NACIONAL

55ª Assembleia Geral da CNBB

Aborto: a vida humana não é um problema, é uma solução

Por Fernando Geronazzo
05 de mai de 2017

Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, Bispo de Campos (RJ), reiterou aos jornalistas a posição da Igreja em defesa da vida

(Foto: CNBB)

No Meeting Point (Ponto de encontro) promovido pela Assessoria de Imprensa da 55ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na quinta-feira, 4, em Aparecida (SP), Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, Bispo de Campos (RJ) e referencial nacional para Pastoral da Saúde falou sobre o tema do aborto.

O Bispo partiu da última nota da CNBB sobre o tem, publicada em 11 de abril. Com o título ‘Pela Vida Contra o Aborto’ a nota traz logo no início uma citação um dos primeiros livros de catecismo da Igreja primitiva, o Didaquê: “Não matarás, mediante o aborto, o fruto do seu seio”.

Leia a íntegra da nota

“O direito primeiro-primeiro do cidadão, da pessoa humana, é o direito à vida. Um direito fundamental, que não é só afirmado pela Igreja Católica, é afirmado pelas Nações Unidas; por todas as declarações de direitos”, destacou Dom Roberto.

“O direito à vida permanece, na sua totalidade, para o idoso fragilizado, para o doente em fase terminal, para a pessoa com deficiência, para a criança que acaba de nascer e também para aquela que ainda não nasceu” recorda a nota. De acordo com o Bispo, essas são as situações nas quais, às vezes, certas legislações pretendem terminar com a vida humana. “São situações de fragilidade. Lembramo-nos a triste experiência do que foi o holocausto de pessoas deficientes na Alemanha nazista, cujas vidas se consideravam inúteis para o Estado”, disse.

“O ser humano, desde o óvulo fecundado, é um ser soberano, autônomo e autossustentável”, salientou Dom Roberto.

Continuando a mencionar a nota, o Prelado enfatizou que a defesa incondicional da vida, fundamentada na razão e na natureza da pessoa humana, encontra o seu sentido mais profundo e a sua comprovação à luz da fé. “Nosso Deus é o Deus criador, protege a vida de todas as criaturas e, em especial, a pessoa humana, que é sua imagem e semelhança”, disse.

“Gostaria de dizer que, ao contrário do direito romano, que dava o direito de colocar no lixo um filho ou filha que não era desejado, os cristãos se caracterizaram em aceitar sempre os filhos. E a origem da palavra ‘cretino’, que é portador de deficiências físicas, é interessante, é o pequeno Cristo. Se via, quando uma pessoa tinha necessidades especiais, a Cristo, que deveria ser amado e acolhido com muita ternura”, explicou Dom Roberto.

O Bispo reforçou que o respeito à vida e à dignidade das mulheres também deve ser promovido, para superar a violência e a discriminação por elas sofridas. “Nós não estamos, com a proibição ao aborto, dando aso para que se cometa as violências contra a mulher. Pelo contrário. A Igreja quer acolher com misericórdia e prestar assistência pastoral às mulheres que sofreram a triste experiência do aborto”, afirmou, recordando que existem vários projetos promovidos pela Igreja para a acolhida e acompanhamento das mulheres que cometeram aborto.

“A vida humana é preciosa. Ela nunca será um problema; pelo contrário, é uma solução. E nós nunca podemos cair nessa falácia de impedir que venham mais convidados a mesa; mas o que temos que fazer é repartir o bolo”, reiterou Dom Roberto.

Transmissão da vida

Perguntado por uma jornalista se haveria alguma possibilidade de a Igreja se abrir ao uso de métodos contraceptivos, o Bispo de Campos foi enfático ao negar essa possibilidade e recordou os dois princípios do matrimônio ensinados pela doutrina da Igreja: o amor responsável e a transmissão da vida. “O amor responsável não é contraceptivo, é fecundo, é humano.

“A transmissão da vida não é algo banal, que façamos como quem toma um copo de água. Então a contracepção, ou melhor dito, a mentalidade contraceptiva não está alinhada com esses princípios do amor responsável”, completou.

Colaborou Júlia Cabral, com informações da CNBB

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