Comportamento

A importância da esperança

Dentre tantas virtudes que devem passar pelo processo educativo de uma pessoa, desde a sua infância, está uma que, para os batizados, assume importância fundamental para a sua vida, no seu comportamento cotidiano: a virtude da esperança. Unida à fé e à caridade, a esperança para os batizados constitui uma virtude teologal. Nela está a certeza de uma nova vida, na eternidade, que vivida pela fé, no esforço de melhorar a cada dia pelo amor a Deus e ao próximo (caridade), anima-nos a nunca desistir. 

Contudo, não podemos deixar de considerar a “esperança humana”, que de certa forma acompanha-nos desde a infância pela confiança que os filhos desenvolvem nos pais, quando estes procuram se dedicar com amor. Da mesma maneira, isso ocorre diante dos avós e professores, amigos, do cônjuge para os casados... Essa esperança se relaciona diretamente à confiança que temos em pessoas. As crianças pequenas têm a esperança de que seus pais podem tudo, pois neles confiam e deles dependem em tudo. Conforme o tempo passa, percebe-se que a “esperança humana” tem limites pela sua natureza. Não necessariamente são frustrantes, mas aceita-se a impossibilidade. O pai não pode consertar todo brinquedo irremediavelmente quebrado. As férias não poderão ser sempre onde se havia previsto. A festa não poderá ser tanto quanto se pensou... 

“O homem vive a sua esperança” em todas as suas atitudes de vida. Mesmo quando ainda não compreendemos o porquê, desde criança comemos porque a mamãe fala que nos fará fortes. Crescemos estudando porque o pai afirma que isso nos dará uma profissão em condições de podermos servir aos demais na sociedade e nos sustentar e, quem sabe, a uma família, e “sermos alguém“ na vida. Trabalhamos e fazemos uma poupança porque esperamos fazer uma viagem muito desejada ou um curso no exterior, ou construir uma casa melhor com esse dinheiro, que poderia ser gasto com outros fins que não trariam satisfações significativas para algo bom e melhor. O fumante para de fumar porque o médico o convenceu da necessidade e espera poder melhorar sua saúde. O drogado, dependente, esforça-se por deixar o vício, na esperança de voltar a ter uma vida digna, com liberdade. O doente toma o remédio na esperança de melhorar. O atleta treina, com sacrifício, na esperança de alcançar a medalha...

A esperança precisa estar presente na nossa intimidade constantemente. Com frequência, essa esperança é provocada por pessoas que conhecemos, cargos que almejamos, mudanças de vida ou circunstâncias novas que se apresentam com uma nova luz para o caminho. Porém, para isso, é imprescindível que a brasa dessa virtude fundamental não se apague. As circunstâncias, desejos e pessoas por si só não acendem essa esperança se ela não nos é colocada como uma semente no coração para poder se desenvolver. É isso que o Espírito Santo nos presenteia no Batismo, como dito, mas também deve ser cultivada e motivada pelos pais, humanamente, durante o processo de educação, e depois preservada por conta de cada um, por toda a vida. 

Daí a importância de se crescer na esperança em Deus, que a nada se limita, e mediante a fé podemos ter uma esperança inquestionável, pois diante disso, nunca se desanima, nunca se fica desesperado. Essa atitude - não ficar desesperado - é o que nos anima a continuar a se comportar bem, com amor, mesmo diante de circunstâncias difíceis da vida, que podem exigir extremos da caridade em relação ao próximo e que humanamente pareceriam injustas ou incompreensíveis. 

Nas situações em que a finitude da vida se aproxima precocemente; quando o término de um jogo perdido injustamente nos perturba; quando o desempregado parece não acreditar que exista um lugar para ele; quando o solteiro não consegue encontrar ninguém com quem pareça poder casar-se; quando o tímido não busca mais amigos: esse é o momento de recorrer à esperança. Diz o ditado: “a esperança é a última que morre”. De fato, para aqueles que acreditam, nunca haverá desespero. É certo que em algumas das condições citadas acima, poderá se estabelecer o fim já aguardado, mas não haverá espaço para desespero, pois lá encontrará, em abundância, a serenidade e a paz, uma vez que somente a esperança sabe preencher os corações que viveram com amor uma vida de fé.    

Dr. Valdir Reginato é médico de Família,  E-mail: vreginato@uol.com.br
 

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