Comportamento

‘É proibido proibir’

O verso de Caetano Veloso parece estar com toda força de sua incoerência, como ele mesmo admitiu posteriormente, quando assistimos os últimos acontecimentos da Bienal do livro na Cidade Maravilhosa. O lançamento de “livros infantis” em quadrinhos com super-heróis, em cenas de romance de homossexuais, reabriu a polêmica (que não tinha cicatrizado de fato), da ideologia de gênero na educação infantil; ainda que a “torcida” argumente que tais exemplares são para adultos que gostam do gênero (!?). Após o prefeito ter solicitado o recolhimento do material, ocorreu grande disputa judicial cuja finalização, com decisão incisiva do presidente do Supremo Tribunal Federal, proibiu o recolhimento, ou seja, estava “proibido proibir”. Tudo em favor da diversidade para uma nova visão de constituições familiares e de uma educação plural para as crianças.  

Para os que acompanham esta coluna, não vou avançar na argumentação que defendo totalmente contrária à ampla e indiscriminada divulgação da ideologia de gênero, na atualidade, e suas consequências. Gostaria de chamar a atenção não ao fato escabroso e delirante em considerar que uma criança possa ser educada conforme o seu discernimento (ainda inexistente), pela escolha da pluralidade de informações sobre suas “opções sexuais”. O tema de hoje é outro: se tudo está liberado, onde serão colocados os limites? Limites são censuras antidemocráticas ou advertências, muitas vezes saudáveis?

Talvez o leitor ignore, mas acredite: nas décadas de 1940 e 1950, médicos e enfermeiras faziam propaganda do prazer em fumar cigarros, e sua ação antiestresse; até que se evidenciou o papel do tabaco no desencadeamento de câncer e outras doenças. Hoje, fumar é praticamente um “pecado social”, e o fumante está mais isolado do que leproso na Idade Média. A revalorização de fumar contraria toda experiência conhecida. Em breve, se observaria o crescimento de doentes e mortes por esta decisão. O alerta, em cada maço de cigarro, não é uma atitude contra a democracia, ou preconceituosa; mas uma orientação saudável diante de fatos conhecidos. Assim, também o fenômeno da vacinação está na ordem do dia, como problema social. A decisão leva em consideração o bem da maioria que deseja se prevenir. As exceções terão atenção individualizada.

Não é de hoje, em alguns países há mais de 30 anos, que se insiste na liberação geral da educação infantil aderindo, entre outras coisas, à livre sexualidade da ideologia de gênero. Os resultados são bem conhecidos, ainda que não tão divulgados.  Cresce o número de transtornos de comportamento; observa-se o suicídio em jovens (como nunca notificado na História); o ressurgimento de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), inclusive da Aids (pouco alardeada na imprensa) é real; a pornografia bate recordes de arrecadação; a prostituição infantil é incontrolável; e, por mais triste, alguns estão se acostumando que a pedofilia seja uma “questão  cultural”. Será possível ser tudo coincidência? Evidentemente que existem outros fatores que concorrem para isso, mas a orientação sexual deturpada e perversa é o “cigarro para o câncer”. Afinal, a identidade sexual é fundamental desde o berço para o ser humano.

Os livros se esgotaram rapidamente na feira após a sua proibição. Nenhuma surpresa. Tudo que é proibido passa a ser mais desejado. O que entristece é a atitude de muitos pais, na busca por esses exemplares. Para as próximas feiras, poderemos encontrar temas como: “Pornografia para iniciantes” (já publicado em outros países); “Como se drogar sem ser notado”; “Pedofilia: rompendo tabus”; e vamos parar por aqui. Assusta? É evidente. Quando se derrubam todas as referências e tradições como se tivéssemos um trator às mãos, já não saberemos o que restará. 

Contudo, o que está claramente identificado é que a iniciativa parte da manipulação sórdida e criminosa de adultos que se aproveitam das características da curiosidade infantil para obter seus objetivos inescrupulosos e delinquentes, utilizando-se da argumentação falaciosa da democracia com direitos às minorias da diversidade plural. É uma pena. É triste. É angustiante. É catastrófico. Não é possível parar por aqui. É preciso fazer mais. Há de se proibir sim, o que é danoso. Não podemos nos omitir. A hora já passou. É necessário mais do que conscientização. Urge ações concretas que possam conduzir a uma educação saudável, com pais responsáveis e atuantes, a uma infância digna para filhos de pais com esperança na felicidade. 

LEIA TAMBÉMSobre o desejo e a necessidade

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.