Espiritualidade

Ir além de pequenos projetos

Alargar o olhar, aprender a sonhar grande, como Abrão, que será sempre uma grande inspiração para responder “sim” ao chamado de Deus, especialmente para todos aqueles que estão no processo de discernimento vocacional, de eleição de vida e carreira, sobretudo na realidade imediatista e de incertezas que a sociedade hoje oferece.

Quando Abrão estava em Ur dos Caldeus, foi orientado pelo seu pai a se dirigir à terra de Canaã (cf. Gn 11,31). Taré, o pai de Abrão, procurava dar uma vida melhor ao filho, em que ele poderia encontrar um lugar mais digno para viver, ganhar dinheiro e talvez viajar. Taré tinha um projeto razoável para um pai que se esforça pelo bem dos filhos, mas era um projeto fechado em um mundo muito pequeno, sem um horizonte mais amplo. Era tão pequeno esse projeto que, no meio do caminho, em Harã, estabeleceram-se e não seguiram em direção à meta que haviam traçado.

Também os homens que tinham grandes sonhos e construíram a imensa torre de Babel, porque queriam chegar ao céu, acabaram se acomodando com pequenos sonhos e passaram a viver apegados à terra, esqueceram da grande vocação a que foram chamados.

Somente Deus pode nos auxiliar a sonhar alto, a passar de projetos razoáveis e horizontais a grandes projetos. E foi Deus quem provocou Abrão e o chamou a percorrer uma nova estrada, mesmo que a distância fosse desmesurada e os meios de locomoção fossem tão precários. Parecia um projeto irracional e descabelado, mas era diferente de tudo o que Abrão já tinha vivido e experimentado: “Sai de tua terra, do meio de teus parentes, da casa de teu pai, e vai para a terra que eu vou te mostrar. Farei de ti uma grande nação” (Gn 12,1-2).

A partir daquele dia, Abrão não caminhou mais com um simples projeto terreno de encontrar um lugar para viver, ganhar dinheiro e viajar. Naquele dia memorável, Deus lhe ensinou uma nova lógica de vida, deu um novo horizonte que ocupou toda a sua existência e para o qual valeu a pena investir todas as energias: foi instrumento de Deus para formar uma grande nação.

Vocação, nos ensina o Papa Francisco, é entrar na lógica de Deus, na lógica do sentido para a vida e “ter a coragem de ser diferentes, mostrar outros sonhos que este mundo não oferece, testemunhar a beleza da generosidade, do serviço, da pureza, da fortaleza, do perdão, da fidelidade à própria vocação, da oração, da luta pela justiça e o bem comum, do amor aos pobres, da amizade social” (Papa Francisco, Christus Vivit, 36). 

O vocacionado não vive de simples expectativas imediatas. Ele olha no horizonte e sabe que não precisa construir uma torre para chegar ao céu, porque o próprio Deus, em Jesus, desceu do céu e no Espírito Santo edifica a sua vida e faz dele um luminar no seio da família, da sociedade e da comunidade eclesial missionária. 

O vocacionado não vive para pequenos projetos. Ele participa do grande projeto de Deus para todos os homens e mulheres, discípulos-missionários.

Obrigado, crianças, adolescentes, jovens, adultos e os da melhor idade, que respondem ao bom Senhor que nos chama a ser grandes na resposta ao serviço dos mais humildes e às necessidades do Reino. 

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