Maio é um mês diferenciado. É redundante, mas, como os namorados dizem “eu te amo” sem se sentirem repetitivos, falamos de maio como o mês das mães sem nos cansarmos. Mês de Maria, com o primeiro dia dedicado a São José Operário, nasceu este ano ensolarado, céu azul-claro, convidativo para encher o coração de ânimo, alegria e paz. E o feriado, nos tempos em que vivemos, quase passou despercebido. Não passou, porém. O desejo de se recolher neste mês especial nos cativa a permanecer juntos a Maria e José.

Alguém pode pensar: “Em que mundo você está?!” Uma excelente pergunta. Em que mundo estamos? “Será que você é o único que não sabe o que está acontecendo nestes dias?” Assim perguntaram os discípulos de Emaús ao peregrino que se aproximara, que não era outro senão o próprio Cristo (cf. Lc 24,13-35). Aos dois discípulos, tudo havia desabado, tudo estava perdido, caminhavam cabisbaixos, possivelmente lamentando as desilusões...

Talvez muitos estejam adentrando este maio de 2020 como os discípulos de Emaús. E encontram, já no primeiro dia, a festa de São José Operário. Um trabalhador. Um chefe de família. Alguém que passou por situações difíceis em relação à gravidez da esposa. Uma fuga com o filho recém-nascido ameaçado, sem destino certo. O retorno arriscado ao país em outra cidade, sem emprego, para recomeçar... Diz-se dele, no entanto: um homem justo. Um santo. Silenciosamente, aproxima-se de nós, como em Emaús o fez Cristo, e a sua presença serena parece afastar as preocupações. Recordar as passagens de sua vida é encontrar alguém atento a Deus, a serviço dos demais, dedicado ao trabalho, com fortaleza nas tentações, prudente nas ações e humildade no coração, que o coloca despercebido no cenário. Não é o protagonista.

Ele abre as portas de maio, em que sua esposa preenche de graças cada momento. A mulher de beleza e candura indescritíveis por seus videntes ao longo dos séculos. A própria percepção do céu aqui na terra. Não há limites na devoção a Maria, ainda que tanto já tenha sido dito. Há a necessidade de se esforçar em perseverar nos seus caminhos. Maio, na companhia de Maria e de José. Maio, no caminho da esperança pela fé na verdade de uma vida em plenitude. Maio, um tempo de conversão para o bem.

“Em que mundo você está?!” Alguém perguntou. Em que mundo você quer estar? Em que mundo você quer viver? Qual mundo você está construindo? Nada nos diz que, diante das dificuldades, e muito graves, o pessimismo trouxe alguma colaboração. Nada nos diz que, diante da dor, e forte, o desespero trouxe algum alívio. Nada nos diz que, diante da escassez, roubar o entusiasmo por trabalhar enriqueceu alguém. Nada nos diz que, diante da doença, a solidão tenha sido o melhor remédio. Nada nos diz que, diante da tristeza, tirar os sonhos tenha oferecido algum consolo. O pavor midiático que tem sido semeado, devido à pandemia, é totalmente condenável. Não se pode se deixar levar pelo pânico. Orientar, sim. Conscientizar, também. Agir com prudência e responsabilidade social, perfeito. Contudo, todos no caminho da Esperança! Vamos nos animar com a solidariedade generosa que está crescendo em todos os lugares, em diferentes frentes de atividades. Aplaudir o heroísmo de anônimos que trabalham nas linhas de frente.

Vamos nos alegrar, alegrar sim, com aqueles, e são muitos, que superaram suas dificuldades. Mostrar que o sol continua a nascer, e que a vida deve seguir, jamais estagnar! Que haverá muito que reconstruir e não faltarão braços para trabalhar por um tempo melhor. Não faltará o necessário pelos que se esforçarem em procurar.

“Pedi e vos será dado! Procurai e encontrareis! Batei e a porta vos será aberta! Pois todo aquele que pede, recebe, quem procura, encontra, e a quem bate, a porta será aberta” (Mt 7,7-8). Maio é o mês para pedir, procurar e bater à porta; porque este tempo vai passar! É neste mundo que quero estar! No mês das mães, não faltará este carinho, que fez arder o coração dos discípulos de Emaús (cf. Lc 24,32). O nosso muito obrigado a cada uma das mães, com todas as felicitações!

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