Comportamento

Preparando o voo

Que alegria quando percebemos o verdadeiro sentido de educar os filhos. Quando tomamos consciência da missão grandiosa de ajudar pessoas a chegarem ao máximo de seu potencial, da possibilidade de seguirem seu caminho e cumprirem sua missão na vida.

Quando chegam aos nossos braços, tão pequeninos e indefesos, temos a tentação de pensar que são nossos, que nos pertencem e que só seremos felizes se estiverem sempre ao nosso redor. É verdade, são nossos, porém, por empréstimo. São confiados a nós para cuidarmos, ajudarmos a crescer e auxiliarmos a ganharem a segurança e formação necessárias para alçarem seus próprios voos. Como podemos imaginar quem serão assim que nascem? Cada pessoa é um mistério e vem ao mundo com uma missão específica de Deus.

Quanto antes tomarmos consciência de que não são completamente nossos, de que são pessoas chamadas a uma vida de realizações, de trabalho, de responsabilidade na construção de uma sociedade melhor e mais justa, mais cedo conseguiremos atuar como pais que estão preparando-lhes para a vida, que os estimulam e incentivam para que enfrentem as dificuldades, dando- -lhes suporte, mas não fazendo por eles, como pais que sabem que não estarão sempre presentes fisicamente para socorrer, para aplainar o caminho e que, portanto, o maior bem que podem oferecer aos filhos é dar o suporte necessário para que eles aprendam a caminhar com as próprias pernas, com o próprio esforço, que aprendam que cair faz parte da caminhada e que levantar e recomeçar é sempre sinal de força e motivo de alegria. O bem que podem oferecer é a formação de uma consciência moral íntegra, com valores bem estabelecidos - ensinados e vividos no seio da família. Esses sim os acompanharão para toda a vida e serão a referência interna dos pais que nem sempre estarão lá. Quem de nós, numa situação difícil, não sabe exatamente o que os pais fariam? O que eles esperariam de nós?

Sim, esse é o desafio para nós: Tornarmo-nos desnecessários! Educar bem os filhos, transmitir valores, auxiliar para que conquistem virtudes e empreendam novas batalhas, sonhem novos sonhos e trilhem seus próprios caminhos. Para tanto, não podemos perder tempo. Desde o dia em que nascem, estão crescendo, ganhando habilidades e, como pequenas esponjas, percebendo o que esperamos deles, o quanto confiamos em seu potencial, o quanto permitimos que enfrentem as pequenas dificuldades, que vivam as frustrações próprias da infância, e, com isso, vamos forjando seu caráter, sua personalidade desde muito pequenos. Nossa missão de pais é muito importante. O tempo não espera e os filhos não ficam em stand by. Precisamos nos envolver por inteiro nela - acertando, errando, caindo, levantando, mas sempre de forma responsável, sabendo que cabe a nós essa importante missão. Não podemos terceirizar. Além disso, tudo passa muito rápido e, quando menos esperarmos, serão jovens adultos, cheios de sonhos e ideias. Todo o trabalho, o cansaço, as preocupações, o empenho terão valido a pena, e o vínculo de amor bem estabelecido e cultivado ao longo da infância e adolescência transcenderá toda e qualquer distância. O importante será o que de nós levarão com eles e o que sempre deixarão de crescimento e aprendizagem para nós. Afinal, a paternidade é uma eterna aprendizagem.

Simone Ribeiro Cabral Fuzaro, Fonoaudióloga e educadora Blog Educando Na Ação
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