Diretrizes Gerais indicam caminho para uma Igreja mais discípula e missionária

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03 de mai de 2019

Dom Leomar Antônio Brustolin, Bispo auxiliar de Porto Alegre (RS) e membro da Comissão de Redação do Tema Central da 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), afirmou, na coletiva desta sexta-feira, 3, sobre as novas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja do Brasil (DGAE) para os anos de 2019 a 2023. O texto está sendo trabalhado pelo episcopado brasileiro reunido entre os dias 1º e 10, em Aparecida (SP)  

Dom Leomar explicou que assim como em toda instituição existem caminhos a serem seguidos, a Igreja também necessita. “Não é possível fazer um único planejamento para a Igreja em todo o Brasil, somos um continente. Mas é preciso dar indicações”, disse.

Já na Assembleia do ano passado, os bispos deram indicações e sinais para serem trabalhados pela comissão responsável pelo texto das DGAE. Uma primeira versão do texto é entregue a todos os bispos, que enviam emendas e sugestões. Em seguida, uma nova versão é encaminhada ainda antes da Assembleia para novas apreciações.

No plenário, há novas contribuições dos prelados, que apontam emendas e fazem intervenções na tribuna, para depois haver a votação individual de cada parágrafo do texto para a aprovação final do documento.

MUNDO URBANO

As novas Diretrizes dedicam uma maior atenção para a realidade do mundo urbano, que não se limita apenas às cidades, mas também aos lugares que possuem acesso à internet e energia elétrica.

“Essa realidade é marcada por tanto sinais positivos, avanços tecnológicos, mas também com preocupações, contradições e ambiguidades”, destacou dom Leomar, indicando desafios próprios desse contexto, como o individualismo, a solidão, do anonimato. “Nossas comunidades têm um desafio enorme em relação à crise do sentido da vida”.

Nesse sentido, o documento também salienta todas as questões relativas à falta de ética nos vários âmbitos da sociedade. “Nós nos baseamos muito na Doutrina Social da Igreja, que prevê um humanismo integral e solidário, ou seja, para toda a pessoa, do nascituro até aquele que está para morrer”.

COMUNIDADE COMO CASA

O Bispo informou, ainda, que todo o texto das Diretrizes é permeado de referências ao magistério do Papa Francisco, do Documento de Aparecida e dos próprios documentos recentes da CNBB.

Em um dos capítulos, as DGAE enfatizam a importância de a comunidade eclesial ser entendida a partir da imagem da casa. Essa, por sua vez, entendida como lar, espaço de vida.

A partir dessa analogia, o texto apresenta quatro pilares que devem sustentar a comunidade, seguidos de encaminhamentos e sugestões para que cada diocese, paróquia e comunidade podem implementá-los.

PALAVRA, PÃO, CARIDADE E MISSÃO

A primeiro desses pilares é a Palavra, que engloba desde a iniciação à vida cristã à animação bíblica da pastoral, conduzindo as pessoas ao encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo, formando, assim, verdadeiros discípulos. O segundo pilar é o “pão”, que diz respeito à liturgia e espiritualidade, uma novidade em relação às diretrizes anteriores. “Para que nós celebremos o mistério pascal como uma espiritualidade profunda que conduz à santidade”, explicou Dom Leomar.

A caridade, serviço à vida plena, é o terceiro pilar proposto pelo documento. “Sabemos quantas organizações caritativas, de promoção da vida humana e transformação da realidade pelas quais a Igreja tem se empenhado”, acrescentou o Bispo.

“O quarto pilar é a ação missionária, para que essa casa tenha as portas abertas para que outras pessoas possam entrar e possamos sair ao encontro do outro”, ressaltou Dom Leomar.

TESTEMUNHAS DE CRISTO

Ainda de acordo com Dom Leomar, as DGAE insistem na formação de comunidades eclesiais missionárias, “em que as pessoas vivam em torno da palavra, se convertam e testemunhem em uma sociedade cada vez mais plural o que realmente o Cristo Pede para a sua Igreja”.

“Esperamos encontrar caminhos que tornem o Brasil mais discípulo e missionário. A maior preocupação não é com o número de cristãos, mas com a qualidade do testemunho desses cristãos onde estão”, completou o Bispo.

Diariamente, acompanhe os detalhes sobre a 57ª Assembleia Geral da CNBB no site do jornal O SÃO PAULO e nos noticiários da rádio 9 de Julho.  

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(Com informações da CNBB)

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Dom Armando Bucciol: ‘A liturgia é a fonte da fé da Igreja’

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02 de mai de 2019

Durante a 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acontece entre os dias 1º e 10, em Aparecida (SP), foi apresentada ao episcopado a última parte da revisão da tradução do Missal Romano, livro litúrgico que contém as orações e ritos da celebração missa.

O trabalho da revisão é de responsabilidade da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia, presidida por Dom Armando Bucciol, Bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA). Ele abordou o assunto na entrevista coletiva do 2º dia de Assembleia, nesta quinta-feira, 2.

O MISSAL

O Missal Romano foi promulgado por São Paulo VI em 1969, após a reforma litúrgica proposta pelo Concílio Vaticano II. Em 2002 foi publicada pela Santa Sé a terceira edição do Missal em Latim, língua oficial da Igreja. A partir dessa edição, as conferências episcopais de todo o mundo devem revisar suas traduções locais.

Para isso, foi constituída uma equipe com a participação de especialistas. Esse grupo tem trabalhado na revisão nos últimos 12 anos.  “É um trabalho, ao mesmo tempo, delicado, complexo, precioso e importante. Como se sabe, a liturgia é a fonte da fé da Igreja”, afirmou Dom Armando.   

“A Teologia da Liturgia fundamenta, ilumina, sustenta, proclama e canta a santidade de Deus e o amor de Deus para com a humanidade. E suscita o amor fiel e o testemunho coerente dos cristãos”, acrescentou o Bispo.

REVISÃO

Em cada Assembleia Geral, era submetida à aprovação do episcopado uma parte da revisão dos textos litúrgicos. A última parte apresentada neste ano são os textos referentes às missas para diversas necessidades, votivas e dos defuntos.

Depois de aprovado pelos bispos, o livro passará, ainda por últimas revisões e averiguações e correções antes de ser encaminhado para a Congregação para o Culto Divino, no Vaticano, para a aprovação.

FIDELIDADE AO LATIM

O Bispo esclareceu que, ao contrário de boatos propagados pelas redes sociais recentemente, nunca houve por parte da CNBB “desvios de doutrina” ou alterações dos textos litúrgicos que não condizem com a versão original. Mas, sim, uma revisão pedida pela Santa Sé. 

Dom Armando explicou que a Comissão buscou manter um equilíbrio entre a fidelidade ao original latino e uma linguagem próxima à compreensão do povo. "O texto foi traduzido por uma equipe que tinha sólido conhecimento da língua latina e de liturgia", reiterou. 

“A proposta é que se faça agora uma ulterior revisão, pedindo a análise de teólogos, liturgistas e biblistas e especialistas em linguagem, para ver se há alguma expressão que pode ser melhorada, sempre dentro da fidelidade ao texto aprovado pela Assembleia Geral”, explicou o Bispo, informando que acredita que em até um ano e meio será publicado a nova edição do Missal Romano no Brasil.

Diariamente, acompanhe os detalhes sobre a 57ª Assembleia Geral da CNBB no site do jornal O SÃO PAULO e nos noticiários da rádio 9 de Julho.   

(Com informações da CNBB)

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Criada a Sociedade Ratzinger do Brasil

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05 de mai de 2017

Durante a 55ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, realizada em Aparecida (SP) entre os dias 26 de abril e 5 de maio, foi criada a Sociedade Ratzinger do Brasil (SRB), que tem como finalidade traduzir e difundir as obras completas do teólogo Joseph Ratzinger, o Papa Emérito Bento XVI.

A sociedade também irá promover atividades de estudo e pesquisa, realizar congressos, seminários, e cursos de atualização teológica, organizar encontros periódicos de caráter regional, nacional e internacional, realizar trabalhos interdisciplinares com outras sociedade e instituições teológicas, publicar obras científicas e de divulgação sobre a teologia de Ratzinger, bem como seu magistério pontifício.

Em entrevista concedida à Rádio Vaticano, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo de São Paulo e um dos membro do comitê fundador da SRB, explicou que a iniciativa da criação da Sociedade partiu de estudiosos, bispos, cardeais e pretende ser ampliada posteriormente convidando mais integrantes para maior difusão da obra de Bento XVI,

“Aqui no Brasil conhecemos poucas obras traduzidas do Papa Bento XVI e realmente creio que vale a pena nós termos um conhecimento maior, uma difusão maior das suas obras teológicas”, afirmou Dom Odilo.

O Cardeal Scherer acredita que, para a história futura, o Papa Bento XVI será um dos grandes papas teólogos da história da Igreja. “Por isso, não vamos esperar 50 anos ou 100 anos para começar a traduzir a sua obra em português, nós vamos começar logo”, disse.

Colaborou Larrisa Freitas, com informações da Rádio Vaticano e CNBB

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Aborto: a vida humana não é um problema, é uma solução

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05 de mai de 2017

No Meeting Point (Ponto de encontro) promovido pela Assessoria de Imprensa da 55ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na quinta-feira, 4, em Aparecida (SP), Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, Bispo de Campos (RJ) e referencial nacional para Pastoral da Saúde falou sobre o tema do aborto.

O Bispo partiu da última nota da CNBB sobre o tem, publicada em 11 de abril. Com o título ‘Pela Vida Contra o Aborto’ a nota traz logo no início uma citação um dos primeiros livros de catecismo da Igreja primitiva, o Didaquê: “Não matarás, mediante o aborto, o fruto do seu seio”.

Leia a íntegra da nota

“O direito primeiro-primeiro do cidadão, da pessoa humana, é o direito à vida. Um direito fundamental, que não é só afirmado pela Igreja Católica, é afirmado pelas Nações Unidas; por todas as declarações de direitos”, destacou Dom Roberto.

“O direito à vida permanece, na sua totalidade, para o idoso fragilizado, para o doente em fase terminal, para a pessoa com deficiência, para a criança que acaba de nascer e também para aquela que ainda não nasceu” recorda a nota. De acordo com o Bispo, essas são as situações nas quais, às vezes, certas legislações pretendem terminar com a vida humana. “São situações de fragilidade. Lembramo-nos a triste experiência do que foi o holocausto de pessoas deficientes na Alemanha nazista, cujas vidas se consideravam inúteis para o Estado”, disse.

“O ser humano, desde o óvulo fecundado, é um ser soberano, autônomo e autossustentável”, salientou Dom Roberto.

Continuando a mencionar a nota, o Prelado enfatizou que a defesa incondicional da vida, fundamentada na razão e na natureza da pessoa humana, encontra o seu sentido mais profundo e a sua comprovação à luz da fé. “Nosso Deus é o Deus criador, protege a vida de todas as criaturas e, em especial, a pessoa humana, que é sua imagem e semelhança”, disse.

“Gostaria de dizer que, ao contrário do direito romano, que dava o direito de colocar no lixo um filho ou filha que não era desejado, os cristãos se caracterizaram em aceitar sempre os filhos. E a origem da palavra ‘cretino’, que é portador de deficiências físicas, é interessante, é o pequeno Cristo. Se via, quando uma pessoa tinha necessidades especiais, a Cristo, que deveria ser amado e acolhido com muita ternura”, explicou Dom Roberto.

O Bispo reforçou que o respeito à vida e à dignidade das mulheres também deve ser promovido, para superar a violência e a discriminação por elas sofridas. “Nós não estamos, com a proibição ao aborto, dando aso para que se cometa as violências contra a mulher. Pelo contrário. A Igreja quer acolher com misericórdia e prestar assistência pastoral às mulheres que sofreram a triste experiência do aborto”, afirmou, recordando que existem vários projetos promovidos pela Igreja para a acolhida e acompanhamento das mulheres que cometeram aborto.

“A vida humana é preciosa. Ela nunca será um problema; pelo contrário, é uma solução. E nós nunca podemos cair nessa falácia de impedir que venham mais convidados a mesa; mas o que temos que fazer é repartir o bolo”, reiterou Dom Roberto.

Transmissão da vida

Perguntado por uma jornalista se haveria alguma possibilidade de a Igreja se abrir ao uso de métodos contraceptivos, o Bispo de Campos foi enfático ao negar essa possibilidade e recordou os dois princípios do matrimônio ensinados pela doutrina da Igreja: o amor responsável e a transmissão da vida. “O amor responsável não é contraceptivo, é fecundo, é humano.

“A transmissão da vida não é algo banal, que façamos como quem toma um copo de água. Então a contracepção, ou melhor dito, a mentalidade contraceptiva não está alinhada com esses princípios do amor responsável”, completou.

Colaborou Júlia Cabral, com informações da CNBB

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Presidência da CNBB faz balanço da Assembleia Geral

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04 de mai de 2017

(Foto: CNBB)Na tarde desta quinta-feira, 4, a presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) concedeu uma entrevista coletiva, no penúltimo dia da 55ª Assembleia Geral da entidade, que acontece desde 26 de abril em Aparecida (SP).

Estavam presentes o presidente da CNBB, Cardeal Sergio da Rocha, arcebispo de Brasília (DF); o vice-presidente, Dom Murilo Krieger, arcebispo de Salvador (BA), e o secretário-geral, Dom Leonardo Steiner, bispo auxiliar de Brasília.

Ao fazer um balanço dos trabalhos da Assembleia, Dom Sergio informou que os principais temas já foram encaminhados e os principais textos também já foram aprovados.

Cardeal da Rocha destacou que a Assembleia não se resume à produção de textos, mas é também um período de convivência e oração entre os bispos. “Nós somos um episcopado grande, sempre tem bispos novos, temos os chamados bispos eméritos e é sempre muito bom, muito importante para os bispos, para a missão que nós temos da Igreja no Brasil, estar juntos, conviver de maneira fraterna, cordial, então esse é um aspecto muito importante”, disse.

Depois a oração, nós rezamos e graças a Deus rezamos bastante, temos os vários momentos de oração, começado da eucaristia no início do dia, temos um retiro espiritual durante a própria assembleia e também é claro que há muita reflexão, muito estudo, nós temos vários momentos de reflexão em plenária como bem sabemos, mas também temos adotado sempre mais a dinâmica de grupos para pode contar um pouco mais com a participação mais efetiva de cada um dos senhores bispos.

O Presidente da CNBB recordou, ainda, que a Assembleia deste ano aconteceu no contexto dos dez anos da Conferência Geral do Episcopado Latino Americano e do Caribe, realizada também em Aparecida, em 2007, com a presença do Papa Bento XVI, e o Ano Mariano Nacional, por ocasião dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida.

“Essa assembleia, como sempre ocorre, tem muito assunto e também muitos textos são produzidos. Alguns textos mais voltados para o interior da Igreja, para questões próprias das nossas comunidades, e outros, é claro, voltados para o contexto social que nós estamos vivenciando”, explicou Dom Sergio.

Sobre a realidade sócio-política e econômica do país, o Cardeal ressaltou que os procuram iluminar com a Palavra de Deus a realidade social cristã, a realidade política e a realidade econômica. “Nós procuramos refletir, rezar a respeito disso e também dar nossa palavra”.

Textos

Na quarta-feira, 3, foi aprovada a versão final do texto do tema central da Assembleia, sobre o processo de iniciação à vida cristã, que será publicado como documento da CNBB. “Buscamos orientações pastorais para preparar melhor as pessoas, para ajuda-las a vivenciar melhor a iniciação à vida cristã nas várias etapas da vida, sobretudo olhando mais para a nossa juventude”, afirmou Dom Sergio.

Outro texto que dá sequência a uma proposta que vem sendo desenvolvida anualmente é o “Pensando o Brasil”, um projeto de estudo sobre temas da realidade brasileira. Este ano o tema tratado foi da Educação. “Não é propriamente um documento da CNBB, mas um subsídio com reflexão a respeito da Educação no Brasil”, explicou.

Por ocasião do Dia do Trabalho, comemorado em 1º de maio, a CNBB também publicou uma mensagem aos trabalhadores brasileiros.

Momento nacional

O último texto divulgado pela Assembleia foi a nota com o título “O grave momento nacional”, que foi lida aos jornalistas por Dom Leonardo Steiner.

Leia a íntegra da nota

(Colaborou Larissa Freitas)

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CNBB: Momento nacional é grave

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04 de mai de 2017

O episcopado brasileiro, reunido em sua 55ª Assembleia Geral, em Aparecida (SP), emitiu Nota Oficial sobre o momento que o Brasil atravessa nos últimos tempos. Na véspera do encerramento do encontro anual dos bispos, nesta quinta-feira, 04 de maio, a presidência da CNBB fez um balanço dos trabalhos e leu a Nota para os jornalistas.

O arcebispo de Brasília e presidente da CNBB, cardeal Sergio da Rocha, destacou que a Assembleia vai além dos textos e documentos publicados: “É um período de convivência entre os bispos, de oração, reflexão e estudo”. Ele citou, ainda, a divulgação do estudo sobre o tema central do evento “Iniciação à Vida Cristã”, aprovado como documento da entidade; o projeto “Pensando o Brasil”, que este ano refletiu sobre a educação no país e a mensagem aos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil, por ocasião do dia 1º de maio.

A Nota Oficial destaca que  Brasil é “um País perplexo diante de agentes públicos e privados que ignoram a ética e abrem mão dos princípios morais, base indispensável de uma nação que se queira justa e fraterna”. No texto, os bispos advertem: “Urge retomar o caminho da ética como condição indispensável para que o Brasil reconstrua seu tecido social. Só assim a sociedade terá condições de lutar contra seus males mais evidentes: violência contra a pessoa e a vida, contra a família, tráfico de drogas e outros negócios ilícitos, excessos no uso da força policial, corrupção, sonegação fiscal, malversação dos bens públicos, abuso do poder econômico e político, poder discricionário dos meios de comunicação social, crimes ambientais”.

Leia a Nota na íntegra:

O GRAVE MOMENTO NACIONAL

“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6,33)

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil–CNBB, por ocasião de sua 55ª Assembleia Geral, reunida em Aparecida-SP, de 26 de abril a 5 de maio de 2017, sente-se no dever de, mais uma vez, apresentar à sociedade brasileira suas reflexões e apreensões diante da delicada conjuntura política, econômica e social pela qual vem passando o Brasil. Não compete à Igreja apresentar soluções técnicas para os graves problemas vividos pelo País, mas oferecer ao povo brasileiro a luz do Evangelho para a edificação de “uma sociedade à medida do homem, da sua dignidade, da sua vocação” (Bento XVI – Caritas in Veritate, 9).

O que está acontecendo com o Brasil? Um País perplexo diante de agentes públicos e privados que ignoram a ética e abrem mão dos princípios morais, base indispensável de uma nação que se queira justa e fraterna. O desprezo da ética leva a uma relação promíscua entre interesses públicos e privados, razão primeira dos escândalos da corrupção. Urge, portanto, retomar o caminho da ética como condição indispensável para que o Brasil reconstrua seu tecido social. Só assim a sociedade terá condições de lutar contra seus males mais evidentes: violência contra a pessoa e a vida, contra a família, tráfico de drogas e outros negócios ilícitos, excessos no uso da força policial, corrupção, sonegação fiscal, malversação dos bens públicos, abuso do poder econômico e político, poder discricionário dos meios de comunicação social, crimes ambientais (cf. Documentos da CNBB 50– Ética, Pessoa e Sociedade – n. 130)

O Estado democrático de direito, reconquistado com intensa participação popular após o regime de exceção, corre riscos na medida em que crescem o descrédito e o desencanto com a política e com os Poderes da República cuja prática tem demonstrado enorme distanciamento das aspirações de grande parte da população. É preciso construir uma democracia verdadeiramente participativa. Dessa forma se poderá superar o fisiologismo político que leva a barganhas sem escrúpulos, com graves consequências para o bem do povo brasileiro.

É sempre mais necessária uma profunda reforma do sistema político brasileiro. Com o exercício desfigurado e desacreditado da política, vem a tentação de ignorar os políticos e os governantes, permitindo-lhes decidir os destinos do Brasil a seu bel prazer. Desconsiderar os partidos e desinteressar-se da política favorece a ascensão de “salvadores da pátria” e o surgimento de regimes autocráticos. Aos políticos não é lícito exercer a política de outra forma que não seja para a construção do bem comum. Daí, a necessidade de se abandonar a velha prática do “toma lá, dá cá” como moeda de troca para atender a interesses privados em prejuízo dos interesses públicos.

Intimamente unida à política, a economia globalizada tem sido um verdadeiro suplício para a maioria da população brasileira, uma vez que dá primazia ao mercado, em detrimento da pessoa humana e ao capital em detrimento do trabalho, quando deveria ser o contrário. Essa economia mata e revela que a raiz da crise é antropológica, por negar a primazia do ser humano sobre o capital (cf. Evangelii Gaudium, 53-57). Em nome da retomada do desenvolvimento, não é justo submeter o Estado ao mercado. Quando é o mercado que governa, o Estado torna-se fraco e acaba submetido a uma perversa lógica financista. Recorde-se, com o Papa Francisco, que “o dinheiro é para servir e não para governar” (Evangelii Gaudium 58).

O desenvolvimento social, critério de legitimação de políticas econômicas, requer políticas públicas que atendam à população, especialmente a que se encontra em situação vulnerável. A insuficiência dessas políticas está entre as causas da exclusão e da violência, que atingem milhões de brasileiros. São catalisadores de violência: a impunidade; os crescentes conflitos na cidade e no campo; o desemprego; a desigualdade social; a desconstrução dos direitos de comunidades tradicionais; a falta de reconhecimento e demarcação dos territórios indígenas e quilombolas; a degradação ambiental; a criminalização de movimentos sociais e populares; a situação deplorável do sistema carcerário. É preocupante, também, a falta de perspectivas de futuro para os jovens. Igualmente desafiador é o crime organizado, presente em diversos âmbitos da sociedade.

Nas cidades, atos de violência espalham terror, vitimam as pessoas e causam danos ao patrimônio público e privado. Ocorridos recentemente, o massacre de trabalhadores rurais no município de Colniza, no Mato Grosso, e o ataque ao povo indígena Gamela, em Viana, no Maranhão, são barbáries que vitimaram os mais pobres. Essas ocorrências exigem imediatas providências das autoridades competentes na apuração e punição dos responsáveis.

No esforço de superação do grave momento atual, são necessárias reformas, que se legitimam quando obedecem à lógica do diálogo com toda a sociedade, com vistas ao bem comum. Do Judiciário, a quem compete garantir o direito e a justiça para todos, espera-se atuação independente e autônoma, no estrito cumprimento da lei. Da Mídia espera-se que seja livre, plural e independente, para que se coloque a serviço da verdade.

Não há futuro para uma sociedade na qual se dissolve a verdadeira fraternidade. Por isso, urge a construção de um projeto viável de nação justa, solidária e fraterna. “É necessário procurar uma saída para a sufocante disputa entre a tese neoliberal e a neoestatista (…). A mera atualização de velhas categorias de pensamentos, ou o recurso a sofisticadas técnicas de decisões coletivas, não é suficiente. É necessário buscar caminhos novos inspirados na mensagem de Cristo” (Papa Francisco – Sessão Plenária da Pontifícia Academia das Ciências Sociais – 24 de abril de 2017).

O povo brasileiro tem coragem, fé e esperança. Está em suas mãos defender a dignidade e a liberdade, promover uma cultura de paz para todos, lutar pela justiça e pela causa dos oprimidos e fazer do Brasil uma nação respeitada.

A CNBB está sempre à disposição para colaborar na busca de soluções para o grave momento que vivemos e conclama os católicos e as pessoas de boa vontade a participarem, consciente e ativamente, na construção do Brasil que queremos.

No Ano Nacional Mariano, confiamos o povo brasileiro, com suas angústias, anseios e esperanças, ao coração de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil. Deus nos abençoe!

Aparecida – SP, 3 de maio de 2017.

Cardeal Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília
Presidente da CNBB

Dom Murilo Sebastião Ramos Krieger, SCJ
Arcebispo de São Salvador da Bahia
Vice-Presidente da CNBB

Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário-Geral da CNBB

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Cardeal Scherer: O povo quer um Brasil melhor

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28 de abril de 2017

Na edição desta sexta-feira, 28, do seu programa diário “Encontro com o Pastor”, na rádio 9 de Julho, o arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, falou sobre as atividades do terceiro dia de trabalhos da 55ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que acontece em Aparecida (SP).

Dom Odilo comentou a mensagem da CNBB aos trabalhadores brasileiros, neste dia em que acontecem manifestações no país. “Nós apoiamos que todo mundo, enfim, e diga tudo aquilo que pensa, aquilo que sente e ajude a melhorar o Brasil”, afirmou o Cardeal.

O Arcebispo salientou que são muitas as preocupações da população: em relação as leis trabalhistas, à previdência, ao emprego, desemprego e “em relação à insegurança política e moral que existe com tanta corrupção, tantos maus exemplos da vida pública no Brasil”.

“Pois é, hoje é um dia do povo, portanto, se manifestar em relação a tudo isso, na liberdade e também no desejo de melhorar o Brasil”, completou.

O Cardeal, no entanto, alertou que tais manifestações devem acontecer de maneira pacífica, sem violência, depredações ou insultos. Ainda de acordo com Dom Odilo, cada um deve se manifestar com a liberdade de suas convicções, “para tentar melhorar as coisas e desta forma dar a entender aqueles que governam, que fazem leis e que administram a justiça, que o povo está atento, que o povo está preocupado, o povo quer, sim, um Brasil melhor, mais justo, mais digno, mais igualitário para todos, onde se realiza a verdadeira justiça social que a Igreja prega e ensina”.

Por fim, o arcebispo reiterou que o episcopado reunido em assembleia acompanha as manifestações e rezam para que tudo ocorra bem. “Fazemos votos que transcorra bem este dia. Um dia diferente. Para muitos, um dia de ir à rua, para outros, um dia de pensar, de refletir e de discernir sobre o que fazer, como continuar. Que Deus ilumine, o nosso povo, ilumine os nossos governantes, Nossa Senhora Aparecida interceda por todos!”, concluiu.

Ouça a íntegra da mensagem do Cardeal Odilo Scherer

Colaborou Larissa Freitas

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Conheça as comissões episcopais da CNBB

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27 de abril de 2017

Durante a 55ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), também são apresentados os trabalhos das comissões episcopais, criadas com o propósito de colaborar com as dioceses e arquidioceses na animação pastoral em diversas áreas.

Conheça essas comissões com seus presidentes e membros para o quadriênio 2015-2019:

1. Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados  e a Vida Consagrada

Presidente: Dom Jaime Spengler, OFM, arcebispo de Porto Alegre (RS)

Dom Juarez Souza da Silva, bispo de Parnaíba (PI)
Dom João Francisco Salm, bispo de Tubarão (SC)
Dom José Roberto Fortes Palau, bispo auxiliar de São Paulo (SP)

Sub-Comissão para Bispos Eméritos 

 

 

2. Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato

Presidente: Dom Severino Clasen, bispo de Caçador (SC)

Dom Giovanne Pereira de Melo, bispo de Tocantinópolis (TO)
Dom Pedro José Conti, bispo de Macapá (AP)
Dom Remídio José Bohn, bispo de Cachoeira do Sul (RS)

Reponsável por:
Setor Leigos
Setor CEBs

 

3. Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude

Presidente:  Dom Vilson Basso, bispo eleito de Imperatriz (MA)

Dom Antonio Emídio Vilar, bispo de São João da boa Vista (SP) 
Dom Nelson Francelino Ferreira, bispo de Valença (RJ)

 

 

 

 

4. Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial

Presidente: Dom Esmeraldo Barreto de Farias, bispo auxiliar de São Luís (MA)

Dom Odelir José Magri, bispo de Chapecó (SC)
Dom Giovanni Crippa, bispo de Estância (SE)
Dom Bernardo Johannes Bahlmann, bispo de Óbidos (PA)

 

 

 

5. Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé

Presidente: Dom Pedro Carlos Cipolini, bispo de Santo André (SP)

Dom Leomar Antônio Brustollin, bispo auxiliar de Porto Alegre (RS)
Dom João Santos Cardoso, bispo de Bom Jesus da Lapa (BA)
Dom Waldemar Passini Dalbello, bispo coadjutor de Luziânia (GO)
Dom Marcos Marian Piatek, bispo de Coari (AM)

 

 

 

6. Comissão Episcopal Pastoral para a Animação Bíblico-Catequética

Presidente: Dom José Antônio Peruzzo, arcebispo de Curitiba (PR)

Dom Mário Antônio da Silva, bispo de Roraima (RR) 
Dom Carlos Verzeletti, bispo de Castanhal (PA)

 

 

 

 

7. Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia

Presidente: Dom Armando Bucciol, bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA) 

Dom Edmar Peron, bispo de Paranaguá (PR)
Dom Geremias Steinmetz, bispo de Paranavaí (PR)

 

 

 

 

8. Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-Religioso

Presidente: Dom Francisco Biasin – bispo de Barra do Piraí-Volta Redonda (RJ)

Dom Manoel João Francisco, bispo de Cornélio Procópio (PR)
Dom Zanoni Demettino Castro, arcebispo de Feira de Santana (BA)

 

 

 

 

9. Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da Caridade, da Justiça e da Paz

Presidente: Dom Guilherme Antônio Werlang, bispo de Ipameri (GO)

Dom Canísio Klaus, bispo de Sinop (MT)
Dom José Valdeci Santos Mendes, bispo de Brejo (MA)
Dom André de Witte, bispo de Ruy Barbosa (BA)
Dom Milton Kenan Júnior, bispo de Barretos (SP)
Dom Luiz Gonzaga Fechio, bispo de Amparo (SP) 

 

 

10. Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e Educação

Presidente: Dom João Justino de Medeiros Silva – arcebispo coadjutor eleito de Montes Claros (MG)

Dom Julio Endi Akamine, arcebispo de Sorocaba (SP)
Dom José Luiz Majella Delgado, arcebispo de Pouso Alegre (MG)
Dom Roberto Francisco Ferrería Paz, bispo de Campos (RJ)

Reponsável por:
Setor Ensino Religioso
Setor Educação
Setor Universidades

 

11. Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família

Presidente: Dom João Bosco Barbosa de Sousa, bispo de Osasco (SP)

Dom João Carlos Petrini, bispo de Camaçari (BA)
Dom Wilson Tadeu Jönck, arcebispo de Florianópolis (SC)

 

 

 

 

12. Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação

Presidnete: Dom Darci José Nicioli – arcebispo de Diamantina (MG)

Dom Devair Araújo da Fonseca, bispo auxiliar de São Paulo (SP)
Dom Roque Costa Souza, bispo auxiliar do Rio de Janeiro (RJ)

 

 

 

 

13. Comissão Episcopal Especial para a Amazônia Cardeal

Presidente: Cardeal Claudio Hummes – arcebispo e mérito de São Paulo (SP)

Dom Moacyr Grechi, arcebispo emérito de Porto Velho (RO)
Dom Erwin Kräutler, bispo emérito da Prelazia do Xingu (PA)
Dom Roque Paloschi, arcebispo de Porto Velho (RO)
Dom Sergio Castriani, arcebispo de Manaus (AM)
Dom Vicente Costa, bispo de Jundiaí (SP)

 

Colaborou Julia Cabral - com informações da CNBB

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10 dias de intenso trabalho em Aparecida

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27 de abril de 2017

Dom Odilo Pedro Scherer, no “Encontro com o Pastor” transmitido pela Rádio 9 de Julho na quarta-feira, 26, ao meio-dia, falou sobre a Assembleia dos Bispos que acontece até o dia 5 de maio, em Aparecida (SP).

“São cerca de 400 bispos, entre bispos diocesanos, auxiliares e alguns construtores e também tem um bom número de bispos eméritos que estão aqui participando do início desta Assembleia Geral. É uma assembleia muito bonita, muita gente, muitos bispos. A cada ano, nesta ocasião, os bispos ficam muito felizes também de poder trocar ideias, se confrontar, conviver uns com os outros. É um momento de grande profundidade espiritual, porque nós rezamos, cantamos, fazemos um dia de retiro e refletimos sobre muitas questões da vida da Igreja e da vida da sociedade”, afirmou o Cardeal.

Nos bastidores

Em entrevista à Radio Vaticano, O Padre Rafael Vieira, responsável pela Assessoria de Imprensa da Assembleia, disse que é importante valorizar o processo feito antes da assembleia. “Uma Comissão Episcopal foi nomeada especialmente para estudar esse tema da Iniciação Cristã, que na verdade é um resgate de várias oportunidades, que a própria CNBB já se debruçou sobre esse tema, então na verdade é uma atualização das orientações da Igreja a respeito da iniciação à vida cristã”, explicou.

“Houve um processo e aqui a Assembleia vai concluir esse processo. Serão dez dias em que os bispos vão se debruçar sobre o texto que foi elaborado durante muito tempo por essa comissão, contando com muita contribuição das dioceses, de especialistas, de teólogos. Aqui, então, os bispos olham para esse trabalho e vão fazer as suas considerações, suas correções e suas complementações, de maneira que em dez dias a Igreja no Brasil terá um novo referencial sobre esse tema, é isso que nós vislumbramos, teremos dias de estudo, de trabalho e no final se Deus quiser um novo referencial teórico, teológico, espiritual, pastoral principalmente, a respeito da Iniciação Cristã para todo nós do Brasil”, continuou Padre Rafael.

Na entrevista, o assessor disse que os bispos têm muitos outros temas que serão também abordados, como por exemplo, a questão do projeto ‘Pensando o Brasil’, que fala sobre a educação no país. Ele disse ainda que outros temas secundários mais importantes serão tratados, como a preparação para o Sínodo dos Bispos sobre os jovens, em 2018, que será uma oportunidade para que se cultive o que aconteceu na JMJ.

Servidores do povo

Já o Padre João Batista, Reitor do Santuário Nacional de Aparecida, também em entrevista para a Rádio Vaticano afirmou que  receber os bispos para a Assembleia “é uma experiência muito interessante, porque nós nunca nos julgamos assim capacitados para isso, mas na verdade é porque nós colocamos a figura do bispo como um príncipe, alguém muito importante e no dia a dia nós convivemos com eles como servidores da Igreja. Creio que a grande maioria dos bispos se coloca como um servidor mesmo, aquele que está para pastorear o seu povo. Isso é importante, porque traz para nós uma esperança muito grande de que a Igreja no Brasil seja aquilo que Jesus fez quando lavou os pés dos discípulos”. lava pés.

Fonte: Rádio Vaticano e Rádio 9 de Julho

Por Nayá Fernandes e Larissa Freitas

 

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‘A escola é da família e da comunidade’

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25 de abril de 2017

Dom João Justino de Medeiros Silva, arcebispo coadjutor eleito de Montes Claros (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Cultura e a Educação da CNBB, falou, em entrevista ao O SÃO PAULO, sobre o 4º volume da série “Pensando o Brasil”, que trata do tema da educação. O texto será apresentado na 55ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, que acontece, de 26 de abril a 5 de maio, em Aparecida (SP). Não se trata de um documento da CNBB, mas de um subsídio que tem como principal finalidade suscitar nas famílias, comunidades, escolas e universidades o diálogo sobre a realidade da educação no país.

O SÃO PAULO – Porque a CNBB decidiu elaborar um subsídio sobre o tema da Educação? Qual a perspectiva com a qual a Igreja se volta para esse tema?

Dom João Justino de Medeiros Silva – A CNBB trata, durante a Assembleia Geral, de temas específicos da realidade brasileira, com o objetivo de oferecer contribuições para a sociedade. Em 2014, refletimos sobre as “Eleições”. No ano seguinte, em 2015, tratamos da “Desigualdade Social no Brasil”. Já em 2016, nos debruçamos sobre o tema “Crises e Superações”. Todas essas reflexões estão disponíveis nas Edições CNBB na coleção “Pensando o Brasil”. No ano passado, decidimos que o tema da educação mereceria ser tratado com particular atenção. Para isso, começamos a trabalhar na produção do texto que foi partilhado com os bispos e, posteriormente, discutido e reformulado durante a Assembleia. Todos sabem da histórica atuação da Igreja no campo da educação, da qualificada contribuição oferecida à sociedade brasileira, por meio das escolas e universidades católicas. Essa experiência nos permite propor uma reflexão sobre a educação no Brasil.

O que mais preocupa a Igreja no Brasil no cenário da Educação brasileira?

São muitos os pontos que merecem nossa atenção. Talvez o mais urgente seja a fragilidade do sistema educacional brasileiro, que carece de um projeto consistente. Precisa tornar-se verdadeira política de Estado e não de governos. Temos assistido a uma sequência de mudanças e reformas que, embora produzam seus efeitos, ainda estão muito aquém do necessário para tornar o Brasil um país de referência na educação. O Brasil tem, ainda, altos índices de analfabetismo e de evasão escolar. Acrescentaria, também, o descaso com o magistério. Infelizmente, o país maltrata os professores e pouco investe na qualificação dos profissionais da educação. Oportuno é lembrar, por exemplo, que os professores dedicados à educação básica, na rede pública, recebem baixos salários. Nada pode ser pior para a educação que a desvalorização dos educadores. Outra situação preocupante: cada vez menos jovens escolhem os cursos de licenciatura ou de pedagogia.

Considerando os desafios do momento atual, qual o papel a que a família é chamada para melhorar a educação escolar em nosso país?

A família precisa compreender que a educação escolar é uma parceria com a sociedade que promove a educação dos filhos. Os pais são os primeiros responsáveis pela educação de seus filhos. Por isso, devem acompanhar a vida dos seus filhos na escola. Quanto maior for a interação entre família e escola, melhores serão os resultados. O estudante, sobretudo quando criança ou adolescente, é muito beneficiado ao perceber que seus pais e seus professores querem o seu bem. É urgente recuperar essa aliança ou pacto entre a família e a escola. Isso não vem pela força da lei, mas pela força do desejo e atuação dos pais, movidos a partir do propósito de promoverem o desenvolvimento de seus filhos.

Existe no subsídio uma análise dos problemas que as comunidades escolares (alunos, professores e gestores) estão enfrentando em seu cotidiano? Quais os problemas e as soluções indicadas pelo texto?

São sublinhados alguns princípios e também graves lacunas que não podem ser desconsiderados. Se o texto produzir diálogos, debates, estudos e despertar para maior cuidado com a educação, terá alcançado seu objetivo. Com certeza, muitos educadores terão como enriquecer a discussão a partir de suas práticas e estudos. Não se melhora a educação fora do caminho do diálogo, da troca de ideias, da partilha de experiências, do compromisso em participar da vida escolar ou universitária.

As pessoas, muitas vezes, querem ajudar a melhorar a educação escolar no Brasil, mas não sabem o que fazer. O texto trará pistas nesse sentido? Quais são, a seu ver, as principais?

Sim, algumas pistas são apontadas. E poderão despertar as famílias, os educadores e as comunidades para outras ações. Na quarta parte do texto apresentamos as pistas organizadas em quatro âmbitos: o compromisso de todos na sociedade; o compromisso de todos na gestão escolar e nas famílias; a avaliação do esforço educacional na realidade local; pistas para ação da comunidade católica. Importante observar que o documento se destina a toda sociedade brasileira. Ao apresentar algumas indicações para a ação da comunidade católica, tivemos a intenção de destacar a importância do agir das famílias e comunidades católicas como um incentivo a que atuem mais no acompanhamento da educação. Reconhecemos que nos últimos tempos houve um distanciamento das famílias e comunidades do ambiente escolar.

Qual a contribuição específica que as comunidades católicas podem dar para a solução desses problemas?

Apontaria três contribuições. Em primeiro lugar, pautar o tema da educação nos grupos, especialmente os grupos de famílias e comunidades. Sem reflexões e diálogos relacionados ao campo da educação, é difícil promover avanços. Também é muito importante a participação dos familiares nos diferentes colegiados - na escola onde estão os filhos, nos municípios e outras instâncias. Com certa frequência, chega-se muito tarde para participar de discussões e processos. Não raramente, as contribuições são oferecidas apenas quando interesses específicos estão em debate. Agir assim é insuficiente. É o acompanhamento que permite compreender processos, dificuldades, buscar soluções. Assim, torna-se urgente reconhecer a necessidade de atitudes cidadãs, principalmente dos cristãos, que são chamados a “ser sal da terra e luz do mundo”. Em terceiro lugar, indicaria aos pais e líderes das comunidades que fizessem tudo para reatar o pacto educativo. Isto significa reconhecer que a escola é da família e da comunidade. Nesse sentido, deve ser garantida a presença dos pais e da comunidade como corresponsáveis nos processos relacionados à educação. E a Pastoral da Educação tem muito a contribuir nesse sentido.

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