Espiritualidade

As festividades juninas dos santos

Na região Sudeste, onde está situada a cidade de São Paulo, a temperatura em junho é amena e agradável para os apreciadores do frio. E, para os que não se sentem confortáveis com a média mais baixa prenunciando o inverno, este mês oferece para aquecer o clima festivo e alegre de quermesses e arraiás por todos os cantos da grande cidade.

 O clima festivo decorre da tradição dos católicos de homenagear os irmãos e irmãs em cujas vidas a comunidade cristã reconheceu santidade, isto é, o testemunho de seguimento de Jesus Cristo, com biografia pautada na doação ao outro sem reservas, mesmo quando a fidelidade a este modo de viver exigiu empenhos reconhecidamente heroicos a um ser humano.

A devoção aos santos nasceu nos primeiros séculos do Cristianismo. Primeiramente, os mártires recebiam veneração pelas comunidades em virtude do testemunho que os assemelhava ao Mestre e encorajava à vivência cristã em contexto de dura perseguição. Desde cedo, as comunidades também demonstravam carinho e veneração pela Virgem Maria. Ao cessar as duras perseguições, a Igreja foi discernindo outras modalidades de santos que serviam a Deus guardando a virgindade ou servindo os pobres, os doentes, os marginalizados etc.

Por essa característica em suas vidas, os reconhecidos como “santos” tornaram-se admirados e queridos na Igreja. O testemunho deles certifica que a proposta do Mestre e seu Evangelho não é sobre-humana, mas possível de ser vivida com abertura aos auxílios de Deus e empenho no discipulado. A santidade que resplandece nesses irmãos também alegra, porque, não obstante serem reconhecidos como viventes junto a Deus, ainda permanecem próximos dos que peregrinam em face dos mais diversos desafios, razão pela qual se recorre constantemente a sua intercessão.

Essa “distância” realmente não existe mais, foi suprimida pela comunhão existente entre todos os que estão em Cristo. Pois o Senhor, com sua Páscoa, suprimiu a grande inimiga dos filhos e filhas de Deus, a morte, “para que Deus seja tudo em todos” (1 Cor 15,28). Dessa forma, se os santos são primeiramente tidos como exemplos de vida cristã, também alegram por testemunharem a vida eterna, a grande esperança cristã, assim como a comunhão entre os santos do céu e da terra em Cristo, a qual supera as determinações de espaço e tempo.

O cultivo da memória dos santos coopera para a santidade dos discípulos missionários e edificação do corpo eclesial, pois suas vidas indicam “o caminho seguríssimo para se chegar à perfeita comunhão com Cristo, ou seja, à santidade” (LG 50). Nesse sentido, os seguidores do Senhor e Mestre contam com o auxílio da intercessão desses irmãos junto ao Pai, pois tiveram suas faces transformadas em filhos e filhas pelo Filho de Deus em meio às vicissitudes dos caminhos da vida terrena.

Na evangelização da Terra de Santa Cruz, a propagação da vida dos santos e a devoção a eles foi importante instrumento para a acolhida da fé cristã. O dia do santo padroeiro era resguardado e comemorado com celebrações e festas. E o mês de junho, pródigo em santos caros à veneração popular, como Santo Antônio, São João, São Pedro e São Paulo, tornou-se um período de festas, compartilhado por vários seguimentos da sociedade.

Que as festas juninas ajudem a manter a alegria do seguimento de Jesus Cristo. Os encontros festivos sugerem abertura à comunhão entre todos para a fraternidade e a solidariedade, via da inclusão e do cuidado. Que a contemplação desses grandes santos nos céus, descortine um horizonte de plenitude de vida do que ora se experimenta nessas festanças.

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