Editorial

Fé e política não se separam

Assim como o homem não pode se separar de Deus, também não se separa a política da moral - foi no espírito desta máxima que, de acordo com São João Paulo II, viveu São Tomás More, padroeiro dos governantes e dos políticos, martirizado no século XVI. 

A vida de São Tomás More é o testemunho de participação cristã na política de um leigo que vivia o que São João Paulo II chamou de “unidade de vida”: harmonia entre fé e obras. São Tomás More não era cristão apenas quando rezava ou ia à Igreja. Em tudo o que fazia, como advogado, diplomata ou político, era, em primeiro lugar, católico. 

Todo cristão que busca viver essa unidade de vida deve exercitá-la também na hora das eleições. Mas como? Quando busca um bom candidato, o cristão encontra, não poucas vezes,  políticos que dizem o que as pessoas querem ouvir e não mostram suas reais intenções; que escondem seus reais interesses atrás de discursos embrulhados e enfeitados com os valores da  “liberdade” e “tolerância”, quando o que na realidade defendem é “liberdade” de abortar crianças em fase de gestação, por exemplo,  e “tolerância” com o mal.

Até mesmo alguns candidatos que se dizem cristãos parecem sê-lo apenas durante as eleições. 

Frente à crise ética que assola a política brasileira, é natural que o fiel católico sinta-se perdido: como escolher um bom candidato, quando todos parecem corruptos? Na cartilha “Os cristãos e as Eleições 2018” a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil pede que os fiéis não percam a esperança, e fornece uma série de diretrizes para se ter em mente na hora de votar. Entre elas, destaca-se a necessidade de se inteirar sobre a vida do candidato: ele “apresenta uma sincera adesão aos valores cristãos”? “Defende a vida desde a concepção”? “Defende a família, segundo o plano de Deus”? Se sim, defende estes valores agora, durante as eleições, ou já o fazia antes?

Outra fonte de diretrizes para o posicionamento católico nas eleições é a nota doutrinal do Cardeal Joseph Ratzinger sobre a “participação e comportamento dos católicos na vida política”. Nela, o então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e futuro papa Bento XVI, ressalta a necessidade de se escolher candidatos que valorizem a visão cristã da pessoa: candidatos que não se rendam ao relativismo moral e não titubeiem em defesa da vida.  

Ainda segundo Ratzinger, a “reta concepção de pessoa” deve estar, sempre, na base da democracia. Quanto a isso, os católicos não podem negociar, “caso contrário, viriam a faltar o testemunho da fé cristã no mundo e a unidade e coerência interiores dos próprios fiéis”. No entanto é necessário cuidado: o Cardeal adverte o eleitor que apesar da centralidade da pessoa ser essencial, muitos políticos se escondem atrás de discursos sobre “pluralismo” para sancionar a “decadência e a dissolução da razão e dos princípios da lei moral natural”. 

Nestas eleições, é essencial que todo eleitor católico espelhe-se em São Tomás More - que não só represente com seu voto a unidade de vida que o santo defendeu até o último momento, mas exija o mesmo de seus candidatos.
 

 

Para pesquisar, digite abaixo e tecle enter.