SÃO PAULO

SOLIDARIEDADE

Faça o bem sem sair de casa

Por Flavio Rogério Lopes e Jenniffer Silva
08 de abril de 2020

Em tempos de COVID-19, plataformas de doação on-line têm contribuído para a diminuição dos impactos provocados pela pandemia

Reprodução

As autoridades de saúde afirmam que a melhor maneira de evitar a disseminação do novo coronavírus é por meio do isolamento social. Porém, sabe-se que este afastamento e a própria crise na saúde já provocam impactos econômicos e sociais que afetam sobretudo a população mais carente. Então, fica a pergunta: Como praticar a caridade estando longe uns dos outros?

O Papa Francisco, em videomensagem publicada na sexta-feira, 3, afirma que, “mesmo isolados, o pensamento e o espírito podem ir longe com a criatividade do amor. Isto é necessário hoje: a criatividade do amor”.

Neste sentido, um dos recursos que vêm ganhando espaço é o de crowdfunding, método de financiamento coletivo disponível em plataformas on-line, pelo qual empresas e pessoas têm ajudado a quem mais precisa.

AOS MAIS ATINGIDOS

A Obra Kolping do Brasil é uma associação voltada à superação da pobreza por meio do desenvolvimento de crianças e adolescentes, formação de jovens e adultos, promoção integral da família, desenvolvimento comunitário e combate à fome e à seca.

Fundada pelo Beato Adolfo Kolping, em 1849, atua no Brasil desde 1923, e está presente em 120 cidades de 17 estados, com 176 unidades locais denominadas de Comunidade Kolping, e 12 unidades de coordenação estadual chamadas de Obras Kolping Estaduais.

“Os programas e projetos visam colaborar para combater a pobreza em todas as esferas, não somente a material, mas também a espiritual”, disse, ao O SÃO PAULO, João Ederson de Oliveira e Silva, diretor executivo da organização no Brasil.

A crise causada pela COVID-19 levou muitos trabalhadores informais a perder sua única renda. Diante disso, a associação realiza grande parte de seus projetos na periferia. Por isso, a Kolping lançou uma campanha de arrecadação on-line na plataforma Kickante.

“Grande parte dos nossos projetos estão localizados dentro da periferia. Dentro das comunidades mais pobres, conseguimos perceber na prática o efeito de tudo o que ocorre na economia do País e dessa crise provocada pelo COVID-19. Muitos trabalhadores que dependem do mercado informal perderam sua receita de uma forma para outra”, ressaltou.

Visando auxiliar essas famílias, a Koping lançou uma campanha de arrecadação online na plataforma Kikante.

“Muitos estão olhando para os efeitos do novo coronavírus na saúde das pessoas, e isso é muito importante. Existem, porém, os efeitos colaterais que essa pandemia está causando na economia da população mais pobre. A nossa campanha surgiu para dar uma resposta a isso. O fundo será destinado para os locais que estão com a situação mais precária”, enfatizou.

As doações para a campanha contra o Covid-19, podem ser feitas pela plataforma de doação online, ou por transferência, deposito bancário, boleto ou cartão de crédito disponíveis no site da Obra Kolping.

 

DESDE A INFÂNCIA

Crida em 2014, a Fundação Amor Horizontal trabalha com a promoção da infância por meio da assistência a projetos voltados às crianças e adolescentes.

Diante da pandemia, a fundação percebeu que muitos dos projetos seriam fechados e que outros, considerados essenciais, teriam sua demanda acrescida.

Juliana Ayrosa, diretora institucional, lembrou que muitas crianças e adolescentes dependem das refeições distribuídas nesses espaços, e que, com eles fechados, não teriam como se alimentar. Já os serviços de abrigo e casas de acolhida de saúde necessitam intensificar os cuidados com a higiene para diminuir os riscos de contaminação.

No início de março, a fundação lançou em seu site uma campanha específica para a COVID-19. Já nos primeiros dias, com as instituições ainda abertas, foram distribuídas 400 cestas básicas e 21 kits de higiene, e ainda se prevê a entrega de mais 3 mil cestas básicas e 3 mil kits de higiene.

“Se nós não criarmos uma rede, além das mortes que teremos impreterivelmente, teremos outros efeitos colaterais, e é isso que não queremos. A criança é pouco atingida pela doença, mas se ela não tiver o que comer, morrerá de desnutrição. Nós precisamos agir coletivamente, pois o problema é grande para todo mundo”, salientou Juliana.

A meta estipulada atualmente é de R$ 500 mil, e a diretora institucional disse estar confiante em atingi-la, pois percebe que muitas pessoas têm se preocupado em ser solidárias neste momento.

 

CARIDADE CRIATIVA

O Projeto Vida Corrida atua desde 1999, no bairro do Capão Redondo, na região sudoeste de São Paulo, promovendo inclusão social para mulheres e crianças por meio do atletismo. Paula Narvaez, corredora e coordenadora de marketing esportivo, decidiu que seria por meio dele que ajudaria os moradores locais a enfrentar o momento de pandemia.

Paula diz que grande parte das mulheres que residem no local atua como diaristas, mas, com o isolamento social, não estão recebendo o valor das diárias: “Em meio a tanta notícia ruim, eu decidi que precisava fazer algo para ajudar essas pessoas. Lançamos a campanha no dia 21 de março, com a meta de R$ 5 mil e, em dez minutos, atingimos R$ 3 mil. Aumentamos a meta e, em uma semana, arrecadamos mais de R$ 60 mil”, contou.

A campanha hospedada na plataforma Vakinha já entregou 500 cestas básicas, sendo 350 para atendidos pelo Projeto Vida Corrida. Além dos alimentos, foram doados 15 mil copos de água, pois a comunidade sofre com a escassez de recursos hídricos adequados.

“Tem pessoas que moram a beira do córrego, corredores e vielas com 80 famílias. O saneamento no local é a realidade das favelas brasileiras, por isso, entregamos um lote grande de água sanitária e um pouco de álcool em gel. Sabemos que o isolamento social na comunidade é diferente”, lamentou.

Paula afirmou que é possível ser solidário de diferentes formas, recordando que, há alguns dias, um amigo não tinha valor em dinheiro para fazer sua contribuição, mas ajudou doando alguns tênis de corrida, que foram vendidos e revertidos à campanha.

 O fato lhe deu a ideia de criar a página “Bazar do Corre” no Instagram, e que já arrecadou cerca de R$ 5 mil: “Nós vamos ter que usar o nosso coração para ajudar a população mais do que nunca. Sinto que a maioria das pessoas estão incomodadas e que querem contribuir de alguma forma. Precisamos ter esperança e exercitar tudo aquilo que antes não exercitávamos”, estimulou Paula.

PLATAFORMAS DE DOAÇÃO ON-LINE PARA

OS AFETADOS DO COVID-19

Doare

Abacashi 

Catarse 

Kickante 

Benfeitoria

Vakinha 

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