Papa ganha uma ‘Vespa’, que será leiloada para a caridade

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09 de setembro de 2018

Participantes de um encontro de motociclistas apaixonados pela “Vespa” presentearam o Papa Francisco com uma versão personalizada. Ele encontrou no domingo, 2, um pequeno grupo que estava em Roma para a 2ª Reunião Internacional Roma Caput Vespa.

A “Vespa do Papa” é um modelo 50R original, ano 1971. Ela foi personalizada com a placa BF362918, que representa seu sobrenome, “Bergoglio”, o seu nome de Papa, “Francisco”, seu ano de nascimento, 1936, e uma das datas do encontro, dia 29 de agosto, no ano 2018.

De acordo com o Vaticano, a moto foi doada pelo Club Vespa nel Tempo, organizador do evento que reuniu cerca de 600 pessoas em Roma. Ela foi entregue à Esmolaria Apostólica – o escritório do Vaticano que coordena as obras de caridade do Papa, atualmente liderado pelo cardeal polonês Dom Konrad Krajewski. A moto será leiloada e os fundos serão revertidos a essa finalidade.

 

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Água como elemento precioso e direito humano

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06 de setembro de 2018

Por ocasião da Jornada Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, o Papa Francisco publicou uma mensagem em que defende o acesso de todos a água, um elemento “precioso” e um “direito humano”. No texto, divulgado no sábado, dia 1º, o Pontífice adota linguagem parecida com a de sua encíclica Laudato Si’ (Louvado Seja), de 2015, sobre o cuidado da “casa comum”, isto é, o planeta Terra.

Temos de reconhecer: não soubemos cuidar da criação com responsabilidade. A situação ambiental, em nível global, assim como em muitos lugares específicos, não se pode considerar satisfatória”, critica o Papa. “Desejo chamar novamente a atenção sobre a questão da água, elemento tão simples e preciso, ao qual, infelizmente, para muitos é difícil poder ter acesso, se não impossível”, diz. Já na Laudato Si’, o Papa afirmava que “o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas, e por isso é condição para o exercício dos outros direitos humanos”

Conforme a sua encíclica, “esse mundo tem uma grave dívida social para com os pobres que não têm acesso à água potável, pois isso significa negar a eles o direito à vida, radicado em sua inalienável dignidade”. Além disso, o Papa insiste que, para os cristãos, “a água representa um elemento essencial de purificação e de vida. O pensamento vai imediatamente ao Batismo, sacramento do nosso renascimento”

No mesmo sábado, o Santo Padre recebeu em audiência um grupo de empresários que participava de um congresso sobre o mesmo tema. A eles, o Papa disse que “cada um de nós tem uma responsabilidade pelos outros e pelo futuro do nosso planeta. De maneira parecida, a economia deve servir ao homem, e não se aproveitar dele ou privá-lo de seus recursos”.

A data é celebrada juntamente à Igreja Ortodoxa e a outras tradições orientais e comunidades cristãs.

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‘Famílias são a esperança da Igreja e do mundo’, diz o Papa

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31 de agosto de 2018

O Papa Francisco passou o fim de semana na Irlanda, em uma importante viagem para participar do Encontro Mundial das Famílias, em Dublin. “As famílias são a esperança da Igreja e do mundo”, exortou, em discurso na Festa das Famílias, no sábado, 25. 

Ele quis que o tema desse encontro fosse “O Evangelho da família, alegria para o mundo”. Foi a segunda vez que o Papa Francisco compareceu ao evento, que ocorre a cada três anos – o anterior foi em Filadélfia, nos Estados Unidos, em 2015. 

“Deus deseja que cada família seja um farol que irradia a alegria do seu amor no mundo. O que isso significa?”, disse. E, imediatamente, respondeu: “Significa que nós, depois de ter encontrado o amor de Deus que salva, tentamos, com ou sem palavras, manifestá-lo por meio de pequenos gestos de bondade na nossa rotina e nos momentos mais simples de nossa jornada. Isso se chama santidade.”

Nesse sentido, Francisco retomou três palavras que ele costuma apresentar como chave da vida familiar e o melhor remédio no dia a dia das famílias cristãs: por favor, obrigado e desculpe. “Perdoar quer dizer doar alguma coisa de si. Jesus nos perdoa sempre. Com a força do seu perdão, também nós podemos perdoar os outros, se quisermos de verdade”, pontuou. 

Também na missa do domingo, 26, em Dublin, ele pediu às famílias que deem testemunho no mundo do que é ser cristão: “Como é difícil perdoar aqueles que nos ferem! Que desafio é sempre aquele de acolher o migrante e o estrangeiro! Como é doloroso suportar a desilusão, a rejeição, a traição! Como é incômodo proteger os direitos dos mais frágeis, dos que ainda não nasceram e dos idosos, que parecem perturbar nosso senso de liberdade!”

 

NÃO TENHAIS MEDO

No mesmo dia, mais cedo, o Pontífice se reuniu com jovens casais na Pró-Catedral de Santa Maria. Alguns são recém-casados e outros se preparam para o matrimônio. No início da conversa, Francisco brincou: “Olhando para vocês, assim tão jovens, me pergunto: então não é verdade que os jovens não querem se casar? Obrigado! Casar-se e compartilhar a vida é uma bela coisa.”

O Papa respondeu a perguntas que haviam sido enviadas para ele com antecedência. Mais de uma vez ele recomendou aos casais que dialoguem de modo sincero e aberto. As brigas podem até ser parte disso, mas, aconselha o Papa, é sempre melhor fazer as pazes antes do fim do dia. “Caso contrário, inicia-se uma espécie de guerra fria no dia seguinte, o que é muito perigoso”, adverte.

O Santo Padre indicou, ainda, que o casal fale de “coisas boas e santas”, que rezem a Nossa Senhora e que celebrem juntos as festas cristãs.

 

INICIAR A REVOLUÇÃO DO AMOR

Às vezes, o mundo de hoje considera “impopulares” as propostas da Igreja para as famílias – disse o Papa, criticando a priorização dos interesses individuais, em detrimento da vida compartilhada e, portanto, da família. Mas, mesmo assim, continuou, “as virtudes e verdades do Senhor” devem servir como base para que se inicie uma verdadeira “revolução do amor” nas próprias famílias. 

Uma das formas de promover essa revolução, diz Francisco, é por meio do diálogo intergeracional. “Assim, o vosso amor, que é dom de Deus, criará raízes ainda mais profundas. Nenhuma família pode crescer se esquece as próprias raízes. As crianças não crescem no amor se não aprendem a se comunicar com seus avós. Então, deixem que o vosso amor crie raízes profundas”, aconselhou o Papa.
 

 

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Papa recorda viagem à Irlanda: o ideal é a família unida, não a separação!

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30 de agosto de 2018

A Praça São Pedro voltou a acolher os peregrinos para a Audiência Geral, passados os dias mais tórridos do verão.

Como faz habitualmente depois de uma viagem apostólica, o Papa Francisco dedicou sua catequese aos principais momentos de sua visita à Irlanda, realizada nos dias 25 e 26 de agosto.

O sonho de Deus

O motivo que o levou a Dublin foi o Encontro Mundial das Famílias: “A minha presença era, sobretudo, confirmar as famílias cristãs em sua vocação e missão”, disse Francisco.

O sonho de Deus para toda a família humana é a unidade, a harmonia e paz, recordou o Papa, e Ele chama as famílias a participar deste sonho, fazendo do mundo uma casa onde ninguém se sinta “sozinho, indesejado ou excluído”.

Pontos de luz

O Pontífice definiu como “pontos de luz” os testemunhos de amor conjugal oferecidos por casais de todas as idades. Foi assim na Catedral, no centro dos frades capuchinhos que acolhe casais em situação de vulnerabilidade, na vigília no estádio Dublin, em que falaram famílias que sofreram com as guerras, os vícios, inclusive tecnológicos, e foram renovadas pelo perdão. Foram ressaltados o valor da comunicação entre as gerações e o papel específico que cabe aos avós para consolidar os laços familiares e transmitir a fé.

“Hoje, é difícil dizer, parece que os avós incomodam. Nessa cultura do descarte, eles são deixados de lado. Mas eles são a sabedoria, a memória das famílias. Por favor, não descartem os avós, que sejam sempre próximos aos netos.”

Irlanda do Norte

Na programação da visita, estava prevista também uma etapa no Santuário mariano de Knock. “Ali, na capela construída no local da aparição de Nossa Senhora, confiei à sua proteção materna todas as famílias, em especial as irlandesas. Embora a minha viagem não incluísse uma visita à Irlanda do Norte, dirigi uma saudação cordial ao seu povo e encorajei o processo de reconciliação, pacificação, amizade e cooperação ecumênica.”

Dor e amargura

Mas além da alegria, a visita à Irlanda enfrentou um elemento de “dor e amargura” pelo sofrimento causado no país por várias formas de abusos na Igreja.

“O encontro com alguns sobreviventes deixou um sinal profundo; e várias vezes pedi perdão ao Senhor por esses pecados, pelo escândalo e o sentimento de traição provocado.”, disse o pontíficie.

O Papa louvou o percurso de purificação e de reconciliação empreendido pelos bispos irlandeses com aqueles que sofreram abusos, e as normas severas adotadas com a ajuda das autoridades nacionais.

Renovação

No encontro com os Bispos, o Papa pediu a eles que, com a honestidade e a coragem, inaugurem uma estação de renovação da Igreja na Irlanda.

“Na Irlanda há fé, são pessoas de fé, com grandes raízes. Mas há poucas vocações ao sacerdócio”, disse Francisco, rezando uma Ave-Maria com os fiéis na Praça para pedir a Nossa Senhora que envie “sacerdotes santos” à Irlanda.

Ideal da família

Francisco então concluiu definindo o Encontro Mundial das Famílias uma experiência profética.

“Nós esquecemos as muitas famílias que vão avante com fidelidade, pedindo perdão recíproco quando há problemas. Hoje é moda ver nas revistas, nos jornais, os casais que se divorciaram, se separaram. Por favor, isso é ruim! Eu respeito cada um, devemos respeitar todas as pessoas, mas o ideal não é o divórcio, a separação, a destruição da família, mas a família unida. Esse é o ideal!”

O Papa exortou então os fiéis a se prepararem para o próximo Encontro Mundial das Famílias, que se realizará em Roma em 2021.

Rezar pela Criação

No final da Audiência, o Pontífice saudou os estudantes do Colégio Pio Brasileiro de Roma e recordou que no próximo sábado, 1° de setembro, celebra-se o quarto Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, realizado em união com os ortodoxos e a adesão de outras comunidades cristãs.

“Na mensagem deste ano, desejo chamar a atenção para a questão da água, bem primário a ser tutelado e colocado à disposição de todos”, disse Francisco, convidando todos os fiéis a se unirem em oração pela nossa casa comum.

 

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Papa diz que países devem pensar bem antes de devolver imigrantes

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27 de agosto de 2018

A bordo do avião do Vaticano, o papa Francisco afirmou que se "deve pensar muito bem" antes devolver a outros países os imigrantes que chegam à Europa, ao assegurar que conhece as torturas que sofrem muitos deles.

Ele usou a expressão durante entrevista a bordo do avião de volta de sua viagem à Irlanda, quando foi perguntando sobre a responsabilidade da Europa no tema de imigração e o recente caso do navio militar italiano Diciotti.

O pontífice respondeu aos jornalistas que viajam com ele, entre eles a enviada da Agência EFE, que o primeiro a tramitar na imigração é "a abertura do coração", depois, "a condição da integração" e, finalmente, "a prudência de quem governa".

Traficantes

Francisco revelou, além disso, que viu um vídeo sobre o que ocorre aos homens devolvidos e voltam a cair nas mãos de traficantes. "É horroroso. As mulheres e as crianças são vendidas e os homens sofrem as torturas mais sofisticadas", lamentou. "Para mandar-lhes outra vez tem que se pensar bem, muito bem", acrescentou.

O papa destacou também o valor da integração no momento da amparada, e lembrou que os terroristas do atentado no aeroporto de Bruxelas tinham nascido no país de pais imigrantes, mas nunca tinham se integrado.
"Um povo que pode receber, mas não integrar é melhor que nem acolha e este é um ponto do diálogo na União Europeia", ressaltou.

Ao ser questionado sobre o navio Diciotti, que permaneceu sem desembarcar com 150 imigrantes a bordo, por mais de 10 dias diante da recusa do ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, Francisco comentou que a situação foi resolvida, em parte, graças à Conferência Episcopal italiana.

 

(Com informações da Agência EFE)

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Papa aos jornalistas: a fé dos irlandeses mais forte do que a chaga dos abusos

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27 de agosto de 2018

O espaço para dizer o que neste momento carrega no coração - oferecer um pensamento sobre a viagem que acaba de terminar - Francisco tira para si mesmo no final, depois de mais de 40 minutos dedicados a temas ditados pela crônica do dia e pelo interesse de seus interlocutores. A sua não é uma verdadeira resposta, porque tecnicamente não havia dúvida, mas é todavia a convicção que o Papa traz consigo depois de dois dias intensos. "Eu encontrei muita fé na Irlanda", disse aos jornalistas no voo de Dublin a Roma. Os irlandeses sofreram muito por causa dos escândalos, mas sabem distinguir, disse, "a verdade das meias-verdades", como lhe disse algumas horas antes um bispo. E se no "processo de cura em andamento" há coisas que parecem afastar da fé, essa fé permanece sólida.

"Não direi uma palavra"

As sete perguntas que precedem a resposta não solicitada de Francisco são como planetas que giram em torno do sol trágico dos abusos. O que chama a atenção dos ouvidos e faz escrever mais freneticamente no teclado do computador é a resposta que o Papa dá ao caso do dia. O segundo dia em Dublin começou com o documento do ex-núncio apostólico nos Estados Unidos, o arcebispo Carlo Maria Viganò, que chama em causa o Papa no episódio do Card. McCarrick, acusado de assédio sexual contra jovens seminaristas. Francisco é breve e convida os jornalistas a tirarem suas próprias conclusões. "Eu sinceramente digo isto: leiam com cuidado e façam o seu próprio julgamento. Não vou dizer uma palavra sobre isso. Creio que o documento fala por si ".

Um júri para cada caso

Em vez disso, fala e explica outros aspectos delicados e complexos, como a modalidade de levar ao tribunal um bispo acusado de abuso. Rejeita com delicadeza o desejo de Marie Collins - ex-membro da Pontifícia Comissão instituída para combater o fenômeno e vítima ela mesma de violências por um padre irlandês - de criar um tribunal especial, conforme indicado no Motu proprio "Como uma mãe amorosa". Na realidade, temos visto, disse Francisco, que mais do que um júri, é mais eficaz a criação de um colégio “ad hoc” para cada caso. "Funciona melhor assim", assegura o Papa, que recorda como o último a ser submetido ao tribunal foi o arcebispo de Guam e que outro procedimento está em andamento.

Falar imediatamente, nunca julgamentos sumários

Uma pergunta sobre o que "o povo de Deus" pode e deve fazer diante de atos tão perversos praticados pelos sacerdotes. Também aqui o Papa suprime a reticência e indica nas famílias feridas o primeiro obstáculo, muitas vezes, à transparência. "Quando se vê algo – afirma com força – é preciso falar imediatamente". Muitas vezes são os pais a encobrirem o abuso de um padre porque não acreditam no filho ou na filha". Por outro lado, no entanto, critica as ações dos meios de comunicação que iniciam julgamentos de rua antes que uma responsabilidade seja apurada. Francisco cita o caso do grupo de sacerdotes de Granada, cerca de dez, acusado de pedofilia por um jovem empregado em um colégio, que escrevera ao Papa que tinha sido vítima de violências. Bem, o cadafalso da humilhação sofrido por alguns desses padres se revelou a injustiça mais cruel porque depois a justiça comum os considerou inocentes. Assim, é o convite do Papa aos jornalistas, "seu trabalho é delicado", vocês devem dizer as coisas "mas sempre com a presunção de inocência e não com a presunção de culpa".

Quem ignora não é um verdadeiro pai

Palavras de grande estima Francisco reserva à ministra irlandesa que lhe falou sobre o dramático caso do orfanato de religiosas irlandesas em Tuam. Objeto de uma investigação pelas autoridades que configura o orfanato como local de abusos e horrores repetidos nas décadas passadas, o Papa disse que aguarda o resultado final da atividade de investigação também para verificar as responsabilidades da Igreja. De qualquer forma, o apreço do Papa é todo pelo "equilíbrio" e pela "dignidade" com que a representante do governo irlandês lhe informou sobre o assunto. Ainda sobre o assunto da Irlanda, uma pergunta a Francisco sobre o que ele diria a um pai cujos filhos se confessem ser homossexuais. “Eu diria a ele: rezar, não condenar, dialogar, entender, abrir espaço ao filho à filha", porque "ignorar é uma falta de" paternidade e maternidade.

O caso do navio "Diciotti"

Uma das primeiras questões a serem abordadas na coletiva de imprensa foi a da imigração. A pergunta teve início com a feliz conclusão do episódio do navio italiano " Diciotti", que desembarcou em Messina  mais de cem migrantes após cerca de dez dias sem a possibilidade de atracar. "Há sua mão neste caso?", pergunta ao Papa o jornalista, e Francisco responde que não, ele diretamente não, mas é obra do "bom padre Aldo Buonaiuto, da Fundação João XXIII, mas também da CEI, (Conferência Episcopal Italiana) com o cardeal Bassetti. Recorda o critério de prudência que deve guiar um país no acolhimento dos imigrantes, mas acima de tudo Francisco chama a atenção para o valor da integração. Pode mudar uma vida, disse, como a da estudante que ele trouxe da ilha de Lesbo e recentemente encontrada na Universidade. Isso para  arrancar dos traficantes o comércio de carne humana e dar dignidade àqueles que buscam uma nova vida.

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Abusos na Igreja: a carta do Papa aos fiéis

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20 de agosto de 2018

«Um membro sofre? Todos os outros membros sofrem com ele» (1 Co 12, 26). O Papa Francisco se inspirou nas palavras do Apóstolo Paulo para divulgar esta segunda-feira, 20, uma carta a todo o Povo de Deus a respeito de denúncias de abusos cometidos por parte de clérigos e pessoas consagradas.  

Este crime, afirma o Pontífice, “gera profundas feridas de dor e impotência” nas vítimas, em suas famílias e na inteira comunidade de fiéis ou não.

“A dor das vítimas e das suas famílias é também a nossa dor, por isso é preciso reafirmar mais uma vez o nosso compromisso em garantir a proteção de menores e de adultos em situações de vulnerabilidade.”

 

Pensilvânia

Francisco cita de modo especial o relatório divulgado nos dias passados sobre os casos cometidos no Estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos.

"Sentimos vergonha quando percebemos que o nosso estilo de vida contradisse e contradiz aquilo que proclamamos com a nossa voz”, escreve o Papa. Ele fala ainda de negligência, abandono e arrependimento e cita as palavras do então Cardeal Ratzinger quando, na Via-Sacra de 2005, denunciou a “sujeira” que há na Igreja.

Para o Pontífice, a dimensão e a gravidade dos acontecimentos obrigam a assumir esse fato de maneira global e comunitária.

 

Solidariedade

Não é suficiente tomar conhecimento do que aconteceu, mas como Povo de Deus, “somos desafiados a assumir a dor de nossos irmãos feridos na sua carne e no seu espírito. Se no passado a omissão pôde tornar-se uma forma de resposta, hoje queremos que seja a solidariedade”.

O Papa explica o que entende por solidariedade: proteger e resgatar as vítimas da sua dor; denunciar tudo o que possa comprometer a integridade de qualquer pessoa; lutar contra todas as formas de corrupção, especialmente a espiritual.

“O chamado de Paulo para sofrer com quem sofre é o melhor antídoto contra qualquer tentativa de continuar reproduzindo entre nós as palavras de Caim: «Sou, porventura, o guardião do meu irmão?» (Gn 4, 9).”

 

Reconhecimento aos esforços

Francisco reconhece “o esforço e o trabalho que são feitos em diferentes partes do mundo para garantir e gerar as mediações necessárias que proporcionem segurança e protejam a integridade de crianças e de adultos em situação de vulnerabilidade, bem como a implementação da ‘tolerância zero’ e de modos de prestar contas por parte de todos aqueles que realizem ou acobertem esses crimes”.

O Papa reconhece ainda o atraso em aplicar essas medidas e sanções tão necessárias, mas está confiante de que elas ajudarão a garantir uma maior cultura do cuidado no presente e no futuro.

 

Oração e penitência

O Pontífice faz também um convite a todos os fiéis: oração e penitência.

“Convido todo o Povo Santo fiel de Deus ao exercício penitencial da oração e do jejum, seguindo o mandato do Senhor, que desperte a nossa consciência, a nossa solidariedade e o compromisso com uma cultura do cuidado e o ‘nunca mais’ a qualquer tipo e forma de abuso. ”

Na raiz desses problemas, Francisco observa um modo anômalo de entender a autoridade na Igreja: clericalismo.

Favorecido tanto pelos próprios sacerdotes como pelos leigos, o clericalismo “gera uma ruptura no corpo eclesial que beneficia e ajuda a perpetuar muitos dos males que denunciamos hoje. Dizer não ao abuso, é dizer energicamente não a qualquer forma de clericalismo”.

Além da oração e do jejum, o Papa chama em causa o sentimento de pertença: “Essa consciência de nos sentirmos parte de um povo e de uma história comum nos permitirá reconhecer nossos pecados e erros do passado com uma abertura penitencial capaz de se deixar renovar a partir de dentro”.

 

Atrocidades

Por fim, Francisco usa a palavra “atrocidade”.

“É imperativo que nós, como Igreja, possamos reconhecer e condenar, com dor e vergonha, as atrocidades cometidas por pessoas consagradas, clérigos, e inclusive por todos aqueles que tinham a missão de assistir e cuidar dos mais vulneráveis. Peçamos perdão pelos pecados, nossos e dos outros.”

E através da atitude de oração e penitência, fazer crescer em nós o dom da compaixão, da justiça, da prevenção e da reparação.

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A preparação para o Sínodo 2018 sobre os jovens e o discernimento vocacional

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13 de agosto de 2018

De 3 a 28 de outubro, os jovens vão estar no centro das atenções do Vaticano. Neste período, o papa Francisco e os bispos do mundo todo estarão reunidos na 15ª assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, que terá como tema ‘Os jovens, a fé e o discernimento vocacional’.

O sínodo quer ser uma resposta ou uma motivação para que os jovens continuem em pé. Para que os jovens tenham a coragem do Profeta Jeremias, que escutou a voz de Deus: “Não tenhas medo […] pois estou contigo para defender-te” (Jr 1,8). Além disso, o sínodo quer motivar os bispos a olharem com carinho para a juventude da Igreja.

A preparação para este encontro segue a todo vapor. O bispo de Imperatriz (MA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, dom Vilsom Basso, esteve reunido, de 6 a 10 de agosto, em Bogotá ao lado de todos os bispos que foram convocados pelo papa Francisco para o Sínodo em Roma.

Em junho, o Vaticano divulgou Instrumentum Laboris documento que vai nortear o trabalho dos bispos reúne é o momento de convergência da escuta de todos os componentes da Igreja e também de vozes que não pertencem a ela. Estruturado em três partes – reconhecer, interpretar e escolher – o Documento busca oferecer as chaves de leitura da realidade juvenil, baseando-se em diferentes fontes, entre as quais um Questionário on line que reuniu as respostas de mais de 100 mil jovens.

O assessor da comissão para Juventude, padre Antônio Ramos do Prado, mais conhecido como Toninho, diz que os jovens e toda Igreja receberão luzes e pistas de ação para evangelizar as juventudes em contexto de mudança de época e de uma sociedade que muda rapidamente. “Os jovens poderão esperar uma aproximação maior da Igreja. Só o fato do papa convocar um Sínodo sobre juventude e escuta-los presencialmente já é uma bela atitude de uma Igreja Jovem”.

“A Igreja, também através deste Sínodo, é chamada a dirigir uma atenção específica aos jovens que são vítimas de injustiça e exploração, através de uma atuação fundamental de reconhecimento: a abertura de espaços em que possam exprimir-se e, sobretudo, encontrar escuta”, pode ler-se no ‘Instrumentum Laboris’.

Segundo o padre Toninho, a comunicação é um dos temas que a Igreja precisa dar voz e vez aos jovens. “ Chamar os jovens para participar de todos os espaços eclesiais nas pequenas e grandes comunidades. Deixar os jovens contribuírem em especial no campo da comunicação aonde os jovens dominam com categoria”.

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Beato Paulo VI, grande Papa da modernidade

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09 de agosto de 2018

O Papa Francisco visitou o túmulo do Beato Paulo VI, na segunda-feira, 6, recordando os 40 anos da morte de seu predecessor. Também durante a oração do Ângelus, no domingo, 5, chamou Paulo VI de “grande papa da modernidade”. Os cerca de 20 mil fiéis presentes aplaudiram, junto ao Pontífice. “À espera de sua canonização, em 14 de outubro, que ele interceda do céu pela Igreja, que tanto amou, e pela paz no mundo”, disse Francisco.

Em artigo publicado no jornal do Vaticano, L’Osservatore Romano, o Arcebispo Emérito de Pamplona e Tudela, Cardeal Fernando Sebastián Aguilar, explicou que o Papa Montini foi o primeiro Papa moderno. “Sem diminuir nenhum outro. Ele era um homem da nova era, entendia que a Igreja devia superar a época dos conflitos e das condenações, o tempo das lamentações e das reivindicações”, escreveu o Cardeal. “Paulo VI soube ver nas aspirações do mundo contemporâneo, mais de uma vez em contraste com a Igreja, a mão e os planos de Deus. Na cansativa e dolorosa aventura da humanidade, Paulo VI descobria as marcas de Deus e o sopro do Espírito Santo.”

 

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Francisco muda texto do Catecismo: pena de morte é ‘inadmissível’

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09 de agosto de 2018

Em decisão histórica, o Papa Francisco decretou uma revisão no texto do Catecismo que explica o ensinamento da Igreja sobre a pena de morte: a partir de agora, a punição capital é considerada “inadmissível” em qualquer caso. Até então, admitia-se a pena de morte em algumas situações, quando não houvesse outra saída possível para defender a sociedade de um agressor perigoso. Entretanto, desde o pontificado de São João Paulo II, a doutrina já vinha evoluindo rumo a uma maior rigidez, contrária à pena de morte. 

O chamado “Reescrito” do Papa foi apresentado, no dia 2, pelo Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o Cardeal Francisco Ladaria. O novo texto afeta exclusivamente o número 2.267 do Catecismo. Ele agora diz que “a Igreja ensina, à luz do Evangelho, que a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e dignidade da pessoa, e empenha-se com determinação a favor da sua abolição em todo o mundo.” 

O texto precedente do Catecismo dizia que “a doutrina tradicional da Igreja, desde que não haja a mínima dúvida acerca da identidade e da responsabilidade do culpado, não exclui o recurso à pena de morte, se for esta a única solução possível para defender eficazmente vidas humanas de um injusto agressor.” No contexto anterior, a pena de morte não era recomendada, mas tampouco completamente condenada pela doutrina da Igreja.
 

ATUALIZAÇÃO DO MAGISTÉRIO

O novo artigo do Catecismo também afirma que “hoje vai-se tornando cada vez mais viva a consciência de que a dignidade da pessoa não se perde, mesmo depois de ter cometido crimes gravíssimos”. Sobre isso, o Cardeal Ladaria enviou carta a todos os bispos do mundo, justificando que já os papas São João Paulo II e Bento XVI vinham fortalecendo a visão de que a Igreja não admite a pena de morte.

Em 1995, São João Paulo II escreveu na Encíclica Evangelium Vitae que “nem sequer o homicida perde a sua dignidade pessoal e o próprio Deus se constitui seu garante”.

O Cardeal Ladaria acrescentou que “a compreensão aprofundada do sentido das sanções penais aplicadas pelo Estado e o desenvolvimento dos sistemas de detenção mais eficazes que garantem a indispensável defesa dos cidadãos, contribuíram para uma nova compreensão que reconhece a inadmissibilidade da pena de morte e, portanto, apela à sua abolição”. 

Também o Papa Bento XVI, em 2011, chamou a atenção dos responsáveis da sociedade “para a necessidade de fazer todo o possível a fim de se chegar à eliminação da pena capital”. Naquele ano, ele pediu que as autoridades civis e a sociedade como um todo encontrassem formas de eliminar definitivamente a pena capital. 

Conforme escreveu Dom Ladaria, “tudo isso mostra que a nova formulação do n. 2267 do Catecismo expressa um autêntico desenvolvimento da doutrina, que não está em contradição com os ensinamentos anteriores do Magistério”.

 

53 PAÍSES AINDA REALIZAM A PENA DE MORTE

Entre eles, Estados Unidos, Japão, China, Cuba, Arábia Saudita, Egito, Coreia do Norte, Afeganistão, Iraque, Líbia, Irã, Taiwan, e Nigéria. De acordo com a Anistia Internacional, pelo menos 993 pessoas foram executadas no ano de 2017, em 23 países. Porém, como muitos casos não são registrados pelos governos não democráticos, o número de mortos é, provavelmente, ainda maior.

 

 

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