Liturgia e Vida

‘Jesus subiu à montanha para rezar’ (Lc 6,12)

No episódio da Transfiguração, São Lucas observa que o Senhor havia subido ao monte com os discípulos “para rezar” e que, justamente “enquanto rezava”, eis que “seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante” (Lc 9,28-29) e, então, ouviu-se a voz do Pai: “Este é o meu Filho, o Escolhido. Escutai o que Ele diz” (Lc 9,35).

Ora, segundo o mesmo São Lucas, após o batismo, Jesus também rezava quando “o céu se abriu” (Lc 3,21) e ouviu-se a voz do Pai: “Tu és o Meu Filho amado. Em Ti coloquei minha complacência” (Lc 3,22). O Pai se manifesta enquanto o Senhor reza! Também São João diz que, após uma oração de Jesus (“Pai, glorifica o Teu Nome!”), a voz divina se manifestou: “Já o glorifiquei e o glorificarei uma vez mais” (Jo 12,48).

Não à toa, Nosso Senhor rezou nos momentos decisivos: antes de escolher os Apóstolos (cf. Lc 6,13); antes da confissão de Pedro (cf. Lc 9,18); antes da Paixão (cf. Lc 22,41). Até mesmo na Cruz: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem (…) Pai, em Tuas mãos entrego o Meu espírito” (Lc 23, 32.46). Enquanto multidões O procuravam, “Ele se afastava para lugares desertos e orava” (Lc 5,16). Vendo-O rezar assiduamente, os discípulos espontaneamente pediram: “Mestre, ensina-nos a orar!” (Lc 11,1). Cristo fez isso para nos deixar o exemplo!

Portanto, dentre as três obras da Quaresma - esmola, jejum e oração - a primeira a ser praticada é a oração. Se ela faltar, as esmolas não serão caridade, mas filantropia; e o jejum não passará de dieta ou exercício de autocontrole. A oração une-nos a Deus, direcionando a Ele nossas intenções e afetos. Por ela, as ações – mesmo pequenas e cotidianas – podem se transformar em uma oferenda agradável ao Senhor. Somente pela oração – falar com o Deus e escutá-Lo – é possível alcançar o arrependimento dos pecados, que é o fruto esperado da Quaresma.

A oração amolece o coração, capacita a perdoar e a querer bem mesmo às pessoas com as quais não simpatizamos. Quem ora descobre e sabe aproveitar ocasiões para mortificar os apetites e exercer a caridade em favor do próximo. Quem reza espera em Deus!; enxerga a Sua grandeza e o valor de cada ser humano, criado à Sua imagem; torna-se sensível aos sofrimentos de Cristo e de todos homens. A oração aquece o coração, renova as forças e descansa a alma. Podemos esperar tudo dela!

Mas, como orar? Com orações vocais: o Terço, os Salmos, novenas e as várias orações pertencentes à tradição da Igreja. Ou ainda, por meio da oração mental. Isto é, no quarto fechado ou diante do Santíssimo; fazendo silêncio; olhando fixamente para um crucifixo ou para o Sacrário; deixando-se perscrutar por Deus; reconhecendo que Ele nos vê, escuta e conhece; contando ao Senhor aquilo que Ele já sabe; louvando-O, agradecendo, adorando, pedindo… A oração é um mundo de liberdade, que cabe a cada um explorar. A regra é que a pratiquemos! Não a deixemos para depois! Todos os dias o Senhor nos aguarda!

 

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