Comportamento

Beleza e elegância não saem de moda!

Como é agradável o belo!! Chama a atenção, agrada os sentidos, alegra, eleva o ambiente. Belo, porém, é absolutamente abstrato – o que é belo?

Esse conceito, desde a Grécia antiga, tornou-se assunto e preocupação de diversos e conhecidos filósofos. Ao longo da história, muitos pensaram, teorizaram, explicaram e problematizaram tal conceito.

Atualmente, dentro da cultura capitalista, criam-se as modas e toma-se como verdade que estar na “moda” aproxima as pessoas do belo. É comum, especialmente entre adolescentes e jovens, percebermos uma adesão maciça a determinados modos de vestir, de falar, a posturas e até mesmo adereços (permanentes ou não), numa tentativa de alcançar padrões de beleza ou de conforto.

O que se perde de vista, porém, é que, para além do que se propõe de modo geral, há algo na beleza absolutamente pessoal, único, próprio de cada um – a beleza transborda de uma autoestima bem construída, da percepção e conhecimento próprio que permitem um estilo, um modo de se apropriar da “moda” com uma marca e um detalhe pessoal.

Para além disso, parece-me muito útil refletirmos sobre a composição entre elegância e beleza. A elegância pressupõe postura, proporção, adequação. Algo absolutamente belo e apropriado para um ambiente praiano se torna deselegante e inadequado no centro da cidade ou numa igreja. Aceitar nosso corpo, nossas características físicas, faz parte de uma autoestima bem construída e de uma possibilidade de nos sentirmos bem como somos – sem necessidade de nos impormos de modo agressivo ao ambiente.

Todos somos potencialmente belos, pois podemos valorizar um aspecto positivo de nosso corpo, disfarçar algum negativo, agregar beleza com gestos, expressões e posturas.

Não somos e não precisamos ser todos iguais para sermos bonitos. Ao contrário, existe beleza na diversidade de características!

Como educadora, preocupo-me especialmente com as adolescentes “formatadas” pela ditadura de uma moda que impõe tamanho do seio, medidas de cintura, pernas etc. Quantas e quantas cirurgias plásticas prematuras, quantas meninas vestidas ou “despidas” como adultas – como se tivessem critérios e condições para tais decisões. E tudo motivado por uma dificuldade de se aceitar com sua beleza peculiar, própria. De aprender como usar as peças de roupa e adereços de modo adequado e harmônico com suas características físicas, tornando-se, assim, ainda mais belas sem uma intervenção cirúrgica precipitada.

Preocupo-me em como expõem seus corpos e sua “beleza” nas mídias sociais, muitas e muitas vezes, sem a orientação dos pais – o que, além de perigoso, já que abre as portas para o assédio, encontros impróprios e muito mais, ainda proporciona a vivência de uma experiência deturpada da beleza, pois, nesse caso, elas se transformam em um instrumento, em um produto a ser “exposto” ao público. Grande e ledo engano... Somos muito mais do que isso!

Penso que precisamos, como pais, como educadores, ajudar nossos adolescentes, nossos jovens e, quem sabe, nós mesmos (a sociedade em geral) a resgatarmos a elegância no sentido de estarmos atentos à adequação: existem roupas apropriadas a cada ambiente, a cada local e atividade que desenvolvemos. Existem modos e posturas para fotografias, para postagens que mantenham nossa dignidade e intimidade preservadas.

Menos é mais: menos exposição, menos ousadia ao exibir o corpo, menos likes nas postagens podem refletir muito mais possibilidades de crescimento equilibrado, de uma autoestima saudável, de uma pessoa segura – segura de que sua beleza é um valor inerente à sua pessoa e não um produto a ser exibido em troca de uma “admiração” virtual vazia.

Simone Ribeiro Cabral Fuzaro, fonoaudióloga e educadora Blog educandonacao.com.br

 

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