Ajuda humanitária a Moçambique, Malawi e Zimbábue

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28 de março de 2019

O Papa Francisco doou 150 mil euros (R$ 660 mil) a Moçambique, Zimbábue e Malawi, três países africanos duramente atingidos pelo ciclone Idai. Regiões foram devastadas e o número de mortos pode chegar aos milhares. Há pelo menos 1 milhão de pessoas desabrigadas, feridas ou que passam fome.

De acordo com o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, por meio do qual foi enviada a doação, a cidade de Beira, em Moçambique, foi arrasada pelo ciclone, que comprometeu redes hídricas, elétricas e sanitárias.

O Papa expressou sua dor e “confia as vítimas e famílias à misericórdia de Deus”. Diversas instituições da Igreja precisam de dinheiro para a reconstrução dos lugares, entre elas a Cáritas e a Fazenda da Esperança, que recebem doações em seus sites ou por depósitos bancários.

 

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Papa assina carta para os jovens: ‘Cristo vive’

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28 de março de 2019

Em visita ao Santuário Mariano de Loreto, na Itália, o Papa Francisco assinou um documento dedicado especialmente aos jovens. Christus vivit, em Latim, ou “Cristo vive”, em Português, é uma exortação apostólica póssinodal na forma de uma carta aos jovens de hoje.

Embora tenha sido assinado na segunda-feira, 25, o documento só será publicado em 2 de abril. É a data do aniversário de morte de São João Paulo II, escolha proposital que, segundo o porta-voz do Vaticano, Alessandro Gisotti, demonstra o importante laço entre dois pontífices muito amados pela juventude.

 

NOS PASSOS DO SÍNODO

A exortação é o principal resultado documental da reflexão do Sínodo dos Bispos sobre o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. A assembleia geral foi realizada em outubro de 2018, mas o debate começou ao menos um ano antes.

Esse também foi o primeiro Sínodo que incluiu uma reunião pré-sinodal, na qual 300 jovens foram a Roma e deixaram um documento que serviu de base para o Sínodo. Agora, espera-se que cada igreja particular – dioceses, paróquias, movimentos – também leve o tema da juventude ao centro dos encontros e aplique os resultados do Sínodo.

O Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida já está organizando um evento pós-sinodal: uma conferência a ser realizada em junho deste ano, na Itália, reunindo jovens indicados pelos bispos de vários países, visando a concretizar as diretrizes do Sínodo.

 

NAS MÃOS DE MARIA

Francisco escolheu assinar o texto em Loreto (foto) e colocar nas mãos de Maria os jovens do mundo inteiro. No famoso santuário italiano, há uma chamada “casa de Maria”, venerada por muitos fiéis como residência da Virgem. Segundo uma tradição popular local, a casa de Maria foi levada pelos anjos da Terra Santa até a Itália.

Nesse local, disse o Papa, vê-se claramente que Maria continua a falar para todas as gerações, acompanhando cada um na busca da própria vocação. “Por isso, eu quis assinar aqui a exortação apostólica, fruto do Sínodo dedicado aos jovens”, mencionou durante a missa.

 

LEVAR O EVANGELHO A TODOS

“No evento da Anunciação, aparece a dinâmica da vocação expressa nos três momentos que marcaram o Sínodo: escuta da Palavra-projeto de Deus; discernimento; e decisão”, disse. A “casa de Maria”, continuou, também é casa das famílias e dos doentes.

“Deus, por meio de Maria, confia- -nos uma missão neste tempo: levar o Evangelho da paz e da vida aos nossos contemporâneos, frequentemente distraídos, atraídos por interesses terrenos ou imersos em um clima de aridez espiritual”, afirmou o Papa.

“Precisamos de pessoas simples, sábias, humildes e corajosas, pobres e generosas”, como Maria, “que acolham o Evangelho sem reservas na própria vida”, completou.

 

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Papa e Grande Imã fazem compromisso de fraternidade

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07 de fevereiro de 2019

Um documento assinado pelo Papa Francisco e pelo Grande Imã de Al-Azhar, Ahmed Muhammad Ahmed el-Tayeb, convida todas as pessoas de fé a se unirem na “fraternidade humana” e a trabalharem juntos pela paz e pela convivência comum.

“É um passo de grande importância no diálogo entre cristãos e muçulmanos e um poderoso sinal de paz e de esperança para o futuro da humanidade”, disse o porta-voz do Vaticano, Alessandro Gisotti. O texto é, ainda, “um apelo a responder ao mal com o bem, reforçar o diálogo inter-religioso e promover o respeito recíproco”

A declaração conjunta foi assinada durante a viagem de dois dias do Papa Francisco aos Emirados Árabes Unidos, na segunda-feira, 4. Esta é a primeira visita de um Pontífice à Península Arábica na história. O objetivo é, sobretudo, reforçar os laços de irmandade entre as duas religiões e trilhar caminhos de paz e reconciliação. A viagem inclui a maior missa da história do país, na terça-feira, 5.

O primeiro parágrafo do documento diz que “a fé leva aquele que crê a ver no outro um irmão a apoiar e amar”. Portanto, por crer em um Deus criador de todas as coisas, aquele que crê é chamado a demonstrar a “irmandade humana”, cuidando da Criação e de toda pessoa, “especialmente as mais necessitadas e pobres”

“Pedimos a nós mesmos e aos líderes do mundo, aos artífices da política internacional e da economia mundial, que se empenhem seriamente para difundir a cultura da tolerância, da convivência e da paz”, escrevem os dois líderes religiosos. “Intervenham, o quanto antes possível, para interromper o derramamento de sangue inocente, e ponham fim às guerras, aos conflitos, à degradação ambiental e ao declínio cultural e moral que o mundo atual vive.”

Em nota à imprensa, o porta-voz do Vaticano acrescentou: “Com palavras inequívocas, o Papa e o Grande Imã advertem que ninguém está jamais autorizado a instrumentalizar o nome de Deus para justificar a guerra, o terrorismo e qualquer outra forma de violência. Eles insistem que a vida deve sempre ser protegida”, diz Gisotti.

 

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Papa Francisco chegou ao Panamá

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24 de janeiro de 2019

A espera terminou. O Panamá está em festa com a chegada do Papa Francisco. Momento esperado pelos panamenhos e por milhares de jovens provenientes de todas as partes do mundo, reunidos para participar da Jornada Mundial da Juventude.

O sorriso é o primeiro presente do Papa Francisco ao Panamá. Depois de quase 13 horas de voo, o Papa desceu do avião acolhido pelo calor de dois mil jovens - a juventude do papa, como gostam de cantar em coro - e um vento quente que acariciou o seu rosto. O abraço do país está nas cores das bandeiras, em numa faixa que sublinha como o Panamá está pronto para receber Francisco com alegria.

O Papa Francisco chegou ao Panamá para a sua vigésima sexta viagem internacional. O avião papal pousou no aeroporto internacional de Tocumen, onde o Pontífice foi acolhido pelo Presidente da República Juan Carlos Varela, por todos os bispos do Panamá. Duas crianças, em hábitos tradicionais, ofereceram flores a Francisco. Um momento de festa sem discursos oficiais, somente os hinos oficiais do Vaticano e do Panamá.

Deixando o aeroporto, o Papa se dirigiu para a Nunciatura Apostólica do Panamá, percorrendo cerca de 28 Km. Nestes dias de permanência em terras panamenhas o Papa será hóspede da Nunciatura. Milhares de pessoas ao longo das avenidas para saudar o Santo Padre.

O primeiro compromisso de Francisco nesta quinta-feira será no palácio presidencial, por ocasião da visita de cortesia ao presidente da República, onde fará o seu primeiro discurso. Ainda o encontro com os bispos e a cerimônia oficial de abertura da Jornada Mundial da Juventude.

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Papa diz que devemos insistir na oração, Deus atende sempre

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09 de janeiro de 2019

“Podemos estar certos de que Deus responderá. Talvez tenhamos que insistir por toda a vida, mas Ele responderá.”

Dando sequência à sua série de catequeses sobre o Pai Nosso, o Papa falou na Audiência Geral desta quarta-feira sobre a oração perseverante, inspirando-se na passagem de São Lucas 11, 9-13: “Batei e vos será aberto”.

Dirigindo-se aos 7 mil peregrinos presentes na Sala Paulo VI, Francisco começa recordando  que o evangelista descreve “a figura de Cristo em uma atmosfera densa de oração. Nele estão contidos os três hinos que marcam ao longo do dia a oração da Igreja: o Benedictus, o Magnificat e o Nunc dimittis”.

“Jesus é sobretudo um orante ”

“Na catequese sobre o Pai Nosso vemos Jesus como orante. Jesus reza", enfatiza o Pontífice. Cada passo na sua vida “é como que movido pelo sopro do Espírito que o guia em todas as suas ações”. E o Papa recorda a Transfiguração, o batismo no Jordão, a intercessão por Pedro. Nas decisões mais importantes – observa -  Jesus “retira-se frequentemente para a solidão, para rezar. Até a morte do Messias está mergulhada em um clima de oração, tanto que as horas da Paixão parecem marcadas por uma calma surpreendente.”

Jesus consola as mulheres, reza pelos que o crucificam, promete o Paraíso ao bom ladrão, expira dizendo: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”:

"A oração de Jesus parece abranda as emoções mais violentas, os desejos de vingança, reconcilia o homem com seu mais amargo inimigo: a morte ”

 

Dirigir-se a Deus como Pai

É no Evangelho de Lucas – chama a atenção o Papa – que um de seus discípulos pede que o próprio Jesus os ensine a rezar (...). Também nós podemos dizer isto ao Senhor: ensina-me a rezar, para que também eu possa rezar".

E deste pedido dos discípulos – explica – “nasce um ensinamento bastante extenso, através do qual Jesus explica aos seus com que palavras e com que sentimentos devem dirigir-se a Deus”. E “a primeira parte deste ensinamento é justamente a oração ao Pai (...). O cristão dirige-se a Deus chamando-o antes de tudo de 'Pai'". Nós podemos estar em oração "somente com esta palavra, Pai, e sentir que temos um Pai, não um patrão, nem um padrinho, mas um pai".

Mas neste ensinamento que Jesus dá aos seus discípulos – prossegue Francisco - é interessante insistir em algumas instruções que coroam o texto da oração. Para dar confiança à oração, Jesus explica algumas coisas: “Elas insistem nas atitudes do crente que reza”.

E ilustra isso com “a parábola do amigo inoportuno que vai perturbar toda uma família que dorme, porque de forma inesperada uma pessoa chegou de uma viagem e não tem pão para oferecer a ela. Jesus explica que se ele não se levantar para dar o pão porque é seu amigo, ao menos se levantará por causa da importunação.  "Com isto, Jesus quer ensinar a rezar, a insistir na oração".  E ilustra também com “o exemplo de um pai que tem um filho faminto: "Qual pai entre vós - pergunta Jesus - se o filho lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra em vez de peixe?".

 

A oração sempre transforma a realidade

Com estas parábolas – diz o Papa – Jesus faz entender que Deus responde sempre, que nenhuma oração fica sem ser ouvida, “que Ele é Pai e não esquece seus filhos que sofrem”:

Certamente, essas afirmações nos colocam em crise, porque muitas das nossas orações parecem não ter resultado algum. Quantas vezes pedimos e não obtemos -  todos temos experiência disto - batemos e encontramos uma porta fechada? Jesus recomenda a nós, nesses momentos, para insistir e a não nos darmos por vencidos. A oração sempre transforma a realidade, a oração sempre transforma, sempre, transforma a realidade: se não mudam as coisas à nossa volta, pelo menos muda a nós, muda o nosso coração. Jesus prometeu o dom do Espírito Santo a todo homem e mulher que reza”.

 

Perseverar na oração, Deus responde sempre

“Podemos estar certos – diz o Francisco -  de que Deus responderá. A única incerteza – ressalta - é devida aos tempos, mas não duvidamos que Ele responderá”:

“Talvez tenhamos que insistir por toda a vida, mas Ele responderá. Ele o prometeu: Ele não é como um pai que dá uma serpente em vez de um peixe. Não há nada de mais certo: o desejo de felicidade que todos nós trazemos no coração, um dia se cumprirá. Jesus diz: "Não fará Deus justiça aos seus eleitos, que clamam dia e noite a ele?" Sim, fará justiça, nos escutará.  Que dia de glória e ressurreição será!”

“ Rezar é desde agora a vitória sobre a solidão e o desespero ”

"É como ver cada fragmento da criação que fervilha no torpor de uma história que às vezes não entendemos  o por quê. Mas está em movimento, no caminho, e no final de cada estrada, da coração, de um tempo que estamos rezando, ao fim da vida, há um Pai que espera por tudo e todos com os braços bem abertos. Olhemos para este Pai”.

 

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Papa aos diplomatas: nacionalismos não prevaleçam sobre a justiça e o direito

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08 de janeiro de 2019

Realizou-se na manhã desta segunda-feira, 07, uma das audiências mais importantes no Vaticano: o Papa Francisco recebeu os membros do corpo diplomático acreditado junto à Santa Sé para as felicitações de ano novo.

Como é tradição, em seu discurso o Pontífice faz uma análise da conjuntura internacional, com considerações sobre acontecimentos passados e desafios no futuro próximo.

 

Diplomacia

Esta também é a ocasião em que o Papa cita os acordos estipulados com a Santa Sé no decorrer do último ano e os países visitados recentemente e a serem visitados nos próximos meses: Panamá, Marrocos e Emirados Árabes Unidos.

“A Santa Sé não pretende imiscuir-se na vida dos Estados, mas aspira a ser uma ouvinte solícita e sensível das problemáticas que dizem respeito à humanidade, com o propósito sincero e humilde de se colocar ao serviço do bem de todo o ser humano”, afirmou Francisco, reforçando a tradição diplomática da Santa Sé.

De fato, a Santa Sé mantém relações com 183 Estados, além da União Europeia e da Soberana Militar Ordem de Malta.

“Premissa indispensável para o sucesso da diplomacia multilateral são a boa vontade e a boa-fé dos interlocutores”, declarou o Pontífice, manifestando sua preocupação com o ressurgimento de tendências nacionalistas, com a busca de soluções unilaterais e a opressão do mais fraco pelo mais forte. A globalização deve ser uma oportunidade de desenvolvimento e não desencadear novas formas de colonização.

“A paz não é jamais um bem de parte, mas abraça todo o gênero humano”, recordou o Papa, sendo o respeito pela dignidade de cada ser humano o fundamento para toda a convivência realmente pacífica.

Para Francisco, o bom político não deve ocupar espaços, mas iniciar processos.

 

A defesa dos mais fracos

O Papa manifestou sua preocupação com alguns temas e países, como por exemplo a “amada Nicarágua, cuja situação acompanho de perto com esperança”.

Ainda na América Latina, o Pontífice mencionou a Venezuela e agradeceu o acolhimento de migrantes por parte da Colômbia.

Entre as pessoas sem voz do nosso tempo, Francisco lembrou as vítimas de guerras em curso, especialmente na Síria e em alguns países africanos, como Mali, Níger e Nigéria. Iêmen e Iraque também foram citados.

No Oriente Médio, o Santo Padre falou da importância da presença dos cristãos e da tensão persistente entre israelenses e palestinos.

A dificuldade que a comunidade internacional tem tido em lidar com o fenômeno migratório também fez parte do discurso do Papa.

“ Mais uma vez desejo chamar a atenção dos governos para todos aqueles que tiveram de emigrar por causa do flagelo da pobreza, de todo o gênero de violência e perseguição, bem como das catástrofes naturais e das perturbações climáticas, pedindo que se facilitem as medidas que permitam a sua integração social nos países de acolhimento. ”

Diante da tendência da Europa e da América do Norte de fechar as fronteiras, Francisco recordou: “Todo ser humano anseia por uma vida melhor e mais feliz e não se pode resolver o desafio da migração com a lógica da violência e do descarte nem com soluções parciais”.

O Papa citou a importância da aprovação dos dois Pactos Globais sobre Refugiados e sobre a Migração segura, ordenada e regular, não obstante existam ressalvas quanto a certas terminologias adotadas.

 

Infância e juventude

Os jovens e as crianças não ficaram de fora do discurso do Papa. De modo especial, ele recordou este ano o trigésimo aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança.

Nesta circunstância, Francisco falou dos abusos contra os menores, que “constituem um dos mais vis e nefastos crimes possíveis”, cometidos também por vários membros do clero.

“A Santa Sé e toda a Igreja estão se esforçando por combater e prevenir tais delitos e o seu encobrimento, acertar a verdade dos fatos em que estão envolvidos clérigos e fazer justiça aos menores que sofreram violências sexuais, agravadas por abusos de poder e de consciência”, reiterou o Pontífice, recordando o encontro em fevereiro próximo com os Episcopados de todo o mundo.

 

Mulheres

A violência contra a mulher também foi condenada pelo Santo Padre.

“É urgente descobrir formas de relações justas e equilibradas, defendeu Francisco, sem desnaturar, porém, “o próprio ser homem ou mulher”.

A discriminação das mulheres no trabalho também deve ser combatida. E por falar em trabalho, o Pontífice falou das condições laborais que muitas vezes levam a uma forma moderna de escravidão, onde inclusive crianças são manipuladas.

 

Construtores da paz

Em meio a preocupações, há iniciativas e acordos a serem louvados, como no caso da Ucrânia, da península coreana, do Sudão do Sul, da Etiópia e da Eritreia.

À África, em especial, o Pontífice dedicou um inteiro parágrafo para ressaltar o “potencial dinamismo positivo” do continente, que nos últimos tempos tem implementado iniciativas de inclusão e desenvolvimento.

 

Repensar o nosso destino comum

Por fim, o Papa recordou um traço da diplomacia multilateral: o futuro.

Neste contexto, Francisco falou de dois temas em particular: a corrida armamentista e o meio ambiente.

“Infelizmente, pesa constatar que o mercado das armas não só não parece sofrer interrupção, mas ao contrário existe uma tendência cada vez mais difusa para se armar por parte tanto dos indivíduos como dos Estados.”

 

Amazônia

Quanto à preservação do meio ambiente, o Santo Padre recordou que “a Terra é de todos e as consequências da sua exploração recaem sobre toda a população mundial, com efeitos mais dramáticos em algumas regiões”.

Entre essas regiões, Francisco mencionou a Amazônia, que estará no centro da próxima Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos, prevista para o mês de outubro no Vaticano.

“Apesar de tratar principalmente dos caminhos da evangelização para o povo de Deus, não deixará também de enfrentar as problemáticas ambientais em estreita relação com as consequências sociais.”

O longo e articulado discurso do Papa se concluiu com a tónica adotada em todo o pronunciamento: de que a comunidade das nações é um elemento em construção, baseada não somente na amizade e na confiança, mas também na justiça e no direito, tendo em vista a paz e o bem integral da pessoa humana.

“Para todos vós, prezados Embaixadores e ilustres Hóspedes aqui reunidos, e para os vossos países, formulo cordiais votos de que o novo ano permita reforçar os vínculos de amizade que nos ligam e trabalhar para construir a paz a que o mundo aspira.”

 

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‘Eis-me aqui’ é a chave da vida cristã, diz Papa Francisco na Solenidade da Imaculada Conceição

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13 de dezembro de 2018

Enquanto o homem se afastava de Deus por causa do pecado, Nossa Senhora respondia “Eis-me aqui”. Assim refletiu o Papa Francisco na Solenidade da Imaculada Conceição. “É a palavra-chave da vida. Sinaliza a passagem de uma vida horizontal, centralizada em si mesmo e nas próprias necessidades, a uma vida vertical, lançada na direção de Deus”, disse o Pontífice, na oração do Ângelus. Na Itália e no Vaticano, a Imaculada Conceição é celebrada com um feriado em 8 de dezembro.

“‘Eis-me aqui’ é ser disponível ao Senhor, é a cura para o egoísmo, é o antídoto para uma vida insatisfeita, à qual falta sempre alguma coisa”, completou. “‘Eis-me aqui’ é um remédio contra o envelhecimento do pecado, é a terapia para permanecer jovem por dentro. ‘Eis-me aqui’ é crer que Deus conta mais do meu eu. É escolher apostar no Senhor, dócil às suas surpresas.” 

Na mesma reflexão, o Papa disse que repetir as palavras de Nossa Senhora é o louvor maior que se pode oferecer a Deus. “Por que não iniciar assim os dias, com um ‘Eis-me aqui, Senhor’?” Francisco acrescentou que Maria não impõe limites a Deus e tampouco diz “por favor, faça a minha vontade”. Pelo contrário, ela confia integralmente e “vive confiando em Deus em tudo e por tudo”. 

Tradicionalmente, o Papa visita a imagem da Imaculada Conceição na Piazza di Spagna, no centro de Roma, e deposita uma coroa de flores. Ele também visitou a Basílica de Santa Maria Maior, onde está o ícone da Salus Populi Romani (“Salvação do Povo Romano”). 

“Mãe Imaculada, no dia da sua festa, tão querida para o povo cristão, eu venho te prestar homenagem no coração de Roma. No meu coração trago os fiéis desta Igreja e todos aqueles que vivem nesta cidade, especialmente os doentes e aqueles que, por situações diferentes, têm mais dificuldades para seguir em frente”, rezou diante da imagem da Imaculada. 

Além disso, pela primeira vez na história, um pontífice visitou a redação de um jornal. Papa Francisco ficou alguns instantes na sede do diário italiano Il Messaggero, onde agradeceu os dirigentes e os funcionários pelo trabalho que realizam, abençoando-os.

 

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Presidência da CNBB visita o Papa Francisco no Vaticano

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06 de dezembro de 2018

O Papa Francisco recebeu em audiência privada na segunda-feira, 3, a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). O grupo é composto pelo Presidente, Cardeal Sergio da Rocha, Arcebispo de Brasília; pelo Vice-Presidente, Dom Murilo Krieger, Arcebispo de São Salvador da Bahia; e pelo Secretário-Geral, Dom Leonardo Ulrich Steiner, Bispo Auxiliar de Brasília. 

De acordo com Dom Sergio, já é uma tradição que a presidência da CNBB visite o Papa pelo menos uma vez por ano. “É uma grande graça, muito especial, encontrar-nos com o sucessor de Pedro”, disse ele em entrevista ao Vatican News, explicando que o Papa Francisco os recebe de forma especialmente afetuosa, pelo carinho que tem pelo povo brasileiro. “Isso nos anima muito. Procuramos vir uma vez ao ano, pelo menos para ter contato com alguns dicastérios da Cúria Romana, para expressar e reforçar sempre mais a comunhão com a Sé Apostólica.”

O Cardeal disse, ainda, que a visita foi uma oportunidade de demonstrar apoio ao Santo Padre, em um momento em que encontra forte resistência por parte de alguns grupos. “[É preciso] fazer chegar a nossa oração, carinho, apoio do episcopado brasileiro. Ele sempre testemunha serenidade, força para superar as mais diferentes situações, apoiado pela graça de Deus”, comentou. 

De acordo com Dom Murilo, o Papa estava bem disposto e tranquilo durante o encontro. “O que admiro nele é a capacidade de escutar. Ele quer saber o que estamos vivenciando, quais desafios a Igreja está vivendo no Brasil. Ele nos deixa muito à vontade. É um irmão mais velho entre os irmãos. É uma conversa entre amigos”, afirmou.

Perguntado pelo radialista Silvonei Protz sobre o motivo de o Papa Francisco sempre pedir para que rezem por ele, Dom Murilo sugeriu que, além de acreditar no poder da oração, o Pontífice deve sentir um certo peso em relação à “necessidade de dar uma resposta a tudo aquilo que o mundo vive hoje. Todo mundo espera uma palavra esclarecedora dele”.

Dom Leonardo observou que o Papa consegue manter o bom humor, mesmo diante de muitas dificuldades. “Ele foi muito paternal”, comentou o Bispo, acrescentando que Francisco “agradeceu tudo aquilo que a conferência episcopal do Brasil faz pela Igreja”.

Na entrevista, os bispos tocaram em alguns temas bastante atuais e que podem ter sido conversados também com o Papa Francisco. Eles comentam a conclusão do recente Sínodo dos Bispos sobre os jovens; os preparativos do Sínodo para a Amazônia, que será realizado no ano que vem; algumas medidas do governo do presidente eleito Jair Bolsonaro, como as propostas para os indígenas e as reservas florestais; e o papel da CNBB na era das redes sociais. 

“Nós temos a nossa missão, que é de evangelizar, e ela inclui a dimensão profética. Graças a Deus, temos procurado fazer isso, sim”, declarou Dom Sergio. A entrevista está disponível no Vatican News.

 

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‘Por meio das músicas e dos cantos se dá voz também à oração’

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04 de dezembro de 2018

Mais de 8 mil cantores e músicos se reuniram em Roma entre os dias 23 e 25 no 3º Encontro Internacional dos Corais no Vaticano. O evento, realizado na Sala Paulo VI, foi promovido pelo Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, em colaboração com a ONG Nova Opera. Em audiência privada, o Papa Francisco disse aos coralistas que a Igreja é chamada a estar próxima dos fiéis por meio da música “na alegria e na tristeza”. 

“A música e o canto de vocês são um verdadeiro instrumento de evangelização, na medida em que vocês se tornam testemunhas da profundidade da Palavra de Deus, que toca o coração das pessoas e permite a celebração dos sacramentos, em especial a Eucaristia, e faz perceber a beleza do Paraíso”, refletiu o Papa. 

Agradecendo aos cantores e músicos o bonito trabalho que realizam, ele os alertou, porém, para a tentação que podem sofrer, de tentar ser os protagonistas das celebrações litúrgicas, roubando equivocadamente a atenção que se deve aos sacramentos. Ele recomendou, ainda, uma valorização especial à piedade popular nas comunidades da Igreja. 

“A piedade popular sabe rezar criativamente, sabe cantar criativamente”, observou. “O canto leva adiante essa piedade. Por meio das músicas e dos cantos se dá voz também à oração e, desse modo, forma-se um verdadeiro coral internacional, no qual, em uníssono, sobemao Pai todos os louvores e a glória do seu povo”, disse o Pontífice.

Nesse sentido, o Santo Padre continuou seu alerta dizendo: “Todavia, não caiam na tentação de um protagonismo que ofusca o empenho de vocês e humilha a participação ativa do povo na oração”. Ele revelou que se sente “entristecido” quando, em algumas cerimônias, “canta-se tão bem, mas o povo não pode cantar aquelas coisas”. 

Portanto, os músicos e cantores católicos não devem “desvalorizar as outras expressões da espiritualidade popular”, e devem sempre levar adiante a “beleza do Evangelho que ainda fascina e torna possível crer e confiar no amor do Pai”.

 

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Sínodo dos Bispos chega ao fim e propõe maior empatia na relação com os jovens

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01 de novembro de 2018

“Caminhar juntos” é proposta de todo Sínodo dos Bispos, mas este, em especial, foi percorrido na companhia dos jovens. Após consultas em todo o mundo e uma reunião pré-sinodal em Roma, o Sínodo, ocorrido de 3 a 28 de outubro, refletiu sobre o caminhar da Igreja com os jovens. Entre as diversas resoluções está a de “escutar e ver os jovens com empatia”. Na missa de encerramento, o Papa Francisco refletiu sobre três atos que favorecem o crescimento na fé: escutar, fazer-se próximo e testemunhar. 

O documento final do Sínodo, que serve de base para o Papa escrever uma exortação pós-sinodal, fala do desejo da Igreja de alcançar todos os jovens, sem nenhuma exclusão. “A Igreja, no momento em que esse Sínodo escolheu se ocupar dos jovens, fez uma opção bem precisa: considera essa missão uma prioridade pastoral da época, para a qual deve investir tempo, energias e recursos”, diz o número 119. “Desde o início do caminho de preparação, os jovens expressaram o desejo de serem envolvidos, apreciados e de se sentirem protagonistas da vida e da missão da Igreja”.

De acordo com Dom Vilson Basso, Bispo de Imperatriz (MA) e padre sinodal, essa opção pelos jovens ficou clara no documento. “O Sínodo foi experiência de uma Igreja que quer aprender e encontrar caminhos com os jovens. A Igreja jovem. Partindo o pão e ouvindo a Palavra, quer abrir os olhos numa grande saída missionária, a partir da belíssima notícia do Cristo Ressuscitado”, disse ao O SÃO PAULO

Como ele, os outros padres sinodais evitaram criar uma distinção entre jovens e Igreja, falando, em vez disso, de uma “Igreja jovem”. “A participação responsável dos jovens na vida da Igreja não é opcional, mas uma exigência da vida batismal e um elemento indispensável para a vida de toda comunidade. As dificuldades e fragilidades dos jovens nos ajudam a ser melhores, as suas perguntas nos desafiam, as suas dúvidas nos questionam sobre a qualidade da nossa fé”, lê- -se no número 116. 

A imagem bíblica que representa esse caminho é a dos discípulos de Emaús. Conforme o Evangelho de Lucas, eles encontram Jesus ressuscitado, mas não o reconhecem imediatamente. Jesus caminha com eles enquanto se afastam da comunidade cristã de Jerusalém. Porém, ao se revelar aos discípulos, eles voltam e passam a compartilhar a experiência do Cristo Ressuscitado.

 

ESCUTAR, FAZER-SE PRESENTE, TESTEMUNHAR

“Também nós caminhamos juntos, fizemos Sínodo”, disse o Papa Francisco na missa de encerramento no domingo, 28. Referindo-se à passagem do Evangelho de Marcos que narra o “ministério itinerante” de Jesus e a adesão do cego Bartimeu, o Papa refletiu sobre três atos que favorecem o crescimento na fé.

Escutar, disse ele, é o “apostolado do ouvido”. “Gostaria de dizer aos jovens, em nome de todos nós adultos: desculpem se muitas vezes não os escutamos, e se, em vez de abrir o coração, enchemos os seus ouvidos. Como Igreja de Jesus, desejamos nos colocar à escuta com amor”, disse, na homilia. 

“Fazer-se próximo”, explicou, é envolver-se diretamente com as pessoas. “A fé passa pela vida. Quando a fé se concentra puramente sobre as formulações doutrinais, arrisca-se a falar só à cabeça, sem tocar o coração”, afirmou. “E quando se concentra só em fazer, arrisca-se a se tornar moralismo e reduzir-se ao social.”

Por fim, testemunhar é o terceiro passo. “Não é cristão esperar que os irmãos que estão à procura [de respostas] batam à nossa porta. Temos que ir até eles, e não levando nós mesmos, mas Jesus.”

 

AMADURECIMENTO NA FÉ

O jovem Lucas Galhardo, representante brasileiro no Sínodo, avalia que este tenha sido, para ele, uma experiência de amadurecimento na fé. “Foi viver a sinodalidade: caminhar juntos, sentir-se escutado e poder contribuir. É importante continuar esse caminho nas nossas comunidades. Levar essa cultura da escuta, para que a Igreja seja lugar de acolhida e mostre o amor de Jesus a todos”, disse. 

Nesse sentido, Dom Gilson Andrade da Silva, Bispo Coadjutor de Nova Iguaçu (RJ) e padre sinodal, comentou que se sentiu “enviado pelo Santo Padre” ao fim do Sínodo. “Foi uma experiência da universalidade da Igreja, de amizade e colaboração, sobretudo com os jovens. Vamos levar o desejo de estar próximos dos jovens, fomentar esse testemunho no nosso meio, e ajudá-los a se tornar protagonistas desta época”, completou. 

Em 60 páginas, o documento final apresenta uma série de propostas para uma ação pastoral com os jovens – e não só para os jovens. Entre elas, uma maior interação entre os grupos já existentes; a ideia de que toda pastoral juvenil também é vocacional; o acompanhamento pessoal dos jovens e a formação de mais leigos e consagrados nesse ministério; uma maior ênfase nos jovens durante a formação dos seminaristas e religiosos; e uma presença mais ativa no mundo digital, incentivando boas práticas para evitar notícias falsas e discursos de ódio. 

O texto está disponível, em italiano, no site do Vaticano, contudo em breve será traduzido para todas as línguas. “O Espírito Santo nos presenteia esse documento, também a mim, para podermos refletir sobre o que quer dizer a todos nós”, disse o Papa ao fim do Sínodo.
 

 

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