Encontro com o Pastor

Novas Diretrizes da CNBB

Reunida em Aparecida (SP), de 1º a 10 de maio, a 57ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) elaborou e aprovou as novas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil para o quadriênio de 2019 a 2023. Elas servem, em primeiro lugar, para orientar a ação dos diversos organismos da própria CNBB. Mas, também, ajudam as dioceses de todo o Brasil a orientarem por elas a sua ação evangelizadora e pastoral, em conformidade com as suas realidades específicas.

O foco das Diretrizes, dessa vez, é a evangelização na cidade e na cultura urbana. De fato, há algum tempo vem sendo percebida a necessidade de uma atenção mais específica da nossa Igreja aos ambientes urbanos, sobretudo nas grandes cidades. A população brasileira, como consequência de um processo acelerado de êxodo rural e de urbanização, tornou-se urbana em mais de 80% de seu total. Isso parecia impensável num país de tanto espaço e com tanta área para as ocupações rurais, sobretudo a agricultura e a pecuária!

As Diretrizes retomam algumas “urgências” da evangelização já presentes nas Diretrizes do quadriênio anterior, como a insistência no aspecto missionário da ação da Igreja, o testemunho da caridade e a vivência comunitária da fé. Mas essas “urgências” aparecem, agora, adequadas ao contexto urbano, onde elas devem se expressar de forma nova e criativa. Apesar da proximidade física e geográfica das pessoas na cidade, há uma grande carência de laços de fraternidade e solidariedade, fazendo predominar o individualismo, a solidão e o desinteresse pelas pessoas.

A Igreja quer lançar um olhar novo sobre a cidade: o olhar dos discípulos e missionários de Jesus Cristo, que não se deixam ficar paralisados diante das mazelas do ambiente urbano, mas tomam consciência de que Deus também habita a cidade e quer o bem de todos os seus filhos. As nossas cidades precisam ser vistas menos como “Babilônia”, a cidade corrupta, e mais como a “Jerusalém celeste”, onde a salvação de Deus se manifesta em plenitude. E esse olhar deve mover-nos, enquanto discípulos de Cristo, a sermos missionários da Boa-Nova à cidade e testemunhas de que o Reino de Deus já chegou também na cidade.

As novas Diretrizes destacam a formação de comunidades eclesiais e grupos de vida cristã, a começar pelas famílias, e comunidades ambientais, associações, movimentos, novas comunidades e outras múltiplas formas de agregação espontânea. As diversas formas de vida comunitária, que confluem na grande comunidade paroquial e para a Eucaristia, sobretudo na missa dominical, são espaços fecundos de testemunho cristão na cidade, de realimentação da fé, de fraternidade, amor ao próximo e transmissão da fé.

As múltiplas formas de vida comunitária devem ser “casa do pão e da caridade” nos mais diferentes ambientes da vida urbana.

A “Igreja nas casas” edifica-se sobre quatro pilares: a Palavra de Deus; a liturgia e a espiritualidade; a caridade; e a ação missionária. Destaque especial é dado à dimensão missionária dessas diversas expressões de vida comunitária, pois elas podem mais facilmente tornar presente em todos os ambientes o fermento, o sal e a luz do Evangelho mediante seu testemunho de fé, esperança e caridade. Nelas, o anúncio da Palavra de Deus, a experiência da fé e a iniciação à vida cristã podem acontecer mais eficazmente.

As novas Diretrizes da Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil serão de grande ajuda para o caminho sinodal de nossa Arquidiocese. De fato, um dos desafios de nossa atual organização paroquial é alcançar mais amplamente o povo de nossas grandes comunidades. Pela pesquisa realizada no ano passado, verificamos que nada menos que 70% dos católicos de São Paulo não se ligam à Igreja. Como chegar a eles?

A cidade grande favorece o anonimato e o distanciamento das pessoas, com relações puramente formais, mesmo em relação à Igreja e à manifestação da fé. Nossa Igreja na cidade precisa encontrar formas de se aproximar mais das pessoas e das famílias para despertar e promover intensa vida comunitária no estilo do Evangelho. E isso requer uma profunda conversão missionária e pastoral nos nossos métodos pastorais.

 

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