Liturgia e Vida

‘As passagens tortuosas ficarão retas e os caminhos acidentados serão aplainados’ (Lc 3,5)

No segundo domingo do Advento, o Evangelho tem o protagonismo da Palavra de Deus: “a Palavra de Deus foi dirigida a João no deserto” (Lc 3,2). Cumpre- -se a previsão de Zacarias: “E tu, menino, serás chamado profeta do Altíssimo, irás à frente do Senhor” (Lc 1,75). João é profeta pois recebe e transmite a Palavra de Deus. Quando anuncia o “batismo de conversão”, não fala em nome próprio, mas em nome de Quem o enviou. 

Sua figura austera e ao mesmo tempo atraente predispunha os corações de seus ouvintes a receber o Senhor. Mesmo pecadores empedernidos, frios, orgulhosos e comodistas não ficavam indiferentes à autenticidade de sua pregação. Não à toa, os primeiros Apóstolos que foram a Jesus - João, André e Tiago - o fizeram por meio do Batista. 

A sua oração fortíssima, a penitência fecunda, o zelo pelos homens, a palavra reta, o “mesmo espírito e poder de Elias” (Lc 1,27)… Tudo em João vinha 
de Deus! E, por isso, assim como um agricultor que prepara a terra, ele soube preparar mesmo corações duros e surdos para que recebessem a boa semente: Jesus Cristo. Cumpria-se a profecia de Isaías: “preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas”! 

A religião não se limita à dimensão moral. Porém, é muito difícil que alguém com uma vida “errante” - com vontade debilitada e volúvel, entregue ao pecado - reconheça o rosto do Senhor no dia da Sua visita. Por isso, a tarefa de João foi preparar um povo que se encontrava em “estado bruto”, incutindo-lhe arrependimento e alguma inclinação para o bem. Assim, a vinda de Jesus não se tornaria, para essas pessoas como a semente que, caindo à beira do caminho, é desperdiçada e infecunda. 

Alguns cristãos não aproveitam as infinitas graças que recebem por meio da Santa Missa e da Confissão, não por falta de instrução ou de capacidade, mas porque ainda não têm um coração decidido e bem disposto. Levantam obstáculos para que Jesus chegue e se estabeleça. Estão apegados ao pecado ou vivem apenas para os sentidos, para preocupações mundanas, para coisas visíveis e desejos. Talvez lhes falte ainda sinceridade e arrependimento. 

Portanto, ouçamos Isaías! “Todo vale será aterrado”: as nossas inconstâncias e melindres devem ser nivelados com terra firme. “Toda montanha e colina” - o orgulho, soberba e vaidade - serão rebaixadas! “As passagens tortuosas”, isto é, a mentira, a falta de sinceridade, o populismo e a ambiguidade, ficarão retos. E “os caminhos acidentados”, ou os pecados que nos afastam do caminho justo, serão finalmente aplainados. 

Este é o sentido do Advento. Mais do que simplesmente pensar sobre “o que” devo fazer para Deus, pensemos sobre “como” estamos nos dedicando a Ele. Quais as nossas reais disposições? Há abertura? Há sinceridade? Retiremos os obstáculos! Desejemos a vinda do Senhor! Em breve, “todos veremos a salvação de Deus” (cf. Lc 3,6).

 

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