Fé e Cidadania

Pastoral da Ecologia: 15 anos!

Ela é uma Pastoral pequenina. Nasceu há 15 anos, em 2003, no Dia da Árvore, 21 de setembro, dia em que também celebramos o aniversário de Dom Odilo, que a pediu de presente à Região Sant’Ana quando ainda era Vigário Episcopal para esta Região da Arquidiocese.

Em todos esses anos a Pastoral da Ecologia, hoje debutante, experimentou muitas formas de ser. Já foi cliché. Já plantou árvores pela cidade. Já trabalhou o “lixo” gerado nas quermesses na paróquia. Já abordou o assunto das águas dos rios. Já fez campanhas promovendo a destinação correta de Resíduos Sólidos como, por exemplo, as chapas de Raio-X que contaminam o Meio Ambiente. E já foi muito além disso. Considero-a, hoje, uma Pastoral de Fronteira; isto é, uma ação organizada da Igreja que, fazendo-se presente nas fronteiras, dialoga com os mais variados setores da sociedade: com a educação, com a saúde, com a cultura, entre outros.

Hoje, embora permaneça pequena e, infelizmente, muito desconhecida – a Pastoral da Ecologia apresenta, digamos, um certo know-how e uma experiência adquirida nos anos de atuação perseverante. Em seu percurso histórico ela já lutou contra a implantação do trecho Norte do Rodoanel Mário Covas em zonas de Mata Atlântica que deveriam ser preservadas; já olhou para as Paróquias e questionou por que não implementar uma coleta de águas das chuvas, promovendo água de reuso para lavagem de pátios, átrios, e rega de jardins. Já ensinou e construiu, inclusive, cisternas que foram doadas a um Parque Municipal (Parque Lions), a uma Casa de Cultura (Tremembé) e a um Centro de Testagem e Aconselhamento de IST’s/AIDS (CTA/SAE Sant’Ana) – este último como parte de uma obra de conjunto às atividades por eles desenvolvidas.

A Pastoral da Ecologia também já conversou com a SABESP sobre o direito ao acesso à água e pretendia promover, na região do Terminal Santana e nas estações do Metrô, acesso à água e ao Saneamento Básico, inclusive questionando a falta de obras de emissários de efluentes que despoluiriam córregos e rios da cidade. Já conversou, inclusive, com a Companhia do Metropolitano de São Paulo (o Metrô), propondo parcerias entre empresas, a Prefeitura e o Estado, e cobrando algumas políticas públicas nesse quesito de acesso à água. À Secretaria Municipal do Verde e Meio Ambiente, a Pastoral, pautando-se na Encíclica Laudato Sí’, apontou demandas por uma cidade mais verde (com mais árvores e parques, menos poluição, maior permeabilidade do solo, recarga dos aquíferos, maior conforto ambiental); propôs hortas urbanas em áreas públicas que estão subutilizadas, como as Áreas Verdes da Prefeitura Regional Santana, e outra num espaço do Município, junto a Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Jardim São Paulo, onde serve apenas para estacionar carros e montar as barracas das festas juninas. A Pastoral também incentivou painéis verdes pela cidade, uma tendência mundial, e compôs o CADES (Conselho Regional de Meio Ambiente, Desenvolvimento Sustentável e Cultura de Paz da Prefeitura Regional Santana/Tucuruvi/Mandaqui), onde atuou em muitas frentes e grupos de trabalho. Já zelou por praças e parques, e, neste ano, em 2018, participou do World Cleanup Day e recolheu 800 litros de lixo da Praça Agostinho Nohama, no bairro do Mandaqui.

Enfim, apenas para listar en passant, a Pastoral da Ecologia, apesar de pequena, tem grandes aspirações e bons projetos. Ela não quer barrar o progresso. Ela não quer ser a eco chata. O que ela quer, como Pastoral, é ser presença organizada da Igreja na sociedade. Ela não quer ser mais uma pastoral, uma pastoral ecológica que faz caminhadas e abraça árvores. O que ela pretende é lutar por um desenvolvimento social mais justo, sustentável, por uma cidade mais orgânica e melhor, por uma melhor qualidade de vida e por uma cultura de paz. Mas se nós, a Igreja, não aderimos ao projeto, ela não pode ser. Se só acharmos bonito enquanto palavras do Papa Francisco e suas encíclicas, mas não agirmos e não apoiarmos, os textos e os discursos do Santo Padre não servirão para nada; serão apenas letra morta e não passarão de mais um documento da Igreja, entre tantos.

É por isso que, nos quinze anos da Pastoral da Ecologia, nós não queremos plantar mais uma árvore simbólica. Não queremos abraçar um lago dando-nos as mãos. Nós desejamos, isto sim, um pensamento conjunto que leve à conversão diária, rumo à construção de um mundo menos injusto nos quesitos socioambientais. Nós queremos ação. Esse é o nosso projeto! E você, sua família, sua comunidade e paróquia... será que não nos podem ajudar a realizá-lo!? Fica aqui o nosso convite. Paz e Bem!

 

Diego Ferreira Ramos Machado é professor e mestre, licenciado em Geociências e Educação Ambiental, e atual coordenador da Pastoral da Ecologia da Arquidiocese de São Paulo.
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