Comportamento

Conviver com o coronavírus

Torna-se desnecessário falar sobre o fatos, sem precedentes, que o mundo vem vivendo com a pandemia do coronavírus. Vamos nos dirigir a um ponto, que chama atenção, em meio a milhões de mensagens que transitam na internet, com suas repercussões desde o âmbito pessoal até o governamental, com implicações na saúde, na economia, nas relações locais e internacionais. Nessa pandemia, que nunca teve seu significado tão abrangente como desta vez, destacamos a questão da família, foco central da nossa atenção. 
Como resultado deste acontecimento, chegou-se à conclusão de que a medida que mais colabora para o controle da expansão do vírus é a permanência das pessoas em casa. Dessa deliberação, surge a sensação de perda da liberdade, de se sentir preso numa solitária, com um olhar triste através  de uma janela e pensando nas perdas futuras e nos riscos contra a própria vida. Com a tensão, alguns, com uma visão apocalíptica, apontam o coronavírus como o flagelo de Deus para arrependimento de tantas desordens feitas pela humanidade, nestes tempos de provação, de modo coincidente ou não com a Quaresma.
Por outro lado, lembrando São Paulo: “Omnia in bonum!”. “Sabemos que Deus em tudo concorre para o bem daqueles que O amam” (Rm 8,28). Assim, esta pode ser a oportunidade de encontrarmos e convivermos com nossas famílias. 
É necessário tirar os olhos para fora da janela (ou do celular) e começar a olhar para dentro de nossas casas. E, de repente, encontramos... pessoas! Pais enxergam filhos que não se falam há tempos; irmãos se encontram depois de meses, apesar de dormirem debaixo do mesmo teto; netos ligam para seus avós e se preocupam com eles, os mais vulneráveis. Jovens pensam nas necessidades dos demais, principalmente dos que enfrentam dificuldades habituais. Amigos e parentes, com a visita atrasada, são lembrados nas mensagens.
Devemos cumprir a nossa parte nas orientações pertinentes à saúde dadas pelas autoridades médicas. Em casa, porém, temos que continuar a viver! Viver não somente para home-office, mas para conviver com as pessoas. Cortamos o tempo de trânsito, o que não é pouco. Temos de nos adaptar às mudanças de atividades, com criatividade. Não podemos somente olhar para as perdas econômicas, mas é necessário aproveitar os “ganhos” que podemos ter neste tempo. 
Ganhar no diálogo (não somente sobre a crise), mas sobre filmes a que assistam juntos; livros que alguém terminou de ler; projetos familiares que estavam parados. Aquele tempo que nunca tivemos para brincar com os filhos pequenos agora abunda, ainda que seja na sala apertada. Agradecer a paz do nenê dormindo no berço. O café com a esposa, o qual nunca saía. A conversa mais longa com a filha adolescente sobre seu namorado. Aprimorar o curso de línguas. Recuperar os estudos. Arrumar os armários de roupas, doando o que não precisa mais. Consertar o que está quebrado há anos. Distribuir tarefas da rotina da casa, como lixo, limpeza, ordem... Ajudar alguém que possa estar doente. E não se esquecer de crescer na oração. Se possível todos juntos, já que lá estão.  O mais importante não são os fatos, mas as pessoas! 
Vale a pena também aprender, neste tempo de provação, uma grande lição para sempre: não subestimar o crescimento do mal que surge em “pequeninos vírus”, que não enxergamos em tantas ocasiões da vida, mas podem nos derrubar. Peçamos, neste mês de São José, mestre da paciência e da fortaleza, junto a Maria, Nossa Mãe, que convivamos em família, com renovada esperança, os vínculos de amizade e solidariedade, com fé em Deus para superar este período.  
 

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