Liturgia e Vida

Nossos ‘irmãos mais velhos na fé’

As celebrações de Todos os Santos e dos Fiéis Defuntos nos fazem saborear o mistério da Comunhão dos Santos. Elas nos recordam que a Igreja não se compõe somente dos que ainda vivem neste mundo, mas compreende também a “multidão imensa de todas as nações, tribos, povos e línguas” (cf. Ap 7,9) daqueles que nos precederam na fé. 

Igreja triunfante, padecente e militante - isto é, o Céu, o purgatório e os cristãos da terra –, formamos uma só família! Contamos continuamente com o exemplo e a intercessão desses “irmãos mais velhos na fé”! Eles passaram por tribulações como as nossas, tiveram fraquezas semelhantes às nossas e venceram: “Vieram da grande tribulação, lavaram e alvejaram as suas roupas no sangue do Cordeiro” (Ap 7,14)! 

Unidos a Jesus, ligamo-nos também a Nossa Senhora, a São José, aos Apóstolos e a todos os Santos. As suas vidas - segundo Bento XVI - são a “interpretação mais profunda das Escrituras”.  O modo como superaram as dificuldades, como suportaram a dor, como amaram o próximo e a sabedoria que transmitiram devem ser para nós um critério de conduta e de fé! 

Eles conheceram a Deus não apenas “por ouvir falar”. Amaram-No intensamente; pensaram e sentiram como Cristo; sacrificaram-se; marcaram a vida do próximo com orações, palavras e atos. Vivendo para os outros, souberam traduzir em obras a Escritura e a Tradição da Igreja. Por isso, os veneramos: vemos neles uma espécie de continuação da vida de Jesus neste mundo. Pois, eles puderam dizer: “Não sou eu quem vive, é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). 

O Papa Francisco tem alertado sobre o risco de sermos uma “Igreja autorreferencial”, isto é, de colocarnos a nós mesmos como critério e medida de nossas ações. Pois bem, um excelente remédio contra esse perigo é olharmos continuamente para a vida dos Santos! Pobres, ricos, jovens, idosos, homens, mulheres, de diferentes raças e culturas, nas mais diversas circunstâncias e pelos mais variados caminhos, eles souberam se identificar com Aquele que é o único Caminho!

A fé em que creram, a sua vida moral, o seu modo de orar, suas famílias, os seus valores, liturgias, conduta… Tudo exalou o bom odor de Cristo em meio a este mundo atribulado. Eles nos ensinam a ser sacerdotes, leigos, mães e pais de família, irmãos e irmãs, profissionais, religiosos, estudantes… Ajudam-nos a ter uma visão mais católica - universal - do mundo e dos homens. 

Olhar para os Santos nos faz perceber que a Igreja não anda às apalpadelas: outros já abriram e iluminaram o caminho para nós. Sentirmo-nos unidos a eles preserva-nos da tentação de tentar “edificar a Igreja a partir do zero”, como uma Babel feita à nossa própria imagem e conforme os pensamentos e critérios da moda. E, diante de nossas escolhas e juízos, podemos até pensar: o que diria Nossa Senhora? O que aconselharia São Pio? O que fariam nesta situação meus antepassados que amaram a Cristo?

 

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