Sínodo: salvaguardar a Criação, "casa comum" das futuras gerações

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18 de outubro de 2018

A Igreja seja arauto no campo da ecologia, porque é preciso fazer mais para deixar uma “casa comum” intacta às jovens gerações:  essa foi a reflexão inicial na Sala do Sínodo, no Vaticano, na tarde de quarta-feira, 17, na décima quinta Congregação Geral do Sínodo dos Bispos dedicado aos jovens.

O sonho de muitos jovens é de uma Igreja profética no campo da ecologia e da economia: o grito da terra e o grito dos pobres não podem ser ignorados, acrescentou um auditor.

Efetivamente, a falta de respeito ao ambiente gera novas pobrezas; daí, o apelo a modificar os sistemas econômicos mediante uma verificação atenta dos consumos, dos investimentos e das prestações de contas. Porque aquilo que as comunidades cristãs, os institutos de vida consagrada, as associações e os movimentos eclesiais administram não são de sua propriedade, mas estão a serviço dos pobres, afirmou-se na Sala do Sínodo.

Ademais, os padres sinodais recordam que a exploração das terras por parte de multinacionais tem consequências catastróficas nos ecossistemas locais, obrigando as populações do lugar a migrar.

 

Trabalho conceda espaço à criatividade dos jovens

A análise sobre o tema do trabalho foi também central na Congregação Geral em questão: hoje ele é considerado principalmente um fonte de renda. Mas tal abordagem puramente econômica cai no reducionismo, porque priva o trabalho da sua dimensão humana e mina sua criatividade.

Os jovens, ao invés, sonham um serviço que corresponda a suas aptidões, porque somente assim se sentirão realizados. Daí, o chamado do Sínodo à importância dos ensinamentos da Doutrina social da Igreja.

 

Ajudar os jovens a frequentar a Bíblia

Depois foi dado espaço ao tema do protagonismo juvenil e às suas dificuldades, entre as quais o clericalismo. Os bispos reconhecem algumas faltas do clero, mas, ao mesmo tempo, encorajam os leigos a serem mais proativos na vida eclesial.

É preciso buscar o verdadeiro protagonismo, ou seja, não aquele protagonismo que se inspira na própria pessoa, mas em Cristo e nos Santos, afirmam o padres sinodais. Com efeito, a vocação à santidade é universal: ela dá sentido à ação da Igreja e da vida cristã, representando sua face mais bonita. De resto, atualmente há 160 jovens entre os Santos, amigos apaixonados por Jesus Crucificado. Igual número de jovens encontra-se com o processo de canonização em curso.

“Ajudemos os jovens a frequentar a Bíblia”, reiteram ainda os bispos, porque ela custodia as respostas às muitas perguntas deles. Nesse sentido, a Pastoral da Juventude deverá ter dois objetivos claros: o encontro da juventude com Cristo e a escuta dos jovens, a fim de que se sintam “interligados” na vida eclesial.

 

Em causa a credibilidade da Igreja

Os jovens esperam da Igreja credibilidade, ou seja, concordância entre a ação e a doutrina, porque não adianta pedir perdão, se depois não se seguem gestos e atitudes concretas. E para ser críveis é preciso enfrentar questões cruciais como a dos abusos, a fim de que as culpas sejam assumidas e as estruturas sejam renovadas.

 

Opções pelos jovens e com os jovens

Em seguida foi dado espaço ao tema do mundo digital: os bispos sugerem, por exemplo, que as jovens gerações participem da redação sobre padrões éticos para as páginas web católicas, e que se reflita sobre as possibilidades que as redes sociais oferecem no campo do diálogo inter-religioso.

É preciso audácia por parte da Igreja também para desafiar o mundo sobre temas críticos como o tráfico de armas, para falar aos líderes internacionais com clareza, a fim de que não coloquem mais em risco o futuro dos jovens, continuam os bispos.

Deve-se portanto dar sempre apoio aos jovens – sugere o Sínodo –, inclusive economicamente, buscando passar da “opção pelos jovens” para a “opção com os jovens”, porque isso significa envolvê-los plenamente na vida eclesial e ter a consciência de que eles não representam um problema, mas são parte da solução.

É preciso humildade: os jovens devem ser respeitados, ouvidos, acompanhados ao longo do caminho, sem “domesticá-los” ou apagar a paixão que os caracteriza, afirmam os bispos.

 

Renovar a catequese e relançar as escolas católicas

O Sínodo reflete ainda sobre a catequese e sobre a necessidade de renová-la, sobretudo diante da proliferação das seitas, em particular em alguns países africanos. Daí, a sugestão a relançar a evangelização de modo concreto, envolvendo os jovens diretamente e utilizando uma linguagem adequada que saiba aprofundar a fé.

A reflexão sobre os jovens que vivem nas “periferias da sociedade”, verdadeiros territórios de missão em que a Igreja pode e deve levar evangelização e formação, é também central.

Efetivamente, a educação não deve ser um privilégio, mas um direito. Por isso, o Sínodo evoca a importância das escolas católicas, lugar de encontros profundos e formativos: as escolas e as universidades católicas não ensinam, mas fazem experimentar a caridade, o serviço, a justiça, tornando-se desse modo verdadeiras experiências de vida e de fé.

Ademais, a Sala do Sínodo não esqueceu o drama dos jovens dependentes das drogas: a Igreja é a única instituição que pode pronunciar uma palavra profética nesse âmbito, reiterando a necessidade de lutar contra uma “cultura da morte” galopante, afirmam os padres sinodais.

 

Jornadas da juventude, momento de encontro e diálogo

O olhar do Sínodo volta-se também para as Jornadas da juventude, momento de encontro, mas também de diálogo inter-religioso entre jovens por vezes de diferentes credos. Tais Jornadas são o exemplo de uma Igreja em saída e representam o espaço propício para renovar-se e sonhar, porque não é sonhar que ajuda a viver, mas é viver que deve ajudar a sonhar, afirma também um auditor.

Nas intervenções dos auditores voltou mais uma vez o tema da necessidade de valorizar mais a mulher no seio da vida eclesial, assim como de um Igreja “generativa” que se faz com os jovens – corresponsáveis, envolvidos e não convocados – evangelizadores de seus coetâneos.

Em suma, uma Igreja plural, que aposte contra todo tipo de personalismo, todo tipo de obstáculo ao diálogo.

 

Constituída Comissão para redigir Carta do Sínodo aos jovens

Por fim, como auspiciado por vários participantes do Sínodo, foi constituída uma Comissão para redigir uma Carta da Assembleia aos jovens do mundo inteiro. A Comissão é constituída de cinco padres sinodais (o arcebispo de Bangui, na República Centro-Africana, cardeal Dieudonné Nzapalainga; o bispo auxiliar de Lyon, na França, Dom Emmanuel Gobbillard; o arcebispo de Sydney, na Austrália, Dom Anthony Colin Fisher; o bispo de San Justo, na Argentina, Dom Eduardo Horacio García); dois jovens auditores (Briana Regina Santiago, das Apóstolas da Vida Interior nos EUA, e Anastasia Indrawan, membro da Comissão para os jovens da Conferência Episcopal Indonésia); um especialista (o responsável pelo Serviço nacional para a Pastoral da Juventude da Conferência Episcopal Italiana, Pe. Michele Falabretti) e o convidado especial, prior da Comunidade ecumênica de Taizé, Irmão Alois. Assim que estiver pronto, o esboço da Carta será apresentado na Sala do Sínodo.

 

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Bispos chineses no Sínodo: aqui há uma única fé da Igreja, somos uma grande família

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15 de outubro de 2018

Em uma entrevista à Rádio Vaticano-Vatican News, os dois bispos da China continental, John Yang Xiaoting e Joseph Guo Jincai, expressaram sua alegria por estarem presentes pela primeira vez em uma assembléia sinodal.

A alegria de pode participar de um Sínodo, pela primeira vez, a recepção calorosa e a consciência de fazer parte de uma grande família, a da Igreja, são alguns dos sentimentos expressos pelos dois bispos da China continental John Baptist Yang Xiaoting e Joseph Guo Jincai em ocasião de uma entrevista concedida em 12 de outubro, à redação chinesa da Rádio Vaticano - Vatican News no Palazzo Pio. Os dois bispos relataram sua experiência sinodal e descreveram a atividade pastoral de suas dioceses.

Excelências, vocês poderiam expressar seus sentimentos por sua presença no Vaticano para este Sínodo sobre os jovens, a fé e o discernimento vocacional?

Dom Joseph Guo JincaiComo bispo chinês, estou feliz em participar do Sínodo pela primeira vez. Sentimos que a Igreja é uma família e recebemos uma recepção calorosa. Juntamente com o Papa, os cardeais e os bispos de todo o mundo, falamos sobre os problemas relativos aos jovens, o discernimento das vocações e como enfrentar os desafios do nosso tempo. Nós sentimos que aqui há a única fé da Igreja e que somos uma grande família. Nós compartilhamos nossas reflexões com outros bispos e discutimos as questões atuais que devemos enfrentar.

Dom John Yang: Concordo com Dom Guo. Eu tenho o mesmo sentimento a esse respeito. Este Sínodo é feito para os jovens de todo o mundo. Para os jovens chineses, este Sínodo é muito atual e os temas que foram discutidos são o que precisamos para a formação vocacional e são como um guia. Para nós este Sínodo é muito significativo, uma boa experiência.

Vocês poderiam nos falar sobre a realidade vocacional dos jovens chineses, o acompanhamento da vocação e da formação?

Dom Joseph Yang: Desde 2002 trabalho com a formação no seminário, ao qual dedico grande parte do meu tempo. Para a formação e o discernimento, penso que os problemas encontrados são semelhantes aos de outros países do mundo. Para o discernimento das vocações, trabalhamos na formação, no catecismo, na importância do conceito de vocação, que não é somente para os consagrados, mas também para os leigos. No discernimento, começamos de um trabalho pastoral, para que os jovens possam olhar para sua própria vocação sob diferentes pontos de vista. Nas dioceses mais preparadas há o Comitê para as Vocações e a Pastoral Juvenil, que oferecem acompanhamento em diversos aspectos da vida.

Falando de vocações religiosas, há projetos para ajudar os jovens a discernir?

Dom John YangComo eu dizia, nas dioceses mais preparadas há o Comitê para as vocações e os jovens são acompanhados por sacerdotes quer na formação como na fé, assim como no crescimento humano. Esses projetos começaram há mais de uma década na Igreja na China. Convocamos os seminários importantes, lançamos projetos e discutimos sobre como lidar com os atuais desafios e desenvolvimentos no futuro.

O casamento também é uma vocação. Para os jovens que pretendem seguir essa vocação, suas dioceses têm projetos de formação ou acompanhamento?

Dom Joseph Guo Jincai: Sob a orientação dos bispos, dioceses e em cada paróquia temos os Departamentos de acompanhamento especialmente para os jovens casados ​​e aqueles que estão se preparando para o casamento, oferecendo-lhes cuidados pastorais. A Exortação "Amoris laetitia" expressou o amor do Papa Francisco pelos jovens e pelas famílias. Creio que isso seja importante para todas as famílias, porque cada família recebe o chamado de Deus. Cada família e a vocação da família estão ligadas ao crescimento da Igreja e ao serviço da sociedade. Portanto, a estabilidade da família trará o bem para toda a sociedade. Devemos rezar pelas famílias e por esta vocação, para que com a fé possam ser guardadas as promessas matrimoniais e continuem a seguir este chamado de Deus, para isso rezamos pelos jovens e pelas famílias.

Dom John YangNas diversas dioceses na China continental são realizadas diversas atividades  em favor do casamento e da família. Cada diocese, de acordo com suas próprias exigências, oferece uma formação pré-matrimonial e durante o casamento. Algumas dioceses, mais preparadas ou que dispõe de recursos, ajudam as paróquias a oferecer cursos para os jovens, sempre sob a orientação do Comitê Pastoral. Algumas dioceses têm seu próprio centro, com cursos regulares ou de curta duração, também têm um treinamento sobre ética matrimonial que ajuda muito os jovens na vida conjugal.

Qual tema do Sínodo você mais impressionou vocês?

Dom Joseph Guo JincaiA palavra que todos nós temos dado importância e que permaneceu em mim: vocação. Mas qual é a vocação? A vocação é o chamado de Deus, Deus chama cada pessoa, porque cada um de nós é criado por Ele. Agora sentimos que a nossa tarefa é ainda mais difícil no tema da vocação dos jovens. Somos chamados a proclamar o Evangelho, a fortalecer nossa fé e a servir nossa sociedade, dando nossa contribuição ao país. Esperamos também que com a vocação possamos levar a paz ao mundo.

Dom John YangO tema deste Sínodo, a fé e o discernimento vocacional, é muito interessante, significativo e atual para a Igreja de hoje. A Igreja fala hoje dos problemas que devemos enfrentar, de como ajudar os jovens a viver a sua fé e encontrar os verdadeiros valores em suas vidas. Esta é uma das discussões mais importantes. Neste tema, temos visto dificuldades e desafios em outros países do mundo. Na realidade, este Sínodo ajuda-nos a compreender como podemos acompanhar os jovens no trabalho pastoral, como ajudá-los a testemunhar a sua fé seguindo a sua vocação.

Neste Sínodo, falou-se muitas vezes de uma palavra chave: "escutar", ou seja, escutar e acompanhar, ouvir a voz dos jovens. Quais são seus pensamentos sobre isso?

Dom Joseph Guo JincaiEu compartilhei minha reflexão no Círculo Menor em francês, junto com cardeais e bispos de diferentes nacionalidades. De fato, quando falamos juntos, isso já é escutar, ou seja, ouvir as vozes dos jovens vindos de diferentes nações, e escutar também significa acompanhar. Escutar permite que os jovens já não se sintam mais sozinhos, já não são mais sem esperança quando têm dificuldades, porque a Igreja sempre será sua família e os acompanhará para sempre.

Dom John YangDesde o início, neste Sínodo, tanto nas Congregações Gerais como nos Círculos Menores, há muitos que falam, também jovens e leigos. E para refletir sobre seus discursos, até mesmo os dos cardeais e bispos, para mim também é escutar. Por isso, a palavra escutar é realmente concretizada neste Sínodo.

O que vocês gostariam de dizer aos jovens e aos católicos chineses?

Dom Joseph Guo JincaiJovens irmãos na fé, o nosso propósito mais sentido neste Sínodo é justamente o de ouvir as vozes dos jovens em diferentes situações, também  a dos jovens chineses. Nós rezamos por vocês e vamos acompanhá-los, ouvindo suas necessidades. Ajudar-vos-emos com o cuidado pastoral, como Jesus ressuscitado escutava e acompanhava os dois jovens no caminho de Emaús. Que Deus cuide de vocês!

Dom John Yang: Acho que neste momento os jovens e os católicos querem saber que inspiração lhes poderia advir deste Sínodo. Eles aguardam uma mensagem alegre. Eu gostaria de compartilhar meu desejo com os jovens na China continental. Este Sínodo é para jovens de todo o mundo e também para jovens chineses. Aqui se fala de acompanhamento, de buscar resolver os problemas dos jovens, da orientação para os jovens na fé. Eu gostaria de dizer a vocês: a Igreja precisa de jovens, a Igreja ama os jovens e, acima de tudo, vê que os jovens são o futuro da Igreja. O Senhor ama os jovens, a Igreja ama os jovens, nós, bispos, amamos os jovens.

 

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Hora de preparar as assembleias paroquiais do sínodo

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13 de outubro de 2018

Com a proximidade das assembleias paroquiais do sínodo arquidiocesano de São Paulo, é importante destacar o papel das comissões paroquiais do sínodo junto com os párocos ou administradores paroquiais. Dentre as suas muitas atribuições descritas no Regulamento Geral do sínodo, está a de reunir as sínteses das reflexões feitas pelos grupos nos encontros mensais iniciados em março. Outra atribuição é a elaboração do relatório das próprias assembleias, que será o resultado dessa etapa paroquial e será usado como base para as etapas regionais (2019) e arquidiocesana (2020).

 

SÍNTESES

A primeira sessão das assembleias paroquiais é destinada a ver e compreender a realidade religiosa, pastoral e evangelizadora da paróquia. Para isso, serão apresentadas as sínteses dos encontros e o resultado do levantamento de campo que está sendo realizado em cada paróquia. 

O roteiro elaborado para os encontros mensais do sínodo propõe a reflexão sobre as diversas dimensões da vida e da missão da própria Igreja presentes na paróquia, como seu serviço à Palavra de Deus, à caridade pastoral, à santificação do Povo de Deus, entre outros. No final de cada encontro, são propostas questões que estimulem contribuições de cada grupo a serem encaminhadas para a comissão paroquial. São essas contribuições que deverão ser sintetizadas para a assembleia. 

Padre José Arnaldo Juliano, Teólogo-Perito do sínodo arquidiocesano, explicou ao O SÃO PAULO que essas sínteses deverão apresentar as contribuições de forma objetiva e clara, reunindo elementos comuns de diferentes grupos, elencando o que mais foi apontado pelos grupos sobre cada aspecto. Ele também alertou para o cuidado para que nenhum assunto proposto seja desconsiderado, mesmo aqueles que eventualmente não sejam consideradas relevantes, pois, dessa contribuição, podem surgir outras reflexões na assembleia. “Só assim poderemos ter um grande ‘ver’ da realidade da Igreja na cidade, em vista de uma conversão e renovação missionária”, disse. 

Uma maneira de ajudar na elaboração dessas sínteses é ter à mão o roteiro dos encontros e partir das próprias perguntas contidas nele, reunir as contribuições referentes a cada dimensão tratada nos encontros.

 

RELATÓRIO DA ASSEMBLEIA

Ainda segundo o Teólogo-Perito, a elaboração do relatório das assembleias paroquiais deve ter como  eixo três aspectos: identificar como o conteúdo apresentado na primeira sessão – análise dos levantamentos e sínteses dos grupos – foi recebido pela assembleia, que impressões tiveram diante da realidade exposta; o que a assembleia acrescentou para completar essas contribuições apresentadas; e, por fim, quais propostas começaram a surgir a partir da percepção e discernimento sobre a realidade que contribuam para uma renovação pastoral e missionária da paróquia, da região ou vicariato e da Arquidiocese como um todo. 

Nesse sentido, é imprescindível o papel dos secretários das assembleias que tomarão nota de tudo o que for dito e refletido nas sessões para que seja elaborado um relatório rico de contribuições que serão encaminhadas às regiões episcopais.  

 

ATENTA À DIVERSIDADE DE EXPRESSÕES

Reforça-se, ainda, que os párocos e administradores paroquiais com as comissões paroquiais estejam atentos para que o maior número possível de pessoas e expressões eclesiais presentes na paróquia participem do processo de reflexão, para que as sínteses levadas às assembleias sejam a melhor percepção possível das forças vivas da Igreja. Nesse sentido, é importante envolver as pastorais, movimentos, novas comunidades, associações, congregações religiosas e demais grupos de fiéis presentes e atuantes na paróquia.  

“Não tenhamos medo ‘de nos olharmos no espelho’, e de fazer um discernimento evangélico sobre a nossa realidade, que nos interpela e por meio da qual Deus nos fala a respeito da missão que temos a realizar nesta imensa cidade de São Paulo”, afirmou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano. 

O roteiro dos encontros, bem como o regulamento e o instrumento de trabalho das assembleias estão disponíveis no site da Arquidiocese de São Paulo.

 

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Primeiros dias no Sínodo tocam na necessidade de ‘escutar os jovens’

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10 de outubro de 2018

“Nós, jovens de hoje, estamos em busca. Em busca do sentido da vida, em busca de trabalho, em busca de nossa estrada ou vocação, em busca de nossa identidade”, disse a Irmã Briana Santiago, 27, na primeira sessão plenária do Sínodo dos Bispos sobre os jovens, no dia 3. Ela é norte-americana e membro da congregação das Apóstolas da Vida Interior.

No mesmo dia, o Papa Francisco declarou aos padres sinodais: “Devemos prestar atenção especial ao risco de falar sobre jovens a partir de categorias e esquemas mentais já ultrapassados. Se soubermos evitar esse perigo, ajudaremos a tornar possível uma aliança entre gerações.” 

Falando-se muito sobre a necessidade de se “escutar os jovens”, abriu-se o diálogo sobre “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, tema da XV Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos, que vai até dia 28. Como o tema central é bastante amplo, o chamado Instrumentum Laboris, documento de trabalho que guia as atividades do Sínodo, abrange, na verdade, uma série de assuntos paralelos. 

Entre eles, por exemplo, a participação dos jovens nas comunidades paroquiais, a formação para a vida consagrada e o sacerdócio, os desafios da migração, a proposta cristã para a sexualidade, a educação católica e a pastoral universitária, o problema dos abusos sexuais e de poder na Igreja, a complementariedade entre homem e mulher, e o valor da família na transmissão da fé e na iniciação cristã.

Mais do que colocar essas questões em debate, neste momento os padres sinodais procuram fazer um diagnóstico da situação dos jovens de hoje, para chegar, no fim do Sínodo, a algumas novas propostas de linguagem, método e abordagem na evangelização dos jovens. 

São mais de 267 padres sinodais de todo o mundo – inclusive dois bispos chineses, pela primeira vez na história, em virtude de um acordo provisório entre a China e a Santa Sé. Além deles, participam 49 auditores e 23 especialistas em matérias ligadas à Igreja, à pastoral juvenil e às questões sociológicas, morais e antropológicas sobre os jovens.

 

ESCUTAR COM EMPATIA

A consciência dos líderes da Igreja sobre a necessidade de se escutar os jovens já vem de muitos anos – basta lembrar da Jornada Mundial da Juventude, instituída por São João Paulo II. Mas esse ponto apareceu com intensidade na preparação para o Sínodo, tanto nos questionários enviados a diversas partes do mundo quanto na reunião pré-sinodal, na qual estiveram cerca de 300 jovens em Roma, em março deste ano. 

“É muito fácil falar dos jovens ‘por ouvir dizer’, fazer referências a estereótipos, que muitas vezes fazem referências a modelos que já não existem mais”, disse o Cardeal Sergio da Rocha, relator-geral do Sínodo, em seu discurso inaugural. “É preciso que toda intervenção nossa sobre os jovens parta sempre de um realismo contextual, e não de teorias abstratas e distantes do cotidiano”, acrescentou o Arcebispo de Brasília e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Segundo ele, a maior solicitação dos jovens de hoje é de serem “acompanhados”, e isso exige uma Igreja mais “autêntica, relacional e comprometida com a justiça”. 

De acordo com a Irmã Briana, os jovens reconhecem que existem tantas exigências no mundo e tantos temas sobre os quais é necessário refletir e dialogar. “Portanto, somos gratos que, neste momento histórico, a Igreja esteja colocando a atenção sobre nós e a tudo o que se refere a nós”, afirmou. “Nós, jovens, desejamos diálogo, autenticidade, participação”, disse ela.

 

TESTEMUNHOS DE VIDA

O Papa Francisco quis realizar, durante o Sínodo, um grande encontro com jovens no Vaticano, no sábado, 6. Cerca de 6 mil participantes foram à Sala Paulo VI para dar testemunhos de vida e deixar algumas perguntas aos padres sinodais. Entre os jovens que falaram, estavam migrantes, pessoas que foram viciadas em tecnologias, em pornografia, em drogas, e também um ex-presidiário, um jovem profissional de Engenharia, um jovem padre que era ateu, e muitos músicos e dançarinos. Os testemunhos contaram histórias de superação e de motivação. 

Diante deles, o Papa Francisco disse que os jovens de hoje devem “encontrar a si mesmos fazendo coisas”, e não parados diante do espelho. “Olhem sempre adiante, em caminho, façam o bem, e não fiquem sentados no sofá”, afirmou. “Devo fazer um caminho, mas com coerência de vida. E quando vocês veem uma Igreja incoerente, que lê as Bem-aventuranças e depois cai no clericalismo mais principesco e escandaloso, eu entendo, eu entendo”, lamentou o Pontífice. “Mas se você quer ser bom cristão, tome as Bem-aventuranças e coloque-as em prática.”

Francisco alertou os jovens, ainda, para os riscos de radicalização nas ideias que se espalham entre a juventude de hoje. Procurou lembrá-los que um jovem “não tem preço” e, portanto, não deve se tornar escravo de ideologias: “Pensem sempre assim: eu não estou à venda, sou livre! Apaixonem-se por essa liberdade, aquela que só Jesus oferece.”

 

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Papa aos jovens: apaixonem-se pela liberdade de Jesus

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08 de outubro de 2018

O Santo Padre encontrou-se na tarde deste sábado, 6, na Sala Paulo VI com cerca de sete mil jovens por ocasião do Sínodo dos Bispos, em andamento no Vaticano de 3 a 28 do corrente.

Testemunhos e cantos marcaram o evento, do qual o Papa participou desde o primeiro momento. 

Após os testemunhos, o Papa ouviu nove perguntas, às quais disse que não poderia responder porque, do contrário, “anularia o Sínodo”. “As respostas devem vir de todos, sem medo.” Mas ofereceu aos jovens alguns ideias para refletir, concentrando-se em alguns aspectos.

 

Encontrar o próprio caminho

O primeiro deles, a importância de cada um fazer o seu próprio caminho, “sejam jovens em caminho olhando o horizonte, não o espelho” ou sentados no sofá. “Encontrem a si mesmos fazendo, indo em busca do bem, da verdade e do belo”.

 

Coerência de vida

Outro conceito reiterado pelo Papa foi a coerência de vida. Isso é fundamental não só para os clérigos, que correm o risco de ceder às tentações do clericalismo, mas também para os jovens. “Sigam a estrada das bem-aventuranças. Não o caminho da mundanidade, do clericalismo, que é uma das piores perversões da Igreja.”

 

Leilão

Francisco também foi enfático ao recordar à juventude de que ela não tem preço. “Vocês não são mercadorias num leilão. Por favor, não se deixem comprar, não se deixem seduzir, não se deixam escravizar pelas colonizações ideológicas. Apaixonem-se pela liberdade de Jesus.”

 

Testemunho concreto

O Papa falou ainda dos riscos representados pela rede e a necessidade de um testemunho “concreto, não líquido” e a coragem do acolhimento. “Os populismos estão na moda, que nada têm a ver com o popular. O popular é a cultura do povo. O populismo é o contrário: é o fechamento num único modelo. O amor é a palavra que abre todas as portas.

O Pontífice finalizou falando da importância das raízes e do diálogo entre as gerações. “Tomem as raízes e levem-nas avante para dar fruto e também vocês se tornarão raízes dos outros.”

Muito obrigado. Estas são orientações. As respostas, a eles (padres sinodais)!, disse o Papa em tom de brincadeira.

 

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Luz para ver, força para querer

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06 de outubro de 2018

“Não temas, de agora em diante serás pescador de homens”. Com estas palavras, Cristo transforma a vida de Simão e, a partir de então, o pescador da Galileia fica sabendo para que vive. Como ele, cada pessoa, mais cedo ou mais tarde, depara-se com esta pergunta: “Qual é a minha missão na vida?”

Durante os próximos dias, o Sínodo dos Bispos refletirá em Roma sobre “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Além de pedir ao Espírito Santo que ilumine os padres sinodais, aproveitemos esta ocasião para meditar sobre o nosso próprio caminho, porque todos temos uma vocação divina, todos somos chamados por Deus à união com Ele.

A fé é uma luz poderosa, capaz de iluminar o nosso futuro e de inspirar desejos de plenitude. Num momento da vida em que talvez a segurança da infância cambaleie e, também, a luz da fé possa se debilitar, é preciso recordar a nossa verdade mais profunda: somos filhos de Deus e fomos criados por amor. Ele realiza a chamada mais radical: chama-nos, a cada um e a cada uma, a sermos plenamente felizes ao seu lado. O Criador não nos lança na vida e se esquece de nós. Aquele que cria, ama e chama. Por isso, o discernimento do nosso caminho deve estar iluminado pela fé no amor de Deus por nós, por cada um. 

“Não temas”, diz Jesus a Pedro. “Não tenham medo de escutar o Espírito que lhes sugere escolhas audazes”, escrevia o Papa na sua carta aos jovens para anunciar este Sínodo. A nossa procura pessoal pode gerar certo desassossego, porque experimentamos a vertigem da liberdade. Serei feliz? Terei forças? Valerá a pena comprometer-se? Também nesses momentos, Deus não nos abandona. Ele nos inspira, se soubermos escutá-lo. É isso que lhe pedimos cada vez que rezamos a mais bela das orações: “seja feita a Vossa Vontade, assim na terra como no 
céu”; faça-se a tua vontade em mim, em ti, em cada um de nós.

Pensando em tantos jovens que desejam secundar os planos de Deus, peçamos que recebam não só luz para ver seu caminho, mas também força para querer unir-se à vontade divina. Ajuda-nos o pensamento de que, quando Ele pede alguma coisa, na realidade está oferecendo um dom. Não somos nós que lhe fazemos um favor: é Deus quem ilumina a nossa vida, enchendo -a de sentido.

Deus queira que todos, jovens e adultos, compreendamos que a santidade não só não é um obstáculo para os nossos sonhos, mas é o seu ponto culminante. Todos os desejos, todos os projetos, todos os amores podem fazer parte dos planos de Deus. Como lembra São Josemaria, “a caridade bem vivida já é santidade”. 

A vida cristã não nos leva a identificar-nos com uma ideia, mas com uma pessoa: com Jesus Cristo. Para que a fé ilumine os nossos passos, além de perguntar-nos: “Quem é Jesus Cristo para mim?”, pensemos: “Quem sou eu para Jesus Cristo?” Descobriremos, assim, os dons que o Senhor nos deu e que estão diretamente relacionados com a nossa missão. Assim, amadurecerá mais e mais em nós uma atitude interior de abertura às necessidades dos outros, saberemos estar a serviço de todos e veremos com mais clareza qual é o lugar que Deus nos confiou neste mundo.

Numa sociedade que com frequência pensa demais no bem-estar, a fé nos ajuda a erguer o olhar e descobrir a verdadeira dimensão da existência. Se formos portadores do Evangelho, a nossa passagem por esta terra será fecunda. Sem dúvida, a sociedade inteira se beneficiará de uma geração de jovens que, a partir da fé no amor que Deus tem por mim, pergunte-se: “Qual é a minha missão nesta vida? Que rasto deixarei?”

Monsenhor Fernando Ocáriz é Prelado do Opus Dei 

 

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Começa o Sínodo dos Bispos sobre os jovens

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05 de outubro de 2018

No Sínodo dos Bispos, os jovens terão voz e falarão todos os dias aos padres sinodais. Além da reunião pré-sinodal, em março, na qual cerca de 300 jovens estiveram em Roma e debateram o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, agora, na reunião dos bispos, eles terão de novo a chance de intervir. Também por meio das redes sociais, receberão informações sobre o Sínodo e poderão comentar. 

São 34 os jovens “auditores” convidados a participar dessa assembleia, com 18 a 29 anos de idade. “Seguimos um critério de representação geográfica, de atuação na pastoral juvenil em diferentes partes do mundo”, explicou o Cardeal Lorenzo Baldisseri, em coletiva de imprensa na segunda-feira, dia 1º. Ele é o Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos e, portanto, o principal responsável pela sua organização.

Também foram convidados membros de diversos movimentos eclesiais. “Os jovens convidados poderão participar das discussões nos círculos menores e poderão participar como os padres sinodais e dar a sua colaboração”, acrescentou Dom Lorenzo. Os círculos menores são debates em pequenos grupos, em seis línguas diferentes. “É importante a presença deles. Os jovens não são o objeto, mas o sujeito deste Sínodo.” 

Todos os dias, a sessão de abertura terá uma breve apresentação de um dos jovens. Isso garantirá a eles e oportunidade de falar a todos os padres sinodais simultaneamente – 266 bispos, padres e religiosos de dioceses e congregações em todo o mundo, além das igrejas orientais e da Cúria Romana. No total, são 49 auditores, entre jovens e formadores. Além deles, outros 23 especialistas auxiliarão na orientação dos trabalhos e na redação dos documentos.

O cardeal brasileiro Dom Sergio da Rocha, relator-geral deste Sínodo sobre os jovens, comentou, na mesma conversa com os jornalistas, o chamado Instrumentum Laboris. Trata-se do documento que orienta as atividades do Sínodo. 

“O percurso de escuta que precedeu o Sínodo recolheu milhares de páginas de testemunhos, reflexões e pedidos provenientes de todo o mundo. O Instrumentum Laboris recapitula todas essas contribuições, ajudando-nos a ter um olhar integral e integrado das questões que temos que tratar”, disse o Cardeal, definindo o documento como “quadro de referência”, ou seja, texto que oferece tanto o método quanto os conteúdos para as reuniões.

Assim como o Instrumentum é dividido em três partes – reconhecer, interpretar e escolher – também as reuniões do Sínodo seguirão o mesmo “mapa de ação”. 

“Será necessário que nos deixemos interpelar pelas inquietudes dos jovens, também quando colocam em questão as práticas da Igreja ou envolvem questões complexas, como a afetividade e a sexualidade”, disse Dom Sergio. “Nos nossos contextos eclesiais, é muito fácil falar dos jovens ‘por ouvir dizer’, fazendo referência a estereótipos ou modelos juvenis que talvez já nem existem mais”, analisou. 

Segundo o Arcebispo de Brasília, há uma espécie de “idealização” e de “ideologização” dos jovens. “Às vezes, fazemos referência à nossa juventude e pensamos que os jovens de hoje vivam as nossas mesmas experiências. Mas deste modo, inevitavelmente, perdemos de vista os traços característicos dos jovens de hoje.”

 

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Papa Francisco: o Sínodo é um momento de partilha

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04 de outubro de 2018

O Papa Francisco abriu o Sínodo dos Jovens, na tarde desta quarta-feira, 3 , na Sala do Sínodo, no Vaticano.

“Ao entrar nesta Sala para falar dos jovens, já se sente a força da sua presença, que exala positividade e entusiasmo capazes de invadir e alegrar não só esta sala, mas toda a Igreja e o mundo inteiro”, disse o Pontífice em seu discurso.

Francisco agradeceu a todos ali presentes por terem acreditado que “vale a pena sentir-se parte da Igreja ou entrar em diálogo com ela; vale a pena ter a Igreja como mãe, como mestra, como casa, como família, capaz, não obstante as fraquezas humanas e as dificuldades, de fazer resplandecer e transmitir a mensagem sem ocaso de Cristo; vale a pena agarrar-se à barca da Igreja que, mesmo através das tempestades implacáveis do mundo, continua oferecendo a todos refúgio e hospitalidade; vale a pena colocar-se à escuta uns dos outros; vale a pena nadar contracorrente e aderir a valores altos, como a família, a fidelidade, o amor, a fé, o sacrifício, o serviço e a vida eterna”.

 

O Sínodo é um momento de partilha

“O Sínodo que estamos vivendo é um momento de partilha. Só o diálogo pode nos fazer crescer. Uma crítica honesta e transparente é construtiva e ajuda, ao contrário das bisbilhotices inúteis, das murmurações, das ilações ou dos preconceitos.”

Segundo o Papa, é preciso também saber escutar com humildade. “A  escuta aberta requer coragem para tomar a palavra e fazer-se voz de tantos jovens no mundo que não estão presentes. É esta escuta que abre espaço ao diálogo. O Sínodo deve ser um exercício de diálogo, sobretudo entre os que participam dele. E o primeiro fruto deste diálogo é cada um abrir-se à novidade, estar pronto a mudar a sua opinião diante do que ouviu dos outros. Isto é importante para o Sínodo.”

 

“Sintamo-nos livres para aceitar e compreender os outros e, consequentemente, para mudar as nossas convicções e posições: é sinal de grande maturidade humana e espiritual.”

“O Sínodo é um exercício eclesial de discernimento. Franqueza no falar e abertura no ouvir são fundamentais para que o Sínodo seja um processo de discernimento. Sejamos sinal duma Igreja à escuta e em caminho. A atitude de escuta não pode se limitar às palavras que trocaremos entre nós nos trabalhos sinodais. Uma Igreja que não escuta mostra-se fechada à novidade, fechada às surpresas de Deus, e não poderá ser crível, especialmente para os jovens, os quais, em vez de se aproximar, irão se afastar inevitavelmente”, disse ainda Francisco.

 

Aliança entre gerações

Deixemos para trás preconceitos e estereótiposSegundo o Papa, “o primeiro passo rumo à escuta é libertar as nossas mentes e os nossos corações de preconceitos e estereótipos: quando pensamos já saber quem é o outro e o que quer, então teremos verdadeiramente dificuldade em ouvi-lo seriamente.

Os jovens são tentados a considerar ultrapassados os adultos; os adultos são tentados a julgar os jovens inexperientes, a saber como são e sobretudo como deveriam ser e comportar-se. Tudo isto pode constituir um forte obstáculo ao diálogo e ao encontro entre as gerações.”

O Papa frisou que a maioria das pessoas presentes no Sínodo “não pertence à geração dos jovens, pelo que devemos claramente ter cuidado sobretudo com o risco de falar dos jovens a partir de categorias e esquemas mentais já superados. Se soubermos evitar este risco, contribuiremos para tornar possível uma aliança entre gerações.

A propósito do clericalismo, o Papa disse que “é preciso, por um lado, superar decididamente” este “flagelo”. “O clericalismo é uma perversão e é raiz de muitos males na Igreja: destes devemos pedir humildemente perdão e sobretudo criar condições para que não se repitam. Mas, por outro lado, é preciso curar o vírus da autossuficiência e das conclusões precipitadas de muitos jovens.”

 

Reencontrar as razões da nossa esperançaa

“Que o Sínodo desperte os nossos corações! Precisamos reencontrar as razões da nossa esperança e sobretudo transmiti-las aos jovens que estão sedentos de esperança. O encontro entre as gerações pode ser extremamente fecundo para gerar esperança”, observou o Papa.

“Não nos deixemos tentar pelas «profecias de desgraças», não gastemos energias a «contabilizar falências e recordar amaarguras», mantenhamos o olhar fixo no bem que «muitas vezes não faz barulho.”

Esforcemo-nos para fazer sair deste Sínodo não só um documento, que geralmente é lido por poucos e criticado por muitos, mas sobretudo propósitos pastorais concretos, capazes de realizar a tarefa do próprio Sínodo, que é fazer germinar sonhos, suscitar profecias e visões, fazer florescer a esperança, estimular confiança, faixar feridas, entrançar relações, ressuscitar uma aurora de esperança, aprender um do outro, e criar um imaginário positivo que ilumine as mentes, aqueça os corações, restitua força às mãos e inspire aos jovens – a todos os jovens, sem excluir nenhum, a uma visão de futuro repleto da alegria do Evangelho.

 

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Dois bispos chineses irão participar do Sínodo

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03 de outubro de 2018

O acordo provisório assinado pelo Vaticano e a China no dia 22 de setembro começa a dar seus primeiros frutos. Dois bispos chineses poderão participar do Sínodo dos Bispos sobre os jovens. 

Eles foram ordenados sem mandato pontifício, isto é, sem autorização do Papa, e por isso chegaram a ser automaticamente excomungados. Porém, no novo acordo provisório, o Papa Francisco reconheceu a ordenação de oito bispos chineses que estavam irregulares 
– um deles já falecido – e determinou que, daqui por diante, os novos bispos serão nomeados por ele mesmo, mas após diálogo com o governo chinês.

De base ideológica comunista, a China mantém o controle da Igreja por meio de uma associação católica oficial, ligada ao governo. Sob o Papa Bento XVI, havia um acordo informal para a nomeação de bispos, mas em 2010 o governo chinês deixou de respeitá-lo e ordenou bispos sem permissão do Papa. Desde então, iniciou-se um novo processo de diálogo para que a autoridade pontifícia fosse respeitada. 

O Cardeal Lorenzo Baldisseri, Secretário-Geral do Sínodo, afirmou que já era tradição convidar bispos chineses para as assembleias sinodais. Ainda que em situação regular, esses bispos não podiam participar. “Eles foram convidados pelo Papa e sua presença é uma consequência indireta do atual acordo”, disse o Cardeal. São eles os bispos Yang Xaoting e Guo Jincai.

 

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Papa abre o Sínodo dos jovens: que o Espírito nos dê a capacidade de sonhar

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03 de outubro de 2018

O Santo Padre presidiu esta manhã, 3, na Praça São Pedro, à solene celebração da Santa Missa por ocasião da inauguração do Sínodo dos Bispos, que se realiza no Vaticano de 3 a 28 do corrente, sobre o tema: “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”.

O Papa iniciou sua homilia com o trecho do Evangelho de São João, que diz: “O Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, lhes ensinará tudo e recordará tudo o que Eu lhes disse”.

Desta maneira tão simples, - disse o Papa - Jesus oferece aos seus discípulos a garantia de que o Espírito Santo os acompanhará em toda a sua obra missionária. O Espírito do Senhor é o primeiro a guardar e manter sempre viva e atual a memória do Mestre no coração dos discípulos e faz com que a riqueza e beleza do Evangelho sejam fonte de constante alegria e novidade. E Francisco exortou os presentes:

“No início deste momento de graça para toda a Igreja, em sintonia com a Palavra de Deus, peçamos insistentemente ao Paráclito que nos ajude a trazer à memória e reavivar as palavras do Senhor, que faziam arder o nosso coração. Memória para que possa despertar e renovar em nós a capacidade de sonhar e esperar. Os jovens serão capazes de profecia e visão, na medida em que nós, adultos ou idosos, formos capazes de sonhar, contagiar e partilhar os nossos sonhos e esperanças”.

 

Sonhos e esperanças

O Santo Padre expressou seu desejo de que “o Espírito do Senhor nos dê a graça de sermos Padres sinodais, ungidos com o dom dos “sonhos e da esperança”, para podermos ungir os jovens com o dom da profecia e da visão; possa dar-nos a graça de sermos memória atuante, viva e eficaz, que não se deixa sufocar e esmagar pelos falsos profetas, mas levar a inflamar o coração e discernir os caminhos do Espírito. E acrescentou:

“É com esta disposição de dócil escuta da voz do Espírito que viemos aqui, de todas as partes do mundo. Hoje, pela primeira vez, estão conosco também dois irmãos Bispos da China continental, a quem damos as nossas calorosas boas vindas. Com a sua presença, a comunhão de todo o Episcopado, com o Sucessor de Pedro, torna-se ainda mais visível”.

 

Dilatar os corações

Ungidos com a esperança, - disse Francisco - começamos um novo encontro eclesial, capaz de ampliar os horizontes, dilatar os corações e transformar as estruturas, que hoje nos paralisam, dividem e afastam dos jovens, deixando-os expostos às intempéries e órfãos de uma comunidade de fé que os apoie, de um horizonte de sentido e de vida. A esperança interpela-nos, destronca o conformismo e nos convida a trabalhar contra a precariedade, exclusão e violência, às quais está exposta a nossa juventude. E falando dos jovens, o Papa disse:

“Os jovens, fruto de muitas das decisões tomadas no passado, exortam-nos a cuidar do presente, com maior esforço e com eles, a lutar contra tudo aquilo que impede a sua vida de crescer com dignidade. Pedem-nos e exigem-nos uma dedicação criativa, uma dinâmica inteligente, entusiasta e cheia de esperança, e que não os deixemos sozinhos nas mãos de tantos traficantes de morte que oprimem a sua vida e obscurecem a sua visão”.

 

Sob a proteção de Maria

O dom da escuta sincera deve ser livre de preconceitos para entrarmos em comunhão com as diferentes situações do Povo de Deus, sem cairmos na tentação de certos moralismos, elitismos e de ideologias abstratas. E o Papa convidou os Padres Sinodais, dizendo:

“Irmãos, coloquemos este tempo sob a proteção materna da Virgem Maria, mulher da escuta e da memória, para que nos guie no reconhecimento dos vestígios do Espírito, a fim de que, entre sonhos e esperanças, possamos acompanhar e encorajar nossos jovens para que não cessem de profetizar”.

Neste sentido, Francisco recordou que, ao término do Concílio Vaticano II, os Padres Conciliares dedicaram a sua última mensagem aos jovens: «A Igreja, durante quatro anos, trabalhou para um rejuvenescimento do seu rosto, para melhor responder à intenção do seu fundador, Cristo, o eterno jovem... É especialmente para os jovens que a Igreja acende, neste Concílio Ecumênico, uma luz, que iluminará o futuro da juventude. A Igreja espera que a sociedade respeite a dignidade, a liberdade, o direito sobretudo dos jovens».

Francisco concluiu sua homilia exortando os Padres Sinodais e representantes da Igreja no mundo, a alargar seus corações, a escutar o apelo do Povo de Deus e a colocar suas energias a serviço da juventude:

“Lutem contra todo o egoísmo. Rejeitem dar livre arbítrio aos instintos da violência e do ódio, que geram guerras e suas consequentes misérias. Sejam generosos, puros, respeitadores, sinceros. Construam, com entusiasmo, um mundo melhor, que o dos seus antepassados. Padres sinodais, a Igreja olha para vocês com confiança e amor.”

 

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