Coleta do Óbulo de São Pedro é adiada para 4 de outubro

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30 de abril de 2020

Devido à pandemia de COVID-19 e suas consequências, a coleta do Óbolo de São Pedro, que tradicionalmente é realizada próxima da solenidade de São Pedro e São Paulo, em 29 de junho, foi adiada para o dia 4 de outubro, por decisão do Papa Francisco.

A informação foi divulgada pelo Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, nesta quarta-feira, 29. Ele informou, ainda, que na data escolhida pelo Santo Padre, que será o 28º domingo do tempo comum, é a o dia do memória litúrgica de São Francisco de Assis.

GENEROSIDADE

O Óbolo de São Pedro é a ajuda econômica que os fiéis oferecem diretamente ao Pontífice romano, para as múltiplas necessidades da Igreja universal e para as obras de caridade em favor dos mais frágeis. Nasce com o próprio Cristianismo a prática de apoiar materialmente aqueles que têm a missão de anunciar o Evangelho e de cuidar dos mais necessitados.

No final do século VIII, os anglo-saxões decidiram enviar de maneira estável uma contribuição anual ao Santo Padre, o “Denarius Sancti Petri”. Posteriormente, o Papa Pio IX abençoou o Óbolo de São Pedro com a encíclica Saepe venerabilis, de 5 de agosto de 1871.

As ofertas vêm de muitas maneiras diferentes que se reúnem para formar a oferta que é então redistribuída, de acordo com as indicações do Papa, para aqueles que precisam. O critério geral que inspira essa prática ainda se refere à Igreja primitiva, são as ofertas espontaneamente dadas pelos católicos em todo o mundo, e também por outras pessoas de boa vontade, como um serviço para os outros.

COMO FUNCIONA

As coletas realizadas nas missas em todas as igrejas católicas do mundo na data estabelecida são reunidas pelas dioceses que enviam a quantia para a Santa Sé, para compor um fundo destinado apenas para esta finalidade.

Além do envio por parte das dioceses, é possível fazer a oferta por meio do site oficial do Óbolo de São Pedro. Nesse site também é possível conhecer as diferentes obras de caridade realizadas em todo mundo por meio desse gesto de generosidade.

“Essa coleta não vai para bolso e nem para a conta do Papa e sim para um fundo que faz referência ao Papa, para que este faça a caridade às situações de necessidades, de urgências, de catástrofes e sofrimentos do mundo inteiro. Não há terremoto, vulcão, desastre em que o Papa não esteja ajudando em nome da Igreja Católica, para que a caridade, como testemunho veraz do Evangelho, chegue a todos”, explicou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo.

OBRA DE CARIDADE

Em muitos pronunciamentos, o Papa Francisco repetidamente recordou que “o cristão existe para servir, não para ser servido”, que não deve se cansar de ser misericordioso. E convidou a viver a caridade com pequenos gestos concretos, “nas pequenas obras de misericórdia” que nos fazem vislumbrar o amor de Deus.

“Realizar com alegria obras de caridade por aqueles que sofrem no corpo e no espírito, é a maneira mais autêntica de viver o Evangelho, é o fundamento necessário para que as nossas comunidades cresçam na fraternidade e na aceitação mútua. Eu quero ver Jesus, mas vê-lo por dentro. Entre em suas chagas e contemple esse amor de seu coração por você, por mim, por todos”, disse o Pontíce no Angelus de 18 de março de 2018.

(Com informações de Vatican News)

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Papa reza pelas pessoas ‘que sofrem de tristeza’ durante a pandemia

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29 de abril de 2020

Pessoas solitárias, ansiosas com relação ao futuro, preocupadas com a família, sem dinheiro e sem trabalho. A missa do Papa Francisco no 3º Domingo da Páscoa, 26, foi dedicada especialmente “a todas as pessoas que sofrem a tristeza” neste período de pandemia do novo coronavírus.

O Papa vem celebrando a missa diariamente na capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, onde vive. As cerimônias são transmitidas pela internet. Neste domingo, ele dedicou sua pregação ao trecho do Evangelho de Lucas que conta o encontro de Jesus com os discípulos de Emaús.

Caminha conosco

“Vemos que bem nesta passagem que Jesus respeita a nossa própria situação, não passa adiante”, refletiu, referindo-se à ideia de que Jesus caminhava com o discípulos mesmo sem ser reconhecido, na direção oposta à da cidade de Jerusalém. “Vai lentamente, respeitoso dos nossos tempos. É o Senhor da paciência.” 

“O Senhor caminha ao nosso lado, como vimos com esses dois discípulos. Escuta nossas inquietudes, as conhece, e a um certo ponto diz alguma coisa”, acrescentou. O Papa lembrou, ainda, uma antiga “regra” dos peregrinos: a de caminhar no ritmo da pessoa mais lenta do grupo. Ele disse que Jesus também é assim.

Mas quando chega o momento propício, Jesus nos interpela, disse o Papa. “Do que vocês falam?”, questionou aos discípulos de Emaús e, só depois de escutar, respondeu e se revelou a eles. 

Do “si” ao “sim”

“Nós encontramos Jesus no escuro das nossas dúvidas, até mesmo no escuro dos nossos pecados, Ele está ali para nos ajudar, nossas inquietações… é sempre conosco”, disse na missa. “O Senhor nos acompanha porque tem vontade de nos encontrar.”

No mesmo dia, após a oração do Regina Coeli (Rainha dos Céus), o Papa acrescentou que é possível superar a tristeza pensando numa realidade mais ampla, que é a ressurreição de Cristo, e não somente nos problemas individuais. “Encontrando Jesus é possível passar do ‘eu’ a ‘Deus’, do ‘si’ ao ‘sim’”, declarou.

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Prepare-se para a Missa da Ceia do Senhor com a ajuda dos papas

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09 de abril de 2020

Nesta Quinta-feira Santa, 9, os católicos do mundo todo iniciam a celebração do Tríduo Pascal com a Missa da Ceia do Senhor, que faz memória da instituição da Eucaristia e do sacerdócio. Nessa celebração também são recordados o novo mandamento dado por Jesus e o seu gesto de lavar os pés dos apóstolos.

Este ano, a maioria os fiéis acompanhará esses ritos de suas casas, através dos meios de comunicação, devido às medidas de isolamento social para conter o avanço da pandemia de COVID-19. Para ajudar a vivência do mistério celebrado, O SÃO PAULO destacou alguns trechos de homilias dos três últimos papas que auxiliam o aprofundamrnto do sentido dessa celebração.

‘AMOU-OS ATÉ O FIM’

Na homilia de 12 de abril de 1979, no primeiro Tríduo Pascal de seu pontificado, São João Paulo II ressaltou que a última ceia é precisamente o testemunho daquele amor com que Cristo, o Cordeiro de Deus, amou a humanidade até o fim.

Nas palavras do Santo Padre, o amor de Jesus até o fim significa:

“Até àquela realização que devia verificar-se no dia de amanhã, Sexta-feira Santa. Naquele dia devia manifestar-se quanto Deus amou o mundo, e como naquele amor tinha chegado ao limite extremo da doação isto é, ao ponto de dar o seu Filho único (Jo 3, 16). Naquele dia Cristo demonstrou que não há maior amor do que dar a vida pelos seus amigos (Jo 15, 13). O amor do Pai revelou-se na doação do Filho. Na doação mediante a morte”.

Ainda segundo o Pontífice polonês, a Quinta-feira Santa é, em certo sentido, o prólogo daquela doação; é a última preparação.

“De fato, pensamos justamente que amar até ao fim significa até à morte, até ao último suspiro. Todavia, a Última Ceia mostra-nos que, para Jesus, «até ao fim» significa ainda além do último suspiro. Além da morte”.

E acrescenta:

“É este, precisamente, o significado da Eucaristia. A morte não é o seu fim, mas o seu início. A Eucaristia tem início na morte, como ensina São Paulo: Sempre que comerdes este pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor até que Ele venha (Cor 11, 26. 6)”.

EUCARISTIA

Na Missa da Ceia do Senhor de 21 de abril de 2011, o hoje Papa Emérito Bento XVI enfatizou: “Com a Eucaristia nasce a Igreja”.

“Todos nós comemos o mesmo pão, recebemos o mesmo corpo do Senhor, e isto significa: Ele abre cada um de nós para além de si mesmo. Torna-nos todos um só. A Eucaristia é o mistério da proximidade e comunhão íntima de cada indivíduo com o Senhor. E, ao mesmo tempo, é a união visível entre todos”.

O Pontífice alemão acrescentou que a Eucaristia é o sacramento da unidade:

“Ela chega até ao mistério trinitário, e assim cria, ao mesmo tempo, a unidade visível. Digamo-lo uma vez mais: a Eucaristia é o encontro pessoalíssimo com o Senhor, e no entanto não é jamais apenas um ato de devoção individual; celebramo-la necessariamente juntos. Em cada comunidade, o Senhor está presente de modo total; mas Ele é um só em todas as comunidades”.

Dois anos antes, na Quinta-feira Santa de 2009, em 9 de abril, Bento XVI afirmou que, no pão repartido, o Senhor distribui-se a si próprio.

“O gesto de partir alude misteriosamente também à sua morte, ao amor até à morte. Ele distribui-Se a Si mesmo, verdadeiro ‘pão para a vida do mundo’ (cf. Jo 6, 51). O alimento de que o homem, no mais fundo de si mesmo, tem necessidade é a comunhão com o próprio Deus. Dando graças e abençoando, Jesus transforma o pão: já não dá pão terreno, mas a comunhão consigo mesmo. Esta transformação, porém, quer ser o início da transformação do mundo, para que se torne um mundo de ressurreição, um mundo de Deus. Sim, trata-se de transformação: do homem novo e do mundo novo que têm início no pão consagrado, transformado, transubstanciado”.

NOVA ALIANÇA

O Papa emérito continua a reflexão ressaltando que aquilo que é designado por Nova Aliança não é um ato acordado entre duas partes iguais, “mas dom meramente de Deus que nos deixa em herança o seu amor, nos deixa a si mesmo”.

“Através da encarnação de Jesus, através do seu sangue derramado, fomos atraídos para dentro de uma consanguinidade muito real com Jesus e, consequentemente, com o próprio Deus. O sangue de Jesus é o seu amor, no qual a vida divina e a humana se tornaram uma só. Peçamos ao Senhor para compreendermos cada vez mais a grandeza deste mistério, a fim de que o mesmo desenvolva de tal modo a sua força transformadora no nosso íntimo que nos tornemos verdadeiramente consanguíneos de Jesus, permeados pela sua paz e desta maneira também em comunhão uns com os outros”.

SACERDÓCIO

Ainda na homilia de 1979, São João Paulo II destaca que, com a instituição da Eucaristia, Jesus comunica aos Apóstolos a participação ministerial no seu sacerdócio, “o sacerdócio da Aliança nova e eterna, em virtude da qual ele, e somente ele, é sempre e em toda a parte artífice e ministro da Eucaristia”.

“Os Apóstolos tornaram-se, por sua vez, ministros deste excelso mistério da fé, destinado a perpetuar-se até ao fim do mundo. Tornaram-se contemporaneamente servidores de todos aqueles que vierem a participar em tão grande dom e mistério”.

Em 8 de abril de 2004, o mesmo Pontífice novamente salientou a relação entre Eucaristia e sacerdócio:

“Só uma Igreja enamorada da Eucaristia gera, por sua vez, vocações sacerdotais santas e numerosas. E faz isto através da oração e do testemunho da santidade, oferecida de modo especial às novas gerações”.

LAVA-PÉS

O gesto de lavar os pés dos discípulos na última ceia também foi destacado pelos Pontífices, sobretudo o Papa Francisco, que desde o início do seu pontificado, tem o costume de realizar esse rito em cárceres e centros de ressocialização de menores.

Na missa de 28 de março de 2013, o Santo Padre explicou aos menores do Cárcere “Casa del Marmo”, em Roma, que lavar os pés significa “eu estou ao teu serviço”.

“E também nós, entre nós, não é que isto signifique de devamos lavar os pés todos os dias uns dos outros, mas qual é o seu significado? Significa que devemos nos ajudar, uns aos outros. Às vezes, fico com raiva de alguém, de um, de uma... mas deixa para lá, deixa para lá, e se essa pessoa te pede um favor, fá-lo. Ajudar-nos uns aos outros: é isto que Jesus nos ensina e é isto que eu faço, e o faço de coração, porque é o meu dever. Como sacerdote e como Bispo, devo estar ao vosso serviço. Mas é um dever que me vem do coração: amo-o. Amo-o e amo fazê-lo porque o Senhor assim me ensinou”.

GESTO DE FRATERNIDADE

Em 24 de março de 2016, Francisco lavou os pés de doze imigrantes e refugiados de diferentes tradições culturais e religiões. Ele contrapôs o gesto de Jesus ao de Judas, que “vendeu” o mestre por 30 moedas. 

“Hoje, neste momento, quando eu fizer o mesmo gesto de Jesus de lavar os pés a vós doze, todos nós estamos a fazer o gesto da fraternidade, e todos nós dizemos: ‘Somos diversos, somos diferentes, temos culturas e religiões diversas, mas somos irmãos e desejamos viver em paz’. E este é o gesto que eu faço convosco. Cada um de nós tem uma história de vida, cada um de vós carrega uma história consigo: tantas cruzes, tantos sofrimentos, mas também tem um coração aberto que deseja a fraternidade. Cada um, na sua língua religiosa, reze ao Senhor para que esta fraternidade contagie o mundo, para que não haja as 30 moedas para matar o irmão, para que haja sempre a fraternidade e a bondade. Assim seja”.

SERVIÇO

São João Paulo II, na homilia de 20 de abril de 2000, ano do grande Jubileu, recorda que Pedro se recusa a ter os pés lavados pelo Mestre que, por sua vez, o convence.

“Logo depois, porém, retomando as vestes e tendo-se posto de novo à mesa, Jesus explica o sentido deste seu gesto: 'Vós chamais-Me Mestre e Senhor, e dizeis bem, visto que o sou. Ora, se Eu vos lavei os pés, sendo Senhor e Mestre, também vós deveis lavar os pés uns aos outros' (Jo 13, 12-14). São palavras que, unindo o mistério eucarístico ao serviço do amor, podem ser consideradas preliminares à instituição do Sacerdócio ministerial.”

PURIFICAÇÃO

Na sua primeira Quinta-feira Santa como Pontífice, em 13 de abril de 2006, Bento XVI afirmou que, pelo gesto do lava-pés, é possível perceber que a santidade de Deus não é só um poder incandescente, “é poder de amor e por isso é poder que purifica e restabelece”.

“Deus desce e torna-se escravo, lava-nos os pés para que possamos estar na sua mesa. Exprime-se nisto todo o mistério de Jesus Cristo. Nisto se torna visível o que significa redenção. O banho no qual nos lava é o seu amor pronto para enfrentar a morte. Só o amor tem aquela força purificadora que nos tira a nossa impureza e nos eleva às alturas de Deus. O banho que nos purifica é Ele mesmo que se doa totalmente a nós até às profundidades do seu sofrimento e da sua morte”.

E continua, refletindo sobre o que significa concretamente lavar os pés uns dos outros:

“Eis que, qualquer obra de bondade pelo outro especialmente por quem sofre e por quantos são pouco estimados é um serviço de lava-pés. Para isto nos chama o Senhor: descer, aprender a humildade e a coragem da bondade e também a disponibilidade de aceitar a recusa e contudo confiar na bondade e perseverar nela”.

Na homilia de 18 de abril de 2019, o Papa Francisco reforça a dimensão do serviço e da humildade ao recordar a recomendação de Jesus,  que diz: “Prestai atenção: os chefes das Nações dominam, mas entre vós não deve ser assim. O maior deve servir o mais pequenino. Quem se sente o maior, deve ser o servidor”.

“Também todos nós devemos ser servidores. É verdade que na vida existem problemas: discutimos entre nós... mas isto deve ser algo que passa, algo passageiro, porque no nosso coração deve existir este amor de serviço ao próximo, de estar ao serviço do outro”.

 

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Há 15 anos, o peregrino do amor partiu para casa do Pai

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02 de abril de 2020

No dia 2 de abril de 2005, às 21h37, São João Paulo II faleceu na noite anterior ao Domingo da Misericórdia, que ele mesmo instituiu e da qual foi muito devoto. O Pontífice polonês, que esteve à frente da Igreja Católica por 26 anos e 5 meses, é lembrado como o “Papa peregrino”, foi um grande defensor das famílias e amado pelos jovens.

Desde aquela noite até o dia 8 de abril, dia em que foram celebradas suas exéquias, mais de três milhões de peregrinos homenagearam o Santo Padre, permanecendo até 24 horas na fila para poder entrar na Basílica de São Pedro.

O SANTO COMTEMPORÂNEO

São João Paulo II esteve à frente do terceiro pontificado mais longo nos mais de 2 mil anos de história da Igreja, realizando 104 viagens apostólicas fora da Itália e 146 nesse país. Promoveu as Jornadas Mundiais da Juventude, nas quais se reuniu com milhões de jovens de todo o mundo, e inaugurou os Encontros Mundiais das Famílias.

Em 28 de abril, seu sucessor, o Papa Bento XVI, dispensou o tempo de cinco anos de espera após a morte para iniciar a causa de beatificação e canonização de João Paulo II. A causa foi aberta oficialmente pelo Cardeal Camillo Ruini, então Vigário-Geral para a Diocese de Roma, em 28 de junho de 2005. Bento XVI o beatificou em 1º de maio de 2011. O  Papa Wojtyla foi canonizado pelo Papa Francisco em 27 de abril de 2014, junto com São João XXIII.

CANONIZAÇÃO HISTÓRICA

No dia 27 de abril de 2014, no Domingo da Divina Misericórdia, o Papa Francisco canonizava João Paulo II e João XXIII, na presença do Papa Bento XVI. Dois novos Santos, dois Papas amados que tornaram a Igreja sempre mais parecida com Cristo.

O milagre que permitiu a canonização de João Paulo II foi a cura de uma grave lesão cerebral em Floribhet Mora, em 1º de maio de 2011, dia de sua beatificação. Para João XXII, tratou-se de uma canonização Pro gratia, isto é, sem a comprovação de algum milagre.

Na ocasião, Francisco define os dois Papas como aqueles que "tiveram a coragem de olhar para as feridas de Jesus, para tocar suas mãos chagadas e seu lado traspassado". Eles não se envergonharam da carne de Cristo, não se escandalizaram d’Ele, da sua Cruz;  não tiveram vergonha da carne do irmão, porque em cada pessoa sofredora viam Jesus ”. Olharam e amaram. Dois homens contemplativos, cheios de "esperança viva" e de "alegria indescritível e gloriosa", capazes de restituir ao mundo e à Igreja os dons recebidos de Deus.

(Com informações de  ACI digital e Vatican News)

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Papa reza pelas pessoas que trabalham na mídia

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01 de abril de 2020

Na missa da manhã desta quarta-feira, 1º, na capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, o Papa Francisco pediu orações pelos profissionais da comunicação a fim de que ajudem as pessoas a suportar este período de isolamento.

“Hoje, gostaria que rezássemos por todos aqueles que trabalham na mídia, que trabalham para comunicar, hoje, para que as pessoas não se encontrem tão isoladas; pela educação das crianças, pela informação, para ajudar a suportar este tempo de fechamento”, disse o Pontífice, na celebração que foi transmitida pelas plataformas digitais do Vaticano.

LIBERDADE DOS DISCÍPULOS

Na homilia, o Santo Padre recordou que o discípulo de Jesus é uma pessoa livre, pois se deixa guiar pelo Espírito Santo e não por ideologias.

“Nestes dias, a Igreja nos mostra o capítulo oitavo de João: há a discussão muito forte entre Jesus e os doutores da Lei. E, sobretudo, se busca mostrar a própria identidade. João busca aproximar-nos daquela luta para esclarecer a própria identidade, tanto de Jesus, como a identidade dos doutores. Jesus coloca-os em dificuldade mostrando-lhes as contradições deles”, explicou o Papa.

Francisco acrescentou que Jesus aconselha o judeus que tinham acreditado nele: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos”.

PERMANECER NO SENHOR

“Volta aquela palavra da qual o Senhor gostava tanto, que a repetirá várias vezes, e depois na ceia: permanecer. ‘Permanecei em mim’... Não diz: ‘Estudem bem, aprendam bem as argumentações’; dá isso por certo. Mas vai à coisa mais importante, aquela que é mais perigosa para a vida, se não se faz: ‘Permanecei na minha palavra’”, ressaltou o Pontífice.

O Santo Padre enfatizou, ainda, que a identidade cristã está no discipulado. “Tu, se permaneces no Senhor, na Palavra do Senhor, na vida do Senhor, serás discípulo. Se não permaneces, serás um que tem simpatia pela doutrina, que segue Jesus como um homem que faz muita beneficência, é tão bom, que tem valores justos, mas o discipulado é propriamente a verdadeira identidade do cristão”, afirmou.

UNÇÃO DO ESPÍRITO

Por fim, Francisco convidou todos a pedirem o Senhor que os faça conhecer a sabedoria e permanecer nele e os faça conhecer a familiaridade o Espírito Santo.

“Quem permanece no Senhor é discípulo, e o discípulo é um ungido, um ungido pelo Espírito, que recebeu a unção do Espírito e a leva adiante . Esse é o caminho que Jesus nos mostra para a liberdade e também para a vida. E o discipulado é a unção que recebem aqueles que permanecem no Senhor”, completou.

COMUNHÃO ESPIRITUAL

Como nos dias anteriores, o Papa concluiu a celebração com adoração e bênçoa Eucarística, convidando todas as pessoas que assistiam de suas casas a fazerem uma oração de comunhão espiritual:

Aos vossos pés, ó meu Jesus, me prostro e vos ofereço o arrependimento do meu coração contrito que mergulha no seu nada na Vossa santa presença. Eu vos adoro no Sacramento do vosso amor, a Eucaristia. Desejo receber-vos na pobre morada que meu coração vos oferece; à espera da felicidade da comunhão sacramental, quero possuir-vos em Espírito. Vinde a mim, ó meu Jesus, que eu venha a vós. Que o vosso amor possa inflamar todo o meu ser, para a vida e para a morte. Creio em vós, espero em vós. Eu vos amo. Assim seja.

(Com informações de Vatican News e foto de Vatican Media)

ASSISTA AO VÍDEO DA ORAÇÃO DO PAPA PELOS PROFISSIONAIS DA MÍDIA: 

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Francisco convida fiéis do mundo inteiro a viver este tempo de provação com esperança

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27 de março de 2020

A Praça São Pedro, no Vaticano, que recebe anualmente milhões de peregrinos, estava completamente vazia na tarde desta quarta-feira chuvosa, 27. Às 14h (Horário de Brasília), o Papa Francisco, em meio a este cenário inédito, conduziu o momento de oração e adoração ao Santíssimo Sacramento, em comunhão com católicos do mundo inteiro, que acompanharam por meio das mídias.

ESTAMOS NO MESMO BARCO

A passagem bíblica escolhida para reflexão foi a tempestade acalmada por Jesus, extraída do Evangelho de Marcos. Em sua homilia, Francisco convidou os fiéis de todo mundo que, neste momento, encontram-se em meio à tempestade causa pela pandemia do novo coronavírus, a abraçar o Senhor, para abraçar a esperança.

“Há semanas, parece que a tarde caiu. Densas trevas cobriram as nossas praças, ruas e cidades; apoderaram-se das nossas vidas, enchendo tudo de um silêncio ensurdecedor e de um vazio desolador… Nos vimos amedrontados e perdidos”, afirmou o Pontífice.

Porém esses sentimentos, segundo o Papa, fizeram todos entender que estão no mesmo barco e são chamados a remar juntos. Francisco recordou que nesse barco está Jesus, que, em um inédito relato da Bíblia, está dormindo e ao acordar questiona os discípulos “Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?” (Mc 4, 40).

“A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade.”, disse o Santo Padre.

UM MUNDO DOENTE

O Pontífice alertou que com a tempestade não se pode cair no “ego” sempre preocupado com a própria imagem e vem à tona o sentimento comum que não pode ser ignorado: a pertença como irmãos.

“Na nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente. Agora, sentindo-nos em mar agitado, imploramos-Te: ‘Acorda, Senhor!’”, destacou Francisco.

O Papa continuou afirmando que o Senhor dirige a todos um apelo fé e chama a viver este tempo de provação como um tempo de decisão: o tempo de escolher o que conta e o que passa, de separar aquilo que é necessário daquilo que não é. “O tempo de reajustar a rota da vida rumo ao Senhor e aos outros”, frisou.   

PESSOAS QUE DOARAM A SUA VIDA

Francisco citou o exemplo de pessoas que doaram a sua vida e estão escrevendo hoje os momentos decisivos da história humana. Não são pessoas famosas, mas são “médicos, enfermeiros, funcionários de supermercados, pessoal da limpeza, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho”.

Segundo o Papa, a tempestade mostra que ninguém é autossuficiente, que sozinhos todos afundam. Por isso, é preciso convidar Jesus a embarcar em suas próprias vidas. Quem está com ele Ele a bordo não naufraga, porque esta é a força de Deus: transformar em bem tudo o que acontece, inclusive as coisas negativas. Com Deus, a vida jamais morre.

TEMOS UMA ESPERANÇA

“Temos uma âncora: na sua cruz fomos salvos. Temos um leme: na sua cruz, fomos resgatados. Temos uma esperança: na sua cruz, fomos curados e abraçados, para que nada e ninguém nos separe do seu amor redentor”, manifestou o Pontífice.

Abraçar a sua cruz, explicou o Papa, significa encontrar a coragem de abraçar todas as contrariedades da hora atual, abandonando por um momento a ânsia de onipotência e posse, para dar espaço à criatividade que só o Espírito é capaz de suscitar. “Abraçar o Senhor, para abraçar a esperança.” Aqui está a força da fé e que liberta do medo.

Francisco então concluiu: “Deste lugar que atesta a fé rochosa de Pedro, gostaria nesta tarde de confiar a todos ao Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora, saúde do seu povo, estrela do mar em tempestade. Desta colunata que abraça Roma e o mundo, desça sobre vocês, como um abraço consolador, a bênção de Deus.”, concluiu o Santo padre, que, em seguida adorou o Santíssimo Sacramento exposto em um altar colocado na entrada da Basílica de São Pedro, com o qual concedeu a bênção Urbi et Orbi.

BENÇÃO URBI ET ORBI

A benção Urbi et Orbi, que, em latim, significa “à cidade de Roma e ao mundo” é tradicionalmente dada pelo Pontífice nos dias do Natal, da Páscoa e é a primeira bênção dada por um papa ao povo após sua eleição.

A Penitenciária Apostólica esclareceu em uma nota que à Igreja Católica ofereceu a possibilidade de obtenção de indulgencia plenária aos fiéis enfermos pelo Covid-19, bem como para profissionais de saúde, familiares e todos aqueles que, de qualquer forma, mesmo em oração, cuidam deles.

A indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, “como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos”, explica o Manual das Indulgências, da Penitenciária Apostólica.

Habitualmente, para receber a indulgência plenária, o fiel precisa ter se confessado recentemente, rezar nas intenções do Papa e fazer um ato de caridade. Contudo, a Penitenciária Apostólica deu orientações específicas para a obtenção da indulgência nesse período de emergência pandêmica.

As pessoas impossibilitadas de se confessar e comungar são orientadas, manifestar o seu sincero arrependimento diante de Deus, diante do qual, em oração reconhecem seus pecados, rezar um Pai-nosso, uma Ave-Maria e o Glória pelas intenções do Papa, acompanhada de uma comunhão espiritual.

ÍCONES MILAGROSOS

Nas proximidades da porta central da Basílica de São Pedro, estava colocada a imagem da Salus Populi Romani (protetora do povo romano). A devoção especial do Pontífice pelo ícone mariano é conhecida: Francisco reza diante do ícone não somente por ocasião das grandes festas marianas, mas também antes e depois de uma viagem internacional. Em 593, o Papa Gregório I a levou em procissão para pedir o fim da peste e, em 1837, Gregório XVI a invocou para cessar uma epidemia de cólera

Outro lado estava o conhecido crucifixo milagroso da Igreja de São Marcelo, em Roma, venerado pelo Papa Francisco no último dia 15, foi levado para Praça de São Pedro. A devoção ao Crucifixo nasceu em 1519 quando, após o incêndio da igreja entre 22 e 23 de maio, tudo foi destruído, exceto o Crucifixo de madeira que permaneceu intacto.

Depois disso, em 1522, o Crucifixo foi levado às ruas de Roma quando a cidade enfrentava uma grande epidemia. A procissão foi repetida por 16 dias e, segundo a tradição, a epidemia foi extinta.

(Com informações de Vatican News)

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Papa pede orações pela Igreja na China e exorta à unidade dos cristãos

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23 de março de 2020

As intenções de oração para o mês de março, divulgadas pelo projeto da Rede Mundial de Oração do Papa, são dirigidas à comunidade cristã na China, onde “a Igreja olha para o futuro com esperança”, afirma Francisco na mensagem em vídeo divulgada nesta quinta-feira, 5. A intenção do Papa é que os católicos do país “perseverem na fidelidade ao Evangelho e cresçam em unidade”:

“Hoje em dia na China a Igreja olha para frente com esperança. A Igreja quer que os cristãos chineses sejam cristãos de verdade e que sejam bons cidadãos. Eles devem promover o Evangelho, mas sem fazer proselitismo, e alcançar a unidade da comunidade católica que está dividida. Rezemos juntos para que a Igreja na China persevere na fidelidade ao Evangelho e cresça na unidade.”

A unidade da Igreja na China

Desde a década de 70, a China tem registrado um crescimento significativo do cristianismo. Em 2010, o Pew Research Center estimou que havia 67 milhões de cristãos no país, aproximadamente 5% da população total. Dados atualizados de 2018, indicam que já pode estar se aproximando dos 100 milhões de cristãos. Esse crescimento mostra como a China continua sendo uma terra fértil para muitas famílias que acreditam em Jesus Cristo.

A Carta de Bento XVI aos católicos chineses, de maio de 2007, e a mensagem do Papa Francisco aos "Católicos chineses e à Igreja Universal", de setembro de 2018, na qual ele próprio apresentou o Acordo Provisório assinado entre a Santa Sé e representantes da República Popular da China, foram medidas já tomadas nesse caminho de recuperação da unidade da Igreja na China.

O caminho da oração e reconciliação

O Pe. Frédéric Fornos, diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, destaca que a intenção da oração de Francisco tem um propósito espiritual e pastoral, porque favorecer a unidade da comunidade católica na China, em sua diversidade, é promover a proclamação do Evangelho. E o sacerdote acrescenta: “É normal que esse caminho seja longo, difícil e cheio de incompreensões, o Evangelho sofre de muitas incompreensões, é por isso que devemos rezar, pois o Senhor, Criador do Céu e da Terra, transforma o coração através da oração e ajuda na reconciliação."

Reflexão sobre o cristianismo na China

São Francisco Xavier, grande missionário jesuíta e padroeiro da Rede Mundial de Oração do Papa, morreu no dia 3 de dezembro de 1552, doente e por exaustão, na ilha de Sanchoão. Ele olhava para o horizonte, onde se encontrava a China – que sempre foi o seu destino de missão mais desejado, mas onde acabou por não entrar.

Depois de um tempo, outros missionários conseguiram entrar no país, tão vasto e de uma cultura tão rica e antiga, para um diálogo muito fecundo entre as duas civilizações até que, por vários motivos, as portas do país se fecharam ao anúncio do Evangelho por muitos anos. Mas permaneceu ali uma pequena Igreja, clandestina e perseguida, fiel ao Papa, ao mesmo tempo em que, já sob o regime comunista, no século XX, se criou uma Igreja própria da China: a Associação Patriótica Católica Chinesa, controlada pelo Estado.

O regime político da China é ateu e, por isso, não favorece o desenvolvimento das religiões, de modo particular o Cristianismo, muito associado ao Ocidente, com o qual a China sempre teve relações diplomáticas e políticas difíceis, até os nossos dias. Contudo, nas últimas décadas, esforços de diálogo entre a Igreja Católica e as instituições do país estão sendo feitos, tendo em vista o reconhecimento da presença da Igreja e da sua liberdade de culto.

São pequenos passos dados, no sentido de uma maior abertura, por parte do Vaticano, à realidade da Associação Patriótica Católica Chinesa e, por outro, de abertura, por parte do governo, à liberdade religiosa dos cristãos da Igreja clandestina. É nesse sentido que o Papa Francisco, neste mês de março, pede a todos os cristãos para terem presente nas orações esses esforços de abertura, diálogo, reconhecimento e unidade, na fidelidade ao Evangelho, por parte das comunidades.

Desafios propostos para este mês

A Rede Mundial de Oração do Papa também propõe alguns desafios para este mês de março, seguindo a intenção de oração de Francisco:

- procurar conhecer melhor a realidade da Igreja na China, a sua história, a situação política e religiosa;

- organizar, na própria comunidade, um momento de oração onde se possa pedir pelos cristãos chineses e também por todos os cristãos que, em todo o mundo, sofrem perseguição e sentem limites à sua liberdade religiosa;

- promover, na medida do possível, algum encontro com a comunidade chinesa nos locais onde habito, procurando conhecer os seus costumes, tradições e a sua riqueza cultural, favorecendo um clima de fraternidade e acolhimento.

Oração

Senhor Jesus Cristo, que enviaste os teus discípulos a levar a todo o mundo a Boa-Nova, inspira os nossos irmãos e irmãs que Te seguem neste grande país, a China. Que o teu Espírito leve os seus responsáveis a ter no seu coração o desejo de diálogo, abertura, paz e reconciliação. Neste mês, comprometemo-nos a estar mais unidos aos nossos irmãos e irmãs na China que, através de muitas dificuldades, acreditam em Ti e professam o teu nome. Que o teu amor seja para cada um deles a sua força e a sua alegria.

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Papa Francisco: ‘Ser cristão significa aceitar o caminho de Jesus até a cruz’

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20 de fevereiro de 2020

“Quem dizem os homens que eu sou?” E vós, quem dizeis que eu sou?'” São as perguntas feitas por Jesus no trecho do Evangelho da liturgia de hoje e sobre as quais Francisco se baseou para fazer a sua homilia ao celebrar a missa na capela da Casa Santa Marta nesta quinta-feira, 20.

As três etapas

O Evangelho, afirmou, nos ensina as etapas já percorridas pelos apóstolos para saber quem é Jesus. São três: conhecer, professar e aceitar o caminho que Deus escolheu para Ele.

Conhecer Jesus, observou o Papa, é o que “fazemos todos nós” quando pegamos o Evangelho, procuramos conhecer Jesus, quando levamos as crianças ao catecismo, quando as levamos à missa, mas é só o primeiro passo. O segundo é professar Jesus.

E isso nós, sozinhos, não podemos fazer. Na versão de Mateus, diz: “Jesus disse a Pedro: ‘Isso não vem de ti. O Pai te revelou”. Somente podemos professar Jesus com a força de Deus, com a força do Espírito Santo. Ninguém pode dizer Jesus na confissão e confessá-Lo sem o Espírito, diz Paulo. Nós não podemos confessar Jesus sem o Espírito. Por isso, a comunidade cristã deve buscar sempre a força do Espírito Santo para professar Jesus, para dizer que Ele é Deus, que Ele é o Filho de Deus.

Aceitar o caminho de Jesus até a cruz

Mas qual é a finalidade da vida de Jesus, por qual motivo Ele veio? Responder a esta pergunta significa realizar a terceira etapa no caminho do conhecimento de Cristo. E o Papa recordou que Jesus começou a ensinar aos apóstolos que deveria sofrer, morrer e depois ressuscitar.

Professar Jesus é professar a Sua morte, a Sua ressurreição; não é professar: “Tu és Deus” e parar ali. Não: “Viestes por nós e morreste por mim. E ressuscitastes e nos deste a vida, nos prometeste o Espírito Santo para nos guiar”. Professar Jesus significa aceitar o caminho que o Pai escolheu para Ele: a humilhação. Paulo, escrevendo aos Filipenses, diz: “Deus enviou o Seu Filho, o qual aniquilou a si mesmo, se fez servo, humilhou a si mesmo, até a morte e morte de cruz”. Se não aceitamos o caminho de Jesus, o caminho da humilhação que Ele escolheu para a redenção, não somos cristãos e merecemos o que Jesus disse a Pedro: “Vai para longe de mim, Satanás!”

A Igreja não pode se tornar mundana

Francisco explicou que Satanás sabe que Jesus é o Filho de Deus, mas Jesus rejeita a sua “confissão”, assim como afasta Pedro quando não quer aceitar o caminho escolhido por Jesus. “Professar Jesus – afirmou Papa – é aceitar o caminho da humildade e da humilhação. E quando a Igreja não percorre este caminho, erra e acaba mundana”.

E quando nós vemos tantos cristãos bons, não? Com boa vontade, mas confundem a religião com um conceito social de bondade, de amizade, quando nós vemos tantos clérigos que dizem seguir Jesus, mas buscam as honras, o caminho da mundanidade, não buscam Jesus: buscam a si mesmos. Não são cristãos; dizem ser cristãos, mas de nome, porque não aceitam o caminho de Jesus, da humilhação. E quando lemos na história da Igreja tantos bispos que viveram assim e também tantos Papas mundanos que não conheceram o caminho da humilhação, não o aceitaram, devemos aprender que aquele não é o caminho.

O Papa concluiu com o convite a pedir “a graça da coerência cristã” para “não usar o cristianismo para fazer carreira”, a graça de seguir Jesus no seu mesmo caminho, até a humilhação.

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A Igreja deve ser fiel à sua missão de evangelização e serviço

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11 de fevereiro de 2020

Ser sal da terra e luz do mundo, uma linguagem simbólica usada por Jesus para indicar àqueles que pretendem segui-lo, “alguns critérios para viver a presença e o testemunho no mundo.”

Dirigindo-se aos milhares de peregrinos e turistas reunidos na Praça São Pedro para o Angelus dominical, o Papa refletiu sobre o Evangelho de Mateus proposto pela liturgia do dia, explicando o significado destas duas imagens: sal e luz.

SER SAL

O sal – observou Francisco - “é o elemento que dá sabor e que conserva e preserva os alimentos da corrupção”, motivo pelo qual o discípulo “é chamado a manter afastados da sociedade os perigos, os germes corrosivos que poluem a vida das pessoas”.

“Trata-se de resistir à degradação moral, ao pecado, testemunhando os valores da honestidade e da fraternidade, sem ceder às tentações mundanas do carreirismo, do poder e da riqueza.”

E explicando o que é ser sal, enfatiza o quanto é necessário hoje o testemunho de fidelidade aos ensinamentos de Jesus:

É “sal” o "discípulo" que, apesar dos fracassos cotidianos - porque todos nós os temos - reergue-se do pó dos próprios erros, recomeçando com coragem e paciência, a cada dia, a buscar o diálogo e o encontro com os outros. É "sal" o discípulo que não busca o consenso e o aplauso, mas se esforça para ser uma presença humilde e construtiva, na fidelidade aos ensinamentos de Jesus, que veio ao mundo não para ser servido, mas para servir. E há tanta necessidade desse comportamento.

SER LUZ

O Papa explica então o significado de ser luz. “A luz – recordou - dissipa a escuridão e permite ver. Jesus é a luz que dissipou as trevas, mas elas ainda permanecem no mundo e nas pessoas”.  Neste sentido, “é tarefa do cristão dissipá-las, fazendo resplandecer a luz de Cristo e anunciando seu Evangelho”.  E essa “irradiação”, deve brotar sobretudo “de nossas boas obras".

“Um discípulo e uma comunidade cristã são luz no mundo quando direcionam os outros para Deus, ajudando cada um a fazer a experiência da sua bondade e da sua misericórdia.”

O discípulo de Jesus é luz quando sabe viver a própria fé fora de espaços restritos, quando contribui para eliminar os preconceitos, a eliminar as calúnias e a deixar entrar a luz da verdade nas situações deterioradas pela hipocrisia e pela mentira. Iluminar. Mas não é a minha luz, é a luz de Jesus. Nós somos instrumentos para que a luz de Jesus chegue a todos.

IGREJA NÃO PODE FECHAR-SE EM SI MESMA

Diante dos conflitos e pecados existentes no mundo - recordou o Papa - Jesus nos convida a não temer. De fato, na Última Ceia, Ele não pediu ao Pai para que tirasse os discípulos do mundo, mas que os protegesse do espírito do mundo. E enfatizou:

Diante da violência, da injustiça, da opressão, o cristão não pode fechar-se em si mesmo ou esconder-se na segurança do próprio recinto. Também a Igreja não pode fechar-se em si mesma, não pode abandonar sua missão de evangelização e de serviço.

A Igreja se dedica com generosidade e ternura aos pequenos e aos pobres: este não é o espírito do mundo, esta é a sua luz, é o sal. A Igreja escuta o clamor dos últimos e dos excluídos, porque tem consciência de ser uma comunidade peregrina chamada a prolongar a presença salvífica de Jesus Cristo na história.

O Papa concluiu, pedindo a Virgem Santa para nos ajudar “a ser sal e luz em meio às pessoas, levando a todos, com a vida e a palavra, a Boa Nova do amor de Deus”.

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No Japão, Papa encontra testemunho de fé sólida dos católicos

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23 de novembro de 2019

O Papa Francisco desembarcou em Tóquio, no Japão, na noite deste sábado (5h32 no Brasil), para segunda etapa desta sua viagem apostólica internacional, após ter visitado a Tailândia.

Francisco é o segundo Pontífice romano a visitar o país do sol nascente, que também acolheu São João Paulo II, em 1981.

A presença do sucessor o Apóstolo São Pedro no Japão era aguardada com ansiedade pela minoria católica do país onde predomina o xintoísmo e budismo.

Os católicos do Japão representam 0,42% da população, cerca de 500 mil pessoas, segundo as estatísticas oficiais da Igreja Católica japonesa, o país conta com 440.893 católicos. Esses números, porém, são contestados, pois, segundo uma nota da Sociedade para as Missões Estrangeiras de Paris, “não foram considerados os católicos que não estão registrados nas paróquias japonesas”. Portanto o número pode ser bem superior, pelo menos o dobro.

TERRA DE MISSÃO

O catolicismo no Japão tem raízes missionárias, sobretudo após a chegada do jesuíta São Francisco Xavier e seus companheiros, no século XVI.

Em 1588, a Igreja Católica no país já contava com mais de 300 mil fiéis no Japão. Ainda no século XVI, começou uma brutal perseguição que durou praticamente dois séculos e quase exterminou a comunidade católica no Japão.

CRISTÃOS ESCONDIDOS

No entanto, mesmo sem bispos, padres e igrejas onde celebrar as liturgias, alguns cristãos leigos japoneses conseguiram sobreviver e, clandestinamente, transmitiram a fé e a tradição católica a seus filhos por nove gerações. Esta foi a época dos chamados “cristãos escondidos”, recordado com frequência pelo Papa Francisco, que considera esse período de provação como um dos dois pilares da história católica do Japão, juntamente com a época dos missionários.

Durante a visita ad Limina dos bispos japoneses ao Papa, em 2015, Francisco afirmou que, apesar de pequena, a comunidade católica do Japão é hoje muito respeitada pelos japoneses por causa do serviço que ela presta a todos, independentemente da religião. É um ato de servir que se baseia abertamente na identidade cristã, e, por isso mesmo, um testemunho prático de cristianismo verdadeiro.

COMUNIDADE  

O operador de máquinas Massaru Edson Goto, 52, é um dos que aguarda ansioso para ver o Pontífice de perto. Filho de japoneses, Goto nasceu no Brasil e vive no Japão há 29 anos, é casado e tem três filhos. Ele mora na cidade de Honjo-Shi, na província de Saitama, a cerca de 50km de Tóquio.

Embora já tenha sido batizado no Brasil, ele começou a participar mais ativamente da vida eclesial no Japão, após passar por algumas dificuldades pessoais. Hoje ele é catequista na Paróquia Nossa Senhora da Visitação e ajuda a coordenar a comunidade católica de sua cidade.

Para o brasileiro, são grandes os desafios para professar a fé em um país onde o catolicismo é minoria. “Hoje eu não tenho vergonha de manifestar minha fé diante das pessoas. Mas não é fácil, até porque os japoneses que não são católicos não compreendem muito a nossa fé”, afirmou Goto, em entrevista ao O SÃO PAULO, por telefone.

TESTEMUNHO DE FÉ

Sobre os católicos japoneses, Goto destacou que embora sejam muito reservados, têm uma profunda fé. “São pessoas muita oração e devoção. Vivem a fé com bastante seriedade. Para eles, não há meio termo, quando dizem que são católicos são mesmo”, observou, acrescentando que os brasileiros aprendem muito com o testemunho de fé dos japoneses.

Os católicos da comunidade de Goto são acompanhados pelo bispo diocesano, Dom Mario Yamanouchi, que nasceu no Japão, mas foi para a Argentina quando pequeno,  onde ingressou na Congregação do Padres Salesianos e se tornou sacerdote. Anos depois, retornou para seu país natal e, desde julho de 2018 é Bispo de Saitama, que ficou vacante por quase cinco anos.

A diocese possui 54 paróquias, distribuídas em 11 áreas, com um total de 51 sacerdotes e cinco diáconos permanentes. Há quatro congregações masculinas e 17 congregações femininas. Também fazem parte 19 creches, quatro escolas de ensino fundamental e médio, cinco estruturas de assistência à infância e duas casas de saúde.

DESAFIOS

Ainda segundo o brasileiro, embora hoje haja liberdade religiosa no Japão, a cultura e o estilo de vida japoneses dificultam de certa forma a vivencia da fé cristã no país, sobretudo para os jovens. “Meus filhos foram criados aqui. Até uma certa idade, eles nos acompanhavam nas atividades na Igreja. A partir do momento em que eles entraram no colégio, as atividades são tantas, inclusive nos finais de semana, que praticamente não sobra tempo para ir à Igreja”, contou.

Também para os adultos, a rotina intensa de trabalhos dificulta a vivência comunitária da fé e o cumprimento do preceito dominical. Como o país é de tradição budista e xintoísta, a prática religiosa não tem forte a dimensão coletiva da religiosidade. “Um padre daqui costuma dizer que, se no passado os cristãos eram perseguidos e mortos, hoje é o excesso de atividades que nos pressionam a abandonar a fé”, relatou Goto.

PRESSÃO CULTURAL

Goto chamou a atenção também para a pressão que o mercado publicitário faz sobre os artistas e personalidades cristãs, para que não professem publicamente a sua fé ou associem sua imagem ao cristianismo. O brasileiro enfatizou que o testemunho da fé cristã no Japão exige sacrifício, para não dizer um certo martírio, por parte dos fiéis.

Por outro lado, mesmo que timidamente, o catolicismo consegue penetrar na sociedade japonesa. “O primeiro-ministro do Japão, é de origem cristã e casado com uma católica. Porém, poucos japoneses sabem disso. Também é sabido por nós, católicos, que o antigo imperador, tinha um frade franciscano como conselheiro. E os filhos imperador e dos príncipes são enviados para estudar em universidades cristãs na Europa”.

Assim como algumas personalidades artísticas que, por imposição do mercado publicitário, são orientadas a não professarem publicamente a sua fé”.

CONFIRMAR A FÉ

Por essas razões, a presença do Papa Francisco no Japão vem confirmar e fortalecer a fé dos católicos no país. Goto participará da missa que Santo Padre presidirá no estádio Tóquio Dome, em Tóquio, na segunda-feira, 25. Ele contou que foram abertas inscrições pela internet e houve um sorteio de ingressos para o estádio, que tem capacidade para 52 mil pessoas. “Nosso Bispo nos informou que não há mais vagas para a celebração”.

PROGRAMAÇÃO

Francisco permanecerá no Japão até terça-feira, 26. Sua intensa programação conta com o encontros com os bispos japoneses, jovens, sacerdotes e consagrados e missas. O pontífice também fará uma visita privada ao imperador Naruhito.

No domingo, 24, O Santo Padre irá de avião até Nagasaki e Hiroshima, conhecidas pelos dois bombardeios atômicos de 1945. O lema escolhido para a viagem é “Proteger toda a vida”.

 (Com informações de Vatican News e Aleteia)

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