

Percepção parecida tem o entregador William (nome fictício). Morador do Grajaú, na zona Sul de São Paulo, ele faz entregas com bicicletas em dias alternados nos bairros do Itaim Bibi, Moema, Vila Olímpia, Vila Nova Conceição e Brooklin.

“A quantidade de pedidos diminuiu, pois vários restaurantes fecharam, e as pessoas também passaram a cozinhar em casa. Além disso, os aplicativos adotaram um sistema no qual quem tem mais pontuação fica na frente para receber pedidos. Antes não era assim. Hoje, se você está do lado de um cara que tem pontuação alta, chega pedido pra ele entregar, mas não chega pra você”, relata William, que trabalha com os aplicativos Rappi e Uber Eats.

William também comenta sobre a redução dos valores pagos. “Antes, por exemplo, numa entrega de 3km, eu recebia R$ 7,00. Hoje, tenho feito por R$ 3,80, isso contando o percurso do restaurante até a casa do cliente, pois não é considerado o trajeto de onde você está no momento em que recebe o pedido até o local que você vai retirá-lo”, detalha.

Peso no orçamento

Alexandre conta que desde o início das medidas de isolamento social tem lucrado menos com as entregas: “Antes, somente em um aplicativo, o iFood, eu tirava por semana, trabalhando todo dia, entre R$ 600 e R$ 700. Hoje, seu eu conseguir R$ 120, R$ 200 é sorte”.

Recentemente, ele e outros quatro funcionários do comércio onde também atua como autônomo no centro de São Paulo foram dispensados, com a promessa de retomar os postos de trabalhos quando houver o fim do isolamento social. “Agora, só conto com esse pouco que estou ganhando nos aplicativos. Tento economizar o máximo possível para pagar as contas. Eu estou pedindo a ajuda de Deus, pois não sei mais o que fazer”, revela.

William, embora siga em outro emprego fixo, diz que a baixa nos pedidos pelo aplicativo afetaram sua renda em cerca de 60%. “Num dia de entrega, eu conseguia lucrar quase R$ 150. Hoje, pra fazer R$ 50 é um sacrifício. Antes, eram de 15 a 20 entregas. Ontem, por exemplo, só fiz três. Caiu drasticamente”, contou. “Não consegui pagar minha conta de luz nos últimos meses, também estou com contas de água em atraso, é uma situação complicada”, relata.

É possível ser proteger do novo coronavírus?

De acordo com os entregadores ouvidos pela reportagem, as três principais empresas de delivery tem adotado políticas diferentes para que os entregadores possam se proteger do novo coronavírus e evitar o contágio dos clientes.

Alexandre conta a que o iFood fornece álcool em gel para os entregadores. “Eu pego e coloco em um recipiente de spray pequeno. Toda a vez que chego no cliente, abro as duas partes da bag [mochila], tiro o spray, passo o álcool em gel na minha mão, pego o pedido e entrego pra ele”, explica.

De acordo com os dois entregadores, Rappi e Uber não fazem essa entrega direta do item de higiene. “É a gente que tem que conseguir. A Uber, no entanto, deixa você comprar o álcool em gel até o valor de R$ 20 e depois reembolsa. Já a Rappi somente fala sobre métodos de higiene, mas nada de oferecer pra gente um frasco de álcool ou valores”, assegura William. Ela relata que consome, em média, um frasco de álcool em gel por semana.

A polêmica entrega no chão

E um dos protocolos da Rappi em tempos de pandemia do novo coronavírus tem gerado polêmica: a chamada “Entrega sem contato”.

“A orientação é que você pegue a comida na bag, coloque a entrega no chão, na porta do cliente, e espere que ele chegue para depois você ir embora. Não tem cabimento, isso! Desde quando o chão é mais limpo que a gente?”, critica Alexandre.

“Claro que eu nunca segui isso! Colocar a comida no chão? Isso é falta de higiene! E se alguém espirrou ali? Como vou deixar a entrega no chão? Jamais! Eu tenho um frasco de álcool em gel. Passo na minha mão, ofereço para passar na mão do cliente e ai, sim, entrego o produto pra ele, isso quando faço a entrega direta”, conta William. 

Questionada pela reportagem, a Rappi, por meio de sua assessoria de imprensa, explicou que a medida “tem como objetivo preservar a segurança do entregador e do cliente e está de acordo com as recomendações das organizações competentes. O Ministério da Saúde, por exemplo, recomenda manter uma distância de 2 metros de outras pessoas para que você não seja atingido por possíveis gotículas que saem da boca das pessoas enquanto elas falam, por exemplo”.

A opção de “Entrega sem contato” também é encontrada nos dois outros aplicativos. No Uber Eats, o cliente tem opção de enviar uma instrução ao entregador pedindo que deixe a encomenda na porta. No iFood, o entregador é avisado quando chega no local de entrega se essa opção sem contato é um desejo do cliente.

O QUE DIZEM AS EMPRESAS?

Queda na quantidade de pedidos

Rappi: Assegurou que tem havido “um aumento significativo no número de pedidos em algumas verticais, o que acreditamos ser uma resposta dos usuários preocupados com o tema incerto e medidas de quarentena sendo tomadas em diferentes cidades”, e que “as categorias que registraram um maior aumento foram farmácias, restaurantes e supermercados”.

iFood: Embora não tenha respondido à pergunta diretamente, afirma em seu site que “ainda é prematuro dimensionar o impacto do COVID-19 no mercado de food delivery brasileiro”

Uber Eats: Respondeu que por ser uma empresa de capital aberto, não pode “comentar dados especulativos”.

Redução nos valores pagos aos entregadores

Rappi: Informou que continua “aplicando os mesmos critérios no valor do frete, que varia de acordo com o clima, dia da semana, horário, zona da entrega, distância percorrida e complexidade do pedido. Além disso, a Rappi possibilita que os clientes deem gorjeta aos entregadores por meio do aplicativo”.

iFood: Não respondeu ao questionamento de modo específico, mas informou que “após o pedido ser entregue e finalizado, os usuários da plataforma podem oferecer gorjetas que são integralmente repassadas aos entregadores”.

Uber Eats: Assegurou que “não houve redução no valor pago por entrega/viagem”.

Materiais de higienização e protocolo de entregas

Rappi: Entre os protocolos que foram adotados estão a compra de álcool em gel e máscaras para entregadores parceiros; a adoção da prática “Entrega sem contato”; e o incentivo ao pagamento via app, para evitar o contato com cédulas de dinheiro.

iFood: Informou que distribui álcool em gel aos entregadores. Desde 6 de abril, a distribuição tem sido feita em 18 cidades, incluindo São Paulo. “Os kits de álcool em gel e material informativo serão entregues por meio de vans itinerantes em diversos pontos das cidades. O entregador receberá um chamado para ir até a van como se fosse coletar um pedido. Esta combinação de veículos espalhados pelas cidades e os chamados individuais evitará aglomerações e grandes deslocamentos dos entregadores”

Uber Eats: Não respondeu diretamente aos questionamentos, mas informou que “nos últimos dias, os parceiros foram informados que, além do álcool em gel, poderão solicitar reembolso para outros itens de proteção individual, como máscaras e luvas”.

Auxílio a quem está infectado ou tem maior risco para a COVID-19

Rappi: “Criamos um fundo que apoiará financeiramente os entregadores parceiros com sintomas ou confirmação da COVID-19 pelo período de 14 dias em que precisarão cumprir a quarentena. No Brasil, o fundo está sendo gerido pela Cruz Vermelha Brasileira”. Além disso, no próprio aplicativo, o entregador pode notificar a Rappi “caso apresente sintomas compatíveis com COVID-19 ou confirme o diagnóstico, para que deixe de prestar serviços no aplicativo e seja imediatamente orientado”.

iFood: Afirmou ter criado dois fundos solidários para os entregadores, um no valor de R$ 1 milhão para dar suporte àqueles que necessitem permanecer em quarentena. “O entregador receberá do fundo um valor baseado na média dos seus repasses nos últimos 30 dias, proporcional aos 14 dias de quarentena... Após abrir um chamado para reportar um diagnóstico positivo para COVID-19, o entregador terá a sua conta automaticamente inativada por 14 dias e terá até 30 dias para enviar todas as evidências necessárias para receber o valor do Fundo”. O outro fundo solidário, também no valor de R$ 1 milhão, é voltado a entregadores com mais de 65 anos ou em condições de risco, como doenças pulmonares, doenças cardíacas, imunossupressão (incluindo HIV), obesidade mórbida, diabetes descompensada, insuficiência renal crônica e cirrose.

Uber Eats: A empresa informou que vai “ampliar a cobertura da política de assistência financeira, incluindo o acesso de quem pertence a grupos de risco”. Além disso, “qualquer motorista ou entregador parceiro diagnosticado com o COVID‑19 ou que tiver isolamento solicitado por suspeita ou risco de contágio de coronavírus receberá assistência financeira por até 14 dias”.

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Missas públicas voltarão no dia 15 de maio

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23 de abril de 2020

As missas públicas na Áustria só poderão ocorrer após o dia 15 de maio, afirmou o chanceler do país, Sebastian Kurz, em uma coletiva de impressa na terça-feira, dia 21. 

Padre Peter Schipka, secretário geral da Conferência Episcopal da Áustria, confirmou que as liturgias públicas terão início no dia 15, de acordo com o site de noticias católico da Áustria Kathpress.

O Padre afirmou, em coletiva, que “naturalmente” as liturgias estarão sujeitas a algumas restrições, em particular, as igrejas terão que garantir “que a regra de distanciamento seja em todos os lugares observada”.

O Chanceler, que se declara católico, também anunciou a decisão em seu Twitter, junto com outras medidas para aliviar a quarentena no país. “É bom que podemos começar o caminho da reabertura e que há uma luz no fim do túnel para o desenvolvimento econômico de nosso país”, publicou no Twitter.

“Nosso mote para a próxima fase será: tanta liberdade quanto o possível, e tanta restrição quanto o necessário”, afirmou Kurtz em outra postagem.

Comentando a decisão, o Cardeal Christoph Schönborn, Arcebispo de Vienna, publicou em seu Twitter: “Em pouco tempo, poderemos celebrar a Eucaristia juntos com grande alegria e responsabilidade”.  Em outra postagem, o Cardeal acrescentou: “A fé necessita de ambas: a celebração comunitária e a relação pessoal com Deus. É desse lugar que surge o Cristianismo. A comunidade da Igreja é algo essencialmente diferente de um clube ou de um grupo de amigos”.

A Áustria, que tem uma população de aproximadamente 9 milhões de pessoas, foi um dos primeiros países europeus a decretar a quarentena. Os primeiros casos de COVID-19 no país foram confirmados em 25 de fevereiro deste ano. A quarentena, por sua vez, foi decretada no dia 16 de março. Aproximadamente 15 mil pessoas contraíram o novo coronavírus e 491, até o momento, falecerem devido à doença.

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