Espiritualidade

O Documento ‘Dar o melhor de si’ e a ‘Copa do Mundo’

A Copa do Mundo vai chegando ao seu desfecho. No palco da grande festa do futebol na Rússia só restaram as finalistas. Logo ficou claro que a taça não estava destinada às seleções consideradas favoritas. Nesse período, o jogo jogado com a bola nos pés praticamente monopolizou a grande mídia. Grande parte das populações dos países representados quase parava quando seus selecionados entravam em campo e viveu momentos descontraídos e alegres com o desenrolar dos jogos.
 
A maioria dos brasileiros entrou no climão da Copa do Mundo aos poucos, mas procurou impulsionar ‘pra frente’ a seleção do Brasil. É uma torcida que não se contenta com outro resultado que não seja o que dá direito à taça. Afinal, os craques de 70 conquistaram em definitivo a bela ‘Jules Rimet’ quando se cantava ‘a taça do mundo é nossa’. Esse sentimento, abalado inesperadamente pelo 7 x1, torna a camisa amarela com detalhes em verde pesada como o metal do prêmio do campeão. É sabido por aqui que esta disputa não é para qualquer jogador. Quando a taça não vem, quantas lágrimas. A Copa diverte, mas também faz sofrer.
 
Entretanto, os problemas e as condições de vida que resultam em sofrer para os habitantes destas terras permanecem intactos. A crise econômica recuou as atividades produtivas e o ganho do trabalhador a níveis anteriores ao verificado em 2013. Elevou o número de trabalhadores sem emprego para além de 13 milhões, e relegou outros tantos ao subemprego. Recuos também são notórios nos programas sociais e nas políticas públicas. O Governo Federal há muito sangra e cada vez mais desfalece. O passar do tempo acentua o ‘cabo de guerra’ existente entre investigações e decisões dos tribunais. Nem a proximidade das eleições melhora o ânimo da população desesperançada.
 
Por outro lado, os grandes eventos esportivos são utilizados pelo mercado para alimentar a cultura do divertimento. Em tempos de grandes mudanças, esse fenômeno contribui para o ser humano viver ainda mais em torno de si, sob a ótica míope da imediatez do ‘aqui e agora’, sem se deixar interpelar por questões importantes do seu momento histórico. E o horizonte do ser humano vai se tornando mais restrito, sem transcendência, e a vida destituída de senso de mistério. Nesse contexto, a diversão é bem-vinda para preencher esse vazio semeador de desesperança.
 
Às vésperas do início da Copa, a Congregação para os Leigos, a Família e a Vida ofereceu uma leitura dos esportes em geral na atualidade e manifestou preocupação com a intromissão da ‘cultura do entretenimento’. A preocupação é justificada pela importância dos esportes na educação integral do ser humano e para as pessoas aprenderem um modo de vida que se contraponha ao fechamento ao outro e às questões importantes da vida. Isto pode ser apreendido no título do texto - ‘Dar o melhor de si”. Esse documento descortina o ‘Aerópago’ dos esportes para a evangelização, e a Copa do Mundo ajuda a perceber a importância desta senda para a pastoral da Igreja. 
 
Dom Luiz Carlos Dias é Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém
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